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A gravidez precoce e sua implicação sociopsicologica e educativa para os adolescentes (página 3)

José Manuel Frómeta Lores

Partes: 1, 2, 3

2.1.2. Adolescentes de 14 anos

Adolescente diz ter catorze anos de idade, já teve relações sexuais e que a primeira relação sexual foi aos 11 anos de idade, envolvendo 3 rapazes com idade adolescente entre 14 anos. Foi ao regresso da escola no bairro da Canata onde foi violada. Teve relações porque foi forçada. Essa relação foi dolorosa. Com relação às suas amigas nada mudou diz ter um bom relacionamento e sentir-se bem com elas. No que consiste ao relacionamento com os seus familiares nada mudou visto que têm-lhe dado muito amor e apoio moral, porque vivem o seu trauma e a sua dor, não obstante as difíceis condições de vida em que vivem pelo facto dos pais se encontrarem desempregados a situação torna-se ainda mais difícil. Tem feito um grande esforço de exteriormente ser a mesma para que as pessoas não se apercebam do que aconteceu com ela excepto os vizinhos que sabem o que lhe sucedeu e algumas pessoas mais chegadas.

Esta adolescente refere ainda que com relação aos seus vizinhos, amigos e amigas procura ser a mesma. Não continua com os estudos por medo do vivenciado a três anos atrás, por frustração e desespero, o que levou-a a se envolver em alguns vícios como fumar e beber. Diz que procede bem porque a partir do momento em que foi violada a vida perdeu o sentido para ela, agora faz da sua vida o que ela bem entende. Também diz que a sua vida e mesmo ela nunca mais será a mesma, por não conseguir esquecer a experiência horrível que passou e como consequência disto até hoje não consegue se envolver com ninguém porque diz sentir ódio, asco (repugnância), medo dos homens. Já tentou arranjar um namorado mas não durou por muito tempo, refere que nunca mais será uma pessoa normal. Diz ter desistido na 5ª classe por isso não sabe o que fazer da sua vida, neste país sem estudo a sobrevivência só lhes é possível vendendo na praça ou ainda prostituindo-se, para se obter algo para comer ou para vestir. Diz que para sobreviver ela vende água fresca e petróleo na praça.

Esta adolescente diz que nunca ouviu falar das DTS, pela rádio nem pela televisão ou ainda pelas entidades religiosas. Seus pais e amigas nunca o fizeram. Sobre o uso de preservativos hoje é a primeira vez que escutava de nós, bem como das DTS.

Disse-nos não ter medo de contrair uma dessas doenças porque para ela isso é um assunto novo e não sabe se realmente existe sida. Agradece muito a Deus por não ter engravidado no momento em que foi violada, porque engravidar sem desejar é uma coisa muito chata e que aconselha as meninas a se guardarem, não fazer sexo.

Ela estima que as igrejas, ministério da educação, saúde e outros ministérios deveriam ajudar na propagação desta tão importante informação, porque pessoas há que até hoje não têm nenhuma informação sobre o assunto. Por falta de condições para aquisição de um rádio ou televisão. Tudo isto dificulta a aquisição de qualquer informação por parte dos adolescentes. Também existem pais que não tem coragem de dialogar com os seus filhos ou por vergonha ou mesmo por falta de coragem abertura de um dialogo frontal com seus filhos sobre.

"Só peço ao governo assim como as entidades não governamentais abrirem mais espaços para os jovens no mercado de trabalho dando cursos e continuar com o ensino gratuito porque nem todos têm condições para os seus filhos darem sequência aos estudos", acaba dizendo a adolescente.

Temos querido reproduzir a guisa de exemplo o testemunho bem como o ponto de vista geral desta adolescente que foi violada, como caso típico do estado que vive ela trás passar por essa experiência. É importante ter em conta estas considerações desde o ponto de vista educativo, psicológico e ético porque são factos e vivências com implicações jurídicas importantes que merecem uma atenção imediata.

Outra menina de 14 anos de idade, teve experiência da relação sexual aos l2 anos de idade, o rapaz tinha 14anos,diz não saber explicar como tudo aconteceu só sabe que foi consumado, isto foi no Lobito velho mandaram-lhe comprar peixe, a praia estava isolada e ali tudo aconteceu.

Disse-nos que não tinha sido a primeira vez a encontrar-se com o rapaz, já teve a oportunidade de conversar com ele algumas vezes no mesmo lugar e que ele gostava sempre de a abraçar e tocar-lhe nos seios. Na praia envolveu-se com o rapaz 2 vezes e que depois ficou 2 anos sem o ver. Voltaram-se a encontrar agora que tem 14 anos e ele tem 16 anos, queriam relembrar aquele namoro sem compromisso, voltou a envolver-se com ele por 3 vezes e na última vez engravidou. Foi no quarto de um amigo dele. Não conhece onde mora o rapaz, quem são os seus familiares, só o conhece por Joãozinho nada mais, diz ter 7 meses de gestação e não sabe nada dele.

Teve relações porque ela sempre que estivesse ao lado dele sentia algo e quando a tocasse na ponta dos seios pior, então fez. Salientou-nos que a primeira relação foi boa, sentiu algo que não consegue explicar. Nota uma certa diferença nas suas amigas que a procuravam agora já não o fazem com tanta frequência e já não se sente bem no meio delas como antigamente.

Com os seus pais está tudo acabado, colocaram-na fora de casa quando souberam que engravidara e foi acolhida pela sua avô. Diz ser órfã de mãe e vivia com o pai e sua madrasta. Os seus vizinhos pensam que ela engravidou porque tem saído com estrangeiros para o ganha-pão, pelo facto de algumas vezes lhe terem visto a conversar com alguns deles, mas diz que não é assim.

Desistiu dos seus estudos, porque sentia muita vergonha de ficar no grupo de outras meninas com a barriga grande. A Directora da sua escola chamou-a para lhe transferir para o período nocturno, mas dava-lhe muito sono e preguiça por isso deixou de estudar.

Diz ter consciência de ter procedido mal, só que não contava engravidar. Com este rapaz envolveu-se 5 vezes e que não usou o preservativo.

Ela diz não saber como reparar o erro que cometeu na sua vida, com a 4ª classe onde é que vai trabalhar, diz que está a vender na praça pão e que não tem possibilidades para fazer um outro negócio, faz isso para que não passem fome ela e a sua avó e poder sustentar o seu filho que vai nascer, porque o seu pai nunca mais quis saber dela, nem pode visitar os irmãos que ficarão com o pai.

Não sabe o que o futuro lhe reserva e que engravidar com esta idade é um fardo pesado de carregar, não aconselha a ninguém a engravidar nesta faixa etária.

Informou-nos também que nunca ouviu falar das DTS nem do preservativo, talvez por crescer sem sua mãe biológica, mas tem medo de contrair uma dessas doenças.

O conselho que dá a outras meninas que ainda não engravidaram é o seguinte: Que deixem de ter relações sexuais sem precaução.

A segunda adolescente, órfã de 14 anos de idade diz ter tido a primeira relação sexual aos 11 anos de idade com um rapaz de 13 anos. Disse-nos que com este rapaz se envolveu uma única vez pelo facto de não ter gostado da sua primeira relação sexual considerando-a muito dolorosa isto aconteceu quando regressavam da lavra. Completados 13 anos envolveu-se com um outro rapaz algumas vezes. Acrescentou que ela nunca frequentou a escola.

. Teve a primeira relação porque o rapaz a tinha obrigado a fazer, mais que depois ficou muito assustada com o sucedido. Nesta fase ela não tinha noções do que estava a fazer, não sabia de nada nem nunca tinha ouvido falar de sexo.

Conversando com a sua avó com quem vivia disse que tinha muita dor na vagina e chorava por todos os cantos. Sua avó assustada levou-a para cama e descobriu que havia tido relações sexuais com alguém.

Passado 1 ano devido a carência de vida e de muitas necessidades que estão atravessar conheceu outro rapaz com quem ela namorava, e em troca dava-lhe apoio financeiro. Foi então nesta altura que ela veio a engravidar. Depois de ter tido o seu bebé as necessidades aumentaram, não tendo como sustentar a criança,

Porque o rapaz que a engravidou assim que soube desapareceu e nunca mais deu sinal de vida nem sabe para onde foi e que seus pais também não quiseram assumir.

Para poder ganhar o sustento do seu filho ela passou a vender carvão na praça do Chapanguele. Não tem tempo de estar com as amigas visto que ela passa maior parte do seu tempo na praça e só volta ao anoitecer a casa.

Sobre as DTS, só sabe que existe SIDA porque algumas manas têm falado sobre isso na praça, e que há um senhor no bairro a onde mora que morreu com esta doença.

Disse que está sendo um peso grande ter que sustentar uma criança sozinha e que não desejaria isto a outras meninas.

A terceira adolescente com 14 anos de idade teve relações sexuais pela primeira vez aos 13 anos de idade, com um rapaz de 16anos de idade com quem namorava. Disse-nos que envolveu-se com o rapaz duas vezes e que após esse relacionamento teve outro, o rapaz tinha 17 anos, com quem se envolveu três vezes e engravidou. Envolveu-se com o rapaz porque quis, disse-nos que sentiu vontade, estima que o seu organismo pediu, mas que o seu primeiro contacto sexual não foi bom, mas das outras vezes já conseguiu sentir prazer.

Disse-nos que isso aconteceu na escola depois das aulas quando todos já tinham ido para casa, na turma de aulas.

Afirmou-nos que o seu relacionamento com os seus pais não é dos melhores, porque quando souberam que estava grávida, através de uma tia, porque teve medo de conversar com a mãe sobre o que estava a acontecer com ela, ficaram muito tristes e chateados a ponto de ficarem algum tempo sem lhe dirigirem a palavra.

Disse-nos também que quando soube que estava grávida ficou assustada e com muito medo sem saber o que iria acontecer com ela. Foram a casa do rapaz, ela e seus pais para conversarem com ele e sua família, salientou-nos que a conversa não foi tão boa assim, porque seus pais queriam que o rapaz assumisse as consequências do dano causado em sua filha casando-se com ela, mas tanto o rapaz como a sua família disseram que o menino não estava preparado para ser pai muito menos para se casar, era uma situação nova em sua vida e que ele precisava pensar na decisão que iria tomar sobre o assunto. Seus pais regressaram para casa indignados sem saber o que fazer.

O tempo foi passando, sua barriga ia crescendo mas o rapaz não se decidia nem mesmo os pais dele em momento algum foram a sua casa saber como ela estava a passar se precisava de alguma coisa. Disse-nos ter feito a gravidez sozinha só com o pouco apoio dos pais pelo facto deles não terem uma vida financeira muito estável só o pai é que trabalha, sua mãe é doméstica, afirmou-nos que estudava a 4ª classe mas quando engravidou, desistiu, porque mudaram-lhe de torno passou do período da manhã para o período da noite e também sentia muita preguiça, sem animo de ir a escola.

Disse-nos ter dado a luz mais que depois de uma semana o seu bebé adoeceu e acabou por falecer, por falta de experiência e cuidados próprios para com um recém nascido, visto ter dado a luz num momento em que sua mãe que lhe podia ajudar se encontrava de viagem.

Afirmou-nos ter passado por momentos muito difíceis principalmente quando perdeu o seu bebé porque apesar de tudo já se tinha acostumado com a ideia de ser mãe e tinha ganho amor, afecto pelo seu bebé. Sentia-se muito triste sem disposição para nada, naquele momento queria muito o amor da sua mãe porque todo o carinho era pouco.

Disse-nos que o seu relacionamento com as suas amigas não mudou, quando engravidou nem agora que perdeu o bebé pelo contrário tem-lhe dado a maior força para que se recupere e siga em frente. Afirmou-nos nunca ter usado o preservativo porque não gosta, também nunca usou contraceptivos com medo que a mãe pudesse descobrir, fazia o calendário mas mesmo assim engravidou. Toda via seus pais nunca haviam falado com ela sobre as DTS nem sobre sexualidade, porque diziam sentir vergonha e que agindo assim estariam a incentiva-la a praticar o sexo. Afirmou-nos que agora vai ter mais cuidado para não cometer o mesmo erro, usando a camisinha nas suas relações sexuais, assim evita outra gravidez indesejada e contrair uma DTS.

Neste momento ela se sente mais animada e conformada com o que aconteceu mais sem moral e disposição ainda para retomar os seus estudos, segundo a mesma.

Uma quarta entrevistada de 14 anos de idade e que engravidara logo na primeira relação sexual. A primeira relação sexual aconteceu agora aos 14 anos. O rapaz tem 17 anos de idade, a primeira relação aconteceu no quarto do rapaz envolveu-se com ele apenas uma vez. Diz que teve relações sexuais por obrigação do rapaz. Disse-nos que não gostou do seu primeiro contacto sexual talvez por não ter feito de sua livre vontade mas para agradar o rapaz. Diz que não sentiu nada, só dor

Com relação as suas amigas poucas procuram por ela, talvez por saberem que está grávida e que se sente envergonhada. Em relação aos seus vizinhos tem um relacionamento razoável.

Relativamente aos seus pais quando tiveram conhecimento do acontecido, ela estava em casa com sua madrasta seu pai encontrava-se de viagem pelo facto de trabalhar como motorista na cruz verde, sua madrasta andava desconfiada pelo que as pessoas lhe contavam e que naquela altura ela engordava dia após dia e dava-lhe muito sono e moleza. Diz não ter contado nada a sua madrasta pelo facto de não se dar bem com ela, havia sempre brigas entre elas.

Então seu pai chegou de viagem e um vizinho lhe disse que conversasse bem com sua filha porque notava que algo de estranho se passava com ela. Chegando a casa chamou-a e perguntou-lhe o que se passava com ela, mentindo disse a seu pai que nada estava a acontecer, esquecida que já tinha 3 meses pois no quarto mês já não deu mais para esconder, porque a sua barriga tinha crescido, seu pai pegou nela bateu-lhe tanto e deixou-lhe ficar dois dias sem poder sair de casa, depois voltou a conversar com ela perguntando porque escondeu de si e de sua madrasta que estava grávida, dizendo-lhe que naquela casa a única pessoa que tinha o direito de engravidar era sua mãe (madrasta), mais ninguém e se ela ficou grávida é porque quis desafia-lo. Pedindo que arruma-se toda sua roupa, porque iria levá-la a casa do rapaz para que morasse com ele perguntando-lhe se conhecia onde ele morava caso não, lhe deixaria mesmo na rua que não teria problemas em fazer isso.

Diz ter agarrado em toda sua roupa e ter a colocado num saco, seu pai e sua madrasta pediram uma boleia para ir a casa do moço, no bairro da Sta. Cruz, postos lá só encontraram um dos seus irmãos menores sem mais ninguém.

Seu pai conversando com este menor pediu-lhe que disse-se aos pais que ele havia passado por ali para fazer a entrega da mulher do seu filho porque ela já não pertencia a sua família, porque o fez envergonhar. Salientou-nos que seus pais foram embora deixando-a ali. Quando os pais do rapaz chegaram a casa encontrando-a ali perguntaram-lhe o que estava a acontecer, sem jeito teve que explicar o sucedido. O rapaz encontrava-se internado com paludismo, sem alternativa tiveram que aceita-la em sua casa dizendo que não podiam deixa-la na rua. Quando o rapaz teve alta e foi para casa não falava com ela, tratava-lhe com indiferença, queria ver-lhe a distância, diz estar a passar por uma situação muito difícil, afirmou-nos ter muitas saudades de seus irmãos, assim como de seus pais, mas infelizmente não os pode visitar porque seu pai a proibiu de voltar a pôr os pés em sua casa, disse-nos que isso é muito triste.

Teve que desistir dos seus estudos por causa da distância, sentia-se muito cansada e desmotivada para continuar.

Diz ter um bocado do carinho dos pais do rapaz, mas por vezes a sua sogra fala mal dela dizendo que ela engravidou de propósito para ficar com o seu filho e assim tem aguentado.

Nem sabe o que será dela daqui em diante, estima que procedeu muito mal por ter engravidado.

Diz que já ouviu falar das DTS, pela televisão, pela rádio, também quando foi ao controle na maternidade lhe falaram sobre isso e sobre o uso do preservativo, sente medo sim, de ter que contrair uma doença. Diz não ter usado preservativo por isso é que engravidou, naquela hora não pensaram nisso.

Ela refere que a gravidez precoce é um atraso de vida. Aconselha as demais adolescentes para a abstinência sexual que é muito importante ou que se previnam para evitar o que aconteceu com ela.

Apela o governo e a sociedade em geral na elaboração de um projecto para com os adolescentes, e que se promova debates e palestras para melhor esclarecimento da juventude, sobre a sexualidade, DTS, e em particular a gravidez precoce.

A quinta adolescente de 14 anos de idade e que já teve relações sexuais. A primeira relação teve-a aos 12 anos de idade, com um rapaz de 13 anos de idade. Disse-nos também que para além desse rapaz ela teve contacto sexual com um outro rapaz de15 anos quando fez 14anos e que na quinta relação ela engravidou.

Disse ter gostado do primeiro contacto sexual, que foi bom embora tenha sentido um bocado de dor. Afirmou-nos que das outras vezes foi melhor já conseguiu sentir alguma satisfação.

Refere-nos que o primeiro contacto sexual foi no terraço do prédio onde ela morra

Salientou-nos que teve relações sexuais porque quis, porque na conversa com as suas amigas algumas lhe diziam que já tinham tido relações sexuais e que tinha sido bom. Nunca usou o preservativo e nunca fez nada para se prevenir contra uma gravidez

Ela diz sentir-se bem em relação às suas amigas, sem complexo nenhum, a vontade, com mais experiência, porque quando estão a falar sobre sexualidade também ela já tem o que dizer mediante o que viveu diz ter um bom relacionamento com suas amigas e vizinhos.

Disse-nos que agora o relacionamento com os seus pais está a voltar ao normal visto que quando os seus pais descobriram que ela estava grávida ficaram muito chateados e tristes. Chamaram o rapaz e seus pais para uma conversa, onde o obrigaram a leva-la para morar com ele em casa dos pais do moço.

Posta lá o seu relacionamento com os familiares do moço não foi dos melhores, havia sempre brigas, não havia entendimento entre eles até que um dia já não suportando mais aquela situação conversou com os pais sobre o que estava a acontecer pedindo para que eles lhe permitissem de volta a casa e face aquele sofrimento todo, os seus pais disseram que poderia voltar.

O seu parto foi muito difícil a ponto de ter perdido o seu bebé e quase que a levou a morte. Depois de sua recuperação apercebeu-se da perda do seu bebé, tendo causado grandes transtornos, psico-emocionais. Seus pais vendo o risco de vida que corria sua filha, deram-lhe todo apoio possível aconselhando-a, dizendo que tudo isto aconteceu por ela ser menor de idade e que os médicos conversaram com eles explicando-lhes que o seu corpo ainda não estava preparado para ter um filho mas como o mal já estava feito não se podia fazer mais nada a não ser esperar.

Neste momento pensa em retomar os seus estudos neste ano lectivo tendo já feito a confirmação da sua matrícula para concluir a 4ª classe.

Sobre as DTS assim como o uso do preservativo ela desconhecia e que tinha escutado a partir da entrevista que estava sendo feita por nós.

Deixa um conselho para as outras adolescentes que ainda não engravidaram para tomarem muito cuidado nas suas relações, para não terem uma gravidez indesejada que é uma barra muito pesada e não terem que passar pelos momentos difíceis que ela atravessou.

A última entrevistada de 14 anos de idade e nunca teve relações sexuais porque estima ser ainda muito cedo para começar uma vida sexual, apesar de ter namorado e de muitas vezes ele já ter lhe feito a proposta de terem relações sexuais, o rapaz tem 17 anos de idade.

Diz não ter tido um outro namorado para além deste, por isso tem medo de se envolver com ele e engravidar por outro lado ela é crista e na igreja tem aprendido que só devemos ter relações sexuais depois do casamento, antes disso é pecado e considera-se que a pessoa está em falta perante DEUS.

Salientou-nos que de início teve alguns problemas com o rapaz por não aceitar ter relações, mas que agora ele tem frequentado a igreja com ela e já entende melhor o seu ponto de vista.

Disse-nos que estuda a 6ª classe e pretende continuar com os seus estudos, que seus pais também lhe têm falado muito de sexo e das doenças sexualmente transmissíveis, também ouve na rádio e televisão e já teve a oportunidade de assistir algumas palestras sobre as DTS em particular sobre o SIDA.

Diz ter um bom relacionamento com os seus pais, agradece a deus por ter uns pais assim tão amigos e abertos com ela.

Seu relacionamento com as suas amigas e vizinhas também é bom apesar de algumas amigas as vezes zombarem (gozarem) com ela, dizendo que está armada em santa, não sabem para quê está a guardar a sua virgindade, isso já passou da moda, não se usa. Mas ela diz não se preocupar com isso e sente-se bem porque diz que está a agir de forma correcta em se guardar e muitas são as meninas que se envolvem com rapazes por necessidades e por ilusão. Diz ter muito medo de contrair uma dessas doenças principalmente o SIDA.

Ela deixa o seu conselho para as adolescentes que estão a namorar que elas pensem primeiro nos seus estudos, na sua formação e só depois pensem em começar a praticar o sexo e quando isso acontecer que elas se previnam para que não tenham filhos tão cedo e sem condições de os criar.

2.1.3. Adolescentes de 15 anos

Segundo a entrevista com esta adolescente diz ter 15 anos de idade, nunca teve relações sexuais em momento nenhum. Nunca quis ter relações sexuais porque estima ser muito cedo e tem sido educada neste sentido pelos seus pais, dizendo-lhe que deve começar a sua vida sexual quando se sentir preparada para isso, deve pensar primeiro nos seus estudo e encontrar uma pessoa certa, casar-se depois do casamento neste dia sim.

Diz que quer guardar-se para este momento. E que sente-se bem com as suas amigas, pelo facto de não ter perdido ainda a sua virgindade, diz que a maioria das amigas pensa como ela o que tem lhe ajudado muito a seguir esta linha de pensamento e a manter essa postura. Tem um bom relacionamento

Com relação aos seus vizinhos não tem razões de queixa. Continua com os seus estudos, terminou a 8ª classe e vai agora fazer a 9º classe.

Diz que procede bem, que o corpo de uma mulher não foi feito para ser comercializado, conforme muitas fazem vendendo seu corpo para adquirirem o sustento para si e muitas das vezes para seus pais. Diz agradecer muito a Deus pelos pais que lhe foram dados, abertos ao diálogo e conselheiros, que tudo que ela hoje sabe assim como a própria educação foi graças a esta tão maravilhosa família.

Seus pais tem falado sobre como se deve prevenir contra uma gravidez indesejada através do preservativo, anticoncepcionais, DTS, principalmente do Sida, ouve pela rádio, televisão, na escola, por isso tem muito medo, quando um dia pensar em constituir a sua família primeiro há-de pedir, ao seu parceiro para fazerem todos exames possíveis só assim assumirá este compromisso.

Nunca usou preservativo por ser uma menina virgem, aconselha as que tem tido contacto sexual a usarem camisinha ou contraceptivos para evitar as DTS, bem como gravidezes indesejadas. Ela considera que se deveria conversar mais com os adolescentes no que concerne a sexualidade visto que muitos carecem destas informações, aconselha as adolescentes a se guardarem para o casamento.

Apela a todos para o melhor esclarecimento deste mal que enferma a nossa Sociedade em particular os adolescentes.

Segunda adolescente com 15 anos de idade. A sua primeira relação sexual foi aos 14 anos de idade. O seu namorado tinha feito anos e disse-lhe que como presente de aniversário tinham que passar uma noite juntos, como prova do amor que sentia por ele, insistiu até que conseguiu.

Foi precisamente naquela noite que ela tinha engravidado, foi no quarto dele. Disse-nos ter relações por ele ter solicitado. No primeiro contacto disse-nos que teve muito medo, em saber que iria perder a virgindade, como ele lhe disse que iria se casar com ela, aceitou confiando nele.

Ele tinha 22 anos de idade e era guarda da escola onde ela estudava. Suas amigas quando se aperceberam de que ela estava grávida pura e simplesmente afastaram-se dela, e que agora tem poucas amigas que a procuram.

Falando dos seus familiares quando se aperceberam que a menina se tinha engravidado expulsaram-na de casa, diz que os seus pais passam por ela não lhe dirigem nenhuma palavra. Neste momento está a residir em casa duma senhora, onde trabalha como empregada de limpeza onde em troca deram-lhe um quartinho bem como as refeições, esta senhora tem sido tudo para ela porque senão nem sabe o que seria dela e com relação aos seus vizinhos eles dizem que os seus pais tiveram muita razão em agir daquela maneira para que ela ganhe juízo.

Teve que abandonar os estudos, porque de início não tinha paradeiro certo e dormia onde quem sentisse pena dela, passou fome e nunca mais pensou em ir a escola.

Considera que procedeu mal, agora é tarde segundo ela já aconteceu e que fazer. Nem sabe o que vai acontecer com ela, vai esperar. Já ouviu falar das DTS, bem como dos preservativos só que nunca viu nem conhece. Na mesma hora mostramos o que era e explicamos como usar.

Aconselha as outras adolescentes que não dá, engravidar muito cedo traz muitas consequências e sofrimento e que as meninas tenham mais cuidado, para evitar que isso aconteça usem preservativo.

Quando engravidou ficou com muito medo, mais o pior foi quando comunicou o moço que ela estava a espera de um filho ele respondeu: vá enganar outro gajo, pensas que sou burro?

Que ela se tinha enganado no número da porta, que não era possível em uma relação sexual com pausa dizer que tinha engravidado, que não assumiria nada.

Não tem apoio de sua família.

Terceira entrevistada a adolescente que diz ter 15 anos de idade. Disse-nos que nunca teve relações sexuais. Mas que tinha conhecido alguém que queria namorá-la e que respondeu-lhe que era muito cedo, e que se ele quiser terá que esperar quando fazer 18 anos.

E que mesmo tendo esta idade segundo ela namoro sim, mais sem sexo porque os jovens actuais quando falam de namoro não é outra coisa a não ser sexo, e se a menina não for esperta cai nesta armadilha.

Segundo ela estuda a 9ª classe, PUNIV, pensa primeiro nos seus estudos, por ter a experiência de uma prima que não deu ouvido aos seus pais, e que neste momento sofre com um filho nos braços e sem pai porque no fim de tudo eles não assumem.

Tem bom relacionamento com suas amigas, pelo contrário quando sabe que a outra está no mau caminho ela tenta aconselhar. Também tem boa relação com os seus familiares.

Pode dizer que tem aprendido muito com os seus pais sobre a sexualidade. Por exemplo o seu pai diz que o namoro é uma relação amigável e de ternura entre duas pessoas. Segundo ele durante o namoro, os jovens namorados devem levar esta relação muito seria e responsável, e que para durar e ser saudável é necessário haver dialogo, respeito e compreensão, conhecimento do que o outro quer, sente ou faz, preocupação pela pessoa amada, não pensar em sexo.

Seu pai tem sido o seu grande professor. Com ele aprende que para uma moça ser feliz precisa guardar-se para o seu primeiro namorado, e falando em sexo só depois do casamento porque senão corre o risco de ser usada e desprezada conforme tem acontecido.

Pede sempre forças para isso não lhe acontecer, antes procura conversar muito com o seu pai e sua mãe que é muito sua amiga e isto lhe tem ajudado muito. Tudo que ela ouve das amigas procura melhores esclarecimentos junto dos seus pais.

A primeira pessoa a falar-lhe das DTS foi a sua mãe, explicou-lhe o que era e como são transmitidas.

Dia seguinte seu pai trouxe camisa de Vénus e carteiras de anticoncepcionais disse-lhe que seria a continuação da conversa que a mamã tinha iniciado e que aquilo era o complemento e foram explicando, como se usa, para que serve, assim como a sua finalidade.

Aconselha a todas adolescentes, a não optarem pelo namoro e sexo, e se assim for que primeiro se dirijam ao hospital pedindo esclarecimentos ao médico, se pode ter relações e como, para evitar estas gravidezes indesejadas.

Pondera que para diminuir este número de gravidezes indesejadas, primeiro os pais tinham que estar abertos ao diálogo para com seus filhos, segundo as escolas principalmente os professores de educação moral e cívica, as igrejas, o Ministério da saúde, a Rádio, a televisão, organismos governamentais e tantos outros estudassem mecanismos que possam pôr cobre a esta situação. Com realização de Palestras, debates e outras actividades que possam ajudar os adolescentes.

Quarta adolescente que diz ter 15 anos de idade, já teve relações sexuais aos 13 anos de idade, com um rapaz de 23 anos de idade, logo no primeiro contacto ela engravidou, isso aconteceu em casa do moço, no quarto dele envolveu-se com ele porque lhe oferecia algum dinheiro para suprir as suas necessidades por viver com a irmã, seus pais encontram-se na Província do Cunene e sua irmã simplesmente vende na praça.

O seu primeiro contacto disse-nos não ter sentido gosto nenhum somente dor, quando disse ao moço que estava grávida ele lhe disse que não era dele. Ficou assustada, com medo quando engravidou pela primeira vez. Disse-nos que tem um bom relacionamento e sente-se bem com as suas amigas apesar de não andar muito com elas como antigamente pois agora tornou-se uma mulher e tem responsabilidades de criar seus filhos.

Salientou-nos que não estuda, desistiu na segunda classe quando engravidou pela primeira vez.

A sua irmã é que teve que sustentar a sua gravidez durante os nove meses, deu a luz e o moço não deu sinal de vida. Criou a sua filha até aos 2 anos e por falta de condições teve de a entregar a outra irmã, que continua a cria-la porque neste preciso momento está grávida novamente de quatro meses de um outro moço de 25 anos de idade não trabalha de vez em quando carrega sacos (faz trabalho de estivador) e ganha algum dinheiro, mas esse dinheiro não chega para nada, e mais uma vez ela continua em casa da sua irmã que tem lhe sustentado até agora e não consegue sustentar a menina, ela e mais uma criança que vai nascer. Envolveu-se com ele 3 vezes.

Diz não ter agido de forma correcta por ter engravidado pela segunda vez e que neste momento não sabe o que vai acontecer com ela, porque tem pouca escolaridade e não tem experiência nenhuma por nunca ter trabalhado. Pensa começar a vender na praça, mas ainda não tem dinheiro para começar o seu negócio.

Afirmou-nos que se alguém lhe tivesse falado antes de como prevenir uma gravidez indesejada talvez não estivesse grávida agora do segundo filho pois sua irmã nunca conversou com ela sobre sexo nem sobre doenças sexualmente transmissíveis, que se ela estivesse a morar com a sua mãe talvez as coisas tivessem acontecido de um outro jeito.

Salientou-nos também que os moços com quem se envolveu nunca usaram o preservativo. Agora que ela já sabe como se prevenir para evitar uma gravidez indesejada e até doenças de transmissão sexual, ela aconselha as demais adolescentes a se controlarem melhor, a terem mais cuidados ao se relacionarem sexualmente para que não tenham gravidezes indesejadas como aconteceu com ela e não tenham de criar um filho sozinhas o que é muito difícil.

2.1.3. Adolescentes de 16 anos

A questão narrada por uma entrevistada de menor idade, de l6 anos. Já teve relações sexuais aos13anos. O moço tinha 20 anos, isto foi no regresso da escola no banco de um carro que se encontrava avariado no quintal da casa onde o moço vive. A primeira vez teve relações sexuais por insistência do moço, dizendo que a amava e se o amasse também, ela tinha que provar este amor envolvendo-se com ele. Envolveu-se com o rapaz 2 vezes, da primeira relação sexual não gostou, porque não sentiu nada de especial somente dor, já da segunda vez que fez por vontade própria diz ter gostado muito e isto aconteceu já no quarto dele. Agora sente-se arrependida, diante das suas amigas, porque se tornou numa adulta, tem uma responsabilidade grande que é criar o seu filho, já não tem mais tempo para passear e conversar com suas amigas como antes. Muita coisa mudou entre elas.

Afirmou-nos que o rapaz não está com ela nem assumiu o seu filho. Não teve outro relacionamento para além deste. Foi o seu primeiro namorado.

O relacionamento com os seus familiares é bom, apesar de que quando os seus pais souberam que estava grávida, a sua reacção foi de muito nervosismo, desespero, angustia mas depois ficou tudo bem.

Destes diz ter apoio moral e algum financeiro porque sua mãe é doméstica e seu pai é negociante. Refere que procedeu mal apesar de nunca ninguém lhe ter ensinado como deveria ser. Salienta-nos ainda que estragou a sua vida.

Disse-nos ter desistido na 5ª classe, porque durante a gravidez estava sempre doente e dava-lhe muitos enjoos não conseguia ir a escola. Por não ter experiência profissional nenhuma pelo facto de nunca ter trabalhado tem sido difícil conseguir emprego e que não lhe resta outra alternativa a não ser fazer negócio.

Sobre as DTS diz que ouviu falar simplesmente do sida e que tem medo, quanto ao uso do preservativo já ouviu falar mas quando tocava no assunto do preservativo o moço lhe dizia que não tinha possibilidades de adquirir, mas que da próxima vez ele ia usar, mas quando chegava a ora acabava sempre por fazer sem camisinha. Diz ter engravidado porque nunca soube que existiam outros mecanismos para além do preservativo que pudesse impedir uma gravidez. Diz ter caído neste erro por falta de acompanhamento de seus pais que nunca a explicaram nada sobre sexo ou gravidez na adolescência.

Diz que a sua mãe é muito fechada nunca teria coragem de travar um dialogo assim como nós tivemos com ela, falando abertamente, sem vergonha sobre sexo, nem ela teria coragem de perguntar estas coisas a sua mãe porque o considera um insulto.

Aconselha outras adolescentes a procurarem-nos para saberem um pouco deste assunto, e que se tivessem alguém que lhes pudesse explicar estas coisas assim, garante que muitas meninas não apareciam grávidas como tem acontecido. Apela o Governo bem como as entidades competentes que se faça um estudo mais aprofundado sobre o assunto.

Diz ainda que quando se apercebeu que estava grávida, ficou muito assustada, sem saber qual seria a reacção de seus pais. Começou a fugir de casa, passava mais tempo fora para que não fosse descoberta, colocava roupas muito apertadas para que tivesse um aborto, chegou a tomar cloroquina porque lhe diziam que provocava aborto, mas nela não fez efeito. Que para diminuir o número de gravidezes se deveria introduzir nas escolas a disciplina de Educação sexual onde os professores pudessem ser mais claros e abertos com os alunos já que em casa pais existem que nem sequer tentam ter um diálogo com seus filhos pensado que seja falta de respeito ou ainda que isto poderia despertar os adolescentes a praticar o sexo.

Ela deixaria o seguinte conselho a sociedade: Que se faça um combate cerrado contra este mal que esta a destruir a futura geração através de uma abertura de um programa de rádio para os adolescentes, esclarecendo coisas sobre sexualidade, como prevenir-se para evitar gravidezes indesejadas e pedindo as suas opiniões, saber o que pensam, isso ajudaria bastante as outras jovens que ainda não engravidaram e que se dera mais abertura no mercado de trabalho para os adolescentes, que estudem e não caiam no mesmo erro que ela porque a gravidez não desejada é um retrocesso na vida da pessoa.

Mais outra adolescente de 16 anos de idade, disse-nos ter tido já relações sexuais pela primeira vez aos 12 anos de idade com um adolescente de 13anos de idade, por 2 vezes e que isso aconteceu em sua casa, porque eles eram colegas de escola e estudavam sempre juntos. Depois deste envolveu-se com outro rapaz com quem namorou dizendo que não se lembra quantas vezes se envolveu com ele pelo facto de terem sido muitas. Salientou-nos também que o adolescente tinha entre 15, 16 anos de idade e que neste momento ela namora com um senhor de 40 anos.

Diz namorar com este senhor porque estima a relação com um adulto mais atraente e segura.

Afirmou-nos que gostou do seu primeiro contacto sexual, foi bom, mas que as outras vezes foram melhores ainda. Teve relações porque tanto ela como o menino quiseram experimentar como era uma relação sexual.

Ela diz ter um bom relacionamento com os seus familiares, que eles sempre conversaram muito com ela sobre sexualidade, como se prevenir para não ter uma gravidez indesejada ou contrair uma DTS.

Com os seus vizinhos e amigas ela diz ter um bom relacionamento as amigas gostam de conversar com ela sobre sexualidade e não só, dizem que ela é uma pessoa muito extrovertida, desinibida, aberta, que muitas das suas amigas tem vergonha de falar sobre sexo e escondem que já tiveram um contacto sexual, e que se sente mais experiente em relação a elas.

Estima que começou a vida sexual cedo, mais que o erro já estava feito e não podia fazer mais nada somente cuidar-se para evitar problemas para si e para seus pais.

Diz que nunca usou o preservativo porque os rapazes com quem se envolveu não gostam de usa-lo, dizendo que assim a relação sexual não é boa e que ela, apesar dos riscos que corre confia nos parceiros que tem, e que para evitar uma gravidez ela tem usado contraceptivos.

Disse-nos estudar a 9ª classe e que pretende continuar com os seus estudos.

Revelou-nos que já ouviu falar das DTS pelos seus pais como dissemos anteriormente, mas também pela rádio e pela televisão.

Vejamos o testemunho de mais outra adolescente de 16 anos de idade. O namorado tem 17 anos, sua primeira relação sexual, foi em casa dele. Foi bom por ter sentido uma sensação que não sabe explicar.

Com suas amigas nada mudou porque todas elas já tiveram relações sexuais e a maior parte delas já têm filho. Disse-nos que teve relações sexuais porque sentiu desejo, estima que o seu organismo pediu.

Diz ter procedido mal pelo facto de ter engravidado, não por ter tido relações sexuais. Disse já ter ouvido falar das DTS, mas ela acredita que essas doenças são para as prostitutas como se tem dito trabalhadoras do sexo que têm mais de um parceiro, na primeira relação, o rapaz até usou o preservativo, mas ela não gostou, por isso no meio da relação pediu ao rapaz que tira-se a camisinha e nas outras relações ele já não usou o preservativo não pensou que pudesse engravidar, refere que envolveu-se com o rapaz 4 vezes.

Quanto ao relacionamento com seus pais, disse-nos que praticamente não existe pelo facto de ter se separado deles ainda muito pequena e ter crescido em casa de uma tia e só os vê de quando em vez pelo motivo de viverem na Província do Móxico, mas que a sua tia quando tomou conhecimento que estava grávida ficou muito chateada e ralhou muito com ela dizendo que tinha de ser mais responsável e se cuidar melhor, pensar em estudar para no futuro poder ajudar os seus pais, que por não terem condições de lhe criar tiveram que entregar-lhe a ela, para que tivesse outra vida, oportunidade de estudar, e que o rapaz não quis assumir a paternidade dizendo que não teve culpa porque foi ela quem pediu para que retira-se o preservativo, que não estava preparado para ser pai e não tinha a certeza se era ela com quem queria ficar, por isso ela que aguenta-se as consequências. Disse-nos ter aguentado a gravidez sozinha, mesmo chateada sua tia é que teve de ajuda-la durante a gravidez e após dar a luz, o bebe já tem 5 meses e o rapaz ainda não se dignou a ir conhece-lo e a regista-lo, disse-nos que não está a ser fácil, mas que agora já esta mais conformada com a situação apesar de ser uma barra muito pesada, diz não ter desistido das aulas, mas que não teve bons êxitos, vai repetir a mesma classe, porque faltava as aulas e não conseguia assimilar a matéria por causa da situação que estava a viver e que agora vai continuar a estudar, lutar para conseguir um emprego para poder sustentar o seu bebé. Disse-nos que aprendeu uma grande lição na conversa que teve connosco que sempre que possível falará para suas amigas sobre estas doenças e se elas quiserem saber muito mais sobre o assunto para nos procurarem ou mesmo procurarem os centros de saúde. Acrescenta que se no ano de 2OO4 por exemplo, nós tivéssemos já aparecido e conversado com ela, talvez não tivesse engravidado. Agradecia que fizéssemos isto principalmente nas praças onde a maioria das adolescentes passam o dia vendendo, e no final do dia vão para as suas casas, diz que conhece muita gente a precisar desta conversa amiga, porque muitas vezes tem sido difícil encontrar pessoas com esta paciência como nós. Os comentários folgam.

Mais outra entrevistada de 16 anos de idade. Teve a primeira relação sexual aos 13 anos de idade e o seu parceiro 15 anos. Aconteceu na ponta da restinga no meio da semana, faltaram as aulas, foram fazer praia e tudo aconteceu. Agora aos 16 anos conheceu outra pessoa com quem teve relações sexuais pela segunda vez e que tem 18 anos.

Diz ter gostado da sua primeira relação sexual, não queria sentir-me ultrapassada como muitas dizem e que teve relações sexuais porque sentiu que estava em altura e era adulta.

Esta bem com suas amigas e nunca teve problemas com os seus vizinhos. O relacionamento com os seus familiares, é bom, visto que seus pais confiam nela, e pensam que sua filha ainda é virgem. Continua com os seus estudos e fará a 7ª classe este ano lectivo 2005-06.

Tem escutado falar sobre as DTS na televisão e rádio. Já usou o preservativo, tem usado anticoncepcionais para evitar uma gravidez visto que filho não faz parte do seu plano de vida de momento. Para ela a gravidez precoce é um atraso de vida principalmente dos adolescentes impede os estudos da pessoa paralisa a vida e destrói o futuro isto com relação as meninas que tem de suportar os 9 meses de gravidez e carregar a criança todos os dias.

Ela aconselha aquelas meninas que ainda não engravidaram para o uso do preservativo como camisinha e anticoncepcionais e que estudem. Disse-nos nunca ter engravidado porque sempre soube prevenir-se. É da seguinte opinião: que se proponha palestras e debates nas escolas e igrejas para o melhor esclarecimento acerca das DTS, principalmente sobre a gravidez precoce, e sexualidade porque nem todos têm tido acesso a estas informações.

Diz que tem todo apoio porque ainda não aconteceu o que poderia desagradar os seus pais como o caso de uma gravidez.

Pede para que a rádio, a televisão abram mais espaços onde se possa debruçar sobre este tema, assim como as entidades tradicionais para que a partir da aldeia as pessoas venham a ser educadas para este fim. Explicar-lhes que só devem ter uma mulher, e que existem doenças que podem ser transmitidas ao ter relações com mais de um(a) parceiro (a).

Vê-se que aqui todos têm mais de uma mulher com certeza não têm tido explicações destas enfermidades que ultimamente têm assolado a nossa Pátria.

Mais outra adolescente que disse ter 16 anos de idade. Já tinha tido várias relações sexuais. Teve a sua primeira relação sexual aos 12 anos com um colega de turma, de 14 anos que frequentava a casa dela, altura em que sua mãe se encontrava separada do pai.

Tinha tido relações sexuais porque ela quis. Disse-nos que pela primeira vez quando estivesse a sentir dor ela avisava e ele tirava o pénis. Foi continuando com esta operação várias vezes até não sentir dor nenhuma e que foi bom. Envolveu-se com o menino duas vezes.

Aos 13 anos namorou um menino com quem teve 2 relações sexuais. Completados os 14 anos apareceu um que mexeu muito com ela a ponto de ser ela a ter iniciativa para a primeira relação sexual. Este rapaz era da Província do Lubango, vivia em casa da sua tia, era jogador. Apaixonou-se de tal maneira que perdeu o controle de si própria, procurava por ele constantemente. Por fim ele já sabia que ela não saia de sua casa sem ter relações sexuais.Com este rapaz não sabe precisar quantas vezes foram.

E numa das relações engravidou, isto aos 15 anos, aquele rapaz que dizia que ela era tudo para a vida dele, e que faria tudo para lhe ver feliz, prometendo casamento, quando comunicou-o que estava grávida e já tinha feito teste de gravidez e o resultado era positivo mudou de repente. Disse-lhe que era muito jovem e estava de passagem na província de Benguela e nunca lhe tinha passado pela cabeça ser pai. Chamou-a de bandida, prostituta, e que quando a encontrou, ela parecia ser a mãe dele, pela experiência que tinha. Humilhou, desprezou-a, pegando-a no braço dizendo-lhe que desaparecesse da sua vida porque não queria saber deste filho. O rapaz tinha 22 anos de idade.

Ela foi-se embora, e nunca mais viu o rapaz. Seu pai pediu-lhe para lhe mostrar quem a tinha engravidado mas o rapaz, esperto que era, tinha regressado para o Lubango. Aguentou os insultos do pai até os nove meses, teve o seu bebé e após o seu filho ter completado três meses conheceu outro moço, com palavras boas dizendo que queria assumi-la, assim com o seu filho.

Envolvendo-se com ele engravida novamente, mas o facto do seu filho ser muito pequeno e estar sem condições para sustentar os dois obrigou-lhe a interromper esta gravidez.

Agora para sustentar seu filho teve que largar os seus estudos, começou a prostituir-se para garantir o seu sustento. A separação de seus pais fez com que nunca houvesse um relacionamento amigável entre eles. Diz ter um relacionamento razoável com seus vizinhos por comentarem a forma como ganha o seu dinheiro, no tocante as suas amigas nada mudou, sente-se bem, não se sente inferiorizada porque foi a única maneira que ela achou para sobreviver e sustentar o seu filho, algumas amigas também estão nesta vida.

Sobre as DTS já ouviu falar pela rádio e televisão, mais como precisa de sustentar seu filho ela tem arriscado sua vida.

Diz que tem usado o preservativo nas suas relações ocasionais, e que tem tido a pouca sorte de romper a camisinha e que não sabe o que vai acontecer com ela daqui em diante, a sua vida está nas mãos de deus. Deixa o conselho de estudarem para aquelas que ainda não engravidaram.

A última adolescente de 16 anos de idade que já teve relações sexuais com 3 jovens. Disse-nos que a primeira relação ela teve aos 14 anos com um jovem de 26 anos de idade com quem ela namorava, com ele envolveu-se algumas vezes não se lembra quantas vezes foram. Disse-nos que o seu primeiro contacto aconteceu num quarto de um hotel na noite de fim de ano.

Que a sua primeira relação foi boa, diz ter gostado, sentiu uma grande satisfação porque o jovem foi muito carinhoso com ela e teve todo o cuidado para não a magoar. Envolveu-se com ele por sua livre vontade, porque sentiu desejo de o fazer e porque quis dar isso de presente ao namorado por ocasião da data.

Afirmou-nos que durante algum tempo, o jovem teve o cuidado de usar o preservativo para evitar problemas, mas que depois nas outras relações ele já não aceitava fazer com camisinha dizia que assim não sentia nada por isso teve que começar a fazer o calendário para se prevenir.

Namorou com ele durante 1 ano, mas teve que se separar dele porque ele era casado e começaram a ter problemas por isso. Depois de ter acabado esse relacionamento, teve uma relação sem compromisso como se tem dito (ficou com alguém), durante 1 mês e envolveu-se com ele 3 vezes, mas que com esse rapaz sempre usou a camisinha por insistência dela. Salientou-nos ainda que esse rapaz tem 18 anos de idade, mas que não gostou muito desse relacionamento, talvez por eles terem quase a mesma idade, considerava-o muito inexperiente, imaturo por isso ficou com ele tão pouco tempo, e a seguir conheceu um outro jovem de 29 anos de idade com quem começou a namorar e se envolveu com ele algumas vezes não tem precisão de quantas vezes foram, e na última vez teve o azar de engravidar, porque com este jovem nunca usou a camisinha pelo simples motivo de ele não gostar lhe dizia que com camisinha não era a mesma coisa que dessa forma ele não sentia nada, e que ela tinha que ter confiança nele. Diz não saber como ficou grávida porque ela continuou sempre a usar o método de calendário como forma de se prevenir, mas naquele dia ela pondera que o calendário falhou e aconteceu.

Quando disse ao jovem que estava grávida, ele lhe disse que não poderia assumir essa gravidez, nem a ela porque já estava comprometido com alguém e iria se casar por isso a única solução era tirar essa gravidez ou então iria ter um filho sem pai. Disse-nos ter ficado entre a espada e a parede sem saber o que fazer. Conversou com algumas amigas pedindo conselho sobre que decisão tomar, algumas amigas diziam que era melhor tirar, outras que deveria levar avante essa gravidez. Disse-nos que ficou com muito medo e a sua dúvida se tornou maior ainda, ela diz encontrar-se numa contradição, por um lado, não queria ser mãe tão cedo e solteira, por outro tinha medo de fazer um aborto podia se dar o caso das coisas correrem mal e haver complicações, mas que depois de tanto pensar resolveu contar o que se estava a passar a sua mãe, primeiro também era de opinião que se fizesse um aborto, levou-a a um médico só que postas lá, o médico lhes disse que já tinha passado muito tempo e que seria arriscado fazer-lhe uma corretagem, e não queria assumir essa responsabilidade, que se mesmo assim ela quisesse levar essa decisão avante que procura-se outro médico. Voltando para casa e sem resolverem o problema ou sem êxitos, a sua mãe teve de contar a seu pai o que estava a acontecer, que ficou muito chateado e que no calor da raiva lhe disse que desaparecesse de sua casa, que fosse viver com quem a tinha engravidado já que ela tinha procurado que aguenta-se as consequências.

Mas depois alguns familiares foram conversar com ele fazendo-lhe entender que não estava a agir da melhor maneira que tivesse calma, a menina não tinha para onde ir e que isso está sujeito a acontecer a qualquer menina que namora não é fácil mas os pais devem estar preparados para isso.

Depois de tanta conversa seu pai lhe permitiu ficar mas não falava com ela, suas irmãs e sua mãe apesar de estarem tristes com o acontecido e de estimarem que tinha cometido um grande erro davam-lhe muita força e apoio moral, apoiavam-lhe financeiramente naquilo que lhes fosse possível para que conseguisse levar a diante a sua gravidez. Disse-nos que não foi fácil aguentar os nove meses mas conseguiu, deu a luz, correu tudo bem graças a Deus, o seu bebé tem 1 mês ela nos disse que agora as coisas se tornaram mais difíceis por ter um filho para sustentar, não tem emprego nem pode depender a vida toda de suas irmãs e sua mãe que até o momento têm sustentado a ela e ao seu bebé, por isso começou a vender cerveja e churrasco para manter seu filho. Quanto a seu relacionamento com seu pai pensa que está a mudar, agora que seu filho nasceu ele já tem falado com ela, e até brinca com o bebé. Mas disse-nos que o pai da criança ainda não foi conhecer o seu filho, o que lhe tem entristecido muito. Disse-nos que continuou a estudar durante a gravidez apesar de sentir muita preguiça de ir a escola e muito sono, mas que não conseguiu fazer as provas finais porque deu a luz vai repetir, agora a 7ª classe e apesar de tudo que aconteceu com ela o seu relacionamento com os seus vizinhos e amigas não mudou, têm lhe dado muita força para que possa seguir em frente, sente-se bem com as suas amigas. Agora só pensa em trabalhar e estudar para poder criar bem o seu filho.

Quanto as doenças sexualmente transmissíveis diz que já ouviu falar através da rádio e da televisão e que sua mãe também conversou com ela sobre isso e como se prevenir de uma gravidez indesejada e que tem muito medo de contrair uma doença sexualmente transmissível. Conselho para as adolescentes: que estudem e que se previnam usando a camisinha ou o preservativo e não confiar no calendário porque as vezes pode não dar certo como foi o seu caso.

2.2. Aspectos quantitativos resultantes das entrevistas (Os resultados são referidos ás tabelas anexo 2)

Do total das entrevistadas 88.8 % teve relações sexuais, quer dizer que a imensa maioria tem experiência sexual precoce. O facto fica confirmado porque 50 % das que declaram que sim tiveram relações sexuais ficam nas faixas de 13 e 14 anos de idade. Os inquéritos revelam que na etapa dos inquéritos as raparigas de 17 anos ou mais pareciam não participar no processo sexual (V. Tabela 1).

As primeiras relações sexuais acontecem na adolescência inicial, entre os 11 e 14 anos, embora que também nessas idades aparecem os únicos casos onde não se tem tido relações sexuais nas idades precoce (V. Tabela 2).

O facto de que a maioria das entrevistadas teve relações sexuais não influenciou no seu relacionamento com vizinhos e amigos visto que maior parte delas tem um relacionamento bom e razoável com os mesmos, de igual modo acontece com as que não tiveram relações sexuais (V. Tabela 3).

O facto de que a maioria das entrevistadas tivera relações sexuais influenciou no seu relacionamento com os seus familiares visto que a maior parte delas têm um relacionamento entre mau e razoável, no entanto à categoria de bom relacionamento com os seus familiares só adere o 50% das entrevistadas (V. tabela 4)

O facto das entrevistadas terem tido relações sexuais influenciou bastante nos estudos das mesmas visto que 68.75% não estuda ou desistiu de estudar e só 31.25% delas estudam, isto mostra-nos que há uma relação directa entre aquelas meninas que tem envolvimento sexual e a continuidade dos seus estudos (V. tabela 5).

Também chama a atenção o futuro das meninas que tiveram relações sexuais, porque a maioria, 56,25% não sabe o que vai acontecer com elas, só a minoria, 25% diz que vai estudar e lutar para conseguir um emprego ou seja tem uma perspectiva para o futuro (V. tabela 6).

Uma quantidade, de 43.75% das meninas, tiveram relações sexuais porque quiseram, 6.25% fizeram por curiosidade, porque foi violada e por necessidade económica, 18.75% fez por insistência do rapaz, 12.5%fez porque o rapaz pediu, 18.75% não teve relações sexuais (V. tabela 7).

A metade das meninas entrevistas confessa não saber o que acontecerá com a sua vida a partir de terem tido relações sexuais. Isto indica o nível de frustração e as visíveis consequências da precocidade sexual adolescente. Só a terceira parte das entrevistadas tem perspectivas de estudarem, no entanto que a sexta parte declara que lutará por conseguir um emprego, questão também por difícil, indicativa de que a sexualidade adolescente resulta de todo ponto negativa para as meninas (V. tabela 8).

No tocante as 18 entrevistadas, 53,33% dizem que a sua relação sexual foi boa e 46.66% das adolescentes diz que a sua relação sexual foi má, quer dizer que 66.66% das adolescentes sentem-se bem perante as suas amigas, enquanto que 33.33% diz que se sente mal. Esta situação induz pensar de maneira geral que a relação sexual precoce tem mais aceitação do que rejeição, facto que é evidentemente um contributo importante para a continuidade do problema que estamos a analisar (V. tabela 9).

Do total das entrevistadas 46.66% teve relações porque quis, no entanto por causa do rapaz um 27,7% teve relações sexuais. Significa que a imensa maioria das relações sexuais precoces têm a ver com decisões próprias dos adolescentes, tendo em conta que a insistência do rapaz terminou por convencer à menina para fazer sexo. Por tanto fica assim demonstrado que a causa principal destes factos estão relacionados com a irresponsabilidade e imaturidade que caracteriza estas idades. As restantes causas de realização dos actos sexuais carecem de significação (V. tabela 10).

Do total das 18 entrevistadas, 44.4% diz que a relação sexual foi boa no entanto 27,7 % diz que a relação sexual foi má, quer dizer que uma quantidade inquietante das adolescentes acharam satisfação na relação sexual, e só a minoria acha que a sua relação sexual foi má. É claro que o prazer da sexualidade impõe-se sempre sendo a motivação principal da comissão de relações sexuais, questão que deve alertar a pais e professores para terem os cuidados e receios, nunca a mais, para evitarem as condições propícias para os actos sexuais adolescentes.

22 % teve relações sexuais uma vez, 11% teve relações duas vezes, 22% diz não se lembrar o número de vezes que teve relações, e 16% diz ter tido relações cinco vezes. Quer dizer que a metade das entrevistadas admite ter tido relações sexuais pelo menos quatro vezes. Estas cifras dizem muito relativo à liberdade ou às possibilidades que têm estas adolescentes para a actividade sexual (V. Tabela 11).

Do total das entrevistadas maioria 66,6% nunca usou o preservativo, só a minoria 16% já usou alguma vez. Isto mostra que a maior parte das adolescentes tem feito sexo sem controle e sem precaução o que é mau porque isto pode causar serias consequências na vida das nossas adolescentes como é o caso de uma gravidez precoce, doenças de transmissão sexual o que chamou bastante a nossa atenção. Constatou-se também que, infelizmente, existe uma relação proporcional entre a reiteração da relação sexual e a desprotecção durante o acto visto que a metade das que nunca usaram preservativo tiveram relações sexuais pelo menos quatro vezes (V. Tabela 12).

Do total de entrevistadas 33.33% das adolescentes nunca ouviu falar das doenças de transmissão sexual, uma pequena quantidade 11.11% ouviu falar do sida e 55.55%, que é a maioria, já ouviu falar das doenças de transmissão sexual. Ao menos em matéria de informação vê-se que a situação é um tanto favorável, embora que resulta preocupante o facto de a terceira parte nunca ouvira falar de Doenças de Transmissão Sexual (V. Tabela 13).

Mesmo assim, do total das entrevistadas 11,11% diz não ter medo de contrair uma destas doenças o que é a menor parte enquanto que uma quantidade importante 88,88% delas diz ter medo de se contaminar, o que diz respeitante à informação de se contaminar por uma DTS (V. Tabela 14).

E de realçar que das 18 entrevistadas 72.2% não tem feito nada para evitar uma gravidez não desejada ou seja uma gravidez precoce e somente 11.11% tem usado contraceptivos e preservativos para não engravidar, isto mostra que a maior parte das nossas adolescentes não tem consciência das consequências que uma gravidez precoce pode causar (V. Tabela 15).

Do total de entrevistadas 27,7% são da opinião de que a gravidez precoce é só é boa quando o pai assume e ainda 33% considera que é um Fardo muito pesado. Nota-se, por tanto, que as adolescentes reconhecem a consequências negativas da gravidez precoce. Más em termos gerais, todas as adolescentes de uma ou outra forma declaram aborrecer a gravidez na idade adolescente. (V. Tabela 16).

Do total de entrevistadas 11.11% deixam os seguintes conselhos para outras adolescentes: umas aconselham abstinência sexual ou que se guardem para o casamento, outras aconselham que as adolescentes estudem e não caiam no mesmo erro, 5.55% aconselha as outras adolescentes há: procurarem os serviços de saúde, a terem mais cuidado e estudarem, que se previnam usando preservativo ou camisinha e estudem, que pensem primeiro no seu futuro e só depois no sexo, que estudem e se previnam usando a camisinha ou o preservativo e que não se confiem no método de calendário, 16.66% aconselha as outras adolescentes a se prevenirem (V. Tabela 17).

A falta de orientação é evidente quando observamos que das adolescentes que tiveram relações sexuais 55,5% nada fazem para evitar uma gravidez indesejada, montante que corresponde inteiramente para aquelas que já tiveram relações sexuais (V. Tabela 18)

Numa entrevista à Irmã Susana do Hospital do Cubal soubemos "Devo falar sobretudo da adolescência deste município, o Cubal, porque é onde estamos a trabalhar, estamos a ver que raparigas adolescentes de 13 a 14 anos já têm filhos; quando tentamos falar com elas, respondem-nos que uma menina se aos 14 anos de idade não tiver filho, é sinal de que não presta, não dá para os homens e não é mulher para a sociedade; é trabalhoso desmentalizar essa ideia. Agora que vamos sensibilizar a existência do VIH/SIDA, encontraremos grandes dificuldades porque os adolescentes não nos aceitam nem aceitam os pais, fogem das casas; este problema existe aqui no Cristo Rei; para eles, tanto os moços como as moças, é notícia ter relações sexuais nessa idade e o grande desafio é o combate desta mentalidade". Esta declaração da irmã Suzana faz saber que também territórios rurais existem preocupações pela conduta bem como pelas concepções dos adolescentes respeitante à sexualidade. Não obstante é claro que existem diferenças de concepções importantes entre o adolescente urbano e rural, aspecto que poderia ser objecto de atenção em outro momento a partir das referências que estabelece o presente estudo.

Professora, durante o aconselhamento

CONCLUSÕES

A gravidez na adolescência é multicausal: Factores Biológicos, relativos á precocidade da menarca; familiares, relativos a tradições familiares, exemplos e inexperiência, figuram nas causas fundamentais.

Tentativas de suicídio, abandono da escola, prostituição e riscos para a saúde física e mental, são repercussões negativas da gravidez precoce. Preocupações e considerações, psicológicas, pedagógicas, demográficas, sociológicas e filosóficas aparecem como resultado de investigações científicas recentes, aspectos que em termos gerais são constatados no caso da população adolescente objecto do trabalho que se apresenta

Confirmam-se no caso de Benguela os factores etiológicos conducentes à gravidez precoce na adolescência, bem como as repercussões negativas deste fenómeno social mundial.

O apoio dos pais, a compreensão social de vizinhos, amigos e professores resulta essencial uma vez consumado o facto.

A totalidade das raparigas que ficaram grávidas manifesta se sentir arrependidas e aconselham positivamente a outras para não caírem no mesmo erro.

RECOMENDAÇÕES

1. Solicitar ao governo assim como as entidades não governamentais abrirem mais espaços para os jovens no mercado de trabalho dando cursos e continuar com o ensino gratuito que facilitarem sequencia dos estudos.

2. Visto que constitui o meio mais exequível e barato para as grandes multidões, habilitar programas de rádio para os adolescentes, esclarecendo assuntos sobre sexualidade, como prevenir-se para evitar gravidezes indesejadas. Para tal efeito pode ser um contributo a tese que se apresenta.

3. Incorporar nos programas de educação sexual nas escolas informação relativas ao problema da gravidez precoce em Benguela. O material desta tese poderia ser de base como literatura de consulta.

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Autores:

Dr. C. E Profesor Ttiular José Manuel Frómeta Lores

lord[arroba]fcs.cug.co.cu

Lic: Patrícia Neide C. Dos Santos e Ana Chilombo


Partes: 1, 2, 3


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