Tudo ou nada: Para Além do Capital de I. Mészáros


Trotsky, em um dos seus belos momentos, definiu o revolucionário como aquele que alarga as fronteiras do possível. A leitura de Beyond Capital 2, o último livro de Istvan Mészáros, tem um impacto equivalente: nos remete a novos horizontes. Envolvidos, como estamos, na luta defensiva contra a maré contra- revolucionária dos nossos dias, presos a uma estratégia defensiva que se tornou como uma nossa "segunda natureza", pressionados por uma crise teórica de enormes proporções, que se revela na incapacidade generalizada, não apenas de compreender o presente, mas mesmo de se apoderar do patrimônio teórico do passado; - nesse contexto o livro de Mészáros oferece questionamentos os mais radicais, e argumentos os mais convincentes de que nenhuma acumulação é possível, no sentido de superar o capital, se não adotarmos uma estratégia socialista ofensiva, que articule, já e agora, os problemas cotidianos com a necessária (veremos a ordem dessa necessidade) superação do capital. Não se trata de desconsiderar as mediações, digamos, táticas, imprescindíveis para que um projeto revolucionário possa se transformar em um patrimônio do trabalhadores - mas de avaliar tais mediações a partir de um referencial que vá para além do capital, de modo a que possam efetivamente ser mediações entre o presente e a sociedade emancipada, e não meramente mediações entre distintas formas de regência do capital. Em Mészáros não há, como ocorre em muitos discursos "maximalistas", qualquer desprezo pelas mediações conjunturais, táticas.

A argumentação de Mészáros é ainda mais surpreendente, no contexto das últimas décadas, por sua peculiar posição no debate acerca da concepção de Estado em Marx. É bastante conhecido como, partindo da afirmação da insuficiência ou inexistência de uma teoria do Estado e da política em Marx, vários autores, como Colletti, evoluíram para teses que afirmam o Estado e a política como mediações sociais indispensáveis para a vida civilizada. As teses marxianas que propõem a incompatibilidade ontológica entre Estado, política e emancipação humana são rejeitadas in limine por esses autores. Mészáros, nesse debate, concede que em Marx não se encontram desenvolvidas nem uma teoria do Estado nem da política.

Postula, ainda, que as teorizações de Marx acerca do capital não são suficientes nem para explicar as suas peculiaridades atuais, nem para a compreensão da sociabilidade contemporânea. Por essas e outras razões, segundo ele, há a necessidade de ultrapassar os limites da elaboração teórica de Marx que, quer por ter já mais de um século, quer por não ter desenvolvido suficientemente diversas questões, é insuficiente para a elaboração de um plataforma revolucionária nos dias atuais.


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Sergio Lessa
sergio_lessa[arroba]yahoo.com.br


 
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