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O consumo do luxo: o espaço social da louça inglesa na sociedade maranhense oitocentista (página 4)


Partes: 1, 2, 3, 4

Manoel Antonio dos Santos Leal, na Rua do Giz Caza Nº 20, segundo audar defronte da travessa da Alfandega, tem para vender jogos de Cadeira de madeira fina, e cadeiras de madeira ordinária; umas e outras com assentos de palhinha, tudo por preços commodos.

O Progresso, Jornal Politico, Litterario e Commercial, de 1847, também são oferecidos móveis para o interior da casa.

Praça de Palacio

Em caza de Joaquim Jozenunes camas com cortinados ou sem elles, cadeiras avulsas para sala de jantar ou varandas, palinhas para tercer cadeiras a arrobas e as libras; o mesmo tem sofá de jacarandá.

 

A impressão mais imediata do interior de uma casa burguesa de meados do século XIX, de acordo com o historiador Hobsbawm (1996, p.322), "é a de ser demasiadamente repleto e oculta, uma massa de objetos, freqüentemente escondidos por cortinas, almofadas, tecidos e papeis de paredes, e sempre muito elaborados qualquer que fosse seu material".

E quanto às mesas de jantar, nas palavras do antropólogo Gilberto Freyre (1977), mesas que atravessam o período colonial, pesadas, bem polidas em madeira de lei, como o restante da mobília da casa - seguia uma hierarquia: na cabeceira da mesa, como se estivesse em um trono sentava-se o dono da casa, demonstração clara da sua posição no âmbito familiar.

A mobília de jantar passou a simbolizar fortemente o grupo familiar os valores que deveriam cimentar seus membros: ordem, união, harmonia, coesão, expressos nas cadeiras perfeitamente alinhadas à volta da mesa; respeito, apreço pela hierarquia, nos lugares especialmente reservados aos mais proeminentes, assim como pelo patrimônio familiar, nas pratas, cristais e porcelanas ostensivamente exibidos à sua volta. Todos os demais elementos do seu mobiliário estavam diretamente relacionados à alimentação, funcionalmente destinados à guarda, exposição ou apoio dos objetos utilizados no decorrer das refeições, como aparadores, étageres, consoles, buffets, credências, cristaleiras, guarda-louças, etc. Mostrando a importância que assumiu a exibição das louças de família (LIMA, 1995, p.136).

Como afirma Tânia Andrade Lima (1995, p.137), a criação de um cômodo especialmente dedicado às refeições na casa burguesa mostra bem a dimensão e o significado que elas assumiram na nova ordem, reforçada ainda pelo mobiliário exclusivo e por todo um elenco de objetos destinados ao consumo alimentar, agora pensado, concebidos e produzidos em uma outra perspectiva.

Havia uma variedade de "novos" artigos a mesa, nos armários, nas cocheiras brasileiras, que desde os dias de D. João VI, foram se enchendo de pratos, de panelas, de copos, de jarros, de bules e de xícaras ingleses (FREYRE, 2000).

É importante destacar, que toda essa ritualização, exibicionismo, tinha um sentido externo, para os de fora, estranhos ao cotidiano doméstico. Para o dia-dia, havia o espaço intermediário, as salas de jantar íntimo ou de almoço. Na ausência destas, as refeições eram feitas na sala de jantar. A comida era servida em um meio- termo de aparatos da formalidade da sala de jantar (porcelanas, faianças finas, vidro) e a simplicidade da cozinha (cerâmica, barro, cuias, faianças, cerâmica vitrificada). Uma dupla reorganização estava em curso, um novo agenciamento espacial separava as peças de recepção daquelas utilizadas cotidianamente, conferindo a cada uma sua principal função (PRIORE, 1997, p.113). Esses objetos, ressalta Hobsbawm (1996, p.323).

Eram construídos para durar para sempre, e duravam. Ao mesmo tempo precisavam expressar as aspirações mais altas e espirituais da vida através de sua beleza. Essa dualidade entre solidez e beleza expressava uma grande divisão entre o material e o ideal, o corpóreo e o espiritual, muito típico do mundo burguês, já que espírito e idéia dependiam da matéria e podiam ser expressos somente através da matéria, ou pelo menos através do dinheiro que pudesse comprá-la.

O interior da casa, muitas vezes, representava as finanças do seu dono, do que de fato, o seu gosto nato. "Isso era sem dúvida um sinal de riqueza e status, os objetos expressavam seu custo" (HOBSBAWM, 1996, p.322).

No século XVIII e XIX, do contato da Europa com Oriente, as louças em porcelana tornaram-se bastante difundidas entre as classes abastadas da Europa, um fenômeno classificado pela literatura como "chinomania", uma vez que a porcelana era trazida pela Companhia das Índias diretamente da China. Devido a sua popularidade, os artesãos mandarins não conseguiam manter o padrão de qualidade e atender a demanda de pedidos, e paralelamente na Europa foi desenvolvendo-se novas tecnologias que alcançaram uma melhor qualidade da pasta para a fabricação da porcelana, criando-se olarias a serviço de reis e nobres, tamanho o fascínio causado pelas louças.

O pesquisador Adrian Forty (2007) destaca que o grau de mecanização nas indústrias, mesmo em meados do século XIX, era muito menor do que geralmente se supõe, e a manufatura de vários produtos baseou-se durante muito tempo na habilidade manual e na força dos trabalhadores. Mesmo onde foram introduzidas as máquinas raramente eram aplicadas a todos os estágios da produção e muitos processos continuaram a ser feitos na mão. Na metade do século XIX, por exemplo, de todas as indústrias manufatureiras britânicas, somente a produção têxtil estava amplamente mecanizada.

Conseqüentemente, a ausência de uma tecnologia de longo alcance, a produção ceramista é marcada pelas variedades de padrões decorativos, possíveis de serem visualizados nas pesquisas em campo. Assim "a elaboração representava um índice adequado para expressar o valor de objetos caros. O custo também comprava conforto, que era tanto visível como experienciado" (HOBSBAWM, 1996, p. 323).

No Brasil, as classes mais abastadas desde o século XVIII consumiam as porcelanas de Macau, inclusive as de qualidades inferior chamadas "macau de carregação", mas nada foi comparado a incorporação das louças de faiança finas, muito semelhantes às porcelanas, tanto na pasta, quanto nos motivos decorativos. Na Inglaterra foi desenvolvida a fabricação das louças finas durante o século XVIII, logo, foi amplamente aceito pelas distintas classes. Mas, foi a que melhor representou a classe média em suas aspirações de distinções e mobilidade, desejos compartilhados pela elite brasileira que,

[do] contato com as modas inglesas, que se acentuaram depois da chegada de Dom João VI, influiria consideravelmente sobre os estilos de vida e até de arquitetura doméstica do Brasil, contribuindo para o gosto pelas chácaras cercadas de árvores, para o chá servido pela dona da casa, para a moda da cerveja e do pão, para a maior limpeza da rua e o melhor saneamento da casa. São aspectos da influência inglesa no Brasil, essa influência parece ter – se acentuado na primeira metade do século XIX (FREYRE, 1977, p.38).

Essa influência inglesa no Brasil foi muito importante na primeira metade do século XIX, pois, desde a chegada da família real portuguesa, a presença inglesa no país foi grande e constante.

(...) Dentro desse contexto as mercadorias deixaram de serem somente itens utilitários ou símbolos de status e sucesso para serem revestidas de significações pessoais, adquirindo um conjunto de associações que não tinham nada a ver com o seu uso. Os objetos, assim, ganharam valor em si mesmo, como expressões de personalidade, como sendo o programa e a realidade da vida burguesa, e mesmo como transformadores do homem. Daí sua grande acumulação (SYMANSKI, 2002, p.5).

Em meio a esse contexto é que estão inseridas as louças, ocupando um espaço físico e social no âmbito doméstico. Fisicamente inserido na sala de jantar, palco da externalização da casa e, socialmente representativa do "fetichismo" do objeto, são marcas da posse e do poder, tornando-se também objetos de desejos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo sobre a cultura material em São Luís oitocentista, mais especificamente sobre os objetos domésticos relacionados às refeições nas famílias de elite, teve como destaque o uso das louças inglesas, procurando examinar suas apropriações sociais e significados como símbolos de distinção. Na pesquisa arqueológica realizada na antiga Fábrica Santa Amélia, entre os fragmentos de louças coletados no sítio histórico, a maioria são partes de pratos. Em geral, os aparelhos de jantar contam com uma infinidade de pratos, podendo ser rasos, fundos e pratos de sobremesas. Essa é uma demonstração clara da importância dada às refeições, entendida como espaço de socialização e demonstração simbólica dos habitus dos anfitriões, que passam a dispor de rica mobília, louças, quadros, bibelôs, piano como forma de distinção cultural, alcançado pelo requinte do "bom uso" desses objetos.

Este consumo do luxo engendra mecanismos de interiorização, como se tudo fosse o mais natural possível, e a educação tem um papel fundamental na consolidação desse sistema diferenciador, afinal, o "bom uso" só estará completo se acompanhado do "bom tom", regulamentando as formas e modos dos homes de status para que tudo pareça naturalizado. Nesse intuito as elites no Brasil tornaram-se consumidoras ferozes dos manuais de civilidades e etiquetas, ávidas por absorverem o refino praticado na Europa.

E através do espelho europeu elaboram seus signos de distinção perante uma sociedade escravocrata e mestiça, afinal, já não bastava ser branco, frente a levas de imigrantes europeus vindos com a abertura dos Portos, que enriqueciam de forma rápida, era preciso buscar semelhanças legitimadores do seu grupo de status. E sem dúvida a vinda da Família real trouxera transformações profundas nas estruturas da então colônia, transformando hábitos estabelecendo uma sociedade de corte nos trópicos.

A prática do ócio, a valoração pelos brasões e títulos pelas elites no Brasil encontraram terreno na nobreza de Bragança, que cada vez mais caduca, perdia espaço para as conquistas burguesas, ou mesmo, era influenciada por ela. Dada as relações de força entre Portugal e Inglaterra, sentida nos tratados políticos e econômicos, que desfavoreciam Portugal em sua própria colônia, a partir da abertura dos portos o Brasil é invadido por uma infinidade de produtos estrangeiros, principalmente ingleses, e ao contrário dos franceses que se concentraram nos artigos de luxo, os ingleses exportaram de "tudo e muito". Ferragem, vidro, móveis, louças, fazenda, queijo, chá e etc, mas também alteração da paisagem do Brasil, na forma de morar, com as chácaras inglesas nos subúrbios das cidades e a incorporação dos vidros substituindo as tradicionais urupemas; da necessidade de pintar as casas; na tecnologia, com a vinda de técnicos e o uso de técnicas da revolução industrial; na forma de se vestir, principalmente entre os homens, que adotaram em um clima quente as casacas escuras e fechadas. No falar, com o ensino de inglês nas instituições de ensino; no comer, instituindo o gosto por presunto, bolachinhas doces, chá e etc. E, principalmente no servir, com a incorporação maciça das louças inglesas, usadas para os requintes das ceias, ou para o deguste do chá.

Estas louças eram produzidas em faiança fina, um tipo de pasta que substitui as faianças portuguesas, muito usadas no período colonial no Brasil. Na Europa, esse tipo de louça fora inventada com o intuito de possibilitar às classes médias o acesso à porcelana. As faianças finas, também conhecidas como semi-porcelanas, apresentavam o preço mais baixo, com a qualidade e beleza necessária para conquistar o grande público, tornando-se uma "febre" do consumo europeu.

No Brasil, as pesquisas arqueológicas têm demonstrado o consumo absurdo dos mais variados tipos e padrões decorativos de louças inglesas. Em São Luís não foi diferente, como demonstrado no sítio estudado para essa pesquisa e nas informações contidas nos jornais da época. Estes registros não se configuram como um caso isolado, pois pesquisas realizadas nas ruas do Centro Histórico e o Projeto Casa da França Maranhão, a primeira escavação no perímetro urbano de São Luís, confirmam esta particularidade quanto ao uso doméstico das faianças finas.

Os dados empíricos da presente pesquisa mostram, ao menos na primeira metade do século XIX, a predominância dos produtos ingleses na cidade de São Luís, com o monopólio que tinham da importação de tecidos, ferragens e louças. Os ingleses também influenciaram nos hábitos, na etiqueta para uso das louças finas, condição necessária para se distinguir socialmente, ou seja, o ter e o parecer. Nas pesquisas sobre esse período não encontramos registros de exportação de louças por outros países europeus. Paralelamente ao consumo das faianças finas de procedência inglesa, as elites de São Luís não deixaram de consumir porcelanas, mas em menor intensidade.

Sendo assim, consideramos que, por mais que os ingleses fossem considerados frios e egoístas, vivendo afastados da elite local, foram os grandes modelos de civilização desse período, postura que se modificará na segunda metade, tanto com o retraimento da colônia inglesa na província do maranhão, como pelo galicismo que influenciará as elites desde então.

Desta forma, as elites de São Luís, assim como as classes médias na Europa, se aproximaram não somente no consumo das faianças finas, mas também dividiam as mesmas aspirações, de se legitimarem como grupos sociais. As classes médias buscando signos de distinção frente aos pobres e proletariados na Europa e aproximação frente a alta burguesia. Quanto as elites ludovicenses, buscavam legitimar-se como grupo de status em um país escravocrata, em franco processo de urbanização, e com a presença cada vez maior de elementos externos, como os estrangeiros e viajantes, além dos códigos de sociabilidade necessários para uma sociedade de corte.

E sem dúvida, a "mesa" é o que melhor representa estas pretensões de distinção. Primeiramente, pela importância que ganham as refeições no mundo burguês, marcada pelo seu traço cotidiano e repetitivo, e depois, por possibilitar ao anfitrião de expor suas posses e refino no ritual intricado que passou a ser servido a refeições. Nesse ritual, a preocupação maior era de expor, do que de fato, representar o próprio gosto dos consumidores, pensamento observado quando se analisa as louças da época, o interior todo decorado, em geral em azul, ofuscando a visão, aonde a preocupação maior era com a decoração, do que de fato com a alimentação.

FONTES E REFERÊNCIAS

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FOLHA COMMERCIAL DA PROVÍNCIA DO MARANHAO - 1845

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ANEXOS A

PLANTA COM AS INDICAÇÕES DAS ÁREAS ESCAVADAS NA FÁBRICA SANTA AMÉLIA

Monografias.com

Fonte: Segundo relatório de acompanhamento arqueológico no pátio interno do Bem 01 – Unidade de Ensino (2011).

Na primeira fase do projeto arqueológico, o monitoramento foi concentrado na unidade fabril, denominada de Bem 1. Para facilitar a identificação, mantivemos como referência o projeto arquitetônico que divide as áreas trabalhadas em pátio norte e pátio sul. A análise se concentrou no pátio Norte, devido ao seu contexto, de estar relacionado a uma antiga morada do século XIX,

Os níveis de escavação se apresentavam desta forma:

- Estratigrafia:

.1ª camada com 1cm em piso de ocupação com desenhos geométricos;

. 2ª camada com 13 cm em alvenaria de pedra;

. 3ª camada com 9 cm em piso original da fábrica (tijoleira);

.4ª camada com 20 cm em piso de lajota (contra-piso do solo original da fábrica);

.5ª camada com 30 cm em solo original com presença de restos alimentares associados à cerâmica utilitária e carvão, constatada uma grande quantidade de material arqueológico.

 

Autor:

Michelle Ribeiro Silveira

misha_ribeiro[arroba]hotmail.com


[1] No campo da Arqueologia diversos trabalhos têm sido publicados dando conta dessa particularidade, em especial da arqueóloga Tânia Andrade Lima, referência no assunto, cujas pesquisas servirão de inspiração para este trabalho monográfico.

[2] Tipo de pastas para fabricação de louças.

[3] D. João VI e posteriormente, D. Pedro I.

[4] é interessantes colocar que as coleções não encontram-se todas completas, OJornal do Annuncios, por exemplo, somente a publicações do mês de março de 1831 está disponível para consulta; ja o Correio D' Annuncios e Semanário Commercial da Província do Maranhão de 1845, o estado de conservação dos microfilmes é dos piores, muitas partes estão mutiladas.

[5] São compostas pela unidade fabril e dois anexos - um sobrado e um galpão com outra edificação - localizada na Rua das Crioulas - atual Cândido Ribeiro - nº250, delimitada pelas Ruas da Inveja e Mocambo nas suas fachadas laterais, no Centro de São Luís - MA.

[6] Inscrito no Livro Histórico nº 513, de 01 de janeiro de 1987, pelo processo nº1144T85.

[7] Sequência das camadas geológicas e \ ou arqueológicas; numa estratigrafia normal, as camadas mais recentes estão por cima das mais antigas, do mesmo modo que, num empilhamento de pratos, os que estão por cima foram colocados por último; a estratigrafia permite saber a cronologia relativa de deposição dos vestígios arqueológicos. Distúrbios podem provocar erros de interpretação, se não forem recolhidos durante a escavação. In. PROUS, André. O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história de nosso país - Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed. 2006.

[8] Estas informações foram gentilmente cedidas por Laura Natasha Nery Mendonça de Souza, coletadas durante a sua pesquisa monográfica intitulada Porta adentro: a cidade de São Luís no Período oitocentista a partir do estudo da cultura material de suas casas (1800-1820).

[9] As louças denominadas pó de pedra são uma espécie de genéricos das faianças finas; já a louça azul é o padrão borrão azul.

[10] Fernando Braudel inicia o capitulo diferenciando duas expressões que se prestam a confusão: economia mundial e economia - mundo. A primeira, como o próprio nome expressa, estende-se pela terra inteira. "Como dizia Sismondi, "o mercado de todo universo", o gênero humano ou toda aquela parte do gênero humano que faz comércio e hoje constitui, de certo modo, um único mercado". Já a economia-mundo envolve apenas um fragmento do universo, um pedaço do planeta economicamente autônomo, capaz, no essencial, de bastar a si próprio e ao qual suas ligações e trocas internas conferem certa unidade orgânica. In. BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV - XVIII: o tempo do mundo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. v.3.

[11] Segundo o diz Hélio Viana, em História administrativa e econômica do Brasil, a ideia da depois famosa Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão nasceu de uma proposta feita e aprovada pela Câmara de São Luís, em 1752, para a constituição de uma cidade para explorar o comércio da importação de escravos negros, ideia que o governador geral Mendonça Furtado, após ter conseguido aprovação, a seu todo - poderoso irmão, o marquês de Pombal. Este, dentro do alcance mais vasto de seus planos administrativos, se não pessoais, interessou no negócio altos comerciantes de Lisboa e do Porto, e assim acabou por ser fundada. (Apud. MEIRELES, Mário M. História do Maranhão. São Paulo: Siciliano, 2001.

[12] Deve-se ressaltar, no entanto, que a escravidão africana é notada na região maranhense desde a segunda metade do século XVII, tanto o é que o cargo de Juiz da Saúde existia em São Luís desde 1655 com atribuição de visitar os navios que chegavam com negros, o que sugere que a região já recebia mão-de-obra africana antes da atuação da referida Companhia. COSTA, Marinelma. As conexões do Maranhão com a Ãfrica no tráfico Atlântico de escravos na segunda metade do século XVIII. Revista Outros Tempos: Dossiê Escravidão. vol. 6, nº8, 2009.

[13] "A par da lavoura, com a abertura dos portos ás nações amigas, em 1808, instalou-se em São Luís um forte comércio, de principio principalmente exportador, e logo açambarcado, desde 1812, por um sem-número de firmas inglesas, e o que se deu lugar á presença, entre nós, de um primeiro representante diplomático estrangeiro. Foi ele Robert Hesketh, cônsul da Inglaterra, digno representante da prepotência mercantil e capitalista anglicana, que não sou criou diversos casos com o governador Silva Gama, como chegou a se indispor com os próprios súditos de sua coroa". In. MEIRELES, Mário M. História do Maranhão. São Paulo: Siciliano, 2001.

[14] Muitos desses produtos foram introduzidos com a Companhia Geral do Comércio do Grão - Pará e Maranhão.

[15] No Jornal O Globo.

[16] Os recém-chegados começaram a ocupar as belas cercanias da cidade, onde aqui e acolá já existia uma outra chácara. (In. MALERBA, 2000, p.128)

[17]

[18] De fato nas pesquisas de jornais sempre existem menções em diversos anúncios a esse boticário.

[19] In. PRAZERES, (1970, p.141).

[20] Refere-se ao Colégio Nossa Senhora da Glória, fundado por Dona Martinha Abranches em 1844, sendo o primeiro estabelecimento particular para ensino das meninas em São Luís.

[21] Anteriormente grandes partes das casas encontravam-se somente caiada de branco. In. FREYRE, Gilberto de Mello. Sobrados e Mucambos: decadência do patriarcado rural desenvolvimento urbano. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977.

[22] Jurandir Malerba (2000, p.130) atesta a origem desse costume a portuguesa.

[23] Nessa citação Gaioso se referia especificamente ao Bairro da Praia Grande. Dizia ele ser a cidade dividida em dois bairros, o já citado, e a freguezia de N. Senhora da Victoria. Fora da cidade vários sítios. In. GAIOSO. Raimundo José de Sousa. Compêndios Históricos - Político dos Princípios da Lavoura do Maranhão. Rio de Janeiro: Livros do Mundo Inteiro, 1970.

[24] Mesmo tipo de material usado nas demais construções da cidade. In. SILVA, Cliscyane Souza. São Luís dos Viajantes: a cidade sob o olhar dos viajantes na primeira metade do século XIX. Monografia. São Luis: 2004.

[25] Nos inventários das duas primeiras décadas pesquisados em São Luís é visível a superioridade de caixas e baús. In. SOUZA, Laura Natasha N. M. Porta a dentro: a cidade de São Luís no período oitocentista a partir do estudo da cultura material de suas casas (1800-1820), 2011.

[26] Para o uso individual, que tomaram lugar das capelas, que existiam nas vivendas no campo, junto aos alpendres fronteiriços, ou até em edifícios separados que reuniam os membros do domicílio, incluindo os escravos (Algranti, pág. 103, 2001), de antigo uso coletivo. In. ALGRANTI, Leila M. Família e vida doméstica. In. História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, v.2.

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