Avaliação do consumo de silagens de sorgo tratadas com amônia anidra e, ou, sulfeto de sódio na alimentação de novilhas ¾

Enviado por Rasmo Garcia


(Indubrazil/Holandês)

1. Resumo

Foram utilizadas oito novilhas ¾ Indubrasil/Holandês de peso médio 160 kg, distribuídas em dois quadrados latinos 4 x 4, em quatro períodos de 21 dias, sendo 15 dias de adaptação e seis dias de coletas de amostras. Os animais receberam dieta na proporção de 60:40 de volumoso:concentrado (base da MS), sendo o volumoso utilizado a silagem de sorgo, ensilada com teor de MS em torno de 30%, e o concentrado à base de milho e farelo de soja, contendo 15,6% de proteína bruta. Os tratamentos foram classificados em: T1 - controle (silagem sem aditivo), T2 - silagem tratada com 2,5% de sulfeto de sódio, T3 - silagem tratada com 2,5% de amônia anidra e T4 - silagem tratada com 2,5% de sulfeto de sódio + 2,5% de amônia anidra, todos com base na MS, sob período de armazenamento de seis meses. Foram estudados o consumo de matéria seca (MS), consumo de proteína bruta (PB), consumo de fibra em detergente neutro (FDN) e consumo de fibra em detergente ácido (FDA), diário, em percentagem do peso vivo e em função do peso metabólico. Verificou-se efeito para as variáveis estudadas, em que os valores de consumo mais elevados foram para a dieta com silagem de sorgo tratada com amônia, enquanto o sulfeto de sódio não mostrou efeito. Estes valores mostram a eficiência da amônia anidra na ação dos constituintes da parede celular, promovendo, dessa forma, melhoria no consumo.

Palavras-chave: amonização, conservação, consumo

2. Abstract

Eight ¾ Indubrazil/Holstein heifers, averaging 160 kg, were assigned to 4 x 4 latin squares, during four periods of 21 days, 15 days of adaptation and six days of samples collection. The animals were fed a diet with 60:40 roughage:concentrate (DM basis), using as roughage sorghum silage, ensiled with DM content of 30%, and as concentrate, corn and soybean meal, with 15.6% crude protein. The treatments were: T1 - control (silage without additive), T2 - silage treated with 2.5% sodium sulfide, T3 - silage treated with 2.5% anhydrous ammonia and T4 - silage treated with 2.5% sodium sulfide + 2.5% anhydrous ammonia, all in dry matter basis, using storage time of six months for all treatments. Dry matter (DM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF) and acid detergent fiber (ADF) daily intakes, in percentage of live weight and metabolic weight, were studied. It was verified effect for all studied variables, where the higher intake values were observed for the sorghum silage treated with ammonia, while sodium sulfide did not show any effect. These values show the anhydrous ammonia efficiency on the action of cell wall constituents, resulting in higher intake.

Key Words: ammoniation, conservation, intake

3. Introdução

Para o uso de silagens na alimentação de ruminantes, deve-se levar em consideração que, durante o processo de ensilagem, a proteína da forragem é hidrolisada por enzimas proteolíticas endógenas e microrganismos, o que acarreta aumento da fração nitrogenada não protéica, que pode não ser adequadamente utilizada, devido à sua rápida solubilização e à falta de sincronização com a liberação de energia (Fontanelli et al., 2002). Concordando com este fato, Petit (1994) relata que o desempenho de animais recebendo silagem é limitado pelo consumo de proteína não degradada no rúmen.

Dessa forma, fontes de nitrogênio não protéico podem ser adicionadas para suprir estas exigências, dentre elas a amônia anidra e a uréia, que, além de fornecer nitrogênio não protéico, pode alterar a composição de forragens.

A amonização de forragens tem sido utilizada com o intuito de conservar forragens com alto teor de umidade, como silagens, e também para a melhoria do valor nutritivo de volumosos em geral por meio do fornecimento de nitrogênio não protéico, por redução na fração da fibra em detergente neutro (FDN) e pelo aumento na digestibilidade do material tratado.

As formas mais comuns de amonização são via amônia anidra (NH3) ou uréia (NH2COONH2). Existe também o hidróxido de amônio (NH4OH), entretanto, é pouco utilizado em função do difícil manuseio. A amônia anidra possui teor elevado de nitrogênio (82%), sendo encontrada, normalmente, no estado líquido sob baixas temperaturas ou pressões relativamente altas, enquanto a uréia possui em torno de 44% de nitrogênio, é encontrada na forma sólida, necessitando de umidade e presença da enzima urease para que possa produzir 2NH3 + CO2, para cada molécula de uréia.

Fatores como dose aplicada, fonte de nitrogênio, material tratado, período de tratamento e teor de umidade influenciam o resultado da amonização.

A dose de nitrogênio aplicada está em torno de 1,0 a 1,5% de amônia anidra e de 3,0 a 5,0% de uréia, com base na matéria seca, quando o objetivo for conservação, e de 2,0 a 4,0% de amônia anidra e de 7,0 a 8,0% de uréia quando o objetivo for a melhoria na qualidade do material com baixa digestibilidade.

Rocha et al. (2001), estudando diferentes níveis de uréia (0, 2, 4 e 6%) no tratamento de silagem de capim-elefante por 60 dias de tratamento, não verificaram diferenças para os constituintes da parede celular, entretanto, para a DIVMS os valores encontrados foram de 41,90; 52,30; 56,01 e 55,02%, respectivamente para as doses citadas, mostrando o efeito de níveis crescentes e melhoria da qualidade da silagem.

Utilizando bagaço e ponta de cana-de-açúcar, tratados com amônia anidra, uréia e sulfato de amônio, Gesualdi et al. (2001) relataram que a amônia anidra promoveu redução da FDN e da celulose do bagaço, e decréscimo da hemicelulose da ponta de cana. Os autores relataram ainda que a amonização com o sulfato de amônio demonstrou maior eficiência na redução na fração de FDA, principalmente para a ponta de cana.

Pires (2000), utilizando bagaço de cana-de-açúcar tratado com sulfeto de sódio e, ou, amônia anidra verificaram reduções nas frações de FDN e de hemicelulose, em que os valores encontrados para os tratamentos, controle, 2,5% de Na2S, 4% de NH3, e 2,5% de Na2S mais 4% de NH3 foram de 94,7; 93,4; 75,8 e 75,8% para FDN e de 33,1; 29,9; 19,4 e 19,9% para hemicelulose. A ação da amônia anidra, segundo o autor, promoveu melhoria na degradação destas frações, o que resultou em aumento na DIVMS, com valores de 32,1; 32,9; 59,8 e 58,1%, respectivamente.


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