Sociedade precisa saciar fome de expèriencia

Enviado por Cristiane Ramos do Prado - cristianeungida[arroba]gmail.com


Há milhares de anos, não existiam as letras, toda a comunicação era passada de pai para filho na tradição oral. Muitos séculos depois, o homem inventou os símbolos que representam as idéias: a escrita. Esta é uma das maiores conquistas da humanidade. Antes, o homem também se comunicava a partir de figuras desenhadas em paredões e rochas, muitas vezes em cavernas, cujos símbolos representavam as coisas que se queria registrar.

A comunição escrita depois de inventada, tem sido difundida, para expressão dos pensamentos, idéias, informações, diálogos e expressões do poder. "Eu creio no poder das palavras", Jorge Larrosa. Além das palavras, o homem tem a possibilidade em usar outros meios de expor o que sente / pensa, pelas imagens e gestos, mas nem sempre o sinal que ele dá é entendido em todo o lugar, pode ocorrer um entendimento errôneo do que o indivíduo (que faz os gestos) quer realmente dizer. Já quando se fala, está falado, a mensagem foi dita com clareza, mesmo que o interlocutor use um vocabulário metafórico, ainda assim sempre terá alguém que o compreenda, independente da língua usada.

A sociedade atual não descobriu a comunicação, apenas trouxe complexidade ao seu desenvolvimento. Alguns teóricos acreditam que a comunicação entre dois seres humanos acontecia por grunhidos e ao longo dos anos houve um desenrolar que acabou culminando na elaboração de um vocabulário vasto, hoje usado diariamente na sociedade.

O ser humano em sua essência é todo simbólico, pois codifica o tempo todo tudo o que vê, ouve, observa e fala e assim exerce uma troca de informações / simbólicas com outro ser que também passa pelo mesmo processo, mas levando em consideração a personalidade interior evidente ou não em cada ser na sociedade.

Por outro lado, as palavras, possuem sentidos que podem ser maquiados, pois, o indivíduo fala não o que pensa ou sente, mas o que tem que dizer, quase obrigatoriamente, por medo de represálias ou de ser mal interpretado. Isso pode ser considerado uma espécie de censura, seja ela interna advinda da própria consciência do indivíduo ou externa proveniente do âmbito social /cultural. Observando por esse aspecto, deve ser levado em consideração o questionamento gerado por Larrosa sobre o real significado da palavra experiência. Tal palavra, é usada para definir uma espécie de fase que o indivíduo tenha passado. Comentam a massa "aquela pessoa tem experiência" seja dentro de uma ou outra área.

Um exemplo, bem simples é quando um indivíduo quer ingressar em determinado cargo, que exige experiência de um ou dois anos para pelo menos estar apto a concorrer, precisa ter a dita experiência, ou seja, ter exercido uma função semelhante ao cargo pretendido. Mas afinal, o que consiste uma experiência? No ponto de vista empregatício, é quando alguém passou por um determinado tempo trabalhando num cargo. E quando há concorrência, de um ou mais indivíduos, como definir qual dessas pessoas se adaptará a nova função? Será que todas essas pessoas terão uma bagagem intelectual/ profissional semelhante só pelo fato de terem estado na mesma função? Essas indagações são complexas, pois uma pessoa pode ter se dedicado mais que a outra, e ambas podem ter tido situações parecidas, mas nunca terão experiência igual. Então, como definir o que é a real experiência?

Segundo o senso comum, tudo pode ser considerado experiência, (palavra originária do latim – experiri – provar – experimentar), mas para Larrosa, só é experiência "o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca (...) não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca". Segundo esse autor, a informação, a opinião, a falta de tempo, o excesso de trabalho são fatores que impedem o sujeito de experimentar a real experiência.

Informação. Cancela a possibilidade de experiência. "Uma sociedade constituída sob o signo da informação é uma sociedade onde a experiência é impossível", Larrosa. Nem sempre isso acontece, pois uma determina pessoa pode ficar informada de um fato ocasionado na vida de alguém e assim passar por uma situação semelhante. Pode "reviver" a experiência alheia de forma parecida, mas nunca idêntica, porque ocorre a interferência da personalidade, do tempo e espaço, onde este indivíduo está localizado. A exemplo disso, é o uso do tabaco, constantemente mostrado pela mídia e até na própria embalagem do produto, onde constam fotos de pessoas atingidas pelo vício. Mesmo obtendo tais informações algumas pessoas não cessam de fumar, podendo assim se tornarem vítimas de uma experiência semelhante a informação lida e vista.


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