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Efeito dos níveis de cantaxantina na dieta sobre o desempenho e qualidade dos ovos de poedeiras come (página 2)

E. A. García; A. A. Mendes; C. C. Pizzolante; N. Veiga; T. K. Mattos

 

Gawecki et al.. (1977), trabalhando com galinhas Leghorn, obtiveram os resultados de: 27,03 m g/g de carotenóides na gema do ovo com carophyll amarelo e 19,83 m g/g com carophyll vermelho ou farinha de gramínea, depois de uma semana de tratamento, uma vez que as quantidades iniciais estavam em torno de 16 a 17 m g/g, respectivamente. Houve um aumento adicional, depois de duas semanas de tratamento, para 35 m g/g com carophyll amarelo e 22,02 m g/g com carophyll vermelho, mas não com farinha de gramínea. A cor inicial da gema (escala Hoffmann La Roche) de 4,3 a 5,8 passou para 10,0 depois de duas semanas de tratamento com carophyll e permaneceu 5,8 com farinha de gramínea e 5,6 no controle. Os carotenóides da gema permaneceram estáveis depois de 8 semanas de estocagem sob refrigeração, mas declinaram depois de 15 semanas a 2° C.

Schoner et al. (1990), comparando a eficiência da cantanxantina 10% e citraxantina 10%, constataram que ambos os carotenóides sintéticos incorporados a dietas de poedeiras tornaram a coloração dos ovos estáveis durante 12 semanas de armazenamento em temperatura de sala de estocagem.

Angeles & Scheideler (1998), comparando duas dietas basais (glúten de milho e farelo de alfafa) com dois níveis de xantofilas (45 e 60 ppm) e duas fontes sintéticas (carophyll amarelo e carophyll vermelho) durante 8 semanas, observaram diferenças significativas apenas na coloração das gemas sendo que o desempenho não foi influenciado pelo efeito dos tratamentos. Também Baião et al. (1996), avaliando três fontes de pigmentos amarelos e duas fontes de pigmentos vermelhos, observaram efeitos significativos sobre a pigmentação das gemas e não sobre o desempenho.

Halaj et al. (1999), utilizando pigmentante sintético carophyll, verificaram aumento linear na pigmentação das gemas após 7 a 10 dias de suplementação.

Pereira et al. (2000) estudaram o potencial de pigmentação de extratos de urucum oleoso (bixina) e aquoso (norbixina) nos níveis 500, 1000, 1500 e 2000 ppm sobre a coloração das gemas dos ovos de poedeiras. Os dados de produção, peso dos ovos, consumo de ração e conversão alimentar não foram afetados pelos tratamentos utilizados. A bixina aumentou linearmente a coloração das gemas dos ovos. Já, a norbixina não mostrou efeito pigmentante nos níveis utilizados. Quando o nível de 2000 ppm de bixina foi utilizado em rações contendo 63% de sorgo, promoveu a mesma coloração das gemas, semelhante às rações contendo 61% de milho sem pigmentante. Esses mesmos autores, utilizando norbixina nos níveis 0; 0,05; 0,10; 0,15 e 0,20% em rações a base de sorgo em contraste com milho, durante 56 dias, não observaram diferenças significativas para os dados de produção. Contudo, a coloração da gema dos ovos aumentou linearmente com a suplementação de bixina.

Kishibe et al. (2000), estudando norbixina como pigmentante durante um período de 28 dias, não encontraram diferenças significativas para desempenho produtivo e coloração das gemas nos níveis 500, 1000, 1500 e 2000 ppm de norbixina utilizados. Mesmo dobrando os níveis em até 4000 ppm por mais um período, não observaram diferenças significativas em nenhum dos parâmetros avaliados.

Esse experimento teve o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes níveis de inclusão de carophyll (cantaxantina 10%) na dieta sobre a qualidade dos ovos e o desempenho de poedeiras comerciais.

4. Material e métodos

O experimento foi realizado no aviário de pesquisas da FMVZ , UNESP- Botucatu, utilizando-se 384 galinhas da linhagem Hisex, em produção, com 65 semanas de idade no início do período experimental, distribuídas em gaiolas metálicas medindo 100 cm de comprimento, 45 cm de altura e 45 cm de profundidade com quatro compartimentos, e capacidade de 8 aves por gaiola.

Uma ração basal (Tabela 1) foi formulada segundo as recomendações de Andrigueto et al. (1998), à base de milho moído e farelo de soja, incluídos os níveis de cantanxantina 10%, (carophyll Red). As aves receberam ração e água à vontade. As sobras de rações foram pesadas semanalmente para determinação do consumo. A coleta de ovos de cada parcela experimental foi realizada diariamente e os ovos foram pesados semanalmente.

O experimento teve duração de dois ciclos de 28 dias cada, totalizando 56 dias. Os tratamentos utilizados consistiram de níveis de inclusão de 0; 12; 24; 36; 48 e 60 ppm do princípio ativo de cantanxantina 10% na dieta. Os tratamentos foram distribuídos em um delineamento em blocos ao acaso, com seis tratamentos e oito repetições, contendo oito aves por parcela.

No início do experimento e a cada dois dias durante os quatorze primeiros dias do período experimental, foram realizadas análises de coloração das gemas dos ovos com o objetivo de se avaliar o tempo necessário para que cada tratamento começasse a agir e o tempo necessário para que houvesse a estabilização da coloração das gemas. Durante o período experimental, foram avaliados, ainda, a produção de ovos, o consumo de ração, a massa de ovos e a conversão alimentar. A cada 28 dias, dois ovos de cada parcela foram coletados e quebrados, durante três dias consecutivos, para avaliação da coloração das gemas, através do abanico colorimétrico da Roche e percentagens de gema, albúmen e de casca dos ovos.

Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente através de análise de variância de acordo com Zar (1984), sendo que as equações de regressão para estimativa do tempo necessário para atingir a coloração plateau foram obtidas através do Linear Response. Os dados de natureza descontínua foram analisados através de estatísticas para dados não paramétricos utilizando-se o método de Kruskal-Wallis citado por Zar (1984).

5. Resultados e discussão

Na Tabela 2, são apresentadas as médias da coloração das gemas, das aves alimentadas com níveis de cantaxantina no período 0 a 14 dias do início do experimento.

Observa-se que, no início do período experimental, as gemas apresentaram coloração próxima à cor 7,0 do abanico colorimétrico. A partir do segundo dia de tratamento, já foi constatada melhoria na cor das gemas nos tratamentos contendo diferentes concentrações de cantaxantina, nos quais as aves alimentadas com maiores níveis de inclusão do produto apresentaram melhores colorações de gema.

A Tabela 3 e Figura 1 apresentam as equações de regressão da coloração das gemas, tempo necessário para atingir a cor plateau e a coloração plateau, estimados através do LRP nos 14 dias iniciais do período experimental, bem como o gráfico de coloração das gemas em função do tempo de utilização da cantaxantina. Observa-se que a cor da gema melhorou de modo quadrático ao longo do tempo em todos os tratamentos contendo cantaxantina, ao passo que, no tratamento sem a inclusão do produto, a coloração se manteve constante ao longo dos 14 dias.

Através dessas equações, pode-se calcular os valores estimados da coloração da gema (Y) em função do tempo de fornecimento de cada nível de cantaxantina. Observa-se que o tratamento contendo 12 ppm de cantaxantina atingiu estabilização da coloração em 10,92 pontos medidos através do abanico colorimétrico Roche, após nove dias de utilização do produto. O tratamento com 24 ppm demorou 6,49 dias para atingir a coloração plateau de 12,53; o tratamento contendo 36 ppm demorou 6,35 dias para atingir a coloração 13,33. Já o tratamento com 48 ppm atingiu coloração 13,54 aos 7,11 dias e finalmente o tratamento com 60 ppm de cantaxantina demorou 5,43 dias para atingir a coloração 14,13 do abanico colorimétrico. Também, Pereira et al. (2000) encontraram melhorias na cor das gemas com o aumento da concentração do pigmentante na dieta, ao trabalhar com rações contendo 63% de sorgo, suplementadas com 0, 5, 10, 15 e 20% de bixina. Nas rações compostas por milho sem suplementação de bixina, o escore foi de 8,45. Contudo, Kishibe et al. (2000) não observaram diferenças significativas na coloração de gemas de poedeiras quando norbixina foi suplementada em até 40% em rações a base de sorgo.

De modo geral, os tratamentos atingiram a cor plateau entre 5,43 a 9,01 dias, um período relativamente menor que o observado por Gawecki et al. (1977), que compararam pigmentantes sintéticos amarelo e vermelho com farelo de gramíneas, observando aumento significativo na coloração das gemas após 2 semanas. Resultados similares foram constatados por Halaj et al. (1999), que concluíram que a suplementação de carophyll em poedeiras com 42 semanas de idade aumentaram a coloração das gemas após 7 a 10 dias de utilização.

Os dados de percentagem de postura, consumo de ração, massa de ovos, conversão alimentar por massa de ovos produzida e conversão alimentar por dúzia de ovos das aves no período de 1 a 56 dias de experimento são apresentados na Tabela 4.

Os níveis de cantaxantina utilizados não afetaram significativamente os parâmetros de produção avaliados, concordando com os resultados encontrados por Angeles & Scheideler (1998) quando compararam duas dietas basais (glúten de milho e farelo de alfafa) com duas fontes sintéticas (carophyll amarelo e carophyll vermelho) e dois níveis de xantofila (45 e 60 ppm), Pereira et al. (2000) e Kishibe et al. (2000) quando da utilização de pigmentantes naturais como bixina e norbixina para galinhas poedeiras durante 56 dias de avaliação.

Os resultados de qualidade dos ovos encontrados na Tabela 5 mostram que a utilização de cantaxantina aumentou significativamente (p<0,05) a coloração das gemas.

A análise de regressão polinomial ortogonal evidenciou efeitos quadráticos dos níveis de cantaxantina sobre a coloração das gemas. A equação:

Y=7,728+0,2620X-0,00267X2

R2=95,35 onde: Y = coloração da gema, e o X = nível de cantaxantina, pode ser utilizada para se estimar os valores aproximados de coloração da gema em função dos níveis de cantaxantina utilizados. Os valores de percentagem de gema, percentagem de casca e de albúmen dos ovos não foram afetados pelos tratamentos. Pereira et al. (2000) e Kishibe et al. (2000) também não encontraram efeitos significativos da adição de bixina e norbixina na ração sobre o peso dos ovos, peso de casca, gravidade específica e unidades Haugh dos ovos de poedeiras comerciais.

6. Conclusões

Com base nos resultados encontrados, pode-se concluir que a inclusão de cantaxantina na dieta não influenciou os parâmetros produtivos e de qualidade dos ovos, exceto a coloração das gemas, em que o melhor resultado foi obtido com a adição de 60 ppm de cantaxantina atingindo-se a cor plateau de 14,3 do leque colorimétrico Roche, aos 5,43 dias de inclusão do pigmentante à dieta.

7. Referências bibliográficas

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Garcia EA1 Mendes AA2 Pizzolante CC3 Gonçalves HC4 Oliveira RP5 Silva MA6 - arielmendes[arroba]fca.unesp.br

1Profº Adjunto do Depto. de Produção e Exploração Animal – FMVZ/UNESP, Botucatu. E-mail: egarcia[arroba]fca.unesp.br

2Profº Titular do Depto. de Produção e Exploração Animal – FMVZ/UNESP, Botucatu. E-mail: arielmendes[arroba]fca.unesp.br

3Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia/EEZ, Brotas. E-mail: cpizzolante[arroba]netsitemail.com.br

4Profº Ass. Doutor do Depto. de Produção e Exploração Animal – FMVZ/UNESP, Botucatu.

5Zootecnista – FMVZ/UNESP, Botucatu .

6Zootecnista – Agroceres – Nutrição Animal.



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