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A compreensão do espaço geográfico para quem não é geógrafo: o caso do ensino da cadeira de saúde, segurança e ambiente no ISPM-Benguela (página 2)


Para tanto, uma palavra que se pode adequar ao que pretendemos alvitrar é a Pseudo-geografia, a qual resulta do simulação de que o professor ensina e na hipócrita aprendizagem do aluno. Ambos mensuram os resultados na pauta e, tanto um atribui a nota positiva mínima para aprovação (10 valores) e outro aceita-a porque o que quer é o "livrar-se" de mais uma dor de cabeça

Diferente do Brasil, em que " Os métodos e as teorias da Geografia Tradicional tornaram-se insuficientes para apreender essa complexidade e, principalmente, para explicá-la" [MEC, Brasil?], ao nível do nosso país persiste a ideia de que existe uma Geografia de elite, que se substantiva na escolha de locais para grandes empreendimentos (em detrimento daquela Geografia mais local, cuja tendência é prever e resolver problemas locais com consequências que extravasam o espaço a volta) e uma Geografia "do baixo" (de baixa renda), que é tida como aquela que é ensinada (e nem sempre aprendida) por fazer parte do currículo. Para completar o quadro, como prova disso, está a incipiente procura deste curso ao nível do ensino superior, apesar de haver bastos Institutos Médios de Formação Docente nas quais a Geografia é uma das opções[2]De facto,

O ensino da Geografia em Angola está longe de atingir os níveis desejados. Embora tenha sido um dos primeiros a ser criado, somente é parte da grelha formativa de 08 Instituições de Ensino Superior (Institutos e Escolas Superiores) Públicas e apenas numa privada e está muito abaixo das suas obrigações andando a reboque de outras especialidades ou cursos. É, no entender de vários docentes, uma espécie de filha"esquecida" de uma tal ciência que tem vários séculos de história (Santo, 2016).

Estes factos podem ter razões históricas, as quais podem ser obtidas a partir da interpretação do que apontam Cunha et al. (2016), em torno da realidade da Geografia nos países africanos de língua portuguesa.

Por um lado, a institucionalização da Geografia ocorreu, nestes países, relativamente tarde e não generalizada; por outro lado, a instabilidade subsequente às independências, que foi particularmente grave e conflituosa nos casos de Moçambique e de Angola (grifo nosso), dificultou tanto a evolução e o desenvolvimento normal das ciências como a inserção dos geógrafos destes jovens países nas diferentes redes que se iam formando no seio da comunidade geográfica internacional.

Para tanto, em nossa opinião, é de justiça criar as bases para que o ambiente, assim considerado, e a cadeira de Saúde e Segurança e Ambiente sejam fundamentalmente uma causa, um factor de luta que deve partir do berço (aqui entendido como casa), do berçário (infantário) até à Universidade. Isto é, defender o ambiente, mais do que impedir que se abatam árvores, se poluam cursos de água, etc. é provocar o instinto de sobrevivência colectivo achando-se que "o estímulo é algo externo que também impulsiona o indivíduo em determinada direção, fazendo-o agir" (Oliveira e Alves, 2005).

Conclusões

O ensino da disciplina de Saúde, Segurança e Ambiente deve ser leccionada nas IES dada a sua importância na formação de profissionais comprometidos com a Educação e Ensino, mormente naquelas voltadas para as Ciências da Educação. Outra valência que se pode obter é que o docente de Geografia é um profissional bastante habilitado para o seu ensino não bastando para tal que o seja. Deve também portar-se de conhecimentos de outras ciências (da Terra), médicas, entre outras.

Acreditamos que, ao se dar valor devido a esta cadeira, ganham o ambiente a sociedade que dele depende. Ensinar a entender e interpretar o espaço geográfico não é tarefa do Geógrafo ou unicamente do professor de Geografia. É do professor e ponto.

Entenda-se que, diariamente, todos os seres humanos fazem geografia. O que se espera é que, levados pela escola ou pela comunidade, os cidadãos se percebam como elementos do meio; do espaço geográfico e não simplesmente de uma comunidade de homens.

Bibliografia

Cunha, L.; Jacinto, R.; Passos, M. & Teles, V. (2016). Uma língua. Diferentes Geografias. Um olhar sobre a Geografia Física dos Países de Língua Portuguesa. In Actas do IX Seminário Latino-Americano e V Seminário Ibero-Americano de Geografia Física

Oliveira, C. B. E. de e Alves, P. B. (2005). Ensino Fundamental: Papel do Professor, Motivação e Estimulação No Contexto Escolar. [Acesso: 29.12.2016. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/paideia/v15n31/10.pdf]

Santo, I. (2016). O Ensino da Geografia nas Instituições de Ensino Superior em Angola. Disponível em https://www.academia.edu/25482561/O_ENSINO_DA_GEOGRAFIA_NAS_IN STITUI%C3%87%C3%95ES_DE_ENSINO_SUPERIOR_EM_ANGOLA_1?au to=download.

 

Autores:

Isaac Simão Santo

isaacsanto82[arroba]outlook.pt

Professor da Coordenação de Geografia, no Departamento de Ciências da Educação, do Instituto Superior Politécnico Maravilha e Chefe de Gabinete da Decana do ISCED-B. E-mail: isaacsanto82[arroba]outlook.pt - 244923868372

Maria Ventura

Graduando em Ensino da Psicologia no ISPM - Benguela -244938154000

Mateus Sikote

Graduando em Ensino da Geografia no ISPM - Benguela - 244923644220

Ester Moma

Graduanda em Ensino da Geografia no ISPM - Benguela


[1] Não se confunde, neste estudo, o stress com a falta de educação. O primeiro tem que ver, necessariamente, com o referido no texto anterior, relativo á geração de "tensões".

[2] Para mais dados, vede https://www.academia.edu/25482561/O_ENSINO_DA_GEOGRAFIA_NAS_INSTITUI%C3%87%C3%95ES_DE_ENSINO_SUPERIOR_EM_ANGOLA_1?auto=download https://www.academia.edu/25482561/O_ENSINO_DA_GEOGRAFIA_NAS_INSTITUI%C3%87%C3%95ES_DE_ENSINO_SUPERIOR_EM_ANGOLA_1?auto=download



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