Efeitos do Sombreamento na Composição Mineral de Gramíneas Forrageiras Tropicais

Enviado por Rasmo Garcia


1. Resumo

Estudou-se a influência de três níveis de sombreamento artificial (0, 30 e 60%) sobre a composição mineral de seis espécies de gramíneas forrageiras tropicais (Andropogon gayanus, Brachiaria brizantha, B. decumbens, Melinis minutiflora, Panicum maximum e Setaria sphacelata). O solo predominante na região foi classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo de textura média e o ensaio foi conduzido segundo o delineamento em blocos ao acaso, com parcelas subdivididas, em quatro repetições; nas parcelas foram distribuídos os níveis de sombreamento e nas subparcelas, as espécies forrageiras. Constatou-se que, com o sombreamento, houve tendência geral à elevação dos teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésio na forragem.

Palavras-chave: composição mineral, gramíneas, sombreamento artificial

Effects of Shading in the Mineral Composition of Tropical Forage Grasses

2. Abstract

The influence of three levels of artificial shade (0, 30 e 60%) on mineral composition of six forage grasses (Andropogon gayanus, Brachiaria brizantha, B. decumbens, Melinis minutiflora, Panicum maximum and Setaria sphacelata) was studied. The predominant soil in the region was classified as red-yellow latosol of medium texture and the assay was conducted according to randomized block design, with split plots, in four replicates; the plots corresponded to the shading levels and the split plots corresponded to the forage species. Shading affected the mineral composition of grasses and there was a tendency of increasing the concentration of P, K, Ca and Mg.

Key Words: artificial shading, grasses, mineral composition

3. Introdução

O interesse pelo estabelecimento de forrageiras à sombra tem crescido nos últimos anos, devido, principalmente, ao desejo de se associarem pastagens com árvores (WONG e WILSON, 1980), constituindo os sistemas silvipastoris, cujo sucesso depende da identificação de espécies tolerantes ao sombreamento e de práticas de manejo que assegurem a sua produtividade e persistência no sub-bosque (TORRES, 1982; WONG e STÜR, 1993).

Entretanto, as informações disponíveis quanto ao efeito do sombreamento na composição mineral de forrageiras referem-se a reduzido número de espécies. Vários ensaios com sombreamento natural, pelo estrato arbóreo, ou artificial, por meio de telas, foram conduzidos com espécies de clima temperado, obtendo-se resultados freqüentemente conflitantes; os trabalhos com espécies de clima tropical, além de serem em menor número, apresentam, muitas vezes, conclusões igualmente contrastantes.

Segundo CLARK (1981), a luz não atua diretamente na absorção de elementos minerais pelas plantas, porém afeta processos biológicos passíveis de alterar a sua composição mineral, como a fotossíntese, transpiração e respiração, entre outros.

A luz fornece energia para a absorção e metabolização dos nutrientes minerais (SMITH, 1968; RAVEN, 1969); sem energia tais processos não ocorrem, uma vez que a maioria das células vegetais acumula íons contra um gradiente de concentração (CLARK, 1981). A absorção da maioria dos nutrientes minerais é adequada e relativamente constante, quando há suficiente provisão de energia, porém, sob déficit energético, a absorção ativa de íons é reduzida (Sutcliffe, 1962, citado por CLARK, 1981). Entretanto, CUNNINGHAM e NIELSEN (1965) encontraram maior concentração de cátions nas plantas desenvolvidas em condições de baixa intensidade luminosa do que naquelas cultivadas em período ensolarado.

A luz estimula a absorção de H2PO4- na maioria das plantas (JESCHKE, 1976) e, segundo MAYLAND e GRUNES (1974), gramíneas cultivadas sob 75% de sombreamento sofreram redução em seus teores de fósforo. Todavia, a redução da luminosidade ambiente não alterou esses teores em Brachiaria decumbens, B. humidicola, B. miliiformis (SMITH e WHITEMAN, 1983), Pennisetum clandestinum e Stenotaphrum secundatum (SAMARAKOON et al., 1990).

Já McEWEN e DIETZ (1965) e BELSKY (1992) observaram maior concentração de fósforo na massa forrageira de pastagens nativas sombreadas por espécies arbóreas, enquanto ERIKSEN e WHITNEY (1981) constataram a mesma tendência em Brachiaria brizantha e Panicum maximum. WOLTERS (1974) relatou um caso extremo em que houve elevação de 116% no teor desse nutriente em Uniola laxa e U. sessiliflora, quando cultivadas sob 92% de redução da luminosidade ambiente.

De acordo com JESCHKE (1976), a luz estimula o influxo de K+ na maioria das plantas, concordando com HUNT e BURNETT (1973), que constataram queda na absorção desse elemento por Lolium perenne em resposta ao decréscimo luminosidade ambiente.

Entretanto, SMITH e WHITEMAN (1983) não observaram alterações significativas nos teores de potássio da forragem obtida de diversas gramíneas cultivadas à sombra de coqueiros. Já MAYLAND e GRUNES (1974) e ERIKSEN e WHITNEY (1981) registraram incremento da concentração desse nutriente nas gramíneas Agropyron desertorum, Brachiaria miliiformis, Elymus cinereus e Panicum maximum cultivadas em ambiente sombreado. SAMARAKOON et al. (1990) e BELSKY (1992) também observaram maior teor de potássio na forragem de gramíneas desenvolvidas à sombra.

A absorção de Ca2+ não é estimulada pela luz na maioria das plantas (JESCHKE, 1976), daí SAMARAKOON et al. (1990) não terem constatado alterações de seus teores em Pennisetum clandestinum e Stenotaphrum secundatum cultivados sob luz plena e 50% de sombreamento.


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