O teatro barroco de o Aleijadinho


Este ensaio visa a apresentar uma breve leitura do átrio do Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos, onde O Aleijadinho montou um teatro em pedra-sabão, um arquitexto - arquitetura e texto – espetacular. Parte-se do ensaio de Mário de Andrade, “O Aleijadinho”, de 1928, em que o autor sustenta que o escultor de Ouro Preto inventou a forma da arte brasileira, vazada na alquimia do sangue indígena,com a seiva africana e com a verve do português. O conhecimento e o reconhecimento do barroco brasileiro e, em especial, do barroco mineiro, de que O Aleijadinho constitui a máxima expressão, deflagrou-se, no Brasil, a partir dos modernistas paulistas que, em sua viagem de 1924 pelas cidades históricas mineiras, garimpavam as raízes mais arcaicas da identidade nacional.

Palavras-chave: Barroco; O Aleijadinho; História; Arquitetura; Teatro.

Não paira dúvida alguma quanto ao fato de Antônio Francisco Lisboa (Ouro Preto, 1730 ou 1738 – 1814), alcunhado “O Aleijadinho” – filho do arquiteto e mestre carapina português Manuel Francisco Lisboa e de sua escrava Isabel -, ser tanto o primeiro grande nome das artes plásticas brasileiras quanto erguer-se como o maior escultor e arquiteto de um País, que tem um escultor como Victor Brecheret (1894-1955) e um arquiteto como o centenário Oscar Niemeyer (Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907)

O renome internacional de O Aleijadinho veio através do francês Germain Bazin, conservador do museu do Louvre, em Paris, que, em seus livros A arquitetura religiosa barroca no Brasil (1956) e Aleijadinho e a escultura barroca no Brasil (1963), propagou aos quatro cantos do mundo a beleza escondida no interior das Minas Gerais; “O barroco mineiro é um fenômeno excepcional no qual uma arte grandiosa, teatral, alcançou seu apogeu em Congonhas do Campo”. No entanto, o conhecimento e o reconhecimento do barroco brasileiro e, em especial, do barroco mineiro, de que O Aleijadinho constitui a máxima expressão, deflagrou-se, no Brasil, a partir dos modernistas paulistas que, em sua viagem, de 16 a 28 de abril de 1924, pelas cidades, ditas históricas, mineiras (Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e seu filho Nonê, Olívia Guedes Penteado, Godofredo da Silva Telles), garimpavam as raízes mais arcaicas da identidade nacional. Protagonista da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, em fevereiro de 1922, e principal vulto do Modernismo brasileiro, o paulistano Mário de Andrade (Mário Raul de Morais Andrade, São Paulo, 1893-1945) lavrou, em 1928, um ensaio, intitulado “O Aleijadinho” (Aspectos das artes plásticas no Brasil. 3.ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984, p.11-42), onde sustenta, com a erudição que lhe é própria, que o escultor-arquiteto-entalhador de Ouro Preto fundou, com sua arte pioneira, a verdadeira raça brasileira – uma etnia mestiça, miscigenada, mulata, enfim. Para o criador de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928, coincidentemente mesmo ano do texto sobre o artista mineiro), O Aleijadinho inventou, genialmente, a forma da arte brasileira, vazada na alquimia do sangue indígena, nativo, com a seiva africana, escrava, e com a verve do português, colonizador. O curador da exposição ”Aleijadinho e seu tempo”, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), do Rio de Janeiro, Fábio Magalhães, retoma, sem citar, a Mário de Andrade, quando afirma que “foi o modernismo, com sua idéia de brasilidade, que começou a recuperar o barroco mineiro”. O curador paulistano declara, ainda, no jornal O Globo, de 8 de outubro de 2006: “ele (O Aleijadinho) tem uma talha especial, de caráter expressionista, dramático, muito humano e sensual. Com o olhar de hoje, pode-se dizer que é dotado de uma modernidade muito grande. Ele ousava nas formas e nas assimetrias. Outro ponto importante é que, apesar de seu isolamento, notam-se traços comuns entre suas obras e o que se fazia na Baviera ou na Espanha”


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Latuf Isaias Mucci
proflatuf[arroba]saquarema.com.br


 
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