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Partes: 1, 2, 3

 

3.1. A Internet e a Web

O ambiente de Web está pronto para oferecer a sua capilaridade que se estende por quase o mundo todo e as suas facilidades de navegação aos que quiserem explorá-las. Apesar de ainda não ser um ambiente ideal (a Internet ainda não possui uma velocidade adequada e é pouco confiável para transações), é um ambiente muito adequado para lidar com tamanha quantidade de informações.

A interface gráfica é a maior responsável por fornecer as informações sem nenhum incômodo para o usuário, pois os paginadores fazem com que todos os tipos de serviços e documentos cheguem até ele de forma transparente, ou seja, não é necessário conhecer nenhuma seqüência de comandos.

O interesse das empresas em participar efetivamente da parte comercial da Internet se deve ao fato de que a Web é muito popular e possui uma eficácia elevada como recurso de marketing.

Além disso, a Web tem um crescimento exponencial e é bem provável que, no próximo ano, o tráfego gerado pela Web seja maior que o de todos os outros serviços combinados.

A Web também é um ambiente propício para a disponibilização das informações dos bancos de dados porque possui características como:

A facilidade de uso e também a sua interface com o usuário facilmente programável tornam a Web a ferramenta ideal para promover a interação com todos os tipos de bancos de dados.

A plataforma oferecida pela Web garante que todos os tipos de dados serão mostrados, desde dados numéricos em bancos de dados relacionais e documentos compostos de texto estruturado, imagens e até mesmo objetos multimídia, como áudio e imagens animadas. Há um grande potencial para tornar disponíveis na Web diversos tipos de dados financeiros e comerciais. Os pesquisadores têm agora veículo para expor seus dados à crítica do público, pois o uso de um navegador Web, torna possível apresentar dados de muitos aplicativos, mantendo uma aparência e um comportamento relativamente padronizados entre eles.

A tecnologia Web independe de plataforma. Todas as páginas Web têm praticamente a mesma aparência e o mesmo comportamento, independente do hardware e do sistema operacional que são apresentadas. Um relatório com tabelas incorporadas poderá ser reconhecido tanto por quem utiliza PCs com processadores Pentium, como por quem utiliza um Mac ou Unix.

3.2. A Internet como um Agente Modificador das Formas de Trabalho

O surgimento de regras emergentes para a utilização da Internet está modificando a maneira de ser e agir das empresas de negócios, das agências governamentais e dos consumidores tradicionais. Por um lado, o aumento e a diversificação de ferramentas e dispositivos de navegação e as facilidades de acesso às infovias, e por outro, as necessidades e benefícios de se acompanhar as inovações fazem com que se presencie o advento de uma nova ética organizacional e comercial, onde o contato virtual através de displays e modems expõe, de forma inexorável, os atores da relação, mesmo que separados por milhares de quilômetros[BER97].

Alguns exemplos das novas formas de trabalho introduzidas pela Internet são:

Comércio eletrônico;

Tele-conferência;

Ensino a distância;

Tele-trabalho.

3.3. Economia Global

A economia global é uma economia que funciona como uma unidade em tempo real em uma escala planetária. Fluxo de capital, mercado de ações, mercado de commodities, informação, matéria prima, gerenciamento e organização são interdependentes e internacionalizados pelo mundo todo. As companhias na economia global têm de coordenar suas atividades em todas as diferentes partes do mundo e também têm de observar a vinda das mudanças, desenvolvimentos e atividades dos competidores. A globalização e a integração aumentam a competição e se tornam importantes para um mercado de novos produtos imediatos e globais.

A vida mais curta dos novos produtos aumenta a necessidade por uma produção mais eficiente para ser competitiva. Desenvolvimentos tecnológicos rápidos, bem como mudanças freqüentes na demanda, requerem alta flexibilidade da organização interna.

As firmas tendem a encontrar localizações otimizadas para as partes individuais do processo de produção e para cooperar com outras firmas e minimizar riscos e custos. Estas estratégias resultam em um importante crescimento das redes formais e informais entre as firmas, instituições de treinamento e pesquisa e outras organizações públicas ou privadas em níveis especiais diferentes. Uma tendência relacionada é a internacionalização da pesquisa e do desenvolvimento. Instituições pequenas e grandes, públicas ou privadas, lucrativas ou não-lucrativas se beneficiam das ciências internacionais e ligações da tecnologia [MAI95].

3.4. A Sociedade da Informação

Dois caminhos conceituais vão em direção à idéia de que uma sociedade da informação pode ser identificada: alguns autores relataram o crescimento da tecnologia e o planejamento para a emergência de uma nova sociedade; outros relataram seus trabalhos mais diretamente ao crescimento das indústrias baseadas em informação ou conhecimento.

A sociedade é dependente da informação, o poder crucial é o controle do conhecimento.

Uma interpretação da sociedade da informação [CAS85] enfatiza a dependência das fontes de produtividade da economia, hegemonia cultural e poder político e militar na capacidade de recuperar, armazenar e gerar informação e conhecimento. Informação e conhecimento são vistos, diretamente, como forças, como "uma matéria prima crítica da qual todos os processos e organizações sociais são feitos." A globalização da economia e a crescente importância da automação da maioria dos padrões de produção e funções de gerenciamento são as razões principais pelas quais a geração e o controle do conhecimento, informação e tecnologia são um fator chave e uma "necessidade e também condição suficiente para organizar toda a estrutura social em volta dos interesses dos detetores da informação".

Ambas tendências em direção a uma sociedade da informação e globalização da economia têm induzido e encorajado o crescimento da Internet. Por outro lado, a revolução tecnológica, o crescimento da importância dos computadores na manufatura bem como o gerenciamento, e o fato de que a informação é mais freqüentemente disponível na forma digital têm também tido uma influência. Esse desenvolvimento é novamente parte de um maior, a tendência global, por isso todos os processos diferentes têm de ser vistos e analisados no seu contexto mais amplo.

3.5. A Tecnologia da Informação e a Produtividade

A tendência que é caracterizada com os termos economia global e sociedade da informação tem implicações fundamentais para as organizações individuais. O nível crescente da competição reduz as margens de lucro. O ciclo de negócios diminuído requer das companhias a concessão de novos produtos para o mercado com uma velocidade mais rápida. Portanto, as organizações se deparam com um nível mais alto de risco e tentam desenvolver estratégias para reduzi-lo. Algumas das estratégias mais promissoras são dividir os riscos com outras companhias em alianças estratégicas e obter informações mais acuradas sobre os possíveis consumidores ou clientes e a situação do mercado, de forma mais rápida.

A Internet pode ser a infra-estrutura pivô para estas estratégias e também para as estratégias relacionadas, fornecendo conexões razoavelmente confiáveis para clientes e fornecedores no mundo todo.

Para o consumidor existem enormes vantagens. A Internet é uma ferramenta poderosa para a pesquisa de mercado, para o estabelecimento de novos mercados e para testar o interesse dos consumidores em novos produtos. A informação eletrônica e o software podem ser entregues pela Internet, e os pagamentos podem ser coletados da mesma forma. Os catálogos eletrônicos e a ajuda on-line são oferecidos. A Internet fornece oportunidade para o contato direto com os consumidores, permitindo saber imediatamente como respondem aos produtos da companhia.

Além das companhias utilizarem a Internet para propostas específicas de negócio como o marketing, para pesquisas e desenvolvimentos colaborativos e para melhorar as conexões com os consumidores e fornecedores, algumas firmas especializadas já fazem negócios somente na e para a Internet. A rede de computadores de alcance mundial e o seu rápido crescimento combinado com o baixo custo dos pontos de entrada para negócios pequenos ou individuais fornecem um excelente ambiente para a inovação da atividade empresarial. A conectividade global gera uma disponibilidade de produtos sem precedentes, mas também meios de produção e distribuição. Uma vez que os pequenos negócios estão conectados na Internet, eles podem produzir e distribuir seus produtos globalmente com um mínimo de incremento nos custos.

Dessa forma, as estruturas organizacionais das empresas são capazes de se tornarem cada vez mais distribuídas, ao mesmo tempo que novas tecnologias de informação estão em desenvolvimento, habilitando e suportando o gerenciamento das estruturas distribuídas [ZIM97].

Com a utilização desse novo ambiente de trabalho, e lembrando a existência da co-evolução da tecnologia da informação e das formas de trabalho nas organizações, podemos observar que a revolução desencadeada leva as empresas a buscarem uma nova forma de organização, na qual a organização tem a possibilidade de aperfeiçoar as suas competências ou de, eventualmente, buscar as competências que lhes faltam ou não estão suficientes além dos limites de sua própria organização, em outras empresas através do ambiente da Tecnologia da Informação.

Essa revolução tecnológica, gerada pela crescente demanda do mercado em conjunto com o progresso tecnológico, causa o desenvolvimento de novos paradigmas na manufatura, nos negócios e no comércio e está afetando diretamente o modo como as organizações devem reagir ao mercado de hoje.

As organizações têm, atualmente, a tendência de procurar parceiros para atingirem mais rapidamente os seus objetivos, de forma que o processo da reunião das empresas resulte em mais qualidade, efetividade, eficácia e responsabilidade. Para isso, essa reunião deve ser baseada em cooperação.

Essa tendência está causando a emergência de uma nova forma de organização, as organizações baseadas em informação.

3.6. As "Organizações baseadas em Informação"

Praticamente a maioria das organizações está em transição. De um lado, há sinais de que as organizações baseadas em informação já estão se manifestando (integração interna e externa, poder a múltiplos times, etc.) mas, por outro lado, um número de impedimentos está emergindo, o qual, precisamente porque está ocorrendo simultaneamente com a nova ordem organizacional, torna-a problemática e instável.

As organizações estão notando que os problemas atuais requerem a descentralização. O uso da Tecnologia da Informação como um instrumento de coordenação é um dos problemas mais importantes que tem sido estudado num esforço conjunto das organizações e institutos de pesquisa.

Através do potencial da Tecnologia da Informação todos os tipos de vínculos cooperativos entre as organizações crescem de forma que as fronteiras entre elas tornaram-se pequenas [JAN97].

3.7. Os Tipo de "Organização baseada em Informação"

Até muito recentemente, os sistemas de informação eram principalmente encontrados na literatura como mecanismos de coordenação suplementares. Ao lado do método usual de sistema de informação de coordenação eram recomendados e aplicados na prática, para melhorar, acelerar ou cortar custos na implementação de processos organizacionais. Hoje em dia, o que se espera é que os sistemas de informação possam ser usados para fundamentalmente redesenhar os processos, cadeias de produção e estruturas organizacionais ao invés de se esperar que a Tecnologia da Informação seja moldada na organização. Os sistemas de informação estão se tornando um instrumento direto na coordenação e controle das atividades organizacionais e estão vindo para substituir os mais tradicionais mecanismos de coordenação. Por isso necessitamos de outras estruturas, outros tipos de organização, organizações baseadas em informação [JAN97].

Os Clones

Um número crescente de organizações está reagindo à demanda de produtos personalizados, com um pequeno ciclo de vida, entrega rápida e excelente qualidade, através de uma escolha estratégica de customização de massa. A customização de massa implica uma produção de massa de módulos (por exemplo, componentes de um produto ou serviço), que são combinados com um único produto solicitado por um consumidor específico. Quando uma organização decide pela customização de massa, as conseqüências por essa decisão e pelo uso da Tecnologia da Informação são enormes. A transição implica em processos de trabalho totalmente diferentes nos quais a Tecnologia de Informação suporta fortemente todos os elementos da cadeia. Os sistemas de informação coletarão e transferirão as demandas específicas do consumidor, irão combinar os componentes em produtos únicos, irão traçar a rota do produto até a entrega e depois da venda, etc. Essa transição não é possível sem um redesenho fundamental dos processos de negócios, com uma integração da infra-estrutura da Tecnologia da Informação.

O tipo de organização baseada em informação que emerge com a customização de massa é chamada de organização Clone. Unidades descentralizadas com basicamente a mesma forma organizacional (os clones) são totalmente controladas pela organização central. Esta coordenação e controle são baseados na integração dos sistemas de informação. As unidades descentralizadas são gerenciadas por um tipo diferente de gerente, comparado com o tradicional gerente. O "novo" gerente é fortemente orientado à motivação e suporte de pessoal. Neste tipo de organização, não há praticamente nenhuma equipe e nenhum meio de gerenciamento. A organização clone é a combinação de, por um lado, extrema flexibilidade, e por outro lado, extrema padronização e controle através da Tecnologia da Informação. Exemplos de organização do tipo Clone são [JAN97]: Benetton, McDonalds.

Os Nodos

Quando uma organização não opta pela customização de massa, mas ainda assim deseja encontrar a demanda para rapidamente trocar produtos, outro tipo de organização emerge. Esse tipo de organização é uma "real" organização virtual, porque existe de um número mutável de nodos autônomos. O menor nodo de todos dessa organização baseada em informação pode ser constituído de pequenas organizações, unidades dentro de organizações ou eventualmente pessoas individuais ou o conhecimento de tais pessoas. As unidades independentes (nodos) operam em combinações que mudam constantemente, dependendo dos desejos específicos do cliente. A necessidade pelo conhecimento local e descentralizado do consumidor e relevantes habilidades leva ao desenvolvimento de organizações nodos. As unidades ou nodos podem concentrar-se na sua área de conhecimento específica e ligar esse conhecimento com o know-how de outros nodos, quando e se a situação assim pedir. Juntos, os nodos formam redes, mas eles são também ligados pelas redes de informação. Assim como nas organizações clones, a coordenação é afetada pela Tecnologia da Informação. Entretanto, na rede de organização a coordenação é definida como cooperação ao invés de controle.

Foram mostrados dois caminhos que as organizações seguem para poderem reagir aos novos desafios do mercado, e como resultado da escolha de um ou outro caminho, uma nova forma emerge. Os dois tipos de estrutura possuem características comuns, como por exemplo o uso da Tecnologia da Informação, mas diferem muito na maneira como a coordenação é afetada. Neste trabalho entraremos em mais detalhes sobre esse segundo tipo de organização, chamado de organização virtual.

4. Caracterizando as Organizações Virtuais

Nas pesquisas iniciais sobre essa nova forma de estrutura empresarial, podemos encontrar uma infinidade de definições e conceitos que pretendem definir o que é uma organização virtual e muitas comparações para facilitar o entendimento dessas explicações. Neste capítulo veremos alguns desses conceitos e comparações, que caracterizam as organizações virtuais e também quais os benefícios e problemas que acompanham o surgimento dessa forma emergente.

4.1. Definições e Conceitos

Face ao aumento da competição global, as organizações são forçadas a mostrar maior flexibilidade e presença global. Para superar esses desafios procuram-se novos conceitos de negócios. Dentre os conceitos mais famosos está o de organização virtual, que apesar de ser relativamente recente, já se tornou uma buzzword dos anos 90.

As organizações virtuais são um novo modelo organizacional que utilizam a tecnologia para unir, de forma dinâmica, pessoas, bens e idéias sem, todavia, ser necessário reuni-las em um mesmo espaço físico e/ou ao mesmo tempo [BER97].

Uma visão mais aprofundada leva à definição de que as organizações virtuais são redes, temporárias e flexíveis, de unidades de negócios e companhias independentes que trazem principalmente suas competências maiores para a base da organização, para atingir um objetivo comum. Sempre envolvem um número de corporações reais, que são chamados de "parceiros". O objetivo é tornar-se diferenciado por executar melhor. A corporação obtém todas as competências não críticas de fora, isto é, de outras corporações com as quais ela forma uma organização virtual [SIE97].

O uso da Tecnologia da Informação permite que parceiros de cooperação dispersos localmente, times de força de trabalho e empregados interajam com esforços de coordenação não muito grandes [MER97]. Ou seja, uma organização virtual se refere à coleção temporária ou permanente de indivíduos, grupos, ou unidades organizacionais dispersas geograficamente – que pertençam ou não a uma mesma organização – ou organizações no seu todo que dependem de links eletrônicos com a finalidade de completar seu processo de produção [TRA97].

Portanto, uma organização virtual é uma nova maneira de estruturação, uma "união" com um nível significante de cooperação, de diferentes companhias ou "parceiros" para tirar vantagem de uma oportunidade de negócios que é conseguida com o estabelecimento da cooperação entre os parceiros e que seria inatingível por uma companhia individual agindo por seus próprios meios. Assim como compartilham recursos, tecnologia, informação e mercado, como uma forma estratégica de aumentar a competitividade, as empresas virtuais também dividem os riscos e os custos através da Tecnologia da Informação.

[FUH97] fez um estudo onde pretendeu reunir em uma definição só, as várias interpretações que podem ser encontradas na literatura. Baseada em autores e autoras como Zimmermann, Sieber, Arnold, Goldman, Venkatraman e outros entendidos do assunto, bem como em uma discussão desenvolvida na Internet recentemente com pesquisadores e acadêmicos (http://Web.virtual-organization.net), o resultado atingido é apresentado a seguir:

"A Virtual Organization is a temporary network of independent enterprises, institutions or specialized individuals that, through the use of Information and Communication Technology (IC/TC), spontaneously come together to utilize an apparent market opportunity. They bring their core competencies and aim to create a value-adding partnership. A Virtual Organization acts in all appearances as a single organizational unit."

Dentro dessa definição se encaixam vários termos que merecem uma explicação mais detalhada para facilitar o entendimento, e que será dada a seguir.

O termo virtual, que significa existindo em efeito mas não em realidade, traz como resultado para a organização virtual os efeitos ou resultados de uma organização real, sem o alto overhead e custos regulares desse tipo de organização. A virtualidade é, então, a habilidade de oferecer aos consumidores um produto ou serviço completo, onde a empresa propriamente dita possui somente uma porção da competência. As outras competências necessárias são adquiridas através da cooperação [BRE97]. O que realmente existem são os recursos materiais e humanos fora dos limites organizacionais imediatos ou da mesma, que de alguma maneira são trazidos a fim de produzir a impressão de uma organização simples [TRA97]. Geralmente não existem espaços físicos de convívio permanentes e/ou comuns, nem estrutura ou forma organizacional definitiva para tais companhias [BER97].

Se recorrermos ao dicionário, podemos ver que virtual significa almost [LON95], ou seja, quase. O termo virtual nos remete a alguma coisa que não tem existência real, física; enquanto que o termo empresa é algo que tem existência real, composta por pessoas, estrutura física e uma estrutura legal. Desta forma, uma organização virtual seria quase real, possuindo atributos físicos bem definidos e alguns outros de natureza potencial, não física, somente existindo nos computadores que lhe servem de base [ARA97].

A organização virtual tipicamente dura tanto tempo quanto necessário para adquirir seus objetivos, sem compromissos de contato e/ou ligação após o término do episódio. A cada evento, a missão, as responsabilidades, as competências e os lucros são estabelecidos e compartilhados. Quando a necessidade pela organização cessar, então ela é desmontada ou remontada, de forma a suprir outra demanda ou oportunidade do mercado, por isso em muitas definições pode ser encontrada a palavra temporária.

Como já foi citada, a vantagem principal da desse tipo de estrutura é a habilidade de reagir rápida e flexivelmente às mudanças do mercado, possuindo assim uma vantagem competitiva aparente. A Tecnologia da Informação e Comunicação é, além da independência e outros, o principal fator que habilita a organização virtual a agir mais eficientemente para adquirir a flexibilidade e rapidez necessárias [FUH97].

A Tecnologia da Informação permite que as corporações não vejam as barreiras de tempo e localização (distância) [OLE97]. Como resultado, as novas formas organizacionais, tais como as empresas virtuais, evoluem, e os limites organizacionais são redefinidos.

A comunicação e a rápida troca de informações relevantes desempenham um papel essencial na habilitação das companhias que cooperam para responder efetivamente às necessidades dos consumidores. Na economia dinâmica e de tempo real de hoje, o recurso gerencial mais importante é a informação. Portanto, deve-se ter uma Tecnologia da Informação que ofereça e dê suporte aos seguintes itens [MER97]:

Concluir transações econômicas sem considerar tempo e lugar;

Criar idéias, conhecimento e confiança mútuos através do compartilhamento da informação e comunicação intensa, com baixo custo;

Projetar ou reprojetar e coordenar processos distribuídos globalmente;

Melhorar os relacionamentos entre os parceiros que cooperam bem como com consumidores através do fornecimento de informações atuais e relevantes.

Um outro termo bastante difundido na literatura das organizações virtuais é core competency, que significa competência central ou maior. O termo core competency se refere a uma habilidade única para uma companhia, que não é facilmente reproduzida pelas seus competidores. Por isso, a organização virtual tende a ser a melhor, pois reunirá as core competencies de todas as empresas que a compõe. Alguns exemplos dessas competências compreendem habilidades organizacionais e tecnológicas, mas também podem incluir recursos humanos, conexões de redes e infra-estrutura.

Em [TKR96], existem duas condições necessárias para uma organização virtual existir:

Dispersão geográfica das unidades da organização;

Link da Tecnologia da Informação nos processos de produção.

Ambas as condições são de caráter estrutural. A primeira define organização virtual como uma organização dispersa espacialmente com dispersão de indivíduos, grupos, departamentos, companhias no seu todo, em no mínimo duas localizações diferentes. A segunda condiciona o processo de produção na organização virtual ao auxílio do suporte da Tecnologia da Informação para a ligação das partes dispersas.

A organização virtual é uma forma distinta de organização. Organização virtual não é somente uma propriedade de qualquer organização, mas uma forma pela qual a virtualidade é definida pelas duas propriedades estruturais acima. Esta proposição exclui do universo das organizações virtuais possivelmente um grande número de organizações que utilizam as comunicações extensivamente, mas não de alguma maneira crítica para completar o processo de produção. Por exemplo, uma multinacional que possui partes dispersas por redes de satélites não seria considerada uma organização virtual se a finalização da produção não dependesse dos links da Tecnologia da Informação das partes.

Organização virtual é uma nova e específica forma organizacional. Como uma das novas formas, a organização virtual herda as propriedades gerais das novas formas, como estrutura orgânica e cultura colaborativa, mas também possui suas próprias características estruturais já comentadas (dispersão espacial e links de Tecnologia da Informação) que algumas novas formas não têm.

As proposições acima têm um efeito cumulativo na definição do universo das organizações virtuais. Por exemplo, pode haver muitas organizações que são dispersas espacialmente e necessitam utilizar as comunicações para completar seus processos de produção, mas não são membros da população das formas organizacionais novas (polícia, exército, serviços de táxi). Em resumo, essas proposições delineiam a população das organizações virtuais como mostra o diagrama:

 

Figura 1 – População das Organizações Virtuais e Outras [TRK96]

 

4.2. Características Principais

Após as definições e conceitos apresentados acima, podemos fazer um resumo em tópicos das principais características das organizações virtuais.

Compartilham a infra-estrutura, riscos e desenvolvimento de pesquisa, juntamente com os custos de recursos humanos e tecnológicos;

Podem rapidamente aproveitar as oportunidades, devido à maior facilidade de configuração;

São rapidamente estruturadas e podem não possuir nenhum centro;

Ligam competências centrais e complementares e desta forma conseguem atingir a excelência;

Aumentam as facilidades e tamanho percebido (uma companhia pequena pode usar uma organização virtual para aumentar suas capacidades e permitir-se competir para oportunidades maiores que ela poderia, de outra forma, perder.);

Ganham acesso a novos mercados e compartilham o mercado atual;

Requerem o uso de todo o potencial da tecnologia;

Baseiam-se na confiança e na interdependência entre os parceiros;

Não possuem fronteiras rígidas como as organizações tradicionais;

Têm um caráter transitório, ou seja, duram enquanto dura o objetivo que as originou;

Possuem uma hierarquia pouco estruturada e de natureza também transitória;

São independentes das empresas que as compõe.

Podemos observar, então, a existência de plataformas que organizam, sustentam e condicionam as organizações virtuais como elas se apresentam atualmente [BER97]:

A tecnologia, que provê o suporte de comunicação eletrônica de dados e as demais tecnologias relacionadas

A excelência, onde cada parceiro se coloca e contribui através do que sabe fazer melhor

O senso de oportunidade, fundamental para a realização dos negócios e das parcerias virtuais

A confiança e a confiabilidade recíprocas, que dão sentido e corpo ao lastro técnico e gerencial reunido entre parceiros e clientes

A ausência de fronteiras, que lhe atribui a facilidade de reunir competências complementares fisicamente dispersas

A cultura, que equilibra a ausência de limites muito bem definidos entre as empresas da rede, mais apropriadamente chamada de teia, pelas muitas formas e lugares passíveis de realização

A informação, cujo poder de transformação é imprescindível no apoio à toda a dinâmica e movimentação das organizações virtuais.

5. Comparações

Para facilitar o entendimento da estrutura em questão, podemos traçar algumas analogias que a relacionam com conceitos computacionais, os quais já estão consolidados.

5.1. Organização Virtual como uma Rede

Uma empresa virtual é como uma rede onde os nodos estão representados por uma área de especialidade. A especialidade pode ser contribuída por companhias ou pessoas. Todas as habilidades e conhecimento levados juntos fazem a empresa virtual completa para a tarefa que ela executa.

Existirão provavelmente alguns empregados trabalhando de forma full-time para a corporação virtual. Os que assim procedem são o coração e a alma da empresa e muito provavelmente seus fundadores. Eles assegurarão a coordenação entre as atividades e a configuração de metas e padrões. Uma vez que existem alguns que são realmente empregados pela organização virtual, um escritório físico pode ser desnecessário. Ao invés disso, a maioria do trabalho pode ser feito de casa. A moderna Tecnologia da Informação permite que os nodos estejam espalhados por todo mundo.

Os nodos de uma organização virtual não necessitam mais fornecer serviços ou funções com custos além do objetivo primitivo da suas existências. Por exemplo, uma fábrica de parafusos não necessitaria um departamento de marketing, suporte ao usuário, etc., mas poderia se concentrar na sua área de especialidade deixando as funções que faltam serem manipuladas por outros nodos. Através do processo de focalizar um tipo particular de produto ou serviço, a competitividade e lucro podem ser maximizados.

Desde que um nodo se concentre no que ele faz melhor e só existe para fornecer essa função, é muito natural ser parte de várias organizações virtuais ao mesmo tempo. As companhias menores poderão competir com as gigantes e indivíduos podem agir como peritos a serem alocados ao seu tempo.

Uma organização virtual, entretanto, não necessita reconstruir nenhuma fábrica, somente adicionar os nodos que estiverem faltando e retirar os que são desnecessários. Essa é uma questão fundamental para a verdadeira organização virtual, o ciclo de nascimento e morte. Uma vez que a necessidade por um produto ou serviço forma uma organização virtual pode ser rapidamente formada e preencher essa necessidade. A organização continuará a sua existência até que não seja mais necessária e então dissolvida (esses passos serão abordados no capítulo seguinte sobre o Ciclo de Vida). A organização virtual cessa a sua existência, mas os nodos continuam vivendo [HAR97].

5.2. Organização Virtual comparada à Memória Virtual

"Memória virtual" é um termo que descreve uma maneira de fazer o computador agir como se tivesse mais capacidade de armazenamento do que realmente possui [McM94].

O conceito de empresas virtuais pode ser facilmente explicado através da arquitetura de memória de sistemas de computador. Não é econômico fornecer recursos de memória principal suficientes para todas as possíveis demandas dos programas. A solução é uma memória virtual a qual compreende uma memória lógica, utilizando a memória principal limitada e cara e a memória secundária disponível, geralmente ilimitada. Através da alocação dinâmica da memória principal real é possível servir demandas mais caras bem como muitas demandas que apareçam simultaneamente. Portanto, pode-se traçar uma analogia entre memória virtual e empresa virtual - a memória virtual substitui a memória física da mesma maneira que a organização virtual substitui a organização real [FUH97].

Para um consumidor, o resultado pode ser visto como um produto ou serviço. A estrutura que está por trás desse resultado, entretanto, não. Ou seja, uma organização virtual dá a impressão de que existem grandes bases de recursos atrás do conceito, mas na realidade, talvez sejam somente cinco ou seis pessoas ou organizações pequenas trabalhando em diferentes partes do mundo.

Assim se comportam as empresas virtuais – o termo "virtual" se aplica usualmente para algo que aparentemente existe apesar da falta de alguns atributos, o que as diferenciam das empresas reais. Por exemplo, a realidade virtual ou produtos virtuais não têm qualquer estrutura física. Só existem em computadores. Para um observador, a realidade ou o produto está existindo "na mente". O termo "empresa" geralmente se associa a um objeto durável e com limites, consituído por uma estrutura formada por recursos humanos e materiais (prédios, por exemplo) e baseado em uma estrutura legal. De acordo, uma empresa virtual é uma empresa que está com a falta de algumas características estruturais das empresas reais, mas contudo funciona como uma empresa na imaginação de um observador [ZIM96].

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