A temperatura: variação espaço-temporal

Enviado por José Alberto Afonso Alexandre - jaaalexandre[arroba]gmail.com


  1. Variação espacial da temperatura - factores intervenientes
  2. Variação diurna e anual da temperatura
  3. Referências Bibliográficas

1. Variação espacial da temperatura - factores intervenientes

A temperatura é uma das características mais sensíveis do clima. Antigamente distinguiam-se cinco zonas do globo do ponto de vista térmico: zonas glaciares, temperadas e tórrida. Esta divisão zonal deixa imaginar uma repartição das temperaturas consoante a latitude, mas isto não chega, pois os planisférios mostram que as isotérmicas anuais ou estacionais estão longe de seguirem os paralelos. É assim necessário encontrar as razões destas anomalias analisando os factores que influenciam esta variação da temperatura.

a. Factores intervenientes à escala global

(1) Latitude

Mesmo que se tenha a temperatura média anual, noção abstracta cujo interesse se limita sobretudo às regiões inter-tropicais com fraco desvio sazonal, é certo que a repartição das temperaturas está longe de obedecer a um esquema puramente zonal. Geralmente, a temperatura decresce à medida que aumenta a latitude, contudo a nebulosidade intervém largamente. Assim, os valores mais elevados não se localizam na zona equatorial, mas sim nas zonas tropicais ou subtropicais, especialmente naquelas que são secas e com fraca nebulosidade.

Nestas latitudes, os continentes estão mais largamente representados no hemisfério norte do que no hemisfério sul, sendo este 4/5 oceânico. Não pode assim haver compensação duma estação para outra, de maneira que as temperaturas médias anuais mais elevadas encontram-se desviadas nitidamente para norte, formando assim um equador térmico distinto do equador geográfico. Ao longo deste equador térmico, que pode subir no continente africano até 20º N, a temperatura média anual ultrapassa os 30ºC, e a temperatura média do mês mais quente chega aos 35ºC.

Na maior parte do Sahara, os máximos médios de Julho são superiores a 40ºC e mesmo 45ºC numa zona ocidental que se encontra sobre o trópico de Câncer. É significativo que os máximos absolutos de temperatura observados à superfície do globo (55ºC), tenham ocorrido já para além do trópico, na parte norte do Sahara.

Nas médias e altas latitudes, onde a temperatura média anual pouco representa (sobretudo no hemisfério norte), o dispositivo zonal é ainda mais perturbado pelos contrastes estacionais entre oceanos e continentes. Só há regularidade no traçado das isotérmicas no hemisfério sul além do 45º paralelo, em razão da posição da Antártida centrada no pólo. Aí se observam as temperaturas mais baixas do globo: inferiores a -50ºC na Antártida oriental. Os mínimos absolutos são inferiores a -90ºC. No entanto este frio rigoroso não tem a haver só com a latitude, mas também com a presença dum vasto continente de altitude elevada.

(2) Continentalidade / Proximidade dos Oceanos

À mesma latitude, os continentes e os oceanos têm por vezes valores bastante diferentes de temperatura, chegando aos 30ºC. É óbvio que a repartição das terras e mares está em causa, pois as isotérmicas desenham curvas bruscas na proximidade das costas. Sinteticamente, pode dizer-se que, os oceanos são menos frios no hemisfério de Inverno, em particular às médias e altas latitudes, enquanto os continentes são mais quentes no hemisfério de verão, sobretudo às baixas latitudes. Assim, os mares e as regiões oceânicas que os limitam são em geral mais frescas no verão e mais amenas no Inverno. Explicam-se deste modo os verãos medíocres que reinam em algumas regiões de altas e médias latitudes do hemisfério sul, essencialmente oceânico. Não se deve, contudo, negligenciar o papel desempenhado nestas regiões pela circulação atmosférica de oeste e pelos efeitos a longa distância do inlandsis antárctico.

A uma escala mais reduzida, os lagos, quando são de grande dimensão, podem ter uma influência análoga à dos mares.

Esta inércia térmica que tem um efeito regulador nos climas oceânicos, explica-se da seguinte forma: Primeiro, a água tem um calor específico superior ao da terra. Para elevar a temperatura de duas massas idênticas de terra e água num determinado tempo, é necessário fornecer mais calor à água do que à terra, ou se o calor disponível é o mesmo é preciso um tempo mais longo com a água do que com a terra. Mas a este aquecimento mais lento corresponde um arrefecimento menos rápido. Segundo, as vagas, as correntes e os movimentos de convecção permitem aos oceanos armazenar uma grande quantidade de calor numa espessura considerável. A energia solar chegada à terra não se transmite além de uma pequena camada pouco profunda. Terceiro, os poderosos mecanismos de evaporação e condensação que agem à superfície dos oceanos, implicam uma transferência de energia do mar para o ar. A atmosfera tornada assim mais húmida e mais opaca à radiação, faz com se faça sentir o efeito de estufa.


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