Trabalho inmaterial, classe expandida e revolucao passiva


Antonio Negri, Maurizio Lazzarato e Michael Hardt nos brindam, com suas teorizações acerca do "trabalho imaterial", com um novo "elogio" da crise na qual estamos mergulhados. Sua tese central é que viveríamos, hoje, uma "revolução passiva" que constrói o comunismo nos "interstícios" do capital. A crise não seria uma crise, mas sim a transição, já em curso, para a sociedade sem classes.

Lembremos que não são exatamente uma novidade teorias que procuram tornar mais palatável a atual crise estrutural do capital3. Já na década de 1970 muitos pregavam que ela não duraria mais do que alguns meses e, logo em seguida, uns pouquíssimos anos. Mario Henrique Simonsen e Delfim Neto, os mandarins da economia do Brasil à época, não se cansaram de repetir que as turbulências seriam passageiras. Ao contrário das suas previsões, o aprofundamento e a extensão da crise tornaram inegável a alteração dos eixos do capitalismo mundial. Henry Kissinger foi o principal arauto do deslocamento da "bipolaridade" da Guerra Fria para a "multipolaridade" da "détente" entre EUA/URSS e da ascensão da China, Mercado Comum Europeu e Japão (com os seus "Tigres Asiáticos") na economia e na política mundiais. Ao invés da estabilidade à Metternich prevista por Kissinger, contudo, as crescentes tensões da "nova ordem mundial" reduziram suas idéias a flatus vocis. Foi precisamente neste contexto que duas novas "interpretações otimistas" para a crise foram anunciadas, sempre com a previsão de que um período próspero se encontrava na próxima esquina. A primeira, generalizava indevidamente uma interpretação equivocada do Mercado Comum Europeu: a superação da crise dar-se-ia pela constituição de "blocos" que eliminariam as fronteiras nacionais e os entraves à livre circulação de mercadorias e de força-de-trabalho.

A segunda "interpretação" otimista, a seu tempo tão popular quanto a anterior, foi a febre japonesa. A superação da crise e o crescimento econômico seriam decorrentes da adoção do "modelo japonês". Algumas das variantes dessa tese viam na robótica o "fim do trabalho" no sentido lato desta expressão; outros entendiam por "fim do trabalho" o fim do emprego com carteira assinada e com alguma estabilidade – uns e outros, contudo, viam no "fim do trabalho" o requisito a um novo período de crescimento econômico que deixaria para traz as mazelas do trabalho operário taylorizado.


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Sergio Lessa
sergio_lessa[arroba]yahoo.com.br


 
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