Perfil nutricional, composição corporal e hábitos alimentares de modelos adolescentes brasileiras

Enviado por Mauro Fisberg


1. Resumo

Objetivo: Caracterizar o perfil nutricional, a composição corporal e os hábitos alimentares de modelos adolescentes brasileiras. Métodos: A amostra compreendeu 110 modelos de 11 a 19 anos, divididas em duas faixas etárias. A avaliação constou das medidas antropométricas, cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) e percentual de gordura. A avaliação dos hábitos e preferências alimentares foi realizada por meio de questionários. Para a análise estatística foram utilizados os testes T de Student e Quiquadrado, considerando como significativo p < 0,05. Resultados: Verificou-se que 30 modelos (27%) tinham entre 11 e 14 anos de idade e 80 (73%), entre 15 e 19 anos. Observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre as duas faixas etárias, nas variáveis antropométricas e no percentual de gordura. Em relação ao estado nutricional, observou-se que 13,3% das modelos de 11 a 14 anos e 22,5% daquelas de 15 a 19 anos apresentavam-se com baixo peso (p>0,05). Quanto ao consumo alimentar, observou-se que os alimentos mais consumidos diariamente foram arroz, pães e açúcar. Em relação às preferências alimentares, observou-se que os alimentos mais citados por modelos de 11 a 14 anos foram arroz, feijão, massa, salada e frutas. Os alimentos preferidos por modelos de 15 a 19 anos foram arroz, massas, salada e frango. Conclusão: Apesar desta população ter um ritmo de vida diferente da população em geral, além das exigências profissionais quanto ao corpo, trata-se de adolescentes saudáveis.

2. Introdução

O período da adolescência caracteriza-se por um crescimento e desenvolvimento acelerados(1) e compreende a faixa etária de 10 a 19 anos(2). Durante a adolescência, o estado nutricional é um indicador fidedigno das condições de vida e saúde dessa população(3).

Sabe-se que os critérios antropométricos são de grande importância na caracterização do estado nutricional(4). Além disso, deve-se considerar o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários - mamas e pêlos pubianos no sexo feminino - para estimativa de crescimento físico e no diagnóstico e prognóstico do estado nutricional na adolescência(5).

Os hábitos alimentares dos adolescentes vêm sofrendo mudanças nas últimas décadas. A substituição de refeições por lanches que incluem fast foods, doces, biscoitos, chocolates, é relatada em diversos estudos(6-8). Este moderno padrão alimentar pode acarretar o desenvolvimento de doenças crônicas(7-9).

Em meio a tantas mudanças físicas e psíquicas é que muitos adolescentes sonham com um futuro promissor, que a profissão de modelo oferece. Este sonho faz parte principalmente do universo feminino(10). Entretanto, são escassos os estudos que relatam o estado nutricional desta população, exposta aos riscos nutricionais próprios da faixa etária e agravados pelo modo de vida que a profissão exige.

Recentemente, um estudo brasileiro comparando adolescentes modelos e não modelos, com idade média de 15 anos, quanto a composição corporal relacionada à pratica de atividade física e à realização de dietas, verificou que as modelos apresentavam Índice de Massa Corporal significativamente menor que o grupo-controle, mas que 88,2% dessas adolescentes não possuíam risco nutricional imediato, pois o percentual de gordura se encontrava dentro da normalidade. Observou-se, também, que as modelos praticavam menos atividade física e realizavam mais dietas, com a finalidade de perda de peso, do que as adolescentes não modelos. O estudo concluiu que a realização de dietas e a prática de atividade física não interferiram de forma significativa na composição corporal das modelos avaliadas, sugerindo que suas características antropométricas e de composição corporal são de caráter constitucional(11).

O objetivo do presente estudo é traçar o perfil nutricional, composição corporal e hábitos alimentares de modelos adolescentes do sexo feminino, bem como comparar os resultados obtidos em cada uma das variáveis estudadas em diferentes faixas etárias.

3. Métodos

População do estudo

Os dados do presente estudo foram coletados por profissionais treinados em 2001 e 2002, nas agências de modelos e durante a etapa final dos concursos de seleção (as modelos avaliadas durante os concursos de seleção já eram modelos em suas cidades, ou de outras agências). A população do estudo compreendeu 110 adolescentes modelos, que foram divididas por faixa etária (11 a 14 anos e 15 a 19 anos). Para participação na pesquisa foi entregue às modelos uma carta de informação e solicitado, oficialmente, um termo de consentimento assinado, baseado na Resolução 196 de 10/10/1996 do Conselho Nacional de Saúde.

Instrumentos de avaliação

A massa corporal (peso) foi aferida em kg por meio da balança eletrônica, com variação de 100 g, colocada em superfície plana, zerada a cada pesagem. Tal balança compõe o analisador de composição corporal, modelo Tanita TBF-305. A estatura foi aferida em centímetros, por meio de um antropômetro extensível digital de parede, marca Seca, a 90 graus em relação ao piso, que foi fixado em parede lisa e sem rodapé, de acordo com os critérios de Lohman(17).

· O cálculo do IMC foi realizado por meio da fórmula: IMC = P/E2, onde P = peso em kg e E = estatura em metros, ao quadrado(18). A classificação do IMC foi realizada de acordo com a OMS(2), utilizando os padrões estabelecidos por MUST et al (1991)(19), com valores de acordo com a idade da adolescente. No presente estudo optou-se por definir mais uma classificação quanto ao estado nutricional - subdividindo a classificação de eutrofia em risco para baixo peso (percentil 5 - 15) e eutrofia (percentil 15 - 85) - devido à amostra ser uma população de risco nutricional e com o objetivo de identificar as adolescentes que se encontram em risco para baixo peso. A mensuração da circunferência do quadril foi realizada segundo os critérios de Lohman et al., 1988(12).

· O percentual de gordura corporal foi aferido por meio de bioimpedância elétrica,com equipamento modelo TANITA TBF-305, conforme instruções do aparelho. Considerou-se como normal a porcentagem de gordura corporal entre 15 e 25%(16).

· A avaliação do desenvolvimento puberal foi realizada por meio da auto-avaliação da adolescente, utilizando-se fotos das características sexuais secundárias. Posteriormente, estas foram classificadas segundo os critérios de Tanner(17).

· Para avaliação do consumo alimentar foi aplicado o questionário de freqüência alimentar específico para adolescentes(18), tendo como objetivo verificar os alimentos mais consumidos e aqueles nunca consumidos. O preenchimento do referido questionário foi realizado pelas próprias participantes, após orientação recebida da autora do estudo. Para avaliar as preferências alimentares e o consumo de alimentos diet/light das adolescentes foi aplicado um questionário. Consideraram-se os alimentos mais citados pelas mesmas.

Análise estatística

análise das variáveis contínuas, expressas em médias e desvios-padrão, foi realizada por meio do teste T de Student. As variáveis qualitativas foram expressas em proporções e comparadas por meio do teste Quiquadrado, com ou sem a Correção de Yates, teste Exato de Fisher ou teste de associação linear-por-linear, quando necessário(19). Foram considerados como estatisticamente significativos valores de p inferiores a 5% (p < 0,05).


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