Deficiência visual e prática esportiva em estudantes de medicina e de educação física

Unitermos: Estudantes de Medicina, estudantes de Educação Física, deficiência visual, prática esportiva
Unterms: Medical students, Physical Education students, visual deficiency, sport practice.

Objetivo: Muitos estudantes de Medicina usam óculos. Esse fato é surpreendente em jovens saudáveis. Por outro lado, relativamente poucos desses estudantes praticam atividade esportiva. O objetivo deste trabalho foi verificar a prevalência da deficiência visual e da prática esportiva em estudantes das faculdades de Medicina e de Educação Física.

Métodos: Foram estudados 825 alunos da faculdade de Medicina e 119 da faculdade de Educação Física. Foram investigados a presença e o tipo de deficiência visual em ambos os grupos, que foram comparados com jovens de mesma idade da população geral. A prática de exercício físico também foi pesquisada nos estudantes universitários.

Resultados: Deficiência visual ocorreu em 61,7% dos estudantes de Medicina, 42,7% de Educação Física e 14% dos jovens da população geral. Miopia foi o principal defeito visual. Somente 33,7% dos estudantes de Medicina praticavam atividade física, em comparação com 71,4% de Educação Física, em período extracurricular. A visão deficiente esteve relacionada com a não prática de esportes somente nos estudantes de Medicina. A preferência deles foi por esportes aeróbicos. Não houve diferença entre os sexos em relação a todos os resultados.

Conclusões: Os estudantes universitários, principalmente os da faculdade de Medicina, apresentam uma prevalência muito alta de deficiência visual. Somente uma pequena parte dos estudantes de Medicina pratica esportes e os defeitos de visão parecem colaborar para a vida sedentária somente nesses jovens.

No cotidiano do relacionamento com estudantes da Faculdade de Medicina se percebe o elevado número de alunos que usam óculos. Essa situação não é esperada em jovens saudáveis que deveriam ter a visão perfeita. Uma observação cuidadosa e a conversa com eles mostram que esse problema é ainda maior, à medida que muitos usam lentes de contato, vários recusam os meios corretivos para visão imperfeita e alguns já fizeram operação para corrigir sua deficiência visual(1-3).

Recorrendo à literatura, desde a década de 1960, não encontramos sequer um artigo que tivesse estudado os distúrbios visuais dos estudantes de Medicina. Esse hiato traz preocupação à medida que indica haver fatores que contribuam para um eventual aumento do número de jovens com problemas visuais entre os estudantes de Medicina. Cabe, portanto, estabelecer se de fato esse fenômeno é verdadeiro para depois investigar as suas causas.

Ainda no relacionamento com estudantes de Medicina se verifica que, apesar de eles estarem na fase de maior energia física, poucos revelam interesse pelo esporte. Nos períodos de lazer a sua preferência é por reuniões sociais e atividades que não requerem esforço físico(2-4). Considerando que esses jovens estão na fase final de formação da conduta para o resto de suas vidas, preocupa a aparente tendência à vida sedentária. Esse fenômeno é ainda mais grave em pessoas que têm amplo conhecimento dos benefícios do esporte e dos riscos decorrentes da falta de atividade física(5).

Assim como não encontramos referência bibliográfica sobre a deficiência visual dos universitários, também não foi possível obter na literatura informações sobre a atividade física dos estudantes de nível superior. Os poucos estudos sobre a prática esportiva são mais voltados a outras faixas etárias(6-8). Portanto, é pertinente pesquisar a real situação dos jovens universitários em relação à atividade física.

Os objetivos do presente trabalho foram conhecer a prevalência de deficiência visual e de prática esportiva em estudantes do curso de Medicina. Para compreender melhor essa situação julgamos importante comparar esses resultados com os obtidos de estudantes da faculdade de Educação Física, na mesma faixa etária.