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DIAGNÓSTICO E TENDÊNCIAS (2)

Muito embora os dados apurados para o período de 2000 a 2002 indiciem uma promoção na igualdade de género no Sector da Educação, reporta a mesma informação a distância que Angola revela relativamente a este Objectivo. As diferenças entre as taxas líquidas de escolarização no ensino primário para os rapazes e raparigas, para o ano de 2002, 56,8% e 41,3% respectivamente, evidenciam as desigualdades de género que em Angola residem para o Sector da Educação.

As taxas brutas de escolarização permitem validar uma mesma tendência crescente, com amplitudes diferenciadas para os rapazes e raparigas. Para o aumento verificado nesta taxa no período de 2000 a 2003 (de 56,7% para 91,1%), muito contribuíram os aumentos parciais para as raparigas e rapazes, de 52% para 76,6% e de 60,3% para 123,3% respectivamente.

Os maiores desequilíbrios, contudo, são evidenciados em níveis de ensino superiores. No ensino secundário as raparigas continuam em desvantagem em relação aos rapazes, não atingindo os 50% (48% em 2002).

GÉNERO NO CONTEXTO DO SISTEMA EDUCATIVO EM ANGOLA

(2º Fórum Lusófono de Mulheres em Postos de Decisão)

Dr.ª Francisca Espírito Santo

15 de Julho de 2002

Na realidade, ao analisarmos o estado actual da escolarização das raparigas no ensino

regular, podemos caracterizá-lo da seguinte forma:

1. ACESSO – As possibilidades de acesso são iguais para rapazes e raparigas, pelo que, quer na classe de iniciação como na 1ª classe (ensino obrigatório), o sistema recebe as crianças, de acordo com as capacidades disponíveis. No entanto, mesmo a este nível já se verifica uma desvantagem para as raparigas, que não é expressiva (46% de raparigas) comparativamente a outros Países da África Sub-Saariana mas que vai aumentando à medida que transita para outros níveis de ensino.

2. RETENÇÃO – Efectivamente, a grande dificuldade manifesta-se na retenção das raparigas na escola que se começa a verificar no primeiro nível. Com efeito, dados estatísticos do ano lectivo 1999, indicavam no primeiro nível, uma frequência de 542.433 meninas correspondente a 46%), contra 71.354 no segundo nível (correspondente a 19.8% dos alunos matriculados) e apenas 37.437 meninas no terceiro nível. Quer dizer que, quanto mais elevado o nível de ensino, menor é a participação das meninas.

As maiores disparidades verificam-se, porém, nos adultos. Entre as mulheres adultas, (mais de 19 anos) 43% nunca frequentaram a escola, comparado com os 17.5% de homens. Hoje constatamos o enquadramento voluntário de um elevado número e adolescentes (a partir dos 14 anos) e de um número cada vez mais crescente de raparigas nas aulas de alfabetização e ensino de adultos nas zonas periféricas das cidades.

Dos cerca de um milhão e 800 mil adultos em processo de alfabetização, 55% são mulheres e jovens raparigas. Este é o resultado do abandono precoce da escola por parte das meninas ou do facto destas nunca a terem frequentado. Estas cifras reflectem igualmente as disparidades existentes em termos de oportunidades de acesso entre as zonas urbanas e rurais e as consequências da grande movimentação de populações para as periferias das cidades, como resultado do conflito armado.

No ensino médio técnico, a distribuição percentual das meninas e raparigas por curso demonstra também algumas tendências:

Nos cursos de vocação económica, pedagógica, saúde e química, a participação é superior a 60%.

Nos cursos de vocação industrial, tecnológica, agrária, a participação feminina é

inferior a 30%.

No que diz respeito à docência, dados estatísticos de 1999, indicavam que dos 44.700 professores do primeiro nível, apenas 16.374 eram mulheres, no segundo nível dos 8.092 professores, 2.544 eram mulheres, enquanto que no 3ª nível, dos 5.064 apenas 1.218 eram mulheres.

Quer dizer que, também nesta componente do sistema educativo (docência), as mulheres se apresentam em desvantagem.

MATERIAIS E MÉTODOS.

Os materiais utilizados foram os arquivos do sector de Biologia para obter informação referente a quantidade dos alunos, relação de trabalhos de fim de curso defendidos. Utilizaram-se também materiais fotográficos da visita realizada na Chibia e Tchivinguiro.

Dentre os métodos científicas, a análise e síntese do material bibliográfico revisado por nós e indução e dedução para atingir os nossos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO.

Para a análise de nossos resultados nos baseamos nas seguintes tabelas.

Tabela 1. Relação de alunos de biologia Matriculados no Curso 2006.

 

SEXO

SEXO

Proporção%

Ano Académico

H

M

H

M

20

37

35

65

5

22

19

81

17

21

44

56

12

25

33

57

1º Pós – laboral

21

28

43

57

2º Pós – laboral

3

10

23

77

Totais

78

143

35

65

Tabela 2. Relação do Trabalho do Fim de Curso defendido anos 2005-2006.

Ano lectivo

Trabalhos do Fim de Curso defendidos

Proporção %

H

M

H

M

2005

4

6

40

60

2006

9

7

69

31

Totais

13

13

50

50

Tabela 3. Experiência pessoal como tutor de teses defendidas período 2005-2006.

Teses 2005.

Nome do Licenciada.

Sexo

Avaliação

H

M

Henriqueta. M. Camenhe Pereira

 

X

19

Zuleica Oriana de Abreu Filipe

 

X

16

Tabela 3. Experiência pessoal como tutor de teses defendidas período 2005-2006.

(continuação)

Teses 2006.

Nome do Licenciado(a).

Sexo

Avaliação

H

M

Horário Luanda Tchapaio Bimbe

X

 

16

Benedito Zeferino

X

 

15

Pedro Rodrigues Kiniambi Nzambi

X

 

18

Calandua Lupolo Lombe

X

 

20

Odeth Francisca de Fátima Hafeleinge

 

X

18

Emiliana Calumbo João

 

X

19

Helder Felix Kavetuhande

X

 

17

Marta Ndinelao.

 

X

17

Maria Filomena Alfredo

 

X

16

Totais 2005-2006

5

6

Valor médio

H

M

17.2

17.5

Tabela 4. Aporte do sector da Biologia para eliminar a desigualdade do Género.

Tabela 4.1 – Actividades diárias identificadas a partir dos diagramas das crianças da escola nº 66. Camenhe (2005) (4)

Actividades diárias

Meninas (total: 8)

Meninos (total: 9)

Total: 17

Pastoreio

7

8

15

Trabalho nos campos agrícolas

7

8

15

Busca de água

8

6

14

Farinação

6

3

9

Comércio

2

2

4

Actividades religiosas

3

3

6

Lavar roupa e loiça

2

2

4

Recreação

1

2

3

Diagrama 1. Chibia. (Autora Francisco, 2006)

Ao analisar o que refere o Presidente da prestigiosa Harvard University sobre as mulheres terem, de nascença, menos capacidades como cientistas (Guardian Weekly 4-10 de Fevereiro de 2004, p.21). Não se corresponde com os resultados obtidos por nós quanto a matriculados no sector de Biologia já que a proporção total por anos alcançou a relação 65 – 35 a favor das mulheres. A relação de teses defendidas foi de 50-50 sem embargo as notas medias de trabalho de fim de curso foram superiores para as mulheres 17.5 versus 17.2. partindo destes resultados podemos considerar que o problema levantado por nós: As mulheres são biológica ou geneticamente menos ou mais aptas para a ciência ou qualquer outra actividade? Não tem suporte científico já que como se aprecia a mulher joga um papel protagónico no sector de Biologia.

Sem dúvida os trabalhos realizados na área rural não mostram resultados satisfatórios já que é sobre sector que mais se precisa trabalhar e estudar para estabelecer políticas educacionais adequadas às exigências da actual sociedade angolana.

A Ecopedagogia, a qual se fundamenta no saber conviver (Grassi, 2002) mostrou-nos que a mulher angolana apresenta um sem número de valores, o amor a família, a seus costumes, ao trabalho, sua responsabilidade social fazem dela uma mulher de excelentes condições morais. Moral não de acordo a moral europeia, mas sim moral de acordo a realidade objectiva, a qual assume na sua quase totalidade sua responsabilidade ante a família e da família ante a sociedade.

Conclusões.

Pode-se observar, sem no entanto cair em preconceitos feministas, como a mulher tem um papel protagonizador no plano intelectual no sector de Biologia no ISCED do Lubango.

Bibliografia.

  1. "A QUALIDADE DE ENSINO EM ANGOLA". 2006. Localizado em www.FESA

2. " O Governo de Angola em conjunto com o PNUD. "Angola – Objectivos do Desenvolvimento do Milénio". 2005

  1. Grassi, Gilda Maria. 2002. Em "ECOPEDAGOGIA, EGOPEDAGOGIA E INTELECTOPEDAGOGIA: PEDAGOGIA EM AÇÃO". Tese de Doutorado. FLORIANÓPOLIS – Brasil.
  2. Pereira, Henriqueta Camenhe. 2005. Em "Ambiente de Aprendizagem nas Escolas Primárias do Meio Rural. O Caso do Sector do Toco, Município do Lubango". Lubango – Angola.

 

Autores:

Lic. Henriqueta M. Camenhe Pereira.

quetapereira[arroba]yahoo.com.br

Ph.D. Ivanhoe Gonzáles Sanchés

ivanhoe0053[arroba]yahoo.es



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