Doses e épocas de aplicação de nitrogênio em cobertura em dois cultivares de arroz com irrigação suplementar

Enviado por Orivaldo Arf


RESUMO

O nitrogênio é o elemento mais extraído pela cultura do arroz e, embora tal extração possa superar 100kg ha-1, nem sempre há resposta à sua aplicação. O trabalho foi conduzido em Latossolo Vermelho-Escuro, textura argilosa, com irrigação por aspersão através de um sistema pivot central, e a quantidade de água aplicada realizou-se de acordo com as necessidades da cultura. Foram utilizados os cultivares Carajás e IAC – 202 e 4 doses de N (uréia) em cobertura (0, 40, 80 e 160kg ha-1 de N) em duas épocas (aos 30 e/ou 50 dias após a germinação). Foi aplicada uma dose fixa de 20kg ha-1 de N na semeadura, além de um tratamento testemunha absoluta que não recebeu N. A maior produtividade de grãos foi obtida quando se aplicou 20kg ha-1 de N na semeadura e duas coberturas de 40kg ha-1 aos 30 e 50 dias após a germinação.

Palavras-chave: Oryza sativa L., arroz, nitrogênio, cultivares, produtividade, qualidade de sementes.

ABSTRACT

Doses and periods of sidedressing nitrogen application in two rice cultivars under sprinkle irrigation. Nitrogen is the most extracted element by rice crop. Although it can exceed 100kg ha-1, there is not always a response for its application. This study was carried out in field conditions, in a Dark Red Latosol, loamy texture. A center-pivot system applying water was used according to the necessity of the crop.

Two rice cultivars: Carajás and IAC – 202, 4 doses of N (urea) (0, 40, 80 and 160kg ha-1 of N) at sidedressing in two periods (30 and/or 50 days after plant emergency) were used. A fixed dose of 20kg ha-1 of N was applied at sowing, and a control treatment did not receive nitrogen application. The higher yield was reached with 20kg ha-1 N at sowing and 40kg ha-1 N at 30 and 50 days after plant germination.

Key words: Oryza sativa L., rice, nitrogen, cultivar, yield, quality of seeds.

Introdução

O arroz é um dos alimentos mais consumidos mundialmente, sendo elemento básico na alimentação da maioria dos povos. Dentre as culturas anuais no Brasil, o arroz ocupa posição de destaque, do ponto de vista econômico e social. É um dos alimentos tradicionais da dieta da população brasileira, sendo uma das principais fontes de energia alimentar.

Grande parte da produção brasileira de arroz irrigado advém do Estado do Rio Grande do Sul, concentrando-se, principalmente, na metade Sul do Estado. Porém, essa região vem enfrentando dificuldades econômicas e sociais nos últimos anos, devido à infestação de plantas invasoras nas lavouras, pragas, à ocorrência de doenças, que acabam afetando a produtividade do arroz.

O cultivo de cultivares de arroz de sequeiro, irrigados por aspersão, apresenta-se como uma opção de cultivo para minimizar esses problemas. Esses cultivares são altamente produtivos, mais eficientes no uso da água quando comparados aos cultivares irrigados por inundação; possuem porte baixo, folhas curtas e eretas e ciclo de desenvolvimento reduzido.

Essas características possibilitam um adensamento das linhas de cultivo e o uso das lavouras para mais de um cultivo anual durante o verão, mas resultam em maiores necessidades de nutrientes pelas plantas (Stone e Pereira, 1994).

A cultura do arroz, assim como a maioria das culturas, tem no nitrogênio o nutriente mais absorvido. Além da alta exigência, o parcelamento se faz necessário, devido à sua facilidade de lixiviação no solo. Assim, Fageria e Wilcox (1977) verificaram que a dose de 50kg ha-1 proporcionou a maior massa seca da parte aérea. O nitrogênio, em função de suas transformações no solo, tem proporcionado resultados divergentes em relação à sua época de aplicação (Souza et al., 2001). Em função da sua grande mobilidade no solo, possibilitando perdas por lixiviação, é regra geral o parcelamento da adubação nitrogenada, aplicando uma pequena dose na semeadura e a quase totalidade em duas coberturas, realizadas aos 30 e 45 dias após a emergência das plantas (Yamada, 1996, citado por Souza et al., 2001).

Brandão (1974) afirmou que o nitrogênio promove melhor desenvolvimento da planta de arroz, resultando em aumento da produção de palha e de grãos. Uma grande parte do nitrogênio absorvido desempenha papel importante na formação dos órgãos reprodutivos e dos grãos.

Segundo Malavolta (1981), o nitrogênio estimula o crescimento do sistema radicular do arroz, tem efeito marcante no perfilhamento, aumenta o número de espiguetas por panícula e a percentagem de proteína nos grãos. Contudo a resposta do arroz ao nitrogênio varia grandemente com o tipo de planta, clima, manejo de água e propriedades do solo (Fageria e Wilcox, 1977).

Coelho (1976), em experimento testando os efeitos de água disponível no solo (30%, 50% e 70%) e doses crescentes de N (0, 30, 60 e 90kg ha-1) aplicadas 1/3 na semeadura e o restante aos 70 dias, verificou que o N não influenciou a produtividade de grãos, o número de espiguetas e os grãos cheios por panícula. Campello Junior (1985) verificou aumento na quantidade de matéria seca produzida e de grãos.

Steinmetz et al. (1994), trabalhando com as doses de 0, 60 e 90kg ha-1 de N, observaram efeito marcante do N nos parâmetros avaliados (índice de área foliar e matéria seca total dos diferentes órgãos da parte aérea, radiação solar incidente, refletida e transmitida), principalmente quando se compararam as doses 0 e 90kg ha-1. Arf et al. (1994) verificaram efeitos diferenciados para cultivares (Araguaia, Guarani e Rio Paranaíba) nos parâmetros acamamento, número de sementes chochas/panícula, rendimento de benefício e de inteiros, grãos quebrados e % de N nos grãos brunidos, mediante a utilização de 0, 30, 60 e 90kg ha-1 de N, aplicado em cobertura, em solo da região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul. Já para as doses do nutriente, houve aumento na altura das plantas e massa hectolítrica. Sá et al. (1994), estudando épocas de aplicação de N (20, 35 e 50 dias após a emergência das plantas) em três cultivares, na mesma região, não verificaram efeito do parcelamento quando utilizaram 40kg ha-1 de N (efeito parcelamento), entretanto houve efeito diferenciado entre os cultivares para vários parâmetros avaliados. Lopes et al. (1993) verificaram resposta positiva no rendimento de grãos, na estatura de plantas e no número de grãos por panícula, com o aumento das doses de nitrogênio aplicadas. Quanto à época de aplicação, verificou-se apenas uma tendência de melhores resultados quando todo adubo nitrogenado foi aplicado na fase de início do perfilhamento. No rendimento de grãos, verificaram um incremento na ordem de 14,3kg por unidade de nitrogênio aplicado.

Apesar da resposta não ter sido muito grande, o incremento de produtividade de grãos obtida foi economicamente viável, utilizando a dose máxima de 120kg ha-1 de N, com aumento de 1700kg ha-1 de arroz em casca.

Segundo Perpétuo et al. (1989), estudando época de aplicação do nitrogênio e seu efeito sobre a produtividade do arroz irrigado, considerando a sua influência nas características biométricas da planta e dos grãos e na produtividade de grãos de arroz, concluíram que a época mais adequada de aplicação do nitrogênio foi metade da dose na semeadura, junto com P e K, e o restante no primórdio da panícula.


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