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Crescimento e desenvolvimento de plantas de milho sob diferentes doses de esterco de galinha (página 2)

Maicon Jorge Gonçalves dos Santos

Dentre os grãos produzidos no Brasil, o milho é o segundo mais expressivo, com cerca de 58,586 milhões de toneladas de grãos produzidos, em uma área de aproximadamente 14,708 milhões de hectares, atrás apenas da soja com cerca de 60,051 milhões de toneladas de grãos em uma área de 21,334 milhões de hectare. Sendo que a maior parte da sua produção é utilizada como ração de bovinos, suínos, aves e peixes, e apenas 15 % da produção é destinado para o consumo humano (CONAB, 2008).

A agricultura está passando por um momento diferente, onde o preço do adubo subiu de forma exagerada. Sem adubo ficaria  muito difícil produzir em solos brasileiros, pois toda cultura exige certa quantidade de nutrientes para poder produzir (INÁCIO, 2008).

Os preços dos fertilizantes químicos, notadamente derivados do petróleo, geram grande evasão de recursos financeiros da propriedade rural. Por isso, fontes alternativas de adubação, principalmente orgânica, têm despertado o interesse, tanto dos produtores quanto dos pesquisadores, nos últimos anos. A adubação orgânica é de uso restrito em grandes culturas por gerar grandes problemas de execução, principalmente com relação à quantidade e à forma de aplicação ao solo. Entretanto, os resíduos orgânicos podem nutrir equilibradamente as plantas, proporcionando também melhor condicionamento do solo, tornando-o, a longo prazo, menos propenso aos efeitos degradantes do cultivo intensivo (GALVÃO, 1999).

Segundo a Abisolo (2009), o uso de matéria orgânica permite uma racionalização de até um terço na utilização do adubo mineral porque promove um aumento na CTC (Capacidade de Troca Catiônica), ampliando a "caixa do solo", evitando perdas por lixiviação, melhorando a agregação, diminuindo a plasticidade e a coesão, diminuindo a oscilação de temperatura e ajudando na liberação dos nutrientes à planta. Além disso, por ser constituído em sua maioria de resíduos (co-produtos) de origem animal, vegetal e/ou industrial, o adubo orgânico costuma ser de natureza reciclável e pode conter não só macronutrientes primários (nitrogênio, fósforo e potássio), mas também os macronutrientes secundários (cálcio, magnésio e enxofre) e os micronutrientes. Beneficia também os microorganismos do solo, mantendo o solo em perfeito dinamismo.

O aproveitamento de dejetos animais como fertilizantes nas áreas de produção agropecuária é uma alternativa de adubação capaz de reduzir os custos da implantação de lavouras e pastagens e também repor os nutrientes exportados pela colheita ou pastejo (PAULETTI, 2004).

O esterco de galinha pode ser uma alternativa para aquele produtor de subsistência, onde a maior parte da produção é consumida na propriedade. O nível tecnológico é baixo, o tamanho da área destinada à lavoura é pequeno e o investimento baixo (EMBRAPA, 2006).

Segundo Gomes (2005), o composto orgânico produzido a partir de (esterco bovino com restos da cultura do milho), aplicados sob o milho hibrido duplo AG-403 resultou em maior crescimento das plantas linearmente avaliadas sobre o efeito das doses (0, 10, 20 e 40 m3 ha-1).

Já se sabe que a utilização de adubos orgânicos na agricultura traz muitos benefícios, porém quanto à dosagem adequada desses adubos, há falta de trabalhos na cultura do milho com estercos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento e desenvolvimento de plantas de milho durante o ciclo de cultivo da cultura, sob diferentes doses de esterco de galinha.

Material e métodos

O experimento foi desenvolvido na área experimental da Fazenda Escola das Faculdades Anhanguera (FDO), localizada em Dourados-MS nas coordenadas 22º 12" 33"S 54º54"21"O, em solo Latossolo Vermelho Distrófico no período de outubro de 2008 à março de 2009.

A análise da amostra do solo experimental apresentou as seguintes caracterísitcas: pH (H20) = 5,5; Ca = 4,30 cmolc dm-3; Mg = 2,10 cmolc dm-3; K = 0,24 cmolc dm-3; Al = 0,10 cmolc dm-3; P = 9.9 mg dm-3; Soma de Base = 6,64 cmolc dm-3, CTC= 13,5 cmolc dm-3, V (%) = 49.

Os fatores em estudo foram cinco doses de (0; 0,5; 2,5; 5; 10 t ha-1 ) de esterco de galinha, sendo os tratamentos arranjados no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições.

O solo foi preparado de forma convencional com duas gradagens e corrigido com a utilização de 2.268 kg ha-1 de calcário dolomítico com 80% de PRNT aos 63 dias antes da semeadura, sendo a dose calculada para elevar a saturação por bases para 70%.

O milho foi semeado mecanicamente utilizando o espaçamento de 0,9 m entre linhas, com uma densidade de 5,6 sementes por metro linear. As parcelas experimentais foram constituídas por quatro linhas de milho por 5m de comprimento (18 m2), sendo que para a área útil da parcela foram consideradas as duas linhas centrais desprezando se um metro de cada extremidade totalizando uma área útil de 5,4 m2.

A cultivar avaliada foi o híbrido simples AGROESTE® - AS 1548, super precoce (805 graus dia-1), de porte baixo, de grãos longos, semiduros e avermelhados.

As doses de esterco foram aplicadas manualmente de maneira uniforme dentro de cada parcela, foram incorporadas ao solo com uma grade niveladora. O esterco utilizado é referente ao de aves poedeiras com as seguintes características: pH = 6,71; N = 4,34 %; P = 28,50 g kg-1; K = 24,30 g kg-1; Matéria orgânica = 40,9%, Carbono orgânico total = 22,7%.

O controle de plantas invasoras foi realizado com duas capinas manuais com auxilio de enxada, efetuadas aos 20 e 45 dias após a semeadura (DAS). O controle de pragas foi feito com auxílio da bomba costal de 20 l, com uma aplicação de metamidofos (100 ml 100 litros de água ha-1), e uma aplicação de metomil (0,6 l ha-1) efetuados aos 20º e 30º (DAS).

As avaliações iniciaram – se a partir do 15º dias após a emergência (DAE) até 60º (DAE) na qual a cultura estava respectivamente, nos estádios vegetativos (V6, V10, V18) e (R1) na fase reprodutiva. As características avaliadas foram às alturas e os diâmetros do colmo medidos quinzenalmente.

Para fazer a medida da altura foi utilizada uma trena milimetrada medida do nível do solo até a ponta da última folha formada. O diâmetro do caule foi feito com auxílio de paquímetro digital.

A avaliação da área foliar foi feita quando a cultura estava no estádio reprodutivo R4 grão farináceo. As amostras das folhas de plantas de milho foram retiradas ao acaso dentro da área útil, sendo retiradas todas as folhas planta-1, e em seguida, foram submetidas ao aparelho universal (MODEL 3100), para determinação da área foliar em (cm2).

O índice de área foliar (IAF) é definido pela relação da área total foliar por unidade de área explorada pela cultura (PEREIRA & MACHADO, 1987).

Os dados foram analisados de acordo com Banzatto & Kronka (2006). O teste de comparação de médias utilizado foi o teste de Tukey a 5% de significância. Os dados foram apresentados em gráficos com linhas de tendência e análise de regressão usando-se o software desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (SAEG 9.1, 2007).

Resultados e discussão

A altura das plantas de milho avaliadas nas épocas testadas em função de diferentes doses de esterco de galinha poedeira, apresentaram crescimento normal para a cultura (Figura 1). As doses de esterco referentes a (0; 0,5; 2,5; 5; 10 t ha-1) influenciaram de maneira significativa somente aos 30 e 45 DAE.

Aos 30 DAE os melhores índices de crescimento foram obtidos com a dose de 5 e 10 t ha-1, que foi superior a altura encontrada na mesma época pela dose de 0,5 t ha-1. Aos 45 DAE apenas a maior dose diferiu da dose de 0,5 t ha-1.

Assim nas épocas 15 e 60 DAE, não houve diferença significativa entre alturas em função das doses. Resultados parecidos foram encontrados por Gomes (2005) na qual verificou que houve efeito significativo da adubação orgânica (linear) para as doses avaliadas (0; 10; 20 e 40 m3 ha-1) sobre altura de plantas de milho e concluiu que o aumento das doses de adubo orgânico, aumenta a quantidade de nutriente disponível resultando em maior crescimento.

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FIGURA 1. Efeito das doses de esterco de galinha sob a altura de plantas de milho nas épocas de avaliação. FDO/Dourados. 2009.

Na primeira avaliação aos 15 DAE (Figura 1) a cultura se encontrava no estádio V6 não se observou diferenças significativas, provavelmente, no estádio inicial da cultura a eficiência de absorção de nutrientes é menor, as plantas apresentam um sistema radicular pouco desenvolvido. Aos 30 DAE já houve diferenças, devido ao fato de que, entre o estádio anterior e o estádio V10 é alta a exigência de nutrientes pelas plantas de milho, bem como elevada a taxa de crescimento vegetativo da planta (figura 1).

Aos 45 DAE as doses de esterco interferiram significativamente (figura 1), onde as maiores doses de esterco de galinha resultaram em maior quantidade de nutrientes disponível ás plantas, resultando em maior crescimento. Destaca se nesta época de avaliação o aumento do acúmulo de nutrientes no colmo das plantas de milho, obtendo o ponto máximo no diâmetro do colmo com a dose de 10,56 t ha-1 (Figura 2).

O crescimento da planta do milho ocorre apenas na fase vegetativa, quando a cultura entra na fase reprodutiva o crescimento se estabiliza, assim não houve acréscimo significativo na altura de plantas de milho aos 60 DAE (figura 1) com as doses testadas.

O diâmetro do colmo avaliado em função da dose de esterco se comportou de forma semelhante à altura de plantas de milho, obtendo diferença apenas nos mesmos parâmetros citados anteriormente, porém com uma diferença importante na última época de avaliação (Figura 2), que houve diferença significativa apenas entre a maior e menor dose de esterco, mostrando que a reserva obtida no colmo pela maior dose foi significativa no estágio final da planta, o que pode influenciar diretamente como fonte de nutrientes para os drenos, e consequentemente na produção final.

Os resultados obtidos de diâmetro do colmo entre os 45 e 60 DAE apresentam baixo desenvolvimento entre as épocas avaliadas (Figura 2), isto provavelmente aconteceu devido à elongação dos entre nós da planta e, conseqüentemente diminuição do diâmetro.

Em um trabalho desenvolvido por Silva (2007), onde avaliou se o diâmetro do colmo do milho aos 90 DAE, sob diferentes doses de cama de frango (0, 5, 10, 15 Mg ha-1) aplicados no plantio e em cobertura, obteve – se resultados significativos com as maiores doses em relação as menores doses de cama de frango.

Tanto para o diâmetro como para a altura de plantas, a dose 0,5 t ha-1 proporcionou os menores valores em relação à testemunha (ausência de esterco) em todas as épocas. Como foi observada na análise de solo, a área se tratava de um solo muito fértil, que possivelmente a menor dose não foi o suficiente para interferir na qualidade do solo e atribuir a ele algum benefício de imediato. Por outro lado a dose de 10 t ha-1 proporcionou os melhores resultados tanto para altura como para diâmetro em todas as épocas de avaliação.

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FIGURA 2. Efeito das doses de esterco de galinha sob o diâmetro de plantas de milho nas épocas de avaliação. FDO/Dourados. 2009.

Não houve diferenças significativas entre os tratamentos para a área foliar (AF) e índice de área foliar (IAF), o que provavelmente indica que para o desenvolvimento foliar o esterco de galinha não tenha exercido influência (tabela 1).

Os resultados obtidos de índice de área foliar não atingiram o ideal para a cultura do milho, que segundo Moura (2006) o IAF ideal para a cultura do milho está próximo de 5 m2 m2.quando se avaliado no período ideal ou seja no estádio R1.

Segundo Fiorin (2002), a área foliar do milho deve ser avaliada no estádio reprodutivo R1 Pleno florescimento que é o ideal para essa cultura, pois em seu trabalho constatou que a área foliar do milho começa a reduzir a partir dos 76 DAE, assim como as avaliações foram feitas no estádio R4 provavelmente interferiu nos resultados finais, devido à diminuição da área foliar com inicio da senescência das folhas e principalmente pela perda das folhas mais velhas, pois a época escolhida pode ter interferido diretamente no resultado.

Tabela1. Médias da área foliar (AF) e índice da área foliar (IAF) sob efeito de diferentes doses de esterco de galinha avaliados no estádio R4. FDO/Dourados-MS. 2009.

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Médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

Conclusão

A adubação orgânica promoveu um incremento na altura e diâmetro do colmo de plantas de milho com as doses de 10 e 5 t ha-1.

As dosagens de esterco de galinha poedeira não interferiram na área foliar e no índice de área foliar.

Referências bibliográficas

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Autores:

Maicon Jorge Gonçalves dos Santos

Faculdades Anhanguera de Dourados.

jorgeagronomia[arroba]hotmail.com

Victor Hugo Alves Padovezzi

Faculdades Anhanguera de Dourados.

victorpadovezzi[arroba]hotmail.com

Andrez Winter Castilho

Faculdades Anhanguera de Dourados.

andrezwinter[arroba]hotmail.com

Orientadora:

Profª Drª Valdenise Carbonari Barboza

Faculdades Anhanguera de Dourados.

valcarbonari[arroba]hotmail.com

FACULDADES ANHANGUERA DE DOURADOS



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