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Distribuição geográfica de espécies meliponíneas criadas no Rio Grande do norte (página 2)

FRANCISCO DAS CHAGAS MARQUES

2.1.2. Distribuição Geográfica

A subfamília Meliponinae tem centenas de espécies espalhadas por várias regiões do mundo. Este elevado número contrasta com as apenas oito espécies nos Apinae, subfamília à qual pertence à abelha A. melífera Linnaeus. Os atuais meliponíneos formam um grupo mais isolado e mais especializado, cujos indivíduos dependem mais das características climáticas e florísticas da suas respectivas regiões de origem, que os relativamente menos exigentes Apinae. A favor desta hipótese está o fato que das mais de 300 espécies de meliponíneos conhecidas, pelo menos 100 estão em perigo de extinção devido à destruição de seu habitat pelo homem (KERR et al, 1996).

Na América, quando da chegada dos descobridores, não havia A. melífera Linnaeus, a abelha atualmente mais utilizada para produção de mel. Havia, entretanto, muitas espécies de abelhas sociais nativas, conhecidas por abelhas indígenas sem ferrão, pois possuem o ferrão atrofiado, não sendo capaz de picar (as únicas abelhas sociais nativas do Brasil que possuem ferrão desenvolvido são do gênero Bombus, conhecidas popularmente por Mamangavas) (CAMPOS, 1983).

Os meliponíneos ocupam grande parte das regiões de clima tropical do planeta. Ocupam, também, algumas importantes regiões de clima temperado e sub-tropical. Assim, essas abelhas são encontradas na maior parte da América Neotropical, ou seja, na maioria do território latino americano (NOGUEIRA NETO, 1997).

Já existiram abelhas Plebéia sp e Proplebeia (MIRINS) entre 25 e 40 milhões de anos atrás. Seus fósseis foram conservados em âmbar (resina fóssil) e encontrados na atual Republica Dominicana, no Caribe. Houve Trigona na Sicília, há 30 milhões de anos, também encontrada em âmbar (NOGUEIRA-NETO, 1997).

As espécies de abelhas indígenas criadas pelos meliponicultores do município de Jandaira são: rajada (Melipona asilvae Moure), amarela (Frieseomelita doederlini Friese), moça branca (Tetragona varia Lepeletier), cupira (Partamona cupira Smith), mosquito (Plebeia mosquito Smith), e jandaíra (M. subnitida D.), destacando-se como o principal meliponíneo de importância sócio-econômica e cultura do nosso município (SILVA et al., 2004 ).

Em 1980 Oswaldo Lamartine, relata em seu livro, Sertões do Seridó, um levantamento sobre as abelhas indígenas realizado no período de 1958 a 1962, em alguns municípios do sertão do seridó no estado do Rio Grande do Norte como: Acari, Caicó, Carnaúba, Cerro Cora, Cruzeta, Currais Novos, Florânia, Jardim de Piranhas, Jardim dom Seridó, Jucurutu, Ouro Branco, Parelhas, S. Fernando, S. J. Sabugi, São Vicente e Serra Negra .

LAMARTINE 1980, descreve que foram visitados meliponicultores no sertão e seridó. Os principais estão localizados nos municípios de: Santa Luzia – PB; Desterro de Teixeira – PB; Jardim do Seridó – RN e Ouro Branco – RN. Os meliponários da região possuíam entre 08 (oito) e 64 (sessenta e quatro) anos, sendo que um dos meliponicultores utiliza técnicas mais modernas de criação e outros ainda às cultivam em troncos, passados de pai para filho, e entre outros conservavam menos de 07 (sete) colméias em suas propriedades.

Segundo LAMARTINE 1980, as espécies criadas pelos meliponicultores são: canudo (Scaptotrigona sp.), tubiba (Trigona sp.), jati (Tetragonisca sp.), rajada ou cabeça branca (Melipona sp.), moça branca ou amarela (Frieseomellita sp.), breu ou zamboque (Melipona sp.), mandurí (Meliponasp.), cupira (Partamona sp.), mosquito (Plebeia sp.) e jandaíra (Melipona subnitida).

LAMARTINE (1980), listou as espécies indígenas criadas em meliponários na região do Seridó durante o início da segunda metade do século XX, são as seguintes: Amarela (Frisiomelitta varia), Arapuá (Trigona spinipes), Canudo (Lestrimelitta limao), Capuchu (Myschecyttarus ater), Cupira (Partamona cupira), Enxu (Nectarina lecheguana), Enxuí (Polybia sedula), Jandaíra Potiguar (Melipona favosa subnitida Ducke), Jati (Tetragonisca jaty), Mirim ou Remela (Plebeia sp.), Mosquito (Plebeia mosquito), Mumbuca ou Papa-Terra (Cephalotrigona capitata), Rajada (Melipona asilvae), Tataíra ou Caga-Fogo (Oxytrigona tataíra), Tubiba (Scaptotrigona tubiba), Uruçu (Melipona scutelaris), Zamboque (Frieseomelitta sp.)

LAMARTINE (1980) complementa ainda com a hipótese de se identificar alguma espécie de abelha nesta região que ofereça maior compensação. A uruçú, uma das que gozam de melhor conceito, pelas entrevistas realizadas com os mais velhos, concluímos não ser nativa desses sertões. E o seu mel para ali levado, ontem como ainda hoje, é mercadeado do litoral, brejos paraibanos ou do Cariri cearense. Em Barra do Corda – MA, em 1952, ouvimos falar, da boca dos caçadores, de uma abelha rara, bem maior que a européia e produzindo muito mel, ali conhecida como uruçú-boi.

2.1.3.Importância econômica

A comercialização dos produtos dos meliponíneos ainda é pouco utilizada no estado, devido a escassez dos mesmos, a pouca divulgação da existência dos meliponários e a falta de conhecimento do produtor rural com relação ao manejo adequado, principalmente quanto a habilidade da multiplicação de meliponíneos na natureza. Os produtos mais comercializados são: mel, colméias encortiçadas e em troncos, cortiços e cera. Os preços dos produtos variam muito e dependem da qualidade. Esta qualidade está diretamente relacionada com o manejo adequado das colméias. Salienta ainda que o mel das abelhas sem ferrão é muito procurado na região, com preço cinco vezes maior que o mel de Apis mellifera, devido o seu valor medicinal e em épocas de estiagem, a demanda é superior à oferta, o que eleva o preço mais ainda (LAMARTINE, 1980)

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Áreas de estudo

O estudo foi realizado nos municípios do estado do Rio Grande do Norte onde existem maiores concentrações de meliponicultores. Estas regiões apresentam vegetações com remanescentes de matas ciliares, encostas de serras e áreas de transição (ecótono Mata Atlântica/Caatinga) circundando a Chapada do Apodi e o litoral do Rio Grande do Norte. Para identificar e localizar os meliponários foi realizado um censo e aplicado um protocolo de entrevistas semi-estruturadas. Os órgãos SEBRAE, FARN (Federação Apícola do Rio Grande do Norte), imprensa falada e comunicação pessoal também contribuíram na identificação e localização dos meliponários. A Tabela 1 apresenta algumas características dos municípios estudados.

Tabela 1 – Caracterização dos municípios estudados

Mesorregiões

Microrregiões

Municípios

População

Área territorial

N° de

meliponários

Total de

cortiços

Chapada do

Apodí

Caraúbas

17.909

1.095

09

447

G. Dix-Sept

Rosado

12.602

1.129

01

70

 

Mossoró

Areia Branca

23.353

358

03

89

Baraúna

21.084

826

12

254

Grossos

8.852

126

01

72

Mossoró

227.357

2.100

19

1.288

Serra do Mel

8.375

602

22

357

Tibau

3.560

162

07

109

Vale do Açu

Assu

47.904

1.292

01

09

Alto do

Rodrigues

9.885

191

02

82

Médio Oeste

Campo Grande

9.082

897

02

88

 

 

 

 

Angicos

Angicos

11.956

806

01

30

A. Bezerra

10.936

576,25

01

30

Caiçara do

R. do Vento

2.867

281

01

50

Lajes

9.399

666

01

23

Pedro Avelino

8.006

874

02

48

Macau

São B. do

Norte

3.440

289

02

37

Seridó Oriental

Parelhas

19.319

523

01

60

Jardim do

Seridó

12.041

379

01

492

Agreste Potiguar

Riachuelo

5.760

268

01

05

Borborema Potiguar

Lagoa de

Velhos

2.651

112

01

30

Tangará

12.705

357

02

49

 

Baixa Verde

Jandaíra

6.124

426

05

592

João Câmara

29.248

795

02

68

Parazinho

4.325

274

01

86

 

Litoral Nordeste

Pureza

7.011

504

01

49

Macaíba

Ceará-Mirim

65.587

740

01

25

Macaíba

58.405

512

01

127

3.2. Coleta de dados e identificação das espécies

O período da pesquisa compreendeu os meses de janeiro do ano de 2004 a dezembro de 2005. A pesquisa foi dimensionada a 104 meliponicultores nas cidades onde se sabia haver maior concentração de criadores de abelhas indígenas no estado do Rio Grande do Norte. Foram visitados 29 municípios, e identificados 104 meliponários, em 12 microrregiões, nas quatro mesorregiões do território potiguar, sendo contabilizados ao todo 4724 cortiços. A ordem de amostragem de locais e setores de coletas foi de acordo com identificação da presença ou da extração de enxames. A identificação das espécies foi realizada no Laboratório de Entomologia da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA.

4. RESULTADOS E DISCUÇÃO

4.1. Espécies de meliponíneas criadas no estado do Rio Grande do Norte

Foram constatadas sete espécies de abelha sem ferrão criadas em meliponários no estado do Rio Grande do Norte, onde a espécie M. subnitida é a mais comum em todo estado, com uma freqüência de 86%, seguida da espécies P. mosquito com 4,9%, M. asilvae com 4,3% e outras (M. scutellaris, P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) reapresentando 4,8% (Figura 1). Essas mesmas espécies foram observadas por LORENZON et al. (2003) em um estudo realizado na Serra da Capivara /PI.

Figura 1 – Espécies de abelhas indígenas criadas no estado do Rio Grande do Norte.

Observa-se na Figura 2 uma heterogênea distribuição das espécies nas quatro mesorregiões estudadas, onde as espécies M. subnitida e P. mosquito encontram-se melhor distribuídas nas quatro mesorregiões, no entanto, a freqüência da espécie M. subnitida é expressivamente maior. As espécies P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia também foram encontradas em todas as mesorregiões do estado, mas com baixas freqüências. Já as espécies M. scutellaris e M. asilvae não foram encontradas em todas as mesorregiões, onde a primeira não foi constatada nas mesorregiões do Oeste potiguar e do Agreste Potiguar, e a segunda no Leste Potiguar, o que representa um sério problema, pois estas espécies são consideradas viáveis para fins lucrativos e se adaptam bem às condições adversas do meio, além de serem facilmente multiplicadas e comercializadas juntamente com seus produtos e subprodutos (CÂMARA et al., 2004).

Figura 2 – Distribuição das espécies de abelhas indígenas nas mesorregiões do estado do Rio Grande do Norte.

4.2. Mesorregião do Oeste Potiguar

Verificou-se que a espécie M. subnitida predomina nos meliponários da mesorregião do Oeste Potiguar com uma freqüência 97,05%. A espécie P. mosquito foi a segunda mais encontrada, com uma freqüência de 2,20%, seguida por outras espécies (M. asilvae, P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia ) representando apenas 0,75% de freqüência (Figura 3).

Figura 3 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Mesorregião do Oeste Potiguar.

4.2.1.Microrregião da Chapada do Apodi

Na microrregião da Chapada do Apodi foram constatadas apenas as espécies M. subnitida e P. mosquito, com as freqüências 98,8% e 1,2% para as respectivas espécies (Figura 4). No município de Caraúbas a espécie M. subnitida é criada por 98,7% dos meliponicultores, e a espécie P. mosquito por 1,3%. Em Governador Dix-Sept Rosado 100% dos cortiços são constituídos por criações da espécie M. subnitida (Figura 5).

Figura 4 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião da Chapada do Apodi

Figura 5 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião da Chapada do Apodi.

4.2.2.Microrregião de Mossoró

Na microrregião de Mossoró, verificou-se a freqüência de 92,7% para a espécie M. subnitida, 4,3% para P. mosquito, 1,8% para M. asilvae e 1,2% para outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) (Figura 6).

No município de Areia Branca 91% corresponde a frequencia da espécie M. subnitida. A espécie abelha P. mosquito apresentou uma frequencia de 9%. Em Baraúna, 96% corresponde a espécie M. subnitida, seguida por P. mosquito com 2%, e outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) representando 2%. Em Grossos, verificou-se que todos os cortiços encontrados são de criações da espécie M. subnitida. Em Mossoró 93,5% eram de criações da espécie M. subnitida, 3,1% da espécie P. mosquito, 3% refere-se a outras espécies (M. asilvae, P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia). No município de Serra do Mel a espécie M. subnitida representa 85,7%, P. mosquito 10,7%, e outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) representam 3,6%. Com 97% de freqüência, a espécie M. subnitida é a mais criada no município de Tibau, seguida por P. mosquito com 1,5% e outras (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) com 1,5% (Figura 7).

Figura 6 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião de Mossoró.

Figura 7 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião de Mossoró.

4.2.3.Microrregião do Vale do Assú

Na microrregião do Vale do Assú (Figura 8), 96,7% dos meliponários são constituídos por criações da espécie M. subnitida e 3,3% pela espécie P. mosquito. No município do Alto do Rodrigues, 97% das criações são da espécie M. subnitida e 3% da espécie P. mosquito. Em Assu a espécie mais apreciada entre os meliponicultores é a M. subnitida, representando 100% de freqüência (Figura 9).

Figura 8 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião do Vale do Assú.

Figura 9 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião do Vale do Assú.

4.2.4. Microrregião do Médio Oeste

Na microrregião do Médio Oeste, verificou-se que todos os meliponicultores visitados criavam apenas a espécie M. subnitida.

4.3. Mesorregião Central Potiguar

Na mesorregião Central Potiguar (Figura 10), verificou-se que a espécie M. subnitida predomina com 69,80% de freqüência nos meliponários, 9,20% a espécie P. mosquito, 4,9% a espécie M. asilvae, 1% a espécie M. scutellaris, e 15% para outras espécies de (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia).

Figura 10 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Mesorregião Central Potiguar.

4.3.1. Microrregião de Angicos

Verificou-se na microrregião de Angicos que 93,4% dos cortiços encontrados nos meliponários são da espécie M. subnitida, 5,4% corresponde a espécie M. asilvae e 1,2% a espécie P. mosquito (Figura 11). No município de Angicos todos os cortiços verificados são de criações da abelha M. subnitida. O mesmo ocorreu nos municípios de Afonso Bezerra e de Lages. No município de Caiçara do Rio do Vento a espécie M. subnitida representa uma frequencia de 86,2% e M. asilvae corresponde a 18,8%. Em Pedro Avelino 89,6% dos cortiços constituem-se de criações da espécie M. subnitida, 6,2% representa a espécie P. mosquito e 4,2% a espécie M. asilvae (Figura 12).

Figura 11 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião de Angicos.

Figura 12 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião de Angicos.

4.3.2. Microrregião do Seridó Oriental

Na microrregião do Seridó Oriental, 65,2% dos meliponários são constituídos por cortiços da espécie M. subnitida, 9,4% da espécie M. asilvae, 7,2% da espécie P. mosquito, 1,8% da espécie M. scutellaris e 16,4% por outras espécies (Cupira, Moça-branca e Amarela) (Figura 13). No município de Jardim do Seridó, 61% representa a frequência da espécie M. subnitida, 10,6% da espécie M. asilvae, 8,1% da espécie P. mosquito, 2% da espécie M. scutellaris, e 18,3% corresponde a outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp, e F. varia). Constatou-se em Parelhas que todos os cortiços visitados são compostos por criações da espécie M. subnitida. (Figura 14).

Figura 13 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião do Seridó Oriental.

Figura 14 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião do Seridó Oriental.

4.3.3. Microrregião de Macau

Na microrregião de Macau 50,7% dos meliponicultores criam a espécie M. subnitida, 19,2% criam a espécie P. mosquito e 30,1% criam outras espécies (Cupira, Moça-branca e Amarela) (Figura 15), sendo o município de São Bento do Norte o único desta microrregião que apresenta a atividade da meliponicultura.

Figura 15 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião de Macau.

4.4. Mesoregião do Agreste Potiguar

Na mesorregião do Agreste Potiguar a espécie M. subnitida predomina com 87,77% de freqüência nos meliponários, 6,40% é a freqüência da espécie M. asilvae, 2,47% da espécie P. mosquito, e 3,36% para outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) (Figura 16).

Figura 16 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Mesoregião do Agreste Potiguar.

4.4.1. Microrregião do Agreste Potiguar

Na microrregião do Agreste Potiguar 100% dos meliponicultores visitados criam a espécie M. subnitida. Sendo o município de Riachuelo o único desta microrregião onde se encontrou a atividade da meliponicultura.

4.4.2. Microrregião da Borborema Potiguar

Verificou-se na microrregião da Borborema Potiguar que 82,3% dos cortiços encontrados nos meliponários são da espécie M. subnitida, seguido por 7,6% da espécie M. asilvae e 10,1% de outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) (Figura 17). A abelha M. subnitida foi a única espécie encontrada entre as criações de meliponíneos no município de Lagoa de Velhos. Já em Tangará a presença desta espécie caiu para 71,4%, seguido por 12,3% da abelha M. asilvae e 16,3% de outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) (Figura 18).

Figura 17 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião da Borborema Potiguar.

Figura 18 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião da Borborema Potiguar.

4.4.3. Microrregião da Baixa Verde

Na microrregião da Baixa Verde 81% dos meliponários são constituídos por criações da espécie M. subnitida, 11,6% da M. asilvae e 7,4% da espécie P. mosquito (Figura 19). No municpío de Jandaíra a frequência da espécie M. subnitida foi de 80%, seguida da espécie M. asilvae com 13% e da P. mosquito com 7%. Em João Câmara, observou-se que 73,5% dos cortiços encontrados eram constutuidos por criações da espécie M. subnitida, seguido por 14,7% da espécie M. Asilvae e 11,8% da espécie P. mosquito. O município de Parazinho apresentou uma frequencia de 93% da espécie M. Subnitida e 7% da espécie P. mosquito (Figura 20).

Figura 19 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião da Baixa Verde.

Figura 20 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião da Baixa Verde.

4.5. Mesorregião do Leste Potiguar

Na mesorregião do Leste Potiguar, verificou-se que a espécie M. subnitida predomina com 69,90% de freqüência nos meliponários, 17,1% é a freqüência da espécie M. scutelaris, 8,05% da espécie P. mosquito e 4,95% de outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) (Figura 21).

Figura 21 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Mesorregião do Leste Potiguar.

4.5.1. Microrregião do Litoral Nordeste

Na microrregião do Litoral Nordeste 91,8% dos cortiços pertencem a especie M. Subnitida e 8,2% pertence a espécie P. mosquito (Figura 22), sendo o município de Pureza o único desta microrregião onde se encontrou a atividade da meliponicultura.

Figura 22 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião do Litoral Nordeste.

4.5.2. Microrregião de Macaíba

Na microrregião de Macaíba verificou-se que 48% dos meliponários são compostos por cortiços da espécie M. subnitida, 34,2% da espécie M. scutelaris, 7,9% da espécie P. mosquito e 9,9% criam outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) (Figura 23).

Figura 23 – Espécies de abelhas indígenas criadas na Microrregião de Macaíba.

Em Ceará-Mirim, verificou-se que 52% dos cortiços contabilizados eram constituidos pela espécie M. subnitida e 48% pela espécei P. mosquito. No município de Macaíba 47,2% das criações pertencem a espécie M. subnitida, 40,9% a espécie M. scutelaris e 11,9% pertencem a outras espécies (P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia) (Figura 24).

Figura 24 – Espécies de abelhas indígenas criadas nos municípios da Microrregião de Macaíba.

Entre as principais causas apontadas como responsáveis pelo desaparecimento de algumas espécies em determinadas regiões do estado estão a atividade de trabalhadores meleiros, derrubada de árvores, agressividade e competitividade das abelhas A. melífera.

A derrubada de árvores como imburana (Amburana Cearensis) e catingueira (Caesalpinea pyramidalis) costuma ser utilizada em fornos de padarias e na obtenção térmica da cal virgem (óxido de cálcio). A atividade dos meleiros também pode ser citada, uma vez que estes, ao extrair o mel na mata, deixam a família dos meliponídeos expostas ao ataque de predadores e vulneráveis ao ataque de inimigos. Com relação às abelhas africanizadas Apis melífera associa-se à sua agressividade, pois estas podem invadir e pilhar as famílias de espécies como M. subnitida. Além disso, a desproporcionalidade na quantidade de indivíduos das famílias dos dois gêneros de abelhas, torna o forrageamento competitivo a um nível que pode levar às famílias menos populosas à sucumbir por falta de alimento, levando ainda em consideração que as abelhas indígenas sem ferrão tem o hábito de freqüentar flores de plantas que apresentem teores de açúcares condizentes com suas exigências, sendo que as mesmas eliminam a possibilidade de visitarem plantas com néctares que possuam em sua composição menos de 25% de açúcares, enquanto que as abelhas do gênero Apis apresentam amplo cardápio no forrageamento, visitando tanto flores visitadas por meliponíneos como não.

Dessa forma, torna-se necessário implementar trabalhos educativos junto aos meleiros para que os mesmos adquiram métodos mais racionais para a colheita do mel na sua forma silvestre, bem como ensinar o hábito de criação e de multiplicação das famílias desses meliponíneos. Devem-se fazer esforços no sentido de se substituir os fornos tradicionais como os utilizados em padarias, que utilizam madeira de imburana e catingueira, por fornos a gás. Os estudos de novos métodos químicos de obtenção do óxido de cálcio, também devem ser mais explorados para substituir o método térmico. A instrução dos meliponicultores e meleiros devem incluir, como preservar a abelha no semi-árido, adequadas de técnicas de manejo, implantação de cursos de extensão sobre educação ambiental e cuidados específicos, como manterem certa distância entre colméias de abelhas sem ferrão e abelhas do gênero Apis.

4. CONCLUSÕES

• Foram constatadas sete espécies de abelha sem ferrão criadas nos meliponários do estado do Rio Grande do Norte: M. subnitida, P. mosquito, M. asilvae, M. scutellaris, P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia;

• Constatou-se uma heterogênea distribuição das espécies nas quatro mesorregiões estudadas, onde as espécies M. subnitida e P. mosquito encontram-se melhor distribuídas ns quatro mesorregiões, no entanto, a freqüência da espécie M. subnitida é expressivamente maior.

• As espécies P. cupira, Frieseomelitta spp e F. varia foram encontradas em todas as mesorregiões do estado, mas com baixas freqüências;

• As espécies M. scutellaris e M. asilvae não foram encontradas em todas as mesorregiões, onde a primeira não foi constatada nas mesorregiões do Oeste potiguar e do Agreste Potiguar, e a segunda no Leste Potiguar.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Dados do Autor:

Daniel Santiago Pereira

daniel[arroba]fgduque.org.br

Possui curso Técnico em Agropecuária pela Escola Agrotécnica Federal de Iguatu-CE, graduação em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Semi Árido (2006 . Atualmente é Funcionário da Fundação Guimarães Duque, e recentemente ingressou no curso de mestrado em Ciência Animal UFERSA (2007). Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Instalações para Produção Animal, atuando principalmente nos seguintes temas: meliponicultura, polinização, Melipona subnitida, Cucumis melo e meloeiro.

ORIENTADOR: Prof. D. Sc. Patricio Borges Maracaja

UFERSA – Mossoró – RN – Brasil

Prof. D. Sc. Patrício Borges Maracajá

patricio[arroba]ufersa.edu.br

Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Ciências Vegetais para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

Orientador: Prof. D. Sc. Patrício Borges Maracajá, UFERSA – Rio Grande do Norte - Brasil

Mossoró-RN

2006



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