A sinagoga ortodoxa: Novo espaço de sociabilidade para jovens judeus não-religiosos


O artigo trata da construção da identidade judaica por parte de um grupo de jovens judeus cariocas de classe média. A partir da entrada na faculdade, a falta de opções não-religiosas para o exercício da ‘judeidade’ leva muitos dele a freqüentarem uma sinagoga ortodoxa, apesar de não serem religiosos. O artigo tenta analisar o porquê deste fenômeno se, aparentemente, a ortodoxia desafia seu estilo de vida moderno.

O que leva jovens não-religiosos a freqüentarem uma sinagoga que simboliza o que há de mais tradicional na religião judaica? Esta pergunta surgiu durante meu trabalho de campo para o mestrado, quando me interessava por analisar os processos utilizados por um grupo de jovens cariocas na elaboração de sua identidade judaica.2 Levando em conta sua inserção na sociedade brasileira e sem a sombra do anti-semitismo, ao menos na forma institucionalizada que caracterizou uma parte da história européia e brasileira anterior, pretendia revelar o significado que estes jovens davam à sua judeidade, a importância de se afirmarem enquanto parte de uma minoria num país que tem na ideologia assimilacionista a base de suas relações sociais e o valor dado à endogamia, historicamente um importante determinante na definição de quem é e quem não é judeu.

Os jovens entrevistados são parte das chamadas camadas médias urbanas e sua idade varia entre 20 e 30 anos, são moradores da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, estudaram em escolas judaicas até a faculdade ou pelo menos até a oitava série do ensino fundamenta, socializaram-se em movimentos juvenis sionistas ou não e quase todos já viajaram a Israel num dos programas financiados por instituições judaicas ou com familiares, realizaram os rituais de passagem da religião judaica – o brit-milá (circuncisão), o bar-mitzvá (maioridade religiosa aos 13 anos) para os rapazes e, muito raramente, o bat-mitzvá (maioridade religiosa aos 12 anos) para as moças. Não se consideram religiosos, não seguem os preceitos religiosos da alimentação (chamada kashrut) e das rezas diárias nem fazem o descanso semanal (chamado “guardar o shabat”), considerado um dos principais mandamentos de Deus. Todos trabalham ou fazem algum tipo de estágio na área em que pretendem continuar profissionalmente.

Sua vida social tem início numa das escolas judaicas da cidade. Desde o maternal até o terceiro ano do ensino médio, ou ao menos o oitavo ano do ensino fundamental, o jovem cria os primeiros vínculos de amizade com os colegas de turma. Brincam durante o recreio e estendem a diversão para além do horário escolar.



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Marcelo Gruman
marcelogruman[arroba]funarte.gov.br


 
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