Influência da técnica de amamentação nas freqüências de aleitamento materno exclusivo e lesões mamilares no primeiro mês de lactação



1. Resumo

Objetivo: Investigar a influência da técnica de amamentação nas freqüências de aleitamento materno exclusivo e de lesões mamilares no primeiro mês de lactação.

Métodos: Foram pesquisados parâmetros desfavoráveis à amamentação (cinco relacionados ao posicionamento mãe/bebê e três à pega do bebê) em 211 mães/bebês na maternidade e, aos 30 dias, no domicílio. Foram comparadas as freqüências desses parâmetros entre as duplas com e sem amamentação exclusiva aos 7 e 30 dias, e entre as mães com e sem lesões mamilares na maternidade.

Resultados: O número de parâmetros desfavoráveis na maternidade foi semelhante nas duplas com e sem amamentação exclusiva aos 7 e 30 dias. Porém, aos 30 dias, foi, em média, menor nas duplas em amamentação exclusiva, tanto no posicionamento (1,7±1,2 versus 2,2±1,1; p = 0,009) quanto na pega (1,0±0,6 versus 1,4±0,6; p < 0,001). O número de parâmetros desfavoráveis de pega na maternidade foi semelhante entre as mulheres com e sem lesão mamilar, porém as mulheres sem essa complicação apresentaram um número maior de parâmetros desfavoráveis de posicionamento (2,0±1,4 versus 1,4±1,2; p = 0,04).

Conclusões: As freqüências de amamentação exclusiva no primeiro mês e de lesões mamilares não foram influenciadas pela técnica de amamentação na maternidade, mas houve associação entre melhor técnica aos 30 dias e prática da amamentação exclusiva. Novos estudos poderão elucidar se uma melhora da técnica ao longo do tempo seria responsável pela manutenção da amamentação exclusiva ou se a introdução de mamadeira exerceria efeito negativo na técnica.

Palavras-chave: Aleitamento materno, transtornos da lactação.

2. Introdução

As taxas de aleitamento materno exclusivo no Brasil estão em ascensão, porém ainda muito baixas, sendo de apenas 23 dias nas capitais1. Diversos fatores podem estar contribuindo para essa situação, dentre os quais a técnica inadequada de amamentação2.

É relativamente recente o conhecimento de que o posicionamento adequado da dupla mãe/bebê e a pega/sucção efetiva do bebê favorecem a prática da amamentação exclusiva. Uma posição da mãe e/ou do bebê que dificulta o posicionamento adequado da boca do bebê em relação ao mamilo pode resultar no que se denomina de má pega. Esta, por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração do leite materno, podendo dificultar o esvaziamento da mama e levar à diminuição da produção do leite. Como conseqüência, a mãe pode introduzir precocemente outros alimentos, contribuindo, assim, para o desmame precoce2-4. Um estudo mostrou que uma orientação sobre técnica adequada de amamentação na maternidade pode reduzir a incidência de mulheres que relatam baixa produção de leite5. Além disso, a pega inadequada pode gerar lesões mamilares, causando dor e desconforto para a mãe, o que pode comprometer a continuidade do aleitamento, caso não seja devidamente corrigida5-7.

É relativamente escasso o número de estudos publicados abordando a técnica de amamentação. No Brasil, foram identificados apenas dois estudos sobre o assunto8,9. Um dos estudos considerou insatisfatória a mamada em 33% dos recém-nascidos a termo, saudáveis, avaliados nas primeiras 24-48 horas, com mais da metade dos casos devido à forma incorreta do recém-nascido de abocanhar a aréola8. O outro estudo mostrou que o posicionamento mãe/bebê e a pega do bebê, observados na maternidade, foram satisfatórios em 68 e 82% dos casos, respectivamente9.

O presente estudo investigou a influência da técnica de amamentação nas freqüências de aleitamento materno exclusivo e na ocorrência de lesões mamilares no primeiro mês de lactação, com a intenção de contribuir para ampliar o conhecimento sobre o assunto, já que são escassas as informações existentes nas literaturas nacional e internacional, como mostrou a ampla pesquisa feita na base de dados MEDLINE, SciELO e Lilacs (sem restrição de data).


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