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Avaliação da resistência à tração de coroas metálicas em preparos com diferentes alturas utilizando três tipos de cimentos (página 2)


Segundo os fabricantes, o cimento resinoso RelyX Unicem é ideal tanto para preparos unitários quanto para múltiplas restaurações, já que possui um tempo de trabalho longo e a conveniência do sistema de cápsula para ativar o produto. O cimento possui sistema adesivo autocondicionante, o que elimina a necessidade de condicionamento ácido para posterior aplicação do sistema adesivo, ou seja, possui ácido, adesivo e cimento em tempo único. Essa propriedade subtrai vários tempos da cimentação e reduz o potencial de sensibilidade pós-operatória.

Piwowarczyk, Lauer e Sorensen (2005), em estudo de resistência à força de cisalhamento, e Walter, Miguez e Pereira (2005), avaliando resistência adesiva à micro tensão, obtiveram como resultados um desempenho estatisticamente superior do cimento resinoso RelyX Unicem, quando comparado aos demais cimentos utilizados nas pesquisas. Já Piwowarczyk, Lauer e Sorensen (2004), em um trabalho que avaliou a resistência à força de cisalhamento de diferentes agentes cimentantes com materiais empregados em restaurações protéticas, como liga metálica com alto conteúdo de ouro e cerâmicas (Procera, IPS Empress e IPS Empress 2), concluíram que o cimento resinoso RelyX Unicem não apresentou diferenças estatísticas em relação aos demais cimentos resinosos de multipassos, porém foi significativamente superior aos cimentos de fosfato de zinco, ionômero de vidro e ionômero de vidro modificado por resina, resultado semelhante ao encontrado por Ernst et al. (2005) em um trabalho de cimentação de coroas totais de cerâmica pura submetidas à força de tração.

Entretanto, Munck et al. (2004) e Abo-Hamar et al. (2005), em seus estudos, observaram que o cimento resinoso RelyX Unicem apresenta menor resistência à força de cisalhamento comparativamente aos cimentos resinosos convencionais em superfície de esmalte. Quando avaliada a superfície de dentina, os cimentos não apresentaram diferenças estatísticas com relação à força de cisalhamento. Verificando as tendências do mercado e as atuais dúvidas inerentes ao processo de cimentação de próteses, este trabalho objetivou avaliar a resistência à tração de coroas totais metálicas com diferentes alturas de preparo cimentadas com diferentes cimentos.

METODOLOGIA

Seleção da amostra

Foram selecionados 60 pré-molares superiores humanos hígidos apresentando coroas de forma e dimensões semelhantes (ERGIN e GELMAMAZ, 2002; ZIDAN e FERGUSON, 2003; MOTA et al., 2003; SCOLARO, VALLE e DINIZ, 2003), recentemente extraídos por motivos ortodônticos ou periodontais, e armazenados em água destilada, rotineiramente renovada, e assim mantidos durante toda a realização da pesquisa. Esses dentes foram limpos com o uso de um ultra-som (Cavitron – Dentsply, USA), polidos com a utilização de pasta de pedra pomes (Herjos – Vigodent, Brasil) e escova Robinson (Viking – KG Sorensen, Brasil) e perfurados na raiz utilizando uma ponta diamantada n° 3195 (KG Sorensen, Brasil) em um ponto eqüidistante entre a junção cemento esmalte e o ápice da raiz, possibilitando o trespasse de um pequeno pedaço de fio ortodôntico n° 8 para possibilitar uma maior retenção do corpo de prova na resina acrílica.

A amostra foi incluída em blocos de resina acrílica autopolimerizável (Clássico, Brasil) (Fig. 1) 2mm abaixo da junção cemento esmalte (ERGIN e GELMAMAZ, 2002; BROWNING et al., 2002; SCOLARO, VALLE e DINIZ, 2003; CONSANI et al., 2004), dentro de esquadrias metálicas padronizadas com 3cm de altura e 2cm de lado, confeccionando, assim, um bloco passível de ser colocado em uma máquina de ensaio universal. A manobra de inclusão foi realizada com o auxílio de um Delineador (Bio-Art, Brasil) para proporcionar paralelismo entre o longo eixo do dente e o eixo central do cilindro.

Divisão da amostra em grupos

Os 60 dentes foram randomizados em seis grupos experimentais de dez dentes cada um:

Grupo 1: altura do preparo de 5mm cimentadas com cimento resinoso RelyX Unicem (3M ESPE, USA).

Grupo 2: altura do preparo de 4mm cimentadas com cimento resinoso RelyX Unicem (3M ESPE, USA).

Grupo 3: altura do preparo de 5mm cimentadas com cimento resinoso RelyX ARC (3M ESPE, USA), associado ao sistema adesivo Scotchbond Multi-Purpose (3M ESPE, USA).

Grupo 4: altura do preparo de 4mm cimentadas com cimento resinoso RelyX ARC (3M ESPE, USA), associado ao sistema adesivo Scotchbond Multi-Purpose (3M ESPE, USA).

Grupo 5: altura do preparo de 5mm cimentadas com cimento de fosfato de zinco HY Bond (Shofu, Japan).

Grupo 6: altura do preparo de 4mm cimentadas com cimento de fosfato de zinco HY Bond (Shofu, Japan).

Preparo da amostra

O preparo dos dentes foi realizado para coroa total utilizando a minifresadora odontológica Paim (PAIM, 2001). Esta máquina permitiu buscar uma padronização das espessuras de desgaste e ângulo de convergência das faces axiais dos preparos utilizando uma ponta diamantada n° 4137 (KG Sorensen, Brasil) em alta rotação, sob intensa refrigeração ar/água (Fig. 2). Foi estabelecida a altura de 4 e 5 mm (RUBO et al., 2001; MOU et al., 2002) (Fig. 3). Os preparos apresentaram por características básicas uma inclinação das paredes, resultando em um ângulo de 5°, aproximadamente, e o término cervical em chanfro, em função do próprio arredondamento da ponta diamantada empregada. O procedimento de acabamento dos preparos foi feito utilizando a mesma ponta diamantada n° 4137 (KG Sorensen, Brasil) em baixa rotação (FRANCO e BOTELHO, 1999). Utilizando-se um paquímetro digital (Mitutoyo SC-6, Code 700-113, resolução 0,1mm ± 0,2, Mitutoyo Inc., Japan), foram feitas medições nos sentidos mésio-distal, vestíbulo-lingual e ocluso-gengival, a fim de se obter uma melhor padronização dos preparos (SCOLARO, VALLE e DINIZ, 2003). Toda essa etapa foi realizada por apenas um operador treinado.

Moldagem e obtenção dos troquéis

A moldagem dos preparos foi realizada com polivinilsiloxano (silicona de adição) (Express – 3M ESPE, USA), utilizando moldeiras individuais padronizadas de alumínio com 16mm de altura e 15mm de diâmetro, em tempo único (HUNG et al., 1992), por um único operador, obedecendo ao seguinte protocolo, de acordo com as recomendações do fabricante: manipulação do material pesado; colocação na moldeira, deixando um espaço no centro através de leve impressão digital para inserção do material leve; aplicação do material leve no preparo e na moldeira; moldagem propriamente dita.

O vazamento do gesso nos moldes obedeceu ao seguinte protocolo: espatulação de 50 gramas de gesso (FujiRock – GC, Japan) com 10 ml de água, a vácuo (Modelo Motova – Bego, Germany), por 40 segundos; vazamento com o auxílio de um vibrador (Kavo do Brasil, Brasil) na vibração média e armazenamento em uma pressurizadora (Bego, Germany), a uma pressão de 50 psi por 5 minutos. Após o período de 60 minutos, os modelos foram removidos das respectivas modeiras (Fig. 4).

Confecção das coroas metálicas

Os copings metálicos foram confeccionados de acordo com o seguinte protocolo: aplicação do espaçador (True Space Gold – Talladium, Brasil) e isolamento dos troquéis (Slick Fit – Talladium, Brasil); modelagem dos copings (Pattern Resin – GC, Japan) dotados de uma alça de cera (Renfert, Germany) em forma de "U" (FRANCO e BOTELHO, 1999; PIEMJAI, 2001; SCOLARO, VALLE, e DINIZ, 2003), para possibilitar a realização dos testes de tração; colocação dos sprues de cera (Renfert, Germany) e união à base formadora de cadinho; inclusão do revestimento (Micro Fine – Talladium, Brasil) espatulado a vácuo (Modelo Motova – Bego, Germany), por 40 segundos, na proporção de 90 gramas para 16 ml de liquído catalisador e 6 ml de água destilada com vibrador (Kavo do Brasil, Brasil) e colocação na pressurizadora (Bego, Germany) a 50 psi por 5 minutos; colocação no forno (Vulcan – Dentsply, USA) a uma temperatura de 400°C por 40 min e em seguida elevação da temperatura final de 950°C por 20 minutos; fundição com maçarico e centrífuga elétrica (Degussa – Motorcast compact, Germany), utilizando uma liga de níquel-cromo (Fit Cast-SB – Talladium, Brasil); após 90 minutos de resfriamento, foi feita a desinclusão, a limpeza das peças e o jateamento com óxido de alumínio (Bijato – Knebel, Brasil), com partículas de 100 microns; os canais de alimentação foram cortados, e as peças ajustadas aos seus respectivos troquéis (Fig. 5), com o auxílio de spray evidenciador de superfície (Okklean, Germany) e brocas carbides esféricas (Komet, Germany) em ponta reta. Após o ajuste sobre os troquéis, as coroas foram adaptadas sobre os dentes preparados (Fig. 6). Prévio à cimentação, realizou-se jateamento com óxido de alumínio (Bijato – Knebel, Brasil), com partículas de 50 microns na superfície interna das coroas. Terminado o jateamento, as coroas foram lavadas e secadas.

Cimentação

Prévio à cimentação das coroas, os preparos foram novamente lavados e secados. O procedimento de cimentação foi realizado obedecendo ao seguinte protocolo, de acordo com as recomendações dos fabricantes, para todos os tipos de cimentos empregados na pesquisa:

  • cimento resinoso RelyX Unicem: colocação da cápsula no ativador e pressionamento da alavanca por 4 segundos; colocação no misturador (RotoMix – 3M ESPE, USA) por 10 segundos; colocação no aplicador e aplicação do cimento na coroa; assentamento no preparo;

  • cimento resinoso RelyX ARC: condicionamento com ácido fosfórico a 37% por 15 segundos; lavagem por 15 segundos e secagem da superfície do preparo com bolinha de algodão autoclavada; aplicação do primer e remoção do excesso de solvente com leve jato de ar; aplicação do adesivo Scotchbond Multi-Purpose e fotopolimerização por 10 segundos; espatulação em laje de vidro de duas medidas do cimento; aplicação do cimento na coroa e assentamento no preparo; fotopolimerização por 5 segundos e remoção dos excessos; fotopolimerização de cada face por 40 segundos;

  • cimento de fosfato de zinco HY Bond: espatulação em laje de vidro de uma medida de pó para quatro gotas do líquido; aplicação do cimento na coroa; assentamento no preparo.

Realizou-se um procedimento a fim de padronizar a pressão de assentamento da coroa, segundo Ergin e Gelmamaz (2002) e Scolaro, Valle e Diniz (2003), utilizando um peso para cimentação de 5 kg, por um período de 10 minutos. Após 30 minutos de presa, os dentes foram armazenados em água destilada por sete dias, a temperatura ambiente.

Teste de tração

O teste de resistência ao deslocamento vertical foi realizado no laboratório de ensaios mecânicos da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA – Canoas, Brasil) pela Máquina Universal de Ensaios (Versat, Modelo 502M – Panambra Industrial e Técnica S/A, Brasil) (Figuras 7 e 8), com velocidade de 0,1 mm/minuto. Após a separação das coroas, os valores da carga foram registrados em Kgf no software da máquina de ensaios.

RESULTADOS

Tabela I – Médias da resistência à remoção por tração (valores em Kgf) e respectivos desvios padrões

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Médias seguidas de letras maiúsculas distintas e médias seguidas de letras minúsculas distintas diferem significativamente através da análise de variância, complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 1%

Tabela II – Análise de variância

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Através da análise de variância, complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 1%, verificou-se não haver interação significativa entre cimento e altura. Quanto aos efeitos principais, ambos foram significativos, ou seja, independente da altura, o cimento resinoso RelyX Unicem apresentou uma média de força de tração significativamente maior do que os demais cimentos. O cimento resinoso RelyX ARC também apresentou uma média significativamente maior do que o cimento de fosfato de zinco HY Bond, e, independente do cimento, a altura de 5mm apresentou uma média significativamente maior do que a de 4mm. A análise dos dados foi realizada através do software SAS versão 8.0.

DISCUSSAO

O estudo da retenção de restaurações protéticas fixas é de grande importância dentro da área de reabilitação oral, visto que a retenção é um fator crucial que pode afetar na durabilidade de uma restauração protética. Quando se tem preparos com paredes baixas, a resistência ao deslocamento é diminuída ou prejudicada (RUBO et al., 2001). Velasquez-Plata e Andrez (1996) sugeriram que as limitações das formas de preparo e outros princípios poderão ser compensados com o desenvolvimento dos cimentos resinosos.

Nos resultados apresentados na Tabela 1, relativos à altura dos preparos da amostra utilizada nesse estudo, verificou-se uma força estatisticamente maior necessária ao deslocamento nos preparos de maior altura, como mostrado por Kaufman, Coelho e Colin (1961), Rubo et al. (2001) e Mou et al. (2002).

Na comparação entre cimentos observa-se a superioridade estatísticamente significante de resistência a tração do cimento RelyX Unicem em relação aos demais cimentos avaliados na pesquisa, como mostrado por Piwowarczyk, Lauer e Sorensen (2005) e Walter, Miguez e Pereira (2005). Também se verificou que a resistência à tração do cimento RelyX ARC é estatisticamente superior àquela do cimento HY Bond, resultado semelhante aos estudos realizados por Browning et al. (2002), Zidan e Ferguson (2003) e Consani et al. (2004). A partir dos resultados representados na Tabela 1 observou-se um comportamento superior na média do cimento resinoso RelyX Unicem, comparativamente ao cimento resinoso RelyX ARC, mesmo com uma altura de preparo menor. Já quando comparamos o cimento resinoso RelyX ARC com 4mm e o cimento de fosfato de zinco HY Bond com 5mm, constatou-se uma igualdade nas médias de força necessária para o deslocamento vertical. Estes resultados estão de acordo com o estudo de Browning et al. (2002), os quais concluíram que os cimentos resinosos estão mais indicados para cimentação de coroas sobre preparos com características geométricas desfavoráveis.

Os sistemas adesivos desenvolvidos até o momento têm seu mecanismo de união à dentina baseada na dissolução ou na remoção da smear layer. São necessários vários passos para a aplicação desses sistemas, tornando-se uma técnica sensível. Para se obter uma boa união, deve-se ter um cuidadoso controle de saliva e umidade presentes, pois sabe-se que sua presença enfraquece a união e leva a falhas no processo de adesão (BEHR et al., 2004; BUSATO, 2004). Levando em consideração estes fatores, foi desenvolvido o sistema autocondicionante com técnica de aplicação mais simplificada, de passo único, tendo em sua composição o condicionador, o adesivo e o próprio cimento. Esse sistema simplifica o processo de adesão, unindo-se à dentina sem qualquer tipo de condicionamento prévio (Manual de instruções-3M ESPE, 2002; BEHR et al., 2004). Nesse sistema, o ácido é incorporado ao primer, tornando-o autocondicionante, sendo suficiente para dissolver a smear-layer e desmineralizar a porção mais superficial da dentina sólida subjacente. A smear-layer dissolvida é incorporada na interface de união, e a difusão do agente resinoso por entre as fibras colágenas ocorre na sua porção mais superficial. Dessa maneira, a desmineralização e a infiltração dos monômeros ocorrem simultaneamente, impedindo que fibras colágenas fiquem desprotegidas e sujeitas à degradação por falhas na formação da camada híbrida (BUSATO, 2004).

Em estudo recente de Behr et al. (2004), os quais realizaram a cimentação de 32 coroas de cerâmica pura, tipo Empress 2, cimentadas em terceiros molares humanos, foi feita a comparação de desempenho dos cimentos RelyX Unicem, Variolink, Dyract Cem Plus e RelyX. Nesse estudo, as coroas tiveram ciclagem térmica e mecânica, simulando cinco anos de carga oclusal. Através de análise em microscópio eletrônico, foi possível verificar a ausência de camada híbrida no cimento RelyX Unicem, comparativamente àquela com condicionamento ácido total dos sistemas adesivos dentinários, embora os resultados mostrassem que o cimento resinoso autocondicionante pode prover uma adesão comparável aos agentes de união já conhecidos, de várias aplicações e com remoção da smear-layer. Ernst et al. (2005), em um trabalho de coroas de cerâmica pura cimentadas com diferentes cimentos, onde foi avaliada a resistência ao deslocamento vertical, observaram que o cimento resinoso RelyX Unicem não apresenta diferença estatisticamente significativa perante os demais cimentos resinosos de multipassos. Já Munck et al. (2004) e Abo-Hamar et al. (2005), através de seus estudos, obtiveram como resultado que o cimento resinoso RelyX Unicem é inferior quanto à resistência ao cisalhamento, quando comparado aos cimentos resinosos convencionais em superfície de esmalte. Em superfície de dentina, não ocorreram diferenças estatísticas. Foi observado que somente com prévio condicionamento ácido o cimento RelyX Unicem obteve valores semelhantes aos demais cimentos resinosos no esmalte. Porém, em superfície dentinária previamente condicionada, o cimento autocondicionante apresentou resistência ao cisalhamento estatisticamente inferior ao cimento resinoso de multipassos.

Zidan e Ferguson (2003) realizaram um estudo utilizando coroas metálicas de liga nobre cimentadas com cimento resinoso, cimento de ionômero de vidro e cimento de fosfato de zinco em preparos com paredes de 6°, 12° e 24° de convergência cérvico-oclusal. Obtiveram como resultados uma maior retenção do cimento resinoso, quando comparado ao cimento de fosfato de zinco, resultado semelhante ao do presente estudo. No estudo de Consani et al. (2004), foram cimentadas coroas metálicas em preparos com término cervical em ombro reto, ombro biselado em 20° e ombro chanfrado em 45°. Também, de acordo com o presente trabalho, foi observada uma melhor resistência à tração do cimento resinoso, em comparação com o cimento de fosfato de zinco.

Sabe-se que o cimento de fosfato de zinco não possui adesividade nem em relação à superfície do dente nem em relação à coroa metálica fundida, atuando apenas como material de cimentação por retenção mecânica e friccional (PEGORARO, 1998).

A utilização de dentes naturais neste estudo foi realizada devido a muitos autores considerarem que modelos de metal e outros tipos de materiais não têm as mesmas características da estrutura natural dos dentes e que a avaliação da retenção e da estabilidade de coroas utilizando preparos padronizados de dentes extraídos promoveriam uma informação clínica de maior validade (RUBO et al., 2001). A altura mínima de 4mm utilizada neste trabalho foi estabelecida com base no estudo de Rubo et al. (2001), uma vez que um preparo de 3mm é considerado o mínimo necessário para possibilitar retenção e estabilidade para coroas totais (MAXWELL, BLANK e PELLEU JR, 1990; BROWNING et al., 2002).

Este estudo foi realizado em nível laboratorial, o que resulta em algumas particularidades importantes, como as variáveis inerentes aos materiais e os procedimentos realizados influenciando na obtenção dos resultados. O preparo dos dentes, o enceramento, a inclusão, a fundição e a cimentação das coroas, mesmo realizados da maneira mais adequada e padrão, podem influenciar nos resultados observados dentro de um mesmo grupo. Porém, este trabalho procurou estabelecer uma metodologia que seguisse o processo usual clínico e laboratorial na elaboração das restaurações protéticas, de modo que a aproximação com a realidade da clínica odontológica fosse atingida.

CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que:

  • O cimento resinoso RelyX Unicem apresentou uma média de resistência à tração estatisticamente superior aos demais cimentos utilizados e nas diferentes alturas de preparo testadas.

  • Nos grupos de mesma altura, as coroas cimentadas com o cimento resinoso RelyX ARC obtiveram médias de resistência à tração estatisticamente superior, quando comparadas com o grupo de coroas cimentadas com o cimento de fosfato de zinco HY Bond.

  • As coroas cimentadas nos preparos com 5mm de altura apresentaram médias de resistência ao deslocamento vertical estatisticamente maiores que as das coroas cimentadas nos preparos com 4mm, quando utilizado o mesmo cimento para as diferentes alturas.

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Figura 1 – Inclusão da amostra

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Figura 2 – Preparo da amostra para coroa total

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Figura 3 – Preparo de 4mm e 5mm de altura

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Figura 4 – Troquéis de gesso

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Figura 5 – Adaptação das coroas nos troquéis

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Figura 6 – Adaptação das coroas nos preparos

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Figura 7 – Teste de resistência ao deslocamento vertical (1)

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Figura 8 – Teste de resistência ao deslocamento vertical (2)

 

Autor:

Márcio Guilherme Martins Pinto

marcioguilherme[arroba]pop.com.br

Mestrando do Curso de Prótese Dentária, do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Canoas-RS.

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