A cultura da esquerda: Sete pecados dialéticos que atrapalham seu desenvolvimento



 

Prólogo necessário:

Faço parte daquilo que poderia ser classificado, à falta de melhor definição, como "cultura de esquerda", algo suficientemente disseminado no Brasil para obrigar-me aqui a maiores elaborações sobre seu conteúdo específico. Talvez eu devesse dizer que pertenço hoje bem mais à "cultura" do que à "esquerda", et pour cause: adjetivos desse tipo, one-sided, são em geral reducionistas ou simplificadores e os maniqueísmos que usamos na vida corrente não estão adaptados aos matizes da realidade e a uma visão abrangente dos processos sociais, sempre complexos em sua totalidade. Dicotomias como "esquerda" e "direita" são partes de um todo, mas relutam em abrigar as particularidades que não se encaixam em seus moldes pré-concebidos.

Sem maiores considerações terminológicas ou metodológicas, pretendo listar e em seguida discorrer sobre o que considero serem os sete grandes pecados da cultura da esquerda, características pouco defensáveis e que parecem atrapalhar sobremaneira seu desenvolvimento e sucesso público. Alguns desses pecados são "veniais", como a visão popularesca da cultura e da vida social, outros são "mortais", como a ojeriza ao mercado ou a objeção à democracia simplesmente formal, mas todos eles me aparecem como "inutilidades históricas" ou "relíquias bárbaras" que já deveriam ter desaparecido do discurso da esquerda, se é verdade que ela pretende se colocar como alternativa credível de poder e de administração pública.

Quais são, afinal, esses "pecados dialéticos" que afligem a esquerda, no Brasil e no mundo? Listei apenas sete, como os sete pecados capitais, mas eles poderiam ser mais. Contentei-me, no momento, com estes sete, mas aceito sugestões "amplificadoras".

1. A esquerda é estupidamente anti-mercado.

2. Ela é (falsamente) igualitarista.

3. Ela se posiciona contra a "democracia formal", preferindo a "democracia real".

4. A esquerda é geralmente estatizante (o que é, realmente, uma pena).

5. Ela é anti-individualista, preferindo os "direitos coletivos".

6. Ela é tristemente populista e popularesca.

7. Também costuma ser voluntarística e anti-racionalista.

Voilà: feita a listagem dos pecados "dialéticos" que julgo identificar na esquerda, certamente atribuídos a uma história de lutas que remonta ao século XIX (mas que ela se esqueceu de atualizar para nossos tempos de globalização), vejamos como explicar cada um deles e, quiçá, contribuir para sua superação.

 


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