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Câncer de mama e imagem corporal: Uma busca através da dança do ventre (página 3)

Thatiane Bortolozo Menéndez
Partes: 1, 2, 3, 4

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CONTATO: thatianebm[arroba]yahoo.com.br

www.espacoabertto.blogspot.com

Anexos

Anexo 1

Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para participação em pesquisa acadêmica

Nome do voluntário:__________________________________________

Endereço:__________________________________________________

Telefone:___________________________________________________

Esclarecimentos:

  • 1- O voluntário não sofrerá qualquer risco durante o experimento, pois a pesquisa acadêmica em curso inclui somente o uso de duas entrevistas gravadas, para avaliação inicial e final, realizadas pela pesquisadora e uma psicóloga do instituto, aulas de dança do ventre incluindo relaxamento e exercícios específicos da dança, duas filmagens das aulas, uma inicial e outra final, seguidas de um questionário a respeito da aula, dos movimentos, facilidades ou dificuldades em realizá-los e sensações vivenciadas durante a aula. A atual pesquisa tem por finalidade: analisar a imagem corporal das participantes e verificar se há ou não melhora após as aulas de dança do ventre.

  • 2- Este estudo será desenvolvido no Instituto Paulista de Cancerologia, situado na Avenida Angélica, 2503, 1º andar, sendo acompanhado pela graduanda Thatiane Bortolozo Menéndez e pela psicóloga do Instituto.

  • 3- O trabalho terá duração de 6 semanas sendo que no primeiro e ultimo encontros serão realizadas as entrevistas, no segundo e penúltimo as filmagens.

  • 4- Todas as informações requeridas assim como todas as dúvidas que surgirem, serão imediatamente prestadas, sendo a pesquisa interrompida até que todas as informações ou dúvidas tenham sido tidas como satisfatoriamente respondidas, facultando ao voluntário a possibilidade de interrupção de sua participação a qualquer momento.

  • 5- O pesquisador compromete-se a divulgar ao voluntário todos os resultados obtidos durante a pesquisa.

  • 6- O voluntário não pagará qualquer taxa pelas aulas realizadas.

  • 7- O nome e o endereço do voluntário, bem como qualquer dado que possibilite sua identificação, serão mantidos em sigilo absoluto.

  • 8- Esta pesquisa foi elaborada e regulamentada de acordo com as normas e diretrizes de pesquisa envolvendo seres humanos, atendendo a resolução 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde – Brasília – DF.

  • 9- Telefones para contato: 5575-6441 ou 9285-2053.

_______________________________________

Assinatura

RG:

Anexo 2

Declaração do voluntário

Eu, __________________________________________________, abaixo assinado, confirmo que recebi cópia do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), autorizo minha participação na pesquisa em questão e a divulgação dos resultados.

São Paulo, ___de ___________________de 200___.

_______________________________________

Voluntário :

RG :

_______________________________________

Prof. orientador:

RG:

_______________________________________

Acadêmico:

RG:

Anexo 3

Autorização para utilização de imagem

Eu_______________________________________________________, portador do RG __________________, autorizo sem qualquer ônus, independente de sua possível natureza, Thatiane Bortolozo Menéndez, aluna da Universidade São Marcos, a utilizar meu nome, minha imagem e voz no referido trabalho, na mídia falada, impressa e/ou eletrônica.

_______________________________________

Assinatura

São Paulo, ___ de ___________________de 200__

Anexo 4

Ficha de dados das pacientes

Nome:_____________________________________________________

Data de nascimento: _______________ idade: ________________ Profissão: ____________________ Estado Civil: ________________

Filhos:____________Quantos? _________ Idade: ________________

Telefone Res:__________________ Telefone Com: ______________

Celular: ___________________________________________________

Endereço Residencial: ____________________________ N:________

Complemento: ______________________________ Cep: _________

Já fez algum tipo de dança? Sim ( ) Não ( )

Qual? ____________________________________________________

Quando? __________________________________________________

Atualmente realiza alguma atividade física? Sim ( ) Não ( )

Qual? ____________________________________________________

Quantas vezes por semana? ____________________________________

Quando descobriu o câncer da mama? ___________________________

Tipo de cirurgia realizada: _____________________________________

Data da cirurgia:_____________________________________________

Fez a reconstrução da mama? Quando? __________________________

Tipo de reconstrução:_________________________________________

Teve alguma Complicação pós-cirúrgica? Qual?: __________________

_______________________________________________________

Terapias associadas:

Antes da cirurgia:

Quimioterapia ( ) Radioterapia ( ) Hormonioterapia ( )

Após a cirurgia:

Quimioterapia ( ) Radioterapia ( ) Hormonioterapia ( )

Atualmente:

Quimioterapia ( ) Radioterapia ( ) Hormonioterapia ( )

Outras: __________________________________________________________

Anexo 5

Entrevista 1

Dália Maria

Entrevistadoras: Gostaria que você me contasse um pouco de você, como estava sua vida antes de descobrir o câncer, como foi pra você a descoberta e o que aconteceu depois.

D.M.: Eu vinha fazendo exame todo ano e nunca pensei que eu teria câncer de mama por que minha mãe não teve, minha tia não teve, minha avó, que morreu com 64 anos, também não morreu disso. Eu estava com 45 anos na época. Tive dois filhos, amamentei, sempre tive uma alimentação adequada, enfim, eu acho que fujo do perfil. Eu fazia exame todo ano e em 2004 eu fiz um exame em que apareceu uma pequena manchinha, eu fui ver, fiz biópsia e minha médica falou que então era melhor eu tirar. Até então eu não sabia que era câncer. Na véspera eu descobri que ao invés de um nódulo tinham dois, mas com menos de um centímetro cada um. E eu fiz a retirada dos nódulos com uma margem de segurança. E depois de uma semana, isso foi em dezembro de 2004, depois de uma semana eu descobri que era um câncer. Que era câncer. Então na hora você fica muito chocada... Até minha médica pegou um silicone, você vai ficar... Você vai fica bem... A mama é um órgão externo e tal... E depois você começa a ... Ter uma idéia mais realista. Como eu peguei muito pequeno, menos de um centímetro e... Depois eu fui a vários médicos e... Acabei conhecendo o IPC por conta própria e gostei muito. A opção era fazer a mastectomia porque era multifocal. Talvez se fosse um único poderia tirar só parte...

Entrevistadoras: Você sabe qual tipo de mastectomia que você fez?

D.M.: Eu cheguei a tirar alguns linfonodos.

Entrevistadoras: Mas você sabe se foi retirado músculo, os peitorais?

D.M.: Eu...Acho que tirou também... Por que quando é radical, não tira? Bem... Ao certo eu não sei... Mas eu acho que foi tirado... Bem! Depois o resultado da mastectomia, os médicos falaram que era o melhor resultado que poderia ter, porque não tinha mais nenhum sinal de câncer. Então o resto da mama estava sadia. Na época, eu lembro que eu fiquei chateada, falei: "Então porque que eu tirei?" Mas depois falei: "Não! Foi a melhor coisa, porque como saber que não tinham mais células ainda". Como o diagnóstico foi tão bom... Eu não tive que fazer nem radio e nem quimio, só hormonioterapia. Porque eles achavam que o estrogênio foi como um combustível pro câncer. Então... Eu tomo há quase dois anos, que faz diminuir a produção do estrogênio, causa a menopausa química...

Entrevistadoras: Foi em que data? 2004?

D.M.: É... Eu descobri em dezembro de 2004 e fiz a mastecto em janeiro de 2005. E... Eu já fiz a mastecto colocando o expansor... Que já sai com um pouquinho de volume. Em fevereiro do ano passado eu fiz a cirurgia de retirada do expansor e coloquei o silicone. E... Em janeiro, em Florianópolis, eu estava lá no final do ano, eu acabei indo num estúdio de tatuador e fiz o mamilo. A auréola.

Entrevistadoras: E ficou boa? Você gostou?

D.M.: Ficou! Ficou! Eu gostei... Gostei. É uma coisa que dá pra lidar bem eu acho.

Entrevistadora: Como você se sentia com o seu corpo antes da cirurgia?

D.M.: Olha eu acho que... Me sentia bem. Sempre... Nunca tive muita neura de me cuidar. Normal.

Entrevistadoras: E hoje, como você se sente com seu corpo atual?

D.M.: Acho que hoje... Estou bem! Tem dias que mais, tem dias que menos...

Entrevistadoras: Depois da cirurgia mudou alguma coisa em relação a como você se vê?

D.M.: Eu acho que não. Não muita coisa. É claro que quando eu me vejo na frente do espelho, assim, sem soutien... Você percebe a diferença. Você se lembra do que aconteceu, mas... Inclusive meu marido, não mudou nada, não... Ele não mudou nada comigo. Sempre me deu apoio...

Entrevistadoras: Que bom. Isso é muito importante. É fundamental o apoio do marido.

Entrevistadoras: Qual a imagem que você tem de você hoje?

D.M.: Do ponto de vista mais psicológico?

Entrevistadoras: Dos dois.

D.M.: Eu acho que eu sou uma pessoa batalhadora, uma pessoa equilibrada, que eu enfrentei bem o problema... Todo mundo me fala isso. Sabe? Eu estava no hospital, pra cirurgia da mastecto, e as enfermeiras falavam: "Ah, como você tá bem. Geralmente as pessoas ficam deprimidas, um pouco chorosas...". E eu falava: "Não, eu tô bem. Vamos em frente". E... Mas então assim, agora eu estou um pouquinho acima do peso, isso está me incomodando um pouco. Mas agora em final de janeiro apareceu um nódulo, fiz biópsia. Deu meio indefinido, então acharam melhor retirar e acabei operando com o mesmo médico daqui que fez a retirada da mama. E agora então eu vou fazer a reposição hormonal, mas até você achar a dosagem certa, você pode ganhar peso, você pode perder peso. Eu estou sentindo que eu estou ganhando um pouco de peso. Então isso está me incomodando um pouco.

Entrevistadoras: Nisto a dança vai te ajudar um pouco.

D.M.: Ótimo! Eu estou precisando fazer um pouco de atividade física!

Entrevistadoras: Então é isso. Tem mais alguma coisa que você queira falar? Perguntar?

D.M.: Não, não. Achei super positiva a iniciativa de vocês. Estou muito animada.

Anexo 6

Entrevista 2

Flora

Entrevistadoras: Gostaria que você me contasse um pouco de você... Como estava sua vida antes de descobrir o câncer, como foi pra você a descoberta e o que aconteceu depois.

F.: Olha, eu morava em Campinas. E... Foi meio trágica minha mudança pra São Paulo. Meus filhos vieram morar em São Paulo. O meu filho mais velho mora com meu ex-marido. E... Eu tive um assalto em Campinas na minha casa, uma experiência bem desagradável e imediatamente eu me mudei pra São Paulo. O assalto foi em janeiro, em março eu me mudei pra cá. E com esta mudança, até eu localizar médico... Ginecologista do convênio... Eu demorei pra fazer os exames rotineiros. E quando eu fui numa médica ginecologista ela também não esclareceu, não me deu orientação nenhuma. Ela só me disse assim: "Olha, sua mamografia esta um pouco alterada, você tem que fazer de seis em seis meses". Nesse período mudou, meu ex-marido que me paga o convênio, mudou de convênio, o que foi ótimo! E... Até localizar médico e tal... Quando eu fui e fiz aquele exame, já estava no grau 5. A médica falou: "Nossa! Você esta com câncer". É o maior susto que você toma! A gente parece que não quer acreditar, mas pela... Acho que pela história de que câncer é uma doença fatal...E eu nunca tinha me preocupado com o câncer. Na minha família tinha umas tias, já muito velhinhas... Ou um tio já com 90 anos, tal, que tinha tido câncer. Mas eu realmente não me preocupava. Bom, então eu fiz um tratamento antes da cirurgia. Um tratamento natural. Levou seis meses. Eu estava esperando um milagre, sabe? Que este tratamento fosse resolver tudo.

Entrevistadoras: Foi o médico que pediu este tratamento?

F.: Não, não. Eu mesmo que tive a indicação de uma tia minha que falou que estava com câncer e fez esse tratamento natural...

Entrevistadoras: Mas o médico te disse o quê? Que tinha que operar?

F.: É! Falou que tinha que operar, mas também não me alarmou assim... Eu preferi não acreditar. Então fiz esse tratamento de seis meses. Era um tratamento muito naturalista mesmo. Mas... É aquela coisa de auto-engano, fica meio dando um tempo assim, acha que iria resolver, mas... A médica mesmo não estava me pondo num milagre, não, eu que fiz uma fantasia. E ai ela falou: "Bom, agora você vai ter que fazer a cirurgia."

Fiz a cirurgia, foi tudo bem. E o pós-cirúrgico também foi tudo bem, embora tenha sido grande a cirurgia, mas aí fiz a quimio... Fiz a rádio... E readaptando a vida desse acontecimento. Então parece que eu dei uma parada, dois anos da minha vida fiquei me cuidando, e à disposição de terapias. E a hora que você tem alta você fala: "Ué! E agora?" Você leva um susto. O que eu vou fazer, estava tão ocupada fazendo esse monte de tratamento. E... aí passaram-se quatro meses quando eu tive que retornar à médica. Já estava até adaptada a um outro... Ela disse: "Não, eu vou te por de novo em uma outra quimioterapia". Que eu vou fazer até julho. Então eu estou meio à disposição de fazer essa terapia... Sobre essa doença é isso.

Entrevistadoras: E como foi pra você receber esta notícia de que iria fazer a mastectomia e a histerectomia?

F.: Eu achei que seria o mais certo, por causa da anestesia, sedação, já fazer de uma vez.

Entrevistadoras: E como o seu corpo recebeu estas duas cirurgias de uma vez?

F.: Eu estava muito bem. Realmente aquele tratamento natural foi muito bom. E... A cirurgia, o mais é o corte... A anestesia... E depois você cai na real. Estou sem uma mama. Estou sem o útero, sem ovários, tal. Você não fica alegre. Não adianta você falar, porque é serio mesmo. Mas ao mesmo tempo você fala: "Puxa! A vida é tão rica! E eu posso me adaptar, e estou com a expectativa de fazer a reconstrução da mama". O cirurgião plástico mandou esperar dois anos. Então eu vou me preparar pra isso.

Entrevistadoras: Você usa alguma prótese?

F.: Não, não uso. Eu ponho um enchimento. O médico... Eu até achei graça dele, o cirurgião plástico, disse: "Ó! Coloca dois saquinhos de arroz aí." Eu falei, pois é... Só pra dar um pesinho.

Entrevistadoras: O peso ficou muito diferente?

F.: É. Fica diferente. Mas a gente se preocupa tanto no dia-a-dia da vida... Tem preocupação com a família, com o trabalho, e tal, que nem sente. Realmente.

Entrevistadoras: Como você estava se sentindo com seu corpo antes de descobrir o câncer?

F.: Eu sempre fui uma pessoa que gostava de fazer exercício, de nadar, de caminhar. Não sou atleta não, de jeito nenhum. Mas eu tinha engordado muito, eu era uma pessoa magra desde uns vinte anos antes, eu fui engordando devagarzinho, e não que eu achasse que estava em obesidade, mas ela pesou, pesou bastante. Mas eu acho que muito desse peso foi depois do assalto que eu tive. Eu acho que eu fiquei muito abalada.

Entrevistadoras: E você ainda era casada?

F. : Não, não, faz quase vinte anos que eu me separei.

Entrevistadoras: E você namora?

F.: Tive uns dois casos, mais nada.

Entrevistadoras: Isso antes da cirurgia?

F.: Antes.

Entrevistadoras: E depois?

F.: Não, depois não. (abaixa o tom de voz)

Entrevistadoras: E por que não?

F.: Não tive oportunidade.

Entrevistadoras: Não apareceu ninguém interessante?

F.: Não apareceu ninguém interessante.

Entrevistadoras: E como é que você se sente com seu corpo agora, depois das cirurgias?

F.: É, altera sim, viu? Mas eu acho que eu estou bem. Não estou sofrendo muito não sabe?

Entrevistadoras: O que você acha que alterou? Que está diferente?

F.: O abdômen fica mais flácido, incomoda a gente. Aí você olha o quadril está grande, sabe? Fica estranho, mas eu acho que está diminuindo também por causa da minha dieta, que eu comecei faz umas duas semanas, que eu decidi, porque eu estava meio que abusando de café, chocolate... E eu falei: "não"! É tão agradável você ter esse autocontrole. Mas acho que ainda sinto saudade daquele alimento que foi eliminado.

Entrevistadoras: E em relação à mama, o que você sente?

F.: É, a gente sente que tem uma coisa faltando, está faltando alguma coisa, assim, a mama direita, ela está vivinha ali. Sente que às vezes endurece um pouco o mamilo, aí você fala: "Opa! Está vivo!" E o outro você fala: "Humm, cadê o outro?" Você faz a pergunta e fala assim: "Eu sei que mesmo fazendo a reconstrução é uma prótese, como um dente, ele nunca mais vai ser o mesmo, você ter uma prótese na boca não é o mesmo dente. Mas equilibra, equilibra melhor.

Entrevistadoras: E a sensibilidade? Está normal no local da cirurgia?

F.:Não. A sensibilidade não.

Entrevistadoras: E você se olha no espelho? Observa seu corpo?

F.: Não muito prolongadamente, mas eu dou um...

Entrevistadoras: Por que não?

F.: É... Por que não? Ficar nua diante do espelho não é muito meu... Meu estilo, mas aí eu falo: "Não, deixa eu me olhar." E olho e não acho assim... É, estou bem. Eu tenho perna, tenho cabeça, eu tenho mãos, tenho braços, sabe? Eu estou inteirai, agora, o abdômen realmente está pesando.

Entrevistadoras: Te incomoda mais o abdômen do que a mama?

F.: Sim. Incomoda mais o abdômen do que a mama. Se bem que, o que incomoda aqui na mama é que ele deixou uma gordura na lateral pra fazer a reconstrução.

Entrevistadoras: E em relação aos namoros, você acha que interfere?

F.: Não... Não... Estou totalmente fechada pra este tipo de relacionamento.

Entrevistadoras: Por quê?

F.: Ah! Ainda não... Assim, não... Por muito tempo eu fiquei procurando o sentido da vida, lia, muito, estudava muito. Filosofia, psicologia, religiões e tal. E... Fiz algumas terapias também. Então, não sei. Acho que eu sou muito... Meio excêntrica. De não... De estar querendo ficar sozinha mesmo.

Entrevistadoras: Mais alguma coisa que você queira falar? Alguma dúvida?

F.: É, eu acho que como eu fazia... Uma das coisas que eu me arrependi na vida foi ter interrompido meu processo dentro do yoga, ano é? Isso realmente eu...

Entrevistadoras: Você interrompeu por causa do tratamento?

F.: Não, não. Foi bem antes. Eu me preparei ate pra dar aulas de yoga, não é? Mas como nunca tinha espaço na minha casa, ou no local que eu morava e tal. Depois eu tive duas gravidezes quase que seguidas, então eu não sei. Ou eu assumia uma coisa ou outra. Aí eu optei por abandonar. E, realmente... Uma das coisas que eu me arrependo muito de ter feito. Mas é uma riqueza que eu tenho. Um tesouro.

Entrevistadoras: Mas agora você voltou, não voltou.

F.: Estou voltando.

Anexo 7

Entrevista 3

Nour

Entrevistadoras: Gostaria que você me contasse um pouco de você, como estava sua vida antes de descobrir o câncer, como foi pra você a descoberta e o que aconteceu depois.

N.: Do câncer de mama? Exames periódicos. Como eu já tinha tido, é... Microcalcificação agrupada, a minha ginecologista fazia exames preventivos semestralmente. Aí eu tinha feito em dezembro uma mamografia e tinha um cistozinho pequenininho. Como eu já tinha tido vários cistos, ela me deu uma medicaçãozinha pra ver se ele sumia com a medicação. Ela falou pra esperar pra ver se sumia, se não faz punção como das outras vezes eu já havia feito. Aí eu teria que voltar seis meses depois. Só que como ele começou a crescer muito rápido eu voltei antes do período que ela mandou eu voltar. Aí fiz uma punção, biópsia. E aí diagnosticou que era um carcinoma de ducto. Só que como eu tenho a mama muito pequena e ele cresceu muito rápido, então primeiro eu fiz quimioterapia e aí ele quase desapareceu. Ficou com meio centímetro. Aí deu pra fazer só o quadrante. Não precisou tirar a mama toda, porque minha mama é muito pequena. Agora que ela está maior por causa da hormonioterapia. Olha, eu não me acostumei muito ainda porque eu engordei sete quilos.

Entrevistadoras: Mas você está muito bem.

N.: Mas estou gorda. Eu me olho no espelho e me acho gorda. Minhas roupas não me servem. Mas eu vou ter que me acostumar.

Entrevistadoras: Mas logo você perde.

N.: Eu não estou fazendo nenhum esforço, viu?! Não estou fazendo dieta, nada disso.

Entrevistadoras: Como foi pra você a descoberta do câncer?

N.: Eu já falei uma vez numa entrevista. Não é uma coisa muito agradável. Por mais que você ache que você esta preparada, você nunca está preparada. Você sempre leva um choque. Mas depois isso passa. uma coisa que vai, que você vai... É... Conseguindo perceber que não é o fim do mundo. Que você não vai morrer amanhã. Que hoje é possível tratamento, é possível cura, tudo é possível. Então você vai assimilando a idéia. Principalmente assim, pra minha geração é muito difícil. Era. Agora eu já aprendi a lidar com isso. Os meus pais vieram de uma geração em que o câncer era uma sentença de morte. Você é mais jovem, então você já pegou uma outra fase. Então, é... Nós fomos criados, na minha geração, assim... É o fim. Era uma sentença de morte. Então, é mais difícil pra gente assimilar que não é bem assim, que as coisas mudaram e que tem tratamento. Principalmente quando você diagnostica precocemente. E que tudo pode dar certo, agora já... Mas você sempre fica abalado. Não é fácil. Porque existe ainda... Uma coisa em volta da doença. Não é muito fácil de lidar.

Entrevistadoras: E, como você se sentia com o seu corpo antes da cirurgia?

N.: Assim... Em relação ao meu corpo por causa do tumor, ou não?

Entrevistadoras: Antes de descobrir.

N.: Ah! Satisfeita. Satisfeita. Tudo bem. Não tinha problema nenhum. Lógico, tenho celulite... Mas nunca fui encanada com isso. Nunca me preocupei. Eu tenho celulite, mas não é por isso que eu não vou colocar biquíni pra ir à praia. Mas nunca usei fio dental também.

Entrevistadoras: Você vai à praia de biquíni? Sem problema nenhum?

N.: Vou. Vou de biquíni, normal. Me sinto gordinha, mas vou. Não vou deixar de ir à praia e pôr biquíni por causa disso.

Entrevistadoras: Você fez reconstrução?

N.: Na própria cirurgia. O doutor fez tudo na própria cirurgia. Na hora mesmo ele tirou do grande dorsal e já fez. Saí da cirurgia prontinha.

Entrevistadoras: E após a cirurgia, como você se sentiu em relação ao seu corpo?

N.: Olha, a única coisa que foi um pouquinho difícil pra você acostumar foi olhar no espelho e ver que o peito não tem bico, mas agora já acostumei. O doutor até falou: "Ah! Mas tem reconstrução pra colocar o bico." Mas eu não vou tomar anestesia geral para fazer isso não! Que bobagem! Eu não sei se também é mais fácil, porque meu marido é uma pessoa super legal e isso não atrapalha em nada nossa relação. Você entendeu? Ele é uma pessoa super desencanada e, então acho que é mais fácil pra mim por causa disso. Acho que se eu tivesse um marido... Que tem homens que não aceitam, é lógico que seria difícil. Então, meu marido e eu estamos juntos, entre namoro e casamento 29 anos de casados e cinco de namoro, 34 anos que nós estamos juntos. Nós começamos a namorar com dezessete anos e estamos com cinqüenta e um. Então acho que isso também facilitou muito o meu tratamento, a minha recuperação, ele foi uma pessoa muito importante. Ele escrevia e-mails pra mim, assim de otimismo. Porque tem um periodozinho, do começinho do meu tratamento que eu estava muito sensível. Então eu começava a falar e começava a chorar e tal, e meus filhos também, minha filha, meu filho, nossa! Foram muito legais. Minha família toda foi muito... Meus amigos, minhas amigas do vôlei, todo mundo.

Entrevistadoras: E, qual a imagem que você tem do seu corpo?

N.: Hoje, agora? Quando eu me olho no espelho? Eu me sinto gordinha. Que eu estou acima do meu peso. Mas eu também olho e falo: "Mas eu também tenho cinqüenta e um anos." É mais difícil agora recuperar. Mas assim, eu me sinto acima do meu peso. Me sinto. Tem horas que me incomoda sim um pouquinho. Mas eu também não estou fazendo nada pra perder esses pesinhos que eu ganhei. Não estou mais assim: "ai, eu não vou comer". Não estou. Sinceramente não estou. Estou comendo pizza...

Entrevistadoras: E em relação à mama, como você se sente?

N.: Depois da cirurgia... Se eu tenho, assim, algum problema em relação a olhar a minha mama? Não, não tenho.

Entrevistadoras: Não exatamente problema, mas como você se vê em relação à mama.

N.: Então, como eu te falei. Nos primeiros dias eu achava meio estranho olhar a minha mama e não ver o bico, o mamilo. Mas agora eu já me acostumei. Não... Nem... Ficou uma coisa normal, faz de conta que já nasci assim.

Entrevistadoras: E você e seu marido, a relação de vocês continua igual?

N.: Tudo normal. Graças a Deus isso não atrapalhou em nada nossa relação, graças a Deus.

Entrevistadoras: E depois do câncer, como está o seu relacionamento coma as outras pessoas?

N.: Olha, normais. Eu sempre fui uma pessoa muito dada, muito amiga, eu continuo nesse ponto muito parecida. Não mudei muito, não. Só aprendi a não deixar mais as pessoas me machucarem. Eu não me envolvo mais com coisas que eu sei que vai me fazer sofrer. E eu tinha mania de querer consertar o mundo, entendeu? De quere assumir pra mim problemas que não eram meus. Então isso eu aprendi a não fazer. Eu continuo sendo uma pessoa solidária, continuo ajudando quando é possível. E também aprendi que quando alguém me pede um favor que eu não posso fazer, não tem problema eu dizer que não posso. Porque antes eu acabava atrapalhando a minha vida pra não deixar de fazer um favor pra alguém que estava me pedindo. Então, eu aprendi isso. Aprendi também a não ter tanta mania de limpeza, porque eu vivia limpando tudo. Eu aprendi bastante coisa. Eu acho que eu aprendi muito. Eu acho que a gente está sempre aprendendo. Mas eu resolvi não me estressar mais. Eu até me admiro. A minha filha outro dia deu risada. Porque a minha neta mais velha, o meu filho não vive mais com a mãe dela, ele já até casou de novo, até minha norinha está aqui comigo, e ela estava em casa, a mãe da minha netinha porque era aniversario dela. Então a gente cantou parabéns e ela derrubou o bolo no chão. Aí minha filha já foi pegar o aspirador, aí eu falei: "Não, não precisa, amanha a Leda está aqui, que é a menina que trabalha em casa, ela limpa." Aí ela falou: "Não! Eu não estou acreditando no que eu estou ouvindo! Isso é um milagre!" Eu falei : "Está vendo, as pessoas mudam..."

Entrevistadoras: E, como você acha que as pessoas te vêem? Você acha que elas percebem?

N.: Quem não sabe? Não, acho que não. Mas eu também não me preocupo. Não me preocupo se a pessoa vai perceber ou não. Mas é... Nem me passou pela cabeça isso.

Entrevistadoras: Tem mais alguma coisa que você queira falar?

N.: Bom, o começo foi mais difícil um pouquinho, mas eu assimilei bem a coisa e tudo fluiu naturalmente. Eu vinha para as sessões de quimioterapia, nas primeiras meu marido vinha comigo, porque eu não sabia se ia passar bem, se ia passar mal, fiquei meio preocupada, mas eu passei tão bem, eu não tive nada, que eu vinha de metrô e ia embora de metrô. Então eu sempre sentei lá na cadeirinha e fale: "Isso é pra mim... Pra eu ficar boa. É o meu bem. Então só vai me fazer bem. Então pronto!" A minha médica da quimio até me prescreveu uma medicação de manipulação pra enjôo que eu até doei.

Anexo 8

Entrevista 4

Iris

I.: Eu acho que a dança vai me ajudar. Porque a cura física, ela é mais rápida e tanto que eu já tive alta de tudo. Só que eu acho que esse processo da gente, de ter passado pelo câncer, tem um estigma muito pesado, mexe com o físico sim, de tirar um pedaço... Eu acho que a dança pode ajudar bastante.

Entrevistadoras: Quantos anos você tem?

I.: Trinta e nove.

Entrevistadoras: Nossa! Não parece! Você é casada?

I.: Não.

Entrevistadoras: Namora? Esta saindo com alguém?

I.: Hum, não, não. Os que têm não me interessam, não está bom.

Entrevistadoras: E você fez quadrantectomia?

I.: Foi.

Entrevistadoras: E fez reconstrução?

I.: Não. Não, eu não quis. A medica cogitou, mas eu não quis.

Entrevistadoras: Por quê?

I.: Ela falou inclusive de tirar as duas glândulas mamárias e pôr prótese. Porque eu tinha uma microcalcificação no seio esquerdo e o câncer no direito. Aí ela falou: "Isso no seio esquerdo pode ser ou não um câncer." E eu não consegui fazer biópsia, faltavam dois dias para a cirurgia e eu não consegui fazer a biópsia, porque a mama é pequena e a calcificação profunda. Aí ela achava que eu podia fazer a retirada das duas mamas e pôr prótese, porque isso aqui podia ser câncer e se for câncer era uma boa alternativa. Aí eu achei que isso era agressivo demais pra incerteza. Aí eu fiz só a biópsia, que não deu nada. E retirei então este quadrante do lado de fora.

Entrevistadoras: Você chegou a tirar linfonodos?

I.: Tirei, tirei.

Entrevistadoras: Certo. Então eu gostaria que você me contasse um pouco de você, como estava sua vida antes de descobrir o câncer, como foi pra você a descoberta e o que aconteceu depois.

I.: Mas assim, em que aspecto? O que você quer que eu fale?

Entrevistadoras: Primeiro você me fala o que você quiser falar e aí eu vou te fazendo as perguntas que forem necessárias.

I.: Eu faço caminhadas, que são esporádicas, mas eu tenho gostado muito. Eu tenho um grupo muito legal disso. A gente caminha em feriados, pra lugares distantes. A gente sai de uma cidade e vai pra outra, pela estrada. Do tipo San Tiago de Compostela. E tem vários lugares no Brasil pra se fazer isso. Então eu já estava com esse grupo e adoro! Me identifiquei muito com isso. E sou professora, trabalho com educação infantil. E descobri o câncer meio por acaso. Eu fui fazer academia, porque eu faço academia porque eu tenho um probleminha no joelho, então tem que fortalecer a musculatura pra poder andar. E eu fui fazer então um aparelho e doeu muito o seio esquerdo. Fui ao médico e ele falou que o esquerdo não era nada, tanto que enquanto eu fui ao médico, ele apalpou, achou, e doía. Quando eu fiz o exame e voltei sumiu. Aí eu descobri que tinha uma alteração, que tinha um nódulo, e que era câncer. Aí, aquela correria. Fui fazer biópsia, quer dizer, ele falou que era suspeita, fui fazer biópsia e peguei o resultado. E a gente leva um puta susto, e o chão falta. E eu acho que foi meio no automático, assim: saí de um consultório, fui pra outro, já saí da masto com cirurgia previamente marcada, vários exames pra fazer, e esses meus amigos de caminhada me ajudaram muito, me deram apoio muito grande, muito, muito, muito. E acho que depois que começa a cair a ficha, passa um pouquinho, porque a gente leva um puta susto, mas fica meio anestesiada. Aí em quinze dias eu fiquei sabendo que era câncer e fiz a cirurgia. Fiz a cirurgia, fiquei ótima, foi tudo bem. Aí a recuperação da cirurgia é meio lenta. Assusta a hora que a gente olha a primeira vez, que está faltando um pedaço, a mama fica completamente reta. Assusta. Essa mama reta e essa que eu fiz biópsia, o mamilo ficou repuxado. Ele ficou olhando pra baixo. Muito. Mas já, já voltou ao normal.

Entrevistadoras: E na hora você não quis fazer a reconstrução?

I.: Não quis.

Entrevistadoras: Por quê?

I. : Por quê? Porque uma coisa é uma coisa e outra coisa outra coisa. Primeiro eu acho que eu tinha que ver o que era isso e tratar isso. E a parte estética a gente vê depois. E eu sei de casos de pessoas que nem precisam fazer.

Entrevistadoras: Mas você pensa em um dia fazer?

I.: Não.

Entrevistadoras: Por quê?

I.: Porque eu não quero passar por outra cirurgia. E a mama ela está, essa daqui, a médica acabou mexendo mais nela, então ela está até mais levantadinha. Essa daqui não. Então elas estão diferentes. Tem uma diferença de altura, não é muito, mas como esse daqui não me agrada também essa diferença. Mas como esse mamilo, que está praticamente no normal hoje, eu acho que de repente ainda pode até que meio que amenizar esta diferença. Então eu acho melhor esperar.

Entrevistadoras: Mas você pensa em algum dia fazer uma nova cirurgia nas duas?

I.: Não.

Entrevistadoras: Hoje está bom assim?

I.: Não, não está bom assim! Não está bom assim! Mas se melhorar eu não faço.

Entrevistadoras: Então você acha que ainda dá pra esperar mais um pouco? Que está diferença ainda vai diminuir?

I.: Acho. Acho que dá pra esperar mais um pouco antes de fazer outra cirurgia.

Entrevistadoras: Como você se sentia com seu corpo antes da cirurgia?

I.: Eu acho que bem. Bem.

Entrevistadoras: Você estava satisfeita?

I.: É. Estava. É Sou magra. Pra mim está ótimo assim. Há muito, mas muito tempo, mais na adolescência, eu queria engordar, queria ter mais seio, mais quadril, mas acho que faz parte da "aborrecência". Mas isso já passou há muito tempo. Eu estou muito bem com meu corpo. Hoje o que incomoda um pouco é essa questão da mama, que está um pouco diferente, mas acho que dá pra esperar um pouquinho.

Entrevistadoras: E como você se vê hoje?

I.: Eu acho assim, eu tenho impressão que uma coisa que permeia isso tudo é a sexualidade. Está por trás ou embutido com isso tudo. É... Hoje ela é mais difícil.

Entrevistadoras: Por quê? Explique-me melhor.

I.: É mais difícil porque eu não tinha namorado antes, não tenho agora e... Eu sempre escolhi, eu sempre escolhi muito. Um pouco antes do câncer eu tive um relacionamento, mas não era nada muito consistente. E hoje, eu tenho assim eu evito, eu acho. Eu evito um pouco. Talvez por essa questão da mama, por estar... Por eu estar me adaptando a estar imagem hoje. Então acho que eu evito um pouco um envolvimento.

Entrevistadoras: Você não se adaptou com a sua imagem ainda?

I.: Eu não diria que não me adaptei ainda, mas... Não sei que palavra usar... Mas não é adaptar... não é adaptar, assim, eu estou bem. Eu acho que eu estou bem. Gostaria que a mama estivesse por igual. Eu acho que aí é isso que me faz evitar um relacionamento. Mas eu acho que estava mais. Eu achei que deu uma amenizada. É... Há um, dois meses. Antes era pior.

Entrevistadoras: Depois da cirurgia, você chegou a ter algum relacionamento?

I.: Não.

Entrevistadoras: Nenhum namorinho?

I.: Ah! Um namorinho.

Entrevistadoras: Mas nada sério?

I.: Não, não. Porque eu achei que o rapaz não valia a pena.

Entrevistadoras: Não foi por medo, ou por alguma coisa relacionada a você?

I.: Não, não foi. Não. O moço, ele era... Ele tem quarenta e dois anos, super inseguro, ele precisa sempre de alguém, então, acho que ele já passou da idade de... Ele é uma pessoa maravilhosa, mas muito inseguro. Não foi pela minha auto-imagem.

Entrevistadoras: Mas vocês chegaram a ter relação sexual?

I.: Não.

Entrevistadoras: Como você acha que as pessoas te vêem?

I.: Como que as pessoas me vêem?... Eu acho que os meus amigos me vêem como uma pessoa forte, que passou por essas dificuldades e está bem agora. Agora que você fala assim, me dá a impressão que você está me perguntando, não sei se é isso, como os homens me vêem. Como eu acho que os homens me vêem.

Entrevistadoras: Também, mas não só os homens. Você, por exemplo, acha que as pessoas percebem que você fez a cirurgia?

I.: Ah! Não! Eu acho que não. Agora, por exemplo, como eles me vêem, eu acho que do mesmo jeito que antes. Acho que não teve assim, diferença. Eu acho que os meus amigos, esses homens mais próximos, que teriam assim, uma paquera, um olhar diferente, eu acho que eles continuam tendo a mesma coisa.

Entrevistadoras: E quando tocam a mama, como é pra você, já que a gente está falando de sexualidade?

I : É... Não, não rolou ainda... Eu acho até que conforme a gente estaria se envolvendo isso até que não seria muito difícil não. Eu não tenho vergonha de trocar de roupa na frente de outra pessoa. A gente saiu num final de semana com uma amiga, passamos o final de semana em uma chácara, e tranqüilo.

Entrevistadoras: Você usa biquíni?

I.: Eu fui pra praia e eu estava com a marca da rádio. Você já viu como é a marca da rádio? Ela é desse tamanho, bronzeado. O resto branco, mas aqui bronzeado. De perto nem tanto, mas de longe, você vê um quadradão aqui e eu na boa coloquei o meu biquíni de cortininha que eu tenho. Na boa. A cicatriz aparecendo, saindo pra fora do biquíni. E tranqüilo.

Entrevistadoras: Em relação ao seu corpo, o que mudou após a cirurgia?

I.: O que mudou no meu corpo? Eu acho que mudou que... Ele é mais importante do que eu pensava. Exige mais cuidados do que eu tinha. A parte que grita a gente olha. Então, com o meu joelho, eu tinha cuidado com o meu joelho, porque ele é importantíssimo para as minhas caminhadas. E com o câncer de mama, eu acho que eu tenho assim, um olhar mais integral do meu corpo. Pra minha alimentação. De comer menos besteiras, coisa não tão boas. Eu acho que eu tomo mais cuidado com isso agora.

Entrevistadoras: Você gostaria de acrescentar mais alguma coisa?

I.: Eu... Só pra completar, a critério de informações, eu fiz três quimios, aí tive uma fissura no ânus, aí tive que parar o tratamento pra operar. Tive muita dor e eu acho que ainda não sarou. Ainda hoje pra evacuar eu faço o uso de laxante.

Entrevistadoras: Mas você voltou ao médico pra ver isso?

I.: Até janeiro eu estava tratando com um prócto, aí ele pediu pra esperar uns dois meses pra depois voltar. Então eu estou voltando agora depois do feriado. Então isso é a única coisa que ainda não está cem por cento.

Anexo 9

Entrevista 5

Margarida

Entrevistadoras: Você estava me falando que você gostaria de colocar silicone...

M.: É, eu colocaria, mas assim, meu marido fala pra mim que é besteira. Vai mexer no que está quieto? E é verdade, então...

Entrevistadoras: Mas você tem vontade?

M.: Ahhh! Eu tenho.

Entrevistadoras: Por quê?

M.: Porque eu acho lindo! Se desse pra aumentar um pouquinho eu aumentaria.

Entrevistadoras: Mas você já tem o seio bem grande... Ainda queria maior?

M.: Um pouquinho mais. Eu acho tão lindo! Mas assim, eu estou feliz da vida com o que eu tenho. E o que foi muito bacana é que quando eu operei, ela ficou bem diferente, tirou um quadrante, mas ela ficou. Então até eu brincava: "Gente! Minha mama vai ficar pequenininha". Aí o cirurgião até falou: "Não, mas se você não gostar a gente põe prótese e tal." Me agradava de qualquer jeito. Mas ela voltou sozinha. Hoje eu uso blusa sem soutien... Quem não sabe não fala que eu tive o problema. Eu uso biquíni... Tranqüilo! Porque eu não tenho nada, não tenho uma cicatriz. Porque foi tudo feito pelo mamilo.

Entrevistadoras: A outra que você reduziu também foi feita pelo mamilo?

M.: Não, não. Eu fiquei com o "T" assim, porque eu diminuí e tal. Mas agora eu vou tirar. Isso daí eu vou tirar.

Entrevistadoras: Que bom. E depois da cirurgia, como foi pra você o relacionamento com as outras pessoas? Principalmente com o marido.

M.: Tranqüilo, ele me dá a maior força. Durante estes cinco anos ele sempre me deu a maior força. Sempre me acompanhou nas consultas. Entendeu?

Entrevistadoras: Você tinha me falado que no início tinha vergonha de se trocar na frente dele...

M.: Tinha...

Entrevistadoras: E hoje em dia, como está?

M.: Não. Tranqüilo. Porque assim, ele tirou aquela coisa de receio meu.

Entrevistadoras: Então o receio era seu e não dele?

M.: Era, era meu, não tinha nada haver com ele. Ele tirou. Porque eu tenho uma amiga que fez a cirurgia, o caso dela foi mais grave e tal, não é? Ela tirou uma mama, a outra diminuiu bastante. Ela vai reconstruir agora. Só que desde que aconteceu o problema o marido se afastou. E ela jamais, nunca mais o marido encostou nela, nada. Então, quando a gente ficou sabendo disso e tal, meu marido falou assim: "Foi justamente por isso que eu fiz questão de...". Porque a gente se sente na hora muito assim, inferior, fica com vergonha... Mas pra mim, tranqüilo. Nossa! Super tranqüilo. Ele mesmo às vezes, às vezes eu não quero tirar assim porque eu acho que... Na minha cabeça eu choco um pouquinho talvez, não sei, não é? Mas é na minha cabeça. Porque ele diz que é perfeito, que é normal. Mas é coisa da minha cabeça. Eu vivo tranqüila, normal. Mas assim, às vezes bate. Eu tenho receio. Eu imagino assim, seria pior se eu não tivesse... porque aí sim a gente se sente mutilada, eu tive sorte. Escolhi a equipe certa, encontrei muita força, tive muito apoio, desde médico, da família, do marido, e principalmente o meu filho me deu muita força, ele era muito pequeno e precisava de mim, então eu encontrei a minha força e a vontade de viver e lutar cada dia mais...

Entrevistadoras: Esse receio então era mais da sua parte do que da deles?

M.: Eu tinha.

Anexo 10

Relatos iniciais sobre a experiência

Dália Maria

Foi minha primeira experiência e embora ache os movimentos atraentes e sensuais, alguns são difíceis. O grande lance é ir se soltando aos poucos, confiando que você vai conseguir. O ideal é deixar a inibição de lado e não julgar se está certo ou não. Sinto que vou curtir bastante.

Flora

Achei muito interessante a conscientização do corpo, principalmente a dos quadris. Devido à histerectomia eu estava meio amedrontada de tomar consciência do meu abdômen, além de obesidade ainda tem uma questão da perda. Tive dificuldade de relaxar o corpo e fazer o oito.

Nour

Neste primeiro dia de aula senti principalmente a dificuldade que sempre tive para dançar. Não sei se esta dificuldade é proveniente da minha timidez para mexer o corpo ou é falta de habilidade para a dança. Contudo adorei. Senti que consegui me soltar bem mais que em qualquer outra aula de dança.

Iris

Gostei deste primeiro encontro, estava descontraída, mas notei dificuldades em alguns movimentos, principalmente do oito de quadril e no final, de articular vários movimentos e andar pelo espaço. Mas acho que é uma harmonia de movimentos que vem com o decorrer das aulas.

Margarida

Neste primeiro dia de aula, foi um encontro muito gostoso. Espero poder chegar ao fim sabendo alguns passos. Sempre achei essa dança bárbara e muito sensual. No começo tudo é difícil, mas nada é impossível.

Anexo 11

Relatos finais sobre a experiência

Dália Maria

Não gostaria que acabasse tão rápido, foram apenas seis aulas. Foi super interessante, algo novo pra mim e me sinto orgulhosa por ter feito parte deste grupo. Demos apenas os primeiros passos, mas valeu demais. Todo trabalho de consciência corporal é bem-vindo e só faz bem.

Flora

Achei a experiência da dança do ventre maravilhosa. Acho que vale à pena curtir mais se tiver oportunidade. Com a prática do Yoga teria me despertado para a consciência corporal. Num pós-cirúrgico, ter a chance de me movimentar de modo tão profundo foi muito rico.

Nour

Como eu comentei da primeira vez, adoro dança, porém tenho muita dificuldade para executar os passos de dança. Com as aulas de dança do ventre senti uma grande melhora na minha coordenação motora.

Gostei muito de fazer as aulas, de aprender a mexer partes do corpo que nunca imaginei que poderia usar. Foi muito bom para melhorar ainda mais minha auto-estima e minha sensualidade. Foi realmente gratificante.

Iris

Gostei muito das aulas. Melhorou muito a minha auto-estima, acho que consegui me soltar um pouco (apesar da dificuldade), vejo uma boa diferença na minha consciência corporal de movimento e sensualidade.

Margarida

Chegamos ao final, foram seis semanas muito boas, onde pude ter contato com o meu corpo, onde notei que a minha auto-estima se elevou e o melhor, o contato com novas amizades que ajuda muito para o nosso crescimento.

A dança do ventre é maravilhosa, pena que foram só seis semanas, mas nestas semanas deu pra apreciar mais ainda essa dança. Sempre gostei. No começo achei que seria impossível aprender algo, mas hoje, chegado ao final, pude sentir a minha evolução embora tenha muito ainda pra aprender, mas valeu muito.

Anexo 12

Entrevista final 1

Dália Maria

Entrevistadoras: Em relação às suas percepções anteriores, você acha que mudou alguma coisa? Em relação ao seu corpo?

D.M.: Eu acho que traz um aumento na consciência corporal, na sensualidade, de você ser capaz de você superar um obstáculo. Porque no início é um obstáculo, você não conhece esta dança, não sabe se vai conseguir... E aí você que... Tudo bem que é passo a passo, mas você consegue aprender alguma coisa e é muito bom. Eu adorei.

Entrevistadoras: Você me relatou que percebeu um aumento da sua sensualidade. Como você pretende usar essa sensualidade?

D.M.: Eu acho que me sentindo bem comigo mesma, sabendo que você é capaz de manter o seu marido interessado em você, atraído por você. Eu acho interessante.

Entrevistadoras: Você acha que depois que você começou a dançar ele tem se sentido mais atraído? Melhorou a relação de vocês?

D.M.: Bem, eu ainda não fiz nenhuma apresentação em casa.

Entrevistadoras: Mas pretende fazer?

D.N.: Eu acho que eu tenho que ensaiar um pouquinho mais. Meu filho fica tirando sarro perguntando como é a folinha.

Entrevistadoras: Você acha que a sua relação com o seu marido mudou? Você percebeu alguma diferença?

D.M.: Eu acho que sim. Eu acho que se você melhora a sua auto-estima isso reflete no relacionamento.

Entrevistadoras: Então esta sensualidade que você está falando era primeiro pra você e indiretamente atinge ele?

D.M.: É.

Entrevistadoras: E o que você acha que mudou no relacionamento de vocês?

D.M.: Eu acho que ele está bem carinhoso, atencioso.

Entrevistadoras: Mais do que antes?

D.M.: É. Eu acho que um pouquinho mais.

Entrevistadoras: E por que você acha que ele está assim, o que levou ele a estar mais carinhoso?

D.M.: Porque eu acho que do ponto de vista dele ele também acha importante que a mulher faça uma dança do ventre, que ela se sinta melhor com isso. Se eu estou melhor comigo mesma eu acho que isso também vai refletir na minha relação com os outros.

Entrevistadoras: Então você acha que ele está mais carinhoso porque você está se gostando mais?

D.M.: É, eu acho que dá pra dizer isso.

Entrevistadoras: E em relação ao seu corpo, você notou alguma diferença? Você me disse que melhorou a sua consciência corporal. Traduz pra mim essa consciência corporal, essa sua percepção do corpo.

D.M.: Você se olhar diferente, você saber que determinados movimentos que você faz na dança são sensuais, interessantes. Eu acho que todo trabalho corporal é muito válido. E a dança do ventre é uma coisa totalmente nova.

Entrevistadoras: Tenta me descrever essa consciência corporal. Você me disse que melhorou a sua consciência corporal, então do que você tomou consciência que você não tinha antes?

D.M.: Da capacidade de executar os movimentos e com isso se perceber melhor, mais sensual, mais sexy, mais solta.

Entrevistadoras: Então você está prestando mais atenção em você?

D.M.: É.

Entrevistadoras: O que você mais gostou da dança?

D.M.: Eu acho que tudo. Eu descobri os movimentos básicos.

Entrevistadoras: Teve algum movimento que foi mais fácil ou que você mais gostou?

D.M.: Os do véu, porque você faz muita coisa com eles. Isso eu achei ótimo. E os movimentos de oito, de imaginar a caneta no quadril...Eu acho que a gente se trava um pouco quando você fala pra fazer sozinha, pra fazer o que aprendeu, improvisar, que mesmo o que está errado está certo.

Entrevistadoras: E por que você trava?

D.M.: Acho que esta coisa da autocensura, de achar que não é assim, que eu estou fazendo errado. Por exemplo, a Flora, você via que ela não está nem aí, ela pega e faz e não está nem aí. Ela fecha o olho e vai. Então esse travamento que eu estou falando ela não tem, é bacana porque ela não pensa se o corpo é mais assim mais assado, não ela vai e pronto.

Entrevistadoras: Você acha que com estes treinos de improvisação você ficou mais desinibida?

D.M.: Acho que um pouquinho mais desinibia sim. Mas uma coisa que eu pensei foi em pegar o CD e dançar em casa, na frente do espelho.

Entrevistadoras: E por que você ainda não dançou para o marido?

D.M.: Eu não sei, acho que precisava treinar mais um pouquinho.

Entrevistadoras: Você gostaria de falar mais alguma coisa sobre a dança?

D.N.: Eu amei. Adorei. Queria que o trabalho continuasse. Seria muito, muito bom.

Entrevistadoras: Voltando então à sua relação com o seu marido. Você disse que ele está mais carinhoso, que ele mudou...

D.M.: Ele já era uma pessoa assim, só que, por exemplo, se eu estou bem, se eu estou tranqüila, isso afeta a relação na medida que a gente não se desentende, que a gente não tem grandes atritos. Então a dança ajuda você consigo mesma, você fica mais relaxada e isso acho que reflete sim na relação.

Entrevistadoras: E você me disse que está se sentindo mais sensual. Essa sensualidade repercute na relação sexual?

D.M.: Acho que sim. Você fica mais solta, se libera mais.

Entrevistadoras: E o que ele achou disso?

D.N.: Ele achou ótimo. Está me cobrando que eu faça essa apresentação. Mas eu tenho que comprar uma roupinha.

Entrevistadoras: Você percebeu mais alguma mudança?

D.M.: Eu acho que traz alegria, que foram momentos muito alegres. Eu acho que faltou, por exemplo, nós como mulheres que passaram pelo mesmo problema, que a gente se conhecesse melhor, trocasse mais informações. E é bacana mudar o foco. Ao mesmo tempo que eu venho para o IPC, que é um lugar onde todo mundo já fez ou faz tratamento, muitas já fizeram quimio e ao mesmo tempo vem pra um lugar como esse pra se divertir, pra aprender uma coisa nova e sair um pouco da doença. Por isso eu acho que esse é um ponto a ser colocado que do ponto de vista das pacientes é isso. Por que eu já considerava o IPC como não só um lugar que trata de doença, mas se a pessoa precisa de uma quimio, aqui tem, se precisa passar por uma dentista tem, eu até já passei numa nutricionista, já fiz as massagens com as pedras quentes e cromoterapia com a fisio. Foi excelente. Então é uma coisa muito boa também você trabalhar com a cromoterapia, o toque, a drenagem linfática, a música, é uma delícia. Então você já associa o IPC a uma coisa boa, prazerosa. Lá embaixo tem a parte de alimentação que tem coisas maravilhosas. Então você vai associando com outras questões.

Entrevistadoras: Mais alguma coisa que você queira falar?

D.M.: Não, não. Eu vou amanhã fazer um exame por que eu fiz uma ressonância e apareceu um nódulo, então vai ser uma punção com uma agulha grossa. Você toma anestesia, sai de lá meio enfaixada e fica com hematoma. Tomara que ela ache direitinho, porque minha ginecologista falou que pela ressonância nem dá pra saber ao certo onde que está. Falou que é num trecho muito grande que sai na ressonância que vai ter que fazer uma cuneizaçao, que é tirar um cone mesmo pra avaliar e ela falou que já fez várias e não deu nada. Um ano depois que eu fiz a cirurgia e coloquei o expansor eu fiz outra cirurgia pra colocar a prótese e reposicionar a outra. Nessa época eu lembro que eu falei com os meus médicos se não seria o caso de tirar a outra mama e colocar silicone nas duas. Todo mundo achou super radical, falaram que só se faz isso quando há indicação e tal. Mas dito e feito, agora eu não iria ficar assim preocupada.

Entrevistadoras: Mas agora você tem que fazer e ver o que vai dar, não adiante sofrer por antecedência.

D.M.: Eu até comentei isso com o médico, aí ele falou que eu quis mexer agora tem que ir atrás. Mas eu falei que devia então já ter tirado as duas. Mas ele falou que não, porque até então eu tenho uma mama saudável e isso de prótese não é assim. Outro dia mesmo ele falou que teve que tirar de uma paciente porque teve rejeição e você corre o risco, não é? Do mesmo jeito que eu coloquei essa prótese e não tive o mínimo problema tem gente que coloca e...

Entrevistadoras: Pois é. Se precisar tirar, tudo bem, tira e pronto, se não por que vai mexer no que está bem?

D.M.: Pois é.

Entrevistadoras: E sobre a dança, você quer falar mais alguma coisa?

D.M.: Eu achei excelente. Eu vinha super animada. Só faltei o dia que eu tive realmente que faltar. O dia que eu cheguei tarde eu vim angustiada. É uma coisa que só me fez bem.

Entrevistadoras: Aumentou a auto-estima?

D.M.: Sim. Foi bom. Acho que todas as pessoas que participaram sentiram a mesma coisa. Todo mundo gostou. Foi um prazer inenarrável participar do projeto.

Anexo 13

Entrevista final 2

Flora

Entrevistadoras: Você tinha me falado que não fez a reconstrução não foi?

F.: Ainda não, pretendo fazer.

Entrevistadoras: Quero que você me fale se após a dança algo mudou em relação às suas percepções anteriores.

F.: Eu penso assim, que a dança te leva, o ritmo, a sensibilidade do corpo. Isso foi mais aprofundado em mim, porque eu já tinha isso do yoga, mas foi bem mais aprofundado. Eu achei muito interessante, principalmente porque foi bem divertido e alegre.

Entrevistadoras: E em relação à histerectomia, que você havia comentado que te incomodava?

F.: Então, realmente, como eu te falei, a barriga mais volumosa atrapalha mais que a falta da mama porque fica uma coisa meio assim... Mas com o trabalho eu acho que me ajudou bem porque não é por que os órgãos não estão aí que eu não vou ter a energia boa e eu posso trabalhar isso. E também depende de emagrecer um pouco e trabalhar bem a barriga mesmo.

Entrevistadoras: E você sentiu alguma diferença?

F.: É, senti diferença em relação a esta consciência mesmo, embora esta ondulação do abdômen seja difícil mesmo, a gente vai tentando e também ver os meus limites tem algumas coisas que eu não vou conseguir fazer mesmo então tem que ter um pouco de cuidado mesmo.

Entrevistadoras: Não é que você não vai conseguir, é que tem movimentos que demoram um pouco mais.

F.: Não, é que tem alguns exercícios que se eu exagerar, eu fico doida pra fazer os de invertida do yoga, mas eu tenho que colocar o pé na parede e aí eu levanto, tudo tem que ser devagar agora porque não pode fazer rápido. Então foi ótimo. Parece que descongestionou esta área. Parece que eu ficava com medo, na verdade eu ficava sim com medo procurava uma energia aqui e dava uma dorzinha, então parece que está aliviando por esta consciência do abdômen mesmo. Acho que é bem por aí.

Entrevistadoras: E em relação à mama?

F.: Eu... Sinto assim... Que, como dizem, o corpo da mulher este lado é o feminino e este lado é o masculino na energia. Então, puxa vida! Eu perdi aí um órgão do feminino que é de nutrição, mas pela consciência que eu tenho da energia, tudo bem, eu vou me equilibrando. O que incomoda é o que eu te falei, esse material que está aqui esperando pra fazer a reconstrução. Fica uma saliência que você não pode deitar confortavelmente deste lado e isso realmente incomoda.

Entrevistadoras: E com a dança você sentiu alguma diferença em relação à mama?

F.: Não, mas senti muita dificuldade de fazer aquele movimento de peito, senti dificuldade. Mesmo porque estes dias foram muito tensos, com a morte do meu ex-marido, então eu tinha que ficar resolvendo as coisas, fiquei muito tensa. Mas realmente, você coloca uma música, faz um pouco de relaxamento, já ajuda muito e dança também, não é? Eu acho que eu tenho mais facilidade pra uma dança espontânea do que pra aquele aprendizado de coordenação motora e tal, pra mim é mais difícil.

Entrevistadoras: É, eu percebi. Quando é pra improvisar você se solta mais.

F.: É, eu me solto mais.

Entrevistadoras: Mas primeiro a gente tem que aprender o movimentos pra depois passar pra improvisação.

F.: É, tem que ser. Tem que ter o padrão, não é? Você tem que ter o padrão e depois com o tempo você flui, não é?

Entrevistadoras: E quanto aos relacionamentos, arrumou algum paquera?

F.: Não, não realmente eu não tenho muito interesse em arrumar namorado.

Entrevistadoras: E como você está se sentindo com seu corpo hoje?

F.: Ah! Estou me sentindo assim, mais livre. Ajuda-me muito. Junto com o yoga realmente me dá um pouco de paz neste momento que a gente está vivendo. Esta insegurança. É muito difícil mesmo. Mas estou conseguindo e vou conseguir melhor.

Entrevistadoras: Tem algo que você gostaria de falar sobre a dança?

F.: Eu queria saber mais sobre a origem, você falou alguma coisa sobre a fertilidade, a colheita, o Egito Antigo...

Entrevistadoras: Então eu vou te passar o nome de um livro onde você pode ler muito mais sobre isso.

F.: Eu acho que a dança está dentro de nós. Porque no yoga fala: A Dança de Shiva, Shiva dança e bate o tambor, que é o ritmo do universo. Eu acho que é só despertar essa dança que está dentro da gente. Todos nós somos dançarinos. É uma coisa muito boa, saudável e bonita.

Entrevistadoras: É uma forma de expressão, não é? Através da dança nós podemos expressar nossos sentimentos e exteriorizar coisas que verbalmente nós não conseguimos.

F.: É verdade, é uma forma de expressão.

Entrevistadoras: Você gostaria de continuar fazendo a dança?

F.: Ah é! É uma pergunta que eu ia fazer mesmo! Gostaria, imensamente.

Anexo 14

Entrevista Final 3

Nour

Entrevistadoras: Você acha que após a dança do ventre mudou alguma coisa em relação às suas percepções anteriores?

N.: Acho, mudou sim. A minha sensualidade, em relação a mim mesma, ao meu corpo e em relação ao meu marido também, mas eu ainda não consegui colocar em prática essa sensualidade toda. Mas eu senti que eu mudei. Eu me senti mais sensual, depois das aulas.

Entrevistadoras: Mais sensual pra você?

N.: Isso, principalmente pra mim. Senti mais o meu corpo, partes do meu corpo que eu não prestava atenção. Eu nunca fui muito ligada em prestar atenção no meu corpo, mesmo quando era jovem. Eu nunca fui muito preocupada com o corpo, mas eu passei a notar algumas coisas que eu não prestava atenção, depois das aulas.

Entrevistadoras: Como o quê, por exemplo?

N.: A mexida do quadril, principalmente e também os oitos de peito. Ainda não sei fazer direito, mas...

Entrevistadoras: Então você está se sentindo mais sensual agora. Por que você acha que você ficou mais sensual? Pensa nesta sensualidade e me descreve o que você sente e por que você sente.

N.: Eu me sinto mais sexy. Eu acho que por que eu passei a prestar atenção em partes do meu corpo que eu não prestava antes. Eu acho que é por isso que eu estou me sentindo mais sensual, porque eu estou sentindo isso, eu estou prestando atenção nisso, nestas partes do meu corpo que eu não prestava atenção. Acho que é basicamente por isso que eu me sinto mais sensual. Não é por que alguém falou isso pra mim, mesmo por que ninguém falou. Só o meu marido, mas ele sempre falou. Eu acho que é por que eu passei a prestar atenção em mim. Nestas partes do meu corpo que eu aprendi a mexer, que eu nunca mexi. Então acho que é por isso que eu me sinto mais sensual, porque eu passei a prestar atenção. Eu me sinto mais sensual.

Entrevistadoras: E esta sensualidade interfere na sua relação com outras pessoas, principalmente com o marido?

N.: E acho que com o meu marido sim, mas com as outras pessoas não sei se isso interferiria. Não parei pra pensar nisso. E eu acho que em relação ao meu marido e eu, sim. Porque eu acho que eu me sentindo mais sensual automaticamente eu fico mais sensual pra ele.

Entrevistadoras: E como você se vê agora?

N.: Em relação ao meu corpo? Como eu tinha te falado antes, eu me achava meio gordinha, que eu tinha engordado no tratamento, mas eu tive uma gripe e dei uma emagrecida, estou um pouquinho mais leve. Mas ao mesmo tempo eu pensei se eu não estou doente, a gente nunca está contente, não é?

Entrevistadoras: É verdade.

N.: Mas eu quero ser uma gordinha feliz e saudável.

Entrevistadoras: Mas ainda te incomoda?

N.: Não, não me incomoda. É o que eu te falei. Eu não estava habituada a me ver com este peso. Mas a gente se acostuma, tem que se acostumar. Eu tenho 51 anos, não posso querer me olhar no espelho e me ver como quando eu tinha dezoito, é impossível. E você se acostuma. Então assim, me incomoda em certos aspectos, como a roupa não ficar bem, mas também não me atrapalha a tal ponto. Eu vou à praia, coloco biquíni, não vou nadar de camiseta só por que eu engordei 7 quilos. Mas também não tenho idade pra andar de mini blusa. Eu já estou me habituando.

Entrevistadoras: Você me falou que você e seu marido ainda tiveram relação depois que você começou a dança.

N.: Não, já tivemos, mas assim, não é uma coisa... Não deu tempo pra dançar.

Entrevistadoras: E você sentiu alguma diferença nas relações?

N.: Não, eu acho que ainda não deu tempo de perceber isso, foram todas rapidinhas. Não dancei ainda pra ele.

Entrevistadoras: Certo, mas tô falando quanto à relação sexual mesmo, você percebeu alguma mudança ou está igual?

N.: Olha, eu senti diferença porque como eu faço a hormonioterapia e durante a quimio eu tomei medicação e não menstruei mais e fiquei muito ressecada. A gente usa gel até. E eu notei que ficou menos dolorido, porque mesmo usando o gel incomodava um pouco, parecia que era a primeira vez que estava tendo relação. E isso melhorou um pouco.

Entrevistadoras: Após a dança do ventre isso?

N.: É. Parece que não arranha tanto. Eu achei que deu uma melhorada nisso. Não tive mais tanto desconforto.

Entrevistadoras: E em relação a outros aspectos, atitudes, por exemplo. Você acha que mudou alguma coisa?

N.: Eu não sei te dizer. Eu tenho uma dificuldade de prestar atenção em mim mesma. Eu estou aprendendo isso depois do câncer. A prestar atenção em mim. E é muito importante a gente prestar atenção. E eu acabo que me preocupo muito mais com os outros e com a família, e não presto muita atenção em mim. Mas eu acho que eu melhorei muito, no meu relacionamento comigo, em prestar atenção em mim e mudar minha forma de agir com as pessoas. Eu sempre fui uma pessoa que me dei bem com todo mundo e acabava me prejudicando pra ajudar os outros. Eu aprendi a dizer não. Mas uma coisa que eu notei é que eu sempre tive vergonha de dançar na frente dos outros e num almoço que a gente fez em casa eu brinquei com eles pra mostrar mais ou menos as coisas que eu aprendi a fazer.

Entrevistadoras: Então você ficou mais desinibida?

N.: É, eu acho que eu melhorei nisso. Fiquei mais desinibida pra dançar.

Entrevistadoras: Mais confiante?

N.: É. Eu acho que a palavra certa é essa, mais confiante. Eu tenho uma dificuldade enorme pra dançar. Às vezes eu vou ao baile com o meu marido e se eu pensar que tem alguém me olhando eu já começo a tropeçar no meu próprio pé. E depois que eu comecei a dançar eu até já dancei na sala.

Entrevistadoras: E na frente de todo mundo.

N.: Pois é!

Entrevistadoras: Você gostaria de dizer alguma coisa sobre a dança?

N.: Eu adorei. Gostei muito de ter feito. Foi uma surpresa gratificante. Eu não esperava que fosse ser tão gostoso e tão bom. Pensei que eu fosse ter bem mais dificuldades do que eu tive. Mas eu gostei muito. Adorei a iniciativa que o IPC teve de promover isso pra nós e espero poder continuar. Tomara que este projeto continue.

Entrevistadoras: O que você teve mais dificuldade durante as aulas?

N.: De coordenar os passos com a música. Essa é a minha grande dificuldade.

Entrevistadoras: E o que você mais gostou?

N.: Das nossas improvisações com os véus.

Entrevistadoras: Você gosta mais de improvisar do que treinar?

N.: Não, pra falar a verdade eu gosto de ter uma coisa que eu sei o que eu vou fazer. Mas eu gostei das nossas improvisações por que ficou uma coisa sem a cobrança de sair perfeito porque é uma improvisação. A mania do perfeccionismo não é? Mas na verdade quando tem que executar alguma coisa de dança eu prefiro fazer exatamente o que eu tenho que fazer. Porque eu tenho dificuldade.

Entrevistadoras: Mas apesar disso você preferiu as improvisações?

N.: É. Foi mais divertido.

Entrevistadoras: Por que foi mais divertido?

N.: E achei que foi mais divertido, mais gostoso porque todo mundo participou junto, todo mundo fez livre, descontraído. Porque quando a gente está fazendo o que você passa eu quase nem respiro. Não sei se você repara...

Entrevistadoras: É, dá pra perceber. Você acha que você conseguia se expressar mais fazendo improvisação livre?

N.: É. Talvez.

Anexo 15

Entrevista final 4

Íris

Entrevistadoras: Quero saber se em relação às suas percepções anteriores mudou alguma coisa após as aulas de dança?

I.: Mudou. Mudou bastante coisa.

Entrevistadoras: Então me fala um pouco sobre essas mudanças.

I.: Eu acho que a dança foi um caminho para o reencontro da Íris. Eu falei pra você que havia uma pequena diferença do seio e eu acho que essa diferença, ela é maior do que eu via. Porque não teve alteração em um mês, não é? A mama direita, que operou, ele está maior que a outra e isso até me surpreende por que como a que operou está maior do que a outra?

Partes: 1, 2, 3, 4


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