Influência das avós na prática do aleitamento materno



1. Resumo

Objetivo: Verificar a influência das avós na prática do aleitamento materno.

Métodos: Estudo prospectivo com 601 mães de recém-nascidos normais nascidos em hospital universitário na cidade de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul. Os dados foram coletados na maternidade e nos domicílios, com um, dois, quatro e seis meses pós-parto, mediante entrevista com as mães. As informações sobre as avós foram obtidas na primeira visita ao domicílio. Regressão logística múltipla foi utilizada para testar associações entre variáveis relacionadas às avós e prevalências de amamentação.

Resultados: As seguintes variáveis mostraram associação significativa com interrupção do aleitamento materno exclusivo no primeiro mês: avós maternas e paternas que aconselhavam o uso de água ou chá (RC=2,2 e 1,8, respectivamente) e de outro leite (RC=4,5 e 1,9, respectivamente). Interrupção do aleitamento materno nos primeiros seis meses esteve associada com avós maternas e paternas que aconselhavam o uso de outro leite (RC=2,4 e 2,1, respectivamente). Contato não diário com a avó materna foi fator de proteção para a manutenção da amamentação aos seis meses.

Conclusões: As avós podem influenciar negativamente na amamentação, tanto na sua duração quanto na sua exclusividade. Essa informação pode ser útil no planejamento de estratégias de promoção do aleitamento materno.

Descritores: Aleitamento materno. Lactação. Conhecimentos, atitudes, prática em saúde. Aleitamento materno exclusivo. Aleitamento materno, influência de avós.

2. Introdução

Atualmente, não há mais dúvidas de que a amamentação é a melhor forma de alimentar e interagir com o lactente, sendo recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nos primeiros seis meses de forma exclusiva, e complementada até os dois anos ou mais.* Apesar disso, as taxas de aleitamento materno no Brasil ainda são baixas, embora os inquéritos nacionais indiquem uma tendência ascendente. A duração mediana da amamentação era de 2,5 meses em 1973/747 e sete meses em 1996.12 O último inquérito nacional, realizado em outubro de 1999 nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, com exceção do Rio de Janeiro, confirmou essa tendência mostrando uma duração mediana de amamentação de 10 meses.11 A mediana da duração do aleitamento materno exclusivo, no entanto, é de apenas 23 dias.

Apesar da importância do aleitamento materno para a criança, a mãe, a família e a sociedade,2 as taxas de amamentação no Brasil são baixas, em especial a da amamentação exclusiva. Para modificar essa realidade são necessárias ações que promovam essa prática, as quais devem contemplar fatores que interferem na amamentação, pois é sabido que o aleitamento materno, apesar de biologicamente determinado, é influenciado por fatores sociopsicoculturais. Entre esses fatores, encontram-se a opinião e o incentivo das pessoas que cercam a mãe, incluindo as avós maternas e/ou paternas da criança. Nos Estados Unidos, um estudo evidenciou que as avós maternas eram as pessoas que mais influenciavam na alimentação infantil numa população de baixa renda.10 Outro estudo5 apontou a avó materna como a fonte de informação sobre aleitamento materno mais importante para a maioria das mulheres porto-riquenhas e cubanas.

A influência das avós na amamentação pode favorecê-la ou dificultá-la. No Texas, Estados Unidos, a avó materna foi considerada a fonte de apoio mais importante para o início da amamentação entre as mulheres de origem mexicana.4 No Canadá, as mulheres que receberam apoio de suas mães e do pai da criança, assim como aquelas que previamente já haviam decidido amamentar antes da gravidez, amamentaram seus filhos por mais tempo.9 Em um estudo feito na África, as avós eram favoráveis à amamentação exclusiva e achavam desnecessário e nocivo à saúde da criança a suplementação com água, que, segundo elas, era recomendada pelos profissionais de saúde.1

Por outro lado, estudo realizado em Porto Alegre, RS, trouxe a suspeita de que as avós pudessem influenciar negativamente na duração da amamentação. Segundo esse estudo, a ausência de ajuda de um familiar em casa foi fator de proteção para a interrupção da amamentação antes dos quatro meses (RR=0,6).6 Em Natal, Rio Grande do Norte, a prevalência de aleitamento materno exclusivo foi significativamente menor entre as crianças com avós presentes no grupo familiar quando comparadas com as de avós ausentes.3

O objetivo da presente pesquisa foi verificar a influência das avós na duração do aleitamento materno, mediante estudo de alguns aspectos referentes às avós e sua relação com as prevalências dessa prática nos primeiros seis meses de vida da criança.


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