Contra a corrente: treze idéias fora do lugar (III) y (IV) (continuação da Segunda Parte)



Contra a corrente: treze idéias fora do lugar
(IV)

 

6. Devemos reforçar os laços com os grandes países em desenvolvimento (China, Índia, Rússia) e com os da América do Sul, onde podemos dispor de vantagens comparativas.

Talvez, mas vejamos os custos e benefícios desse tipo de política de "aliança com os pobres".

O problema dos países médios, ou "emergentes", é que eles dispõem de um estatuto incerto no sistema mundial. Não constituem, obviamente, grandes potências, dotados de meios militares ou econômicos suscetíveis de influenciarem decisivamente a agenda internacional, mas tampouco são países irrelevantes ou desprovidos de meios para fazer pender, por vezes, a balança das relações internacionais em determinadas direções. O Brasil certamente se insere, com vários outros países, nessa categoria pouco precisa dos "países médios", cuja classificação pode ser dada a partir de vários atributos físicos e econômicos. Vejamos, em primeiro lugar, características próprias a esses países, passemos em seguida às recomendações de política externa tais como formuladas no cabeçalho e discutamos por fim as implicações dessas orientações sugeridas.

Os países médios constituem geralmente grandes extensões territoriais, dotados de importante população, com economias não totalmente desenvolvidas ou avançadas do ponto de vista tecnológico, participando ativamente da vida diplomática internacional e podendo desempenhar um papel relevante na definição de alguns dos problemas que freqüentam a agenda mundial. Este é certamente o caso da Rússia e da China, mas esses países não são normalmente identificados a países médios ou emergentes, uma vez que já são (ou já foram) grandes potências, detêm armas nucleares e são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e podem, portanto, ainda que com um certo esforço, tentar desafiar o monopólio estratégico da única superpotência remanescente no atual contexto mundial pós-Guerra Fria.

Mas seria certamente o caso da Índia, da Indonésia, da Coréia do Sul, do México, da África do Sul e talvez do Egito e do Irã, assim como do próprio Brasil, no mundo em desenvolvimento, ademais do Canadá, da Espanha, da Itália e de alguns outros, no clube dos países ricos. As definições são entretanto ambíguas, uma vez que a "assemblagem" dessas potências "médias" num mesmo conjunto recobre realidades e potencialidades muito diversas. Senão vejamos.

A Índia é o segundo país mais populoso do mundo, é dotada da arma nuclear e se encontra envolta em cenário estratégico de tensões recorrentes e perigosas que conforma um dos maiores focos de instabilidade internacional, junto com o Oriente Médio e algumas partes da África (mas aqui já afastado esse continente dos interesses estratégicos que o marcaram durante grande parte da Guerra Fria). A Indonésia constitui, por sua vez, um mundo à parte, cujos focos de tensão são propriamente internos, ainda que ela tenha provocado ela mesma situações de instabilidade no cenário regional (Timor Leste, por exemplo). A África do Sul já foi uma emergente potência nuclear, mas decidiu renunciar a esse status ao iniciar-se o período de transição para o fim do regime de apartheid. O Brasil já ostentou uma economia bem mais pujante, em fases de crescimento sustentado ou de valorização cambial, chegando a superar alguns membros do G-7, como seria o caso do Canadá, mas no início do século XXI chegou a ser superado em termos de PIB pelo México, país que tem uma projeção meramente regional.

 


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