Recomendações para alimentação complementar da criança em aleitamento materno



1. Resumo

Objetivo: Apresentar uma revisão sobre as evidências que embasam as recomendações atuais da alimentação complementar de crianças em aleitamento materno.

Fontes de dados: Foi realizada extensa revisão bibliográfica sobre o tópico, tendo sido consultados artigos selecionados a partir de pesquisa das bases de dados MEDLINE e Lilacs, publicações de organismos nacionais e internacionais, dissertações e teses. Alguns artigos-chave foram selecionados a partir de citações em outros artigos.

Síntese dos dados: Novos conhecimentos sobre alimentação infantil adquiridos nos últimos 20 anos resultaram em mudanças significativas nas atuais recomendações alimentares de crianças amamentadas em relação às recomendações anteriores. As atuais necessidades nutricionais recomendadas são menores que as anteriores, os alimentos complementares são introduzidos em uma idade mais precisa, em torno dos 6 meses, e são recomendados novos métodos de promoção da alimentação saudável da criança. As novas recomendações enfatizam as práticas alimentares saudáveis, as quais englobam tanto a quantidade quanto a qualidade adequadas dos alimentos, inclusive o cuidado com o manuseio, preparo, administração e armazenamento dos alimentos e o respeito e adequação às características culturais de cada povo.

Conclusões: A alimentação complementar adequada da criança em aleitamento materno é crítica para o ótimo crescimento e desenvolvimento da criança. Portanto, é um fator essencial para a segurança alimentar e para o desenvolvimento das populações e seus países. Cabe aos profissionais de saúde repassar efetivamente às mães/cuidadores as novas recomendações para a promoção da alimentação complementar saudável da criança amamentada. Cabe aos governos propiciar as condições adequadas para essa promoção.

Palavras-chave: Alimentação complementar, aleitamento materno, nutrição infantil, dieta, desmame.

2. Introdução

A alimentação da criança desde o nascimento e nos primeiros anos de vida tem repercussões ao longo de toda a vida do indivíduo. Sabe-se que o aleitamento materno é um importante componente da alimentação infantil ótima. O leite materno, isoladamente, é capaz de nutrir adequadamente as crianças nos primeiros 6 meses de vida; porém, a partir desse período, deve ser complementado. A adequação nutricional dos alimentos complementares é fundamental na prevenção de morbimortalidade na infância, incluindo desnutrição e sobrepeso1. O déficit de crescimento linear adquirido cedo na infância é difícil de ser revertido após os 2 anos2. Nesse contexto, atingir a alimentação ótima para a maioria das crianças pequenas deve ser um componente essencial da estratégia global para assegurar a segurança alimentar de uma população. Embora seja atribuição dos profissionais de saúde a sua promoção e das mães a sua execução, o sucesso final da ação depende também da definição de políticas governamentais adequadas3 e da participação e apoio de toda a sociedade civil4.

Nos últimos anos, têm ocorrido avanços importantes na promoção da amamentação, mas, infelizmente, a promoção da alimentação complementar tem tido menos progressos5,6. Novos conhecimentos sobre alimentação infantil adquiridos nos últimos 20 anos tornaram ultrapassados muitos conceitos e recomendações que fizeram parte da prática pediátrica por muito tempo. No entanto, uma parcela da população, incluindo profissionais de saúde, desconhece os avanços científicos nessa área5,6. Este artigo faz uma revisão das evidências que embasam as recomendações atuais da alimentação complementar da criança amamentada, contribuindo, assim, para a promoção da alimentação saudável dessas crianças no Brasil.

3 Definições

Alimentação complementar é definida como a alimentação no período em que outros alimentos ou líquidos são oferecidos à criança, em adição ao leite materno. Alimento complementar é qualquer alimento dado durante o período de alimentação complementar e que não seja leite materno5. Os alimentos complementares podem ser preparados especialmente para a criança ou podem ser os alimentos consumidos pelos demais membros da família, modificados para atender às habilidades e necessidades da criança. No primeiro caso, são chamados alimentos transicionais, e no segundo, não há uma denominação específica5. Os termos referentes à alimentação infantil utilizados neste artigo são os atualmente recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotados internacionalmente5,6, inclusive no Brasil7. Os termos "alimentos de desmame" e "alimentação suplementar", amplamente utilizados há longo tempo, não são recomendados como sinônimos de alimentação complementar, pois sua utilização é errônea8 e pode dar a impressão de que os alimentos são introduzidos para substituir o leite materno, provocando o desmame em vez de complementar a amamentação7,9. O uso do termo "desmame" é desaconselhável, pois em vários países3, inclusive no Brasil, ele pode ser entendido como a parada total da amamentação6,7, podendo gerar confusão na promoção do aleitamento materno. O termo "desmame" anteriormente era utilizado para indicar o período de transição entre a amamentação exclusiva e a interrupção do aleitamento materno. Atualmente, utiliza-se o termo "desmame total" para indicar a parada total da amamentação5.


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