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Educação ambiental nas séries iniciais do ensino fundamental: estratégias para o envolvimento dos alunos (página 2)


O estudo vem proporcionar à pesquisadora uma nova percepção o tema, por intermédio de análises, questionamentos e conclusões, que venham garantir o respeito aos recursos naturais, às diversidades culturais, regionais, políticas, além de que a educação possa atuar, de forma decisiva, no processo de construção da cidadania, desde as séries iniciais.

O tema aborda as séries iniciais num contexto geral, tendo como agente a criança, principal envolvida e influenciada pela ocorrência, além de contar com a participação do professor, colaborador no processo ensino-aprendizagem, onde a Educação Ambiental torna o cenário da alfabetização construtora e formadora da personalidade humana.

Sua função é concentrar a atenção de alunos, pais de alunos, professores, equipe escolar e pessoas da comunidade para a questão ambiental, uma vez que a temática evidencia as inter-relações e a interdependência dos elementos da natureza na constituição e na manutenção da vida no planeta.

Para tanto, a consulta a referenciais teóricos foi relevante, uma vez que se pretendeu fundamentar as ocorrências utilizando-se de materiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997). Além disso, foram utilizados obras e materiais diversos que abordavam o objetivo proposto, recorrendo a bibliotecas e centros de pesquisa variados; a Internet também foi importante aliada para tornar a pesquisa atualizada.

O estudo, de natureza qualitativa, constitui-se de uma revisão de literatura; para tanto, inicialmente torna-se necessário recorrer aos conhecimentos previamente adquiridos pela pesquisadora no curso de pós-graduação, além de anotações específicas ao tema.

Para realizar a referida pesquisa, tornou-se preciso utilizar diferentes ferramentas, como anotações, grifos, resenhas, resumos de livros, ilustrações. Quanto aos bancos de dados, devem ser utilizados site de pesquisas como Google, Wikipédia, SCIELO (Scientific Eletronic Library on line), utilizando como palavras-chave: Educação ambiental, séries iniciais, Ensino Fundamental, Educação; além disso, utilizou-se sites de instituições escolares, com o intuito de ilustrar a pesquisa.

A utilização destas fontes ocorreu seguindo uma linha comum de raciocínio, utilizando-os através de citações diretas, indiretas, ou simplesmente como fonte de dados, mediante o enriquecimento das informações.

Quanto à fundamentação teórica elaborada com os referenciais acima expostos, buscou-se abordar as concepções acerca da alfabetização e da Educação Ambiental, evidenciando sua história e seus paradigmas na rotina de sala de aula. Através das observações, foi possível analisar o contexto, problematizando-o e filtrando as informações pertinentes ao propósito do trabalho.

CAPÍTULO 1

AS QUESTÕES AMBIENTAIS E A QUEBRA DE PARADIGMAS

O desenvolvimento sustentável refere-se à retirada da natureza do máximo de recursos, com o mínimo de degradação, para que as gerações futuras não sofram privações, revertendo a lógica auto-destruidora do atual modelo de desenvolvimento econômico poluidor.

A Carta de Belgrado (1975) destaca que contemporaneamente é possível verificar "um crescimento econômico e um processo tecnológico sem precedentes, os quais, ao tempo em que trouxeram benefícios para muitas pessoas, produziram também sérias consequências ambientais e sociais". Em razão disso, o documento aponta a grande desigualdade que vem se evidenciando, o que tem resultado em "crescente deterioração do ambiente físico numa escala mundial. Essas condições, embora primariamente causadas por número pequeno de países, afetam toda humanidade".

Em 27 de abril de 1999, publicou-se a Lei n. 9.795, a qual dispõe sobre a Educação Ambiental, assim como passou a instituir a Política Nacional de Educação Ambiental.

As mudanças de tendência destacadas acima são reflexos da constante degradação sofrida pelo meio ambiente, assim como a mudança de postura do cidadão frente ao quadro, o qual tem procurado reverter a situação, assim como tem buscado o uso sustentável dos recursos naturais.

É interessante destacar que em séculos anteriores a sociedade conseguiu significativos avanços em termos de tecnologia, refletindo grande progresso em termos de conforto, desenvolvimento na produção e disseminação de ideias e informações, mas que custaram à natureza cenas de degradação e descaso.

Desta forma, frente a este contexto de degradação, muitos cidadãos têm tomado consciência da necessidade de reversão do quadro. Desde a década de 1970 vem se configurando uma crise ambiental mundial, a qual não se refere somente à poluição de áreas isoladas, mas de uma real ameaça à biosfera.

O crescimento no número de usinas nucleares destaca o problema do escape de radioatividade para o meio ambiente, colocando a questão do que fazer com o perigoso lixo atômico; o acúmulo de gás carbônico na atmosfera tornou-se um risco aos seres vivos, na medida em que ocasiona o crescimento do efeito estufa, elevando as médias térmicas da maior parte dos climas do planeta, como se verifica em Smolka (1996).

Muitos outros problemas ambientais podem ser destacados, como, por exemplo, a contaminação de alimentos por produtos químicos nocivos à saúde humana, como agrotóxicos, hormônios e adubos químicos. Pode-se acrescentar, ainda, a crescente poluição das águas dos rios, mares e oceanos, assim como o avanço da desertificação, o desmatamento acelerado de grandes reservas florestais, a extinção de espécies vegetais e animais.

Contra essas ações vem cada vez mais se fortalecendo a consciência ambiental, em maior ou menor grau de acordo com a região, mas que se torna um imperativo à própria sobrevivência da vida no planeta, que busca modificar o relacionamento do homem com a natureza. Gradativamente a natureza deixa de ser vista como mero recurso inerte, passando a ser encarada como um conjunto vivo, do qual todos fazem parte e com o qual se tem que procurar viver em harmonia, ideias estas compartilhadas por Unger (1991).

A crise ambiental vem suscitando mudanças em todas as esferas, entre elas a política, uma vez que não somente as preocupações ecológicas cresceram de maneira significativa nos debates e nos programas de políticos e partidos, como também, novas propostas surgiram, como se compartilha com Trindade (1990).

Até meados de 1960 raramente um partido político tinha alguma preocupação com a natureza, em qualquer parte do mundo; atualmente o tema ganha destaque nos programas, nas promessas eleitorais, nos discursos e na ação de diversos partidos. Multiplicaram-se os ecologistas, as organizações e os movimentos ecológicos, assim como os partidos denominados "verdes", os quais defendem a política voltada para a relação entre a sociedade e a natureza.

Nessa lógica, a Carta de Belgrado (1975) é enfática em apontar a necessidade "de uma nova ética global [...] que promova atitudes e comportamentos para os indivíduos e sociedades, que sejam consonantes com o lugar da humanidade dentro da biosfera", destacando ainda "que reconheça e responda com sensibilidade às complexas e dinâmicas relações entre a humanidade e a natureza, e entre os povos". Complementa as afirmações apontando à necessidade de importantes mudanças em todo o mundo, "para assegurar o tipo de desenvolvimento racional que será orientado por esta nova ideia global [...] direcionadas para uma distribuição equitativa dos recursos da Terra e atender mais às necessidades dos povos".

Observa-se na dinâmica que, por muito tempo, tinha-se a idéia de que os recursos naturais eram infindáveis e que a natureza fosse infinita, acreditando que o homem poderia usar os recursos naturais como petróleo, manganês, ferro, carvão, água, urânio, sem problemas ou preocupações. Essa crença existia, pois se achava que sempre haveria novo espaço a ser ocupado, novo recurso a ser explorado ou descoberto, e a natureza era vista como mero recurso para a economia.

Atualmente o ser humano tem conhecimento de que a natureza possibilita a manutenção da vida e fornece bens utilizados por todos, sendo alguns renováveis e outros não, mas que não são infinitos, possuindo limites e que, apesar de amplos, em algumas situações já começam a ser atingidos pela destruidora ação humana. Não há espaço, atmosfera, água, ferro, petróleo, cobre, para um progresso ilimitado ou infinito. É necessário, desta forma, que se repense o modo de vida, o consumo, a produção voltada exclusivamente para o lucro e sem nenhuma preocupação com o futuro do meio ambiente.

Nesta ótica, notam-se os conflitos ambientais, os quais podem ser explícitos ou implícitos, onde os implícitos são aqueles em que as comunidades são atingidas por um processo de degradação ambiental do qual não têm consciência. Em certos casos, mesmo havendo consciência, as comunidades podem não associar a degradação ambiental às práticas de agentes sociais determinados (FOLETO; MEIER, 2005). A falta de conscientização em relação à ocorrência de processos de degradação ambiental pode resultar tanto de caráter não-aparente de certas transformações ecológicas como de sua atribuição a fenômenos naturais espontâneos.

Na dinâmica da preocupação ambiental é interessante destacar a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, conhecida como Rio 92, a qual foi a maior reunião de estadistas da história da humanidade, onde cerca de cento e dezessete governantes de países de todo o mundo estiveram presentes no Rio de Janeiro para discutir o novo padrão de sustentabilidade. As Organizações Não-Governamentais (ONGs) participaram da conferência, presentes nos principais encontros, como a reunião de chefes de Estado, Cúpula da Terra, e o Fórum Global, promovido pelas ONGs.

Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) realizada no Rio de Janeiro em 1992, cento e setenta países, entre eles o Brasil, representando mais de 98% da população da Terra, decidiram firmar o compromisso de promover o desenvolvimento sustentável no século XXI, identificando ações combinadas de proteção ao meio ambiente com desenvolvimento, objetivando alcançar a melhoria da qualidade de vida da população. É importante destacar que, por desenvolvimento sustentável entende-se garantir a qualidade de vida das gerações futuras por meio da utilização racional dos recursos existentes atualmente.

Desse compromisso surgiu um documento, a Agenda 21, conhecida como o "documento da esperança", dividida em quatro seções que abordam aspectos sociais e econômicos, conservação e administração de recursos, fortalecimento dos grupos sociais, meios de implementação. Cada seção é divida em capítulos, os quais incluem temas e áreas de programas descritos em termos de bases para a ação, objetivos, atividades e meios de implementação.

Berna (2004, p. 83) destaca o encontro realizado pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em 22 de dezembro de 1989, "para elaborar estratégias que interrompessem e revertessem os efeitos da degradação ambiental". Apresenta, também a Agenda 21, "adotada pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no dia 14 de junho de 1992", como "resposta da comunidade internacional àquela convocação".

As propostas do documento indicam como condição primordial a participação de toda a sociedade, a vontade política, assim como a educação, a qual precisa permear o processo.

Em seu primeiro capítulo (BRASIL, 1992) é possível identificar sua preocupação "para os problemas prementes de hoje e tem por objetivo preparar o mundo para os desafios do próximo século".

Caso se integrem às preocupações relativas ao meio ambiente e desenvolvimento e a elas se dedique mais atenção, será possível satisfazer as necessidades básicas, elevar o nível de vida de todos, obter ecossistemas mais bem protegidos e gerenciados e construir um futuro mais próspero e seguro. (BRASIL, 1992, Capítulo 1).

É fundamental destacar que a Agenda 21 não propõe soluções aos problemas que atingem a humanidade, mas introduz a discussão sobre uma série de ações, assim como identifica e implementa soluções em todas as esferas, sendo elas local, regional e global. Ela reflete um compromisso político, objetivando uma nova associação mundial na busca do desenvolvimento e cooperação ambiental de responsabilidade dos governos, que para ser alcançado devem propor políticas e utilizar estratégias que contem com apoio em todas as esferas, com a participação popular e envolvimento ativo das organizações não-governamentais.

É um projeto audacioso, uma vez que visa promover, em escala mundial, o crescimento econômico sem abrir mão do desenvolvimento sustentável. Para isso, estabelece protocolos de intenções e ações para o ser humano do novo milênio, envolvendo variados temas, os quais vão da energia nuclear ao desmatamento, assim como questões éticas; bem definida, encoraja discussões sobre descobertas no setor ambiental, na área econômica, tecnologia e globalização.

A realidade brasileira quanto à preocupação ambiental é reflexo de um contexto ao longo das décadas, consolidando-se com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992. Sob o aspecto legal, ocorreram no país significativas mudanças no que se referem às áreas protegidas, com a promulgação da Constituição de 1988, quando, pela primeira vez, as unidades de conservação foram citadas em um texto constitucional. Estabeleceu-se, pelo documento, a obrigação do Estado no que se refere à proteção da biodiversidade nacional, e que essa proteção deve ocorrer mediante a criação de áreas protegidas ao longo de todo o território brasileiro. A Carta Magna aborda que estas áreas somente poderão ser modificadas, suprimidas ou diminuídas através de lei, tornando-se um significativo reforço ao programa de unidades de conservação brasileiro.

Além disso, em seu artigo 228, dispõe sobre o direito de todos a um "meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida", destacando o papel do Poder Público em defendê-lo, assim como "à coletividade o de preservá-lo para presentes e futuras gerações".

Ainda sob o ponto de vista legal, é relevante destacar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), o qual se trata de um projeto proposto por especialistas do setor, cujo objetivo é organizar, em nível nacional, a classificação e a nomenclatura das áreas protegidas, para que componham um conjunto eficiente e coerente, que atenda a todos os objetivos que devem cumprir. Segundo a Lei n. 9.985, de 18 de julho de 2000: "esta lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação".

O projeto baseia-se nas categorias de áreas de proteção da natureza da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN), que é a classificação mais amplamente aceita e consolidada em nível internacional. Faz parte do sistema proposto a avaliação permanente do estado de implantação e conservação das áreas protegidas, corrigindo, assim, um dos principais problemas das mesmas, que consiste no fato de que a maioria não foi realmente efetivada, existindo apenas por determinação legal.

Outro aspecto relevante do SNUC é a avaliação das áreas, regiões e ecossistemas do país, os quais estão suficientemente protegidos e os que necessitam, com mais urgência, da criação de novas unidades para garantir a sua proteção. Atualmente a Mata Atlântica conta com mais de duzentas e cinquenta áreas protegidas oficialmente, enquanto o semi-árido brasileiro dispõe de pouco mais de uma dezena. Esses dois ecossistemas precisam de mais áreas protegidas, mas o segundo requer um esforço de curto prazo maior (ZIGNANI, 2005). Além dessas categorias do SNUC, existem também mais algumas formas de conservação da natureza, como as áreas naturais tombadas e outras áreas protegidas, que merecem mais atenção.

Em Smolka (1996, p. 16) é possível verificar que "decisões quanto ao ambiente construído, tomadas em um passado irrevogável, constrangem o presente, e nem sempre podem ser resolvidas rapidamente", onde o autor complementa que "essas decisões correntes são marcadas pelas incertezas quanto ao seu impacto futuro".

O sistema de unidades de conservação brasileiro constitui um conjunto significativo, de grande valor cultural, econômico e científico, incluindo variadas modalidades de áreas protegidas, abrigando uma expressiva quantidade de paisagens de beleza indescritível. Contudo, apesar de seu significado, por ser um dos sistemas de proteção mais importantes do planeta, está sempre necessitando de reforço. A cooperação internacional tem colaborado de forma crescente para a consolidação deste sistema. Segundo Zignani (2005), a opinião pública brasileira, as autoridades e a sociedade civil, através das organizações ambientalistas não governamentais, têm dado apoio cada vez mais significativo a ele. Mesmo assim, maiores esforços e maior prioridade, em nível nacional e externo, são necessários para garantir a sobrevivência de algumas das paisagens mais espetaculares com que a natureza enaltece o ser humano.

Tundisi (2003, p. 105) destaca que, "do ponto de vista de planejamento e gerenciamento", torna-se relevante "considerar a mudança de paradigma de um sistema setorial, local e de resposta a crises para um sistema integrado, preditivo e em nível de ecossistema".

De acordo com esses pressupostos, o capítulo seguinte aborda a questão da Educação Ambiental, na medida em que parte de um microcosmo de responsabilidade escolar, passível de comprometimento na formação de cidadãos participantes e preocupados com a preservação dos recursos disponíveis, ressaltando o papel de todos nas ações positivas que trazem reflexos ao planeta como um todo.

CAPÍTULO 2

A INSTITUIÇAO ESCOLAR NA PRESERVAÇAO AMBIENTAL

Abordar a Educação Ambiental é tratar da educação dando-lhe uma nova dimensão, contextualizada e adaptada à realidade interdisciplinar, vinculada aos temas ambientais e globais. A partir da problemática ambiental desencadeada na rotina dos indivíduos, nos grupos sociais e espaços de convivência, processa-se uma consciência ecológica com vistas à mudança de mentalidade.

Compartilhando dos estudos de Santos e Sato (2001), verifica-se que a vida cotidiana torna-se um lugar que dá sentido à Pedagogia, uma vez que a condição humana passa de maneira inexorável por ela; a ecopedagogia, por sua vez, implica em mudança na mentalidade tanto em relação à qualidade de vida quanto ao meio ambiente, estando diretamente ligada ao tipo de convivência mantido entre os seres humanos e a natureza.

Em razão dos grandes impactos naturais, como destacado no capítulo anterior, a Educação Ambiental tem por desafio oportunizar o aprimoramento das relações homem-natureza, conscientizando a sociedade da maneira que esta se apropria da natureza, a qual gera reflexos de ordem social, cultural, histórico e econômico.

É fundamental frisar que, apesar das muitas ações em prol do meio ambiente, na prática muito ainda tem que ser feito, sobretudo quanto às políticas nas esferas políticas. Torna-se necessário refletir sobre a busca de um modelo de desenvolvimento, utilizando os instrumentos que contribuem para o planejamento e ações, apoiando-se sempre na legislação pertinente.

A Lei n. 9.795, em seu capítulo I, artigo 3º (BRASIL, 1999) apresenta que todos, sem exceção, têm direito à educação ambiental, incumbindo:

I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem;

[...] IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;

[...] VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.

Nota-se a existência de diversos instrumentos para que ações efetivas sejam realizadas, minimizando os impactos causados pela ação do homem e, desta forma, possibilitar melhor relação deste com a natureza. Para tanto, a instituição de ensino tem relevante contribuição, onde os educadores devem fortalecer o papel estratégico na formação de crianças conscientes, desde as séries iniciais do Ensino Fundamental, incorporando valores humanistas e ambientais.

Como destacam os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 23), "fica evidente a importância de se educar os futuros cidadãos brasileiros para que, como empreendedores, venham a agir de modo responsável e com sensibilidade", ressaltando a necessidade de que estes conservem o ambiente de maneira saudável "no presente e para o futuro". Além disso, os documentos do Governo Federal apresentam a necessidade de que estes educandos devam ser "participantes do governo ou da sociedade civil", cumprindo suas obrigações, exigindo e respeitando tanto seus direitos quanto da comunidade local e internacional, "e, como pessoas, encontrem acolhida para ampliar a qualidade de suas relações intra e interpessoais com o ambiente tanto físico quanto social".

O desafio da Educação da geração contemporânea é fornecer respostas aos problemas do cotidiano, sugerindo como resultado ações práticas para a formação do cidadão ativo na sociedade e não mero decorador de manuais teóricos, como adotado pelo ensino tradicional; o aluno precisa estar envolvido com o fenômeno educativo e com o desenvolvimento histórico e social do homem, envolvendo, na rotina de sala de aula, as questões ambientais, ideias estas verificadas em BERNA (2004).

Temas como sustentabilidade e preservação ambiental relacionam-se à consciência ecológica, e esta nos remete à Educação; eles devem integrar-se ao princípio interdisciplinar orientador da instituição escolar, ao planejamento, aos sistemas de ensino, assim como aos projetos político-pedagógicos, onde os objetivos e conteúdos curriculares precisam ser significativos para que o educando conscientize-se de seu papel no contexto, desde as séries iniciais do Ensino Fundamental, como pode ser observado nos exemplos de projetos ambientais destacados no próximo capítulo.

A educação para a cidadania tem por finalidade a construção de uma cultura da vida, da convivência harmônica das relações entre os seres. Em Brasil (1997, p. 32) nota-se que "um dos valores que passa a ser reconhecido como essencial para a sustentabilidade da vida na Terra é o da conservação da diversidade biológica (biodiversidade)". Na dinâmica, "para a sustentabilidade social, reconhece-se a importância da diversidade dos tipos de sociedades, de culturas (sociodiversidade)".

Existe um consenso entre a comunidade ligada aos setores educacionais de que a Educação Ambiental torna-se fundamental para que se alcance o ideal da sociedade sustentável, uma vez que se reconhece que a difusão da temática em diferentes movimentos sociais se dá pela incorporação de propostas no ambiente associado à ciência, tecnologia e sociedade no âmbito escolar. Nesse sentido, a preparação de professores com competência para atuarem como agentes de mudança torna-se prioritária, sendo que estes devem atuar com os alunos desde as séries iniciais do Ensino Fundamental, para que a Educação Ambiental seja incorporada ao indivíduo durante o processo de formação de sua personalidade. Existe também um amplo entendimento de que tal formação é complexa face ao conhecimento, atitudes e habilidades exigidos para se alcançar a variedade de objetivos e metas da Educação Ambiental.

A Lei n. 9.795, em artigo 8º, destaca que:

As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas:

I - capacitação de recursos humanos;

II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;

III - produção e divulgação de material educativo;

IV - acompanhamento e avaliação.

Contudo, entre os diversos obstáculos observados na adoção de mudanças na prática escolar, predomina a idéia de que Educação Ambiental é tema apenas para aulas de Ciências e Biologia, assim como ela só é possível entre alunos de ciclos como Ensino Fundamental II e Ensino Médio; além disso, destaca-se a idéia da limitação decorrente dos aspectos estruturais, como falta de recursos específicos, tempo para preparação de propostas; supervalorização da transmissão de informações; políticas institucionais contrárias a um trabalho orientado para mudança de valores e atitudes diante da realidade.

Ao contrário, a temática deve emergir como uma possibilidade de engajamento dos agentes escolares, como professores e alunos, em situações de ensino-aprendizagem, nas quais a problematização é facilmente atingida quando direta e indiretamente todos agem de maneira ativa.

O contexto contemporâneo tem mostrando uma nova realidade; mudanças e acontecimentos marcantes fazem parte da rotina da população, sendo possível notar que a escola tem deixado de ser apenas o lugar onde os indivíduos aprendem ler e escrever, tornando-se um lugar onde se lê e se escreve o mundo, desde criança. A escola realmente está interessada em formar cidadãos que enxergam a realidade a sua volta, preocupam-se com ela e trabalham no sentido de transformá-la.

O grande desafio da sociedade da informação é como organizá-la, devendo encontrar critérios capazes de viabilizar sua organização e que permitam torná-la disponível quando necessária, sendo fundamental estimular uma saudável relação emocional tanto quanto racional com as informações, como se verifica em Alves (1995).

A Educação Ambiental define-se como uma dimensão dada ao conteúdo e à Prática da Educação, orientada para a solução de problemas concretos do meio ambiente, mediante enfoque interdisciplinar, além da participação ativa e responsável dos indivíduos e da coletividade. Segundo Foleto; Meier (2005, p. 4), torna-se um processo de "formação e informação, orientado para o desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais e de atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental".

Baseando-se nos PCNs (BRASIL, 1997, p. 33) verifica-se que "tratar a questão ambiental [...] abrange toda a complexidade da ação humana", onde os documentos ressaltam que "se quanto às disciplinas do conhecimento ela é um tema transversal e interdisciplinar, nos setores de atuação da esfera pública ela só se consolida numa atuação do sistema como um todo". Para tanto, é fundamental permitir a compreensão do meio ambiente, interpretando a interdependência entre os diversos elementos, utilizando racionalmente os recursos disponíveis na satisfação da sociedade, no presente e no futuro.

Analisando a Agenda 21, em seu capítulo 36 (BRASIL, 1992), é possível verificar a definição de Educação Ambiental, a qual é entendida como "o processo que busca desenvolver uma população que seja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhe são associados"; garante que essa população "tenha conhecimentos, habilidades, atitudes, motivações e compromissos para trabalhar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção dos novos".

A Educação Ambiental deve ser um processo de formação dinâmico, participativo e permanente, onde os indivíduos envolvidos tornem-se agentes transformadores, participando de maneira ativa tanto do diagnóstico dos problemas quanto da busca de alternativas e da implementação de soluções (BERNA, 2004).

Em Brasil (1997, p. 36) identificar a Ecologia como "o principal referencial teórico para os estudos ambientais". Quanto a sua definição ampla, ela "estuda as relações de interdependência entre os organismos vivos e destes com os componentes sem vida do espaço que habitam, resultando em um sistema aberto denominado ecossistema".

Ainda segundo os documentos, verifica-se que "tais relações são enfocadas nos estudos das cadeias e teias alimentares, dos níveis tróficos [...], do ciclo dos materiais e fluxo de energia, da dinâmica das populações, do desenvolvimento e evolução dos ecossistemas".

Apesar de entraves e dificuldades, como destacado anteriormente, a Educação Ambiental torna-se o elo mediador entre os anseios da sociedade e as políticas governamentais. Para tanto, sua prática precisa contar com a participação dos diversos segmentos da sociedade interessados na formulação, execução e avaliação das ações educativas, garantindo a transparência dos atos governamentais e mantendo condições institucionais compatíveis que permitam o acesso da sociedade às informações sobre questões que permeiam e perpassam os temas ambientais.

Diante do fato de que o planeta é um sistema finito, como anteriormente destacado, é fundamental considerar que os princípios de preservação, renovação e recuperação dos recursos com ênfase na biodiversidade, devem fazer parte do individual e do coletivo. É vital que os cidadãos insistam a favor de medidas que proporcionem crescimento econômico sem trazer prejuízos ao ambiente e às outras pessoas, não diminuindo as condições de vida e de qualidade do meio ambiente. Diante deste contexto, os meios de comunicação têm desempenhado importante papel no que se refere à defesa dos recursos naturais, apesar de certos antagonismos.

O rádio, a televisão e a imprensa, por outro lado, constituem a grande fonte de informações que a maioria das crianças e das famílias possui sobre o meio ambiente. Embora muitas vezes aborde o assunto de forma superficial ou equivocada, a mídia vem tratando de questões ambientais. Notícias de TV e de rádio, de jornais e revistas, programas especiais tratando de questões relacionadas ao meio ambiente têm sido cada vez mais freqüentes. Paralelamente, existe o discurso veiculado pelos mesmos meios de comunicação que propõe uma idéia de desenvolvimento que não raro conflita com a idéia de respeito ao meio ambiente. São propostos e estimulados valores insustentáveis de consumismo, desperdício, violência, egoísmo, desrespeito, preconceito, irresponsabilidade e tantos outros. (BRASIL, 1997, p. 25).

Desta forma, para se alcançar um nível de desenvolvimento sustentável, é fundamental conciliar o crescimento econômico da sociedade e as modalidades de intervenção, com a proteção ambiental e a justiça social, tanto no nível nacional, como nas relações internacionais.

Cidadania relaciona-se com a conquista de qualidade de vida que preserve a dignidade da vida humana, a natureza e o meio ambiente, buscando justiça na distribuição e utilização da riqueza, condição para um melhor desenvolvimento da potencialidade e capacidade humanas. Formar o cidadão é formar o indivíduo capaz de partilhar a sociedade, suprindo suas necessidades e contribuindo para a construção de uma ordem social justa.

A implementação de uma política educacional orientada para a formação da cidadania supõe mais do que uma dimensão instrumental, de previsão e destinação de recursos para viabilizar ações concretas. Implica considerar, ainda, uma importante dimensão cultural, para que se garanta na escola o acesso ao conhecimento, aos valores relevantes e básicos numa organização democrática.

A escola é uma instituição da sociedade na qual o ser atua efetivamente como sujeito individual e social; um espaço concreto fundamental para a formação de significados para o exercício da cidadania.

Como destacam os PCNs (BRASIL, 1997, p. 35), "a opção pelo trabalho com o tema Meio Ambiente traz a necessidade de aquisição de conhecimento e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um trabalho adequado junto dos alunos". Os documentos oficiais destacam ainda que, "pela própria natureza da questão ambiental, a aquisição de informações sobre o tema é uma necessidade constante para todos", na medida em não significa afirmar que os professores devam "saber tudo" para desenvolverem "um trabalho junto dos alunos, mas sim que deverão se dispor a aprender sobre o assunto e, mais do que isso, transmitir aos seus alunos a noção de que o processo de construção e de produção do conhecimento é constante".

A educação ambiental, à medida que se assume como educação mais política do que técnica, torna-se formadora da identidade política e cultural da sociedade, alinhando-se às lutas e movimentos da sociedade pela cidadania. Este aspecto é relevante, uma vez que o mundo fala à criança não pelo conteúdo conceitual, mas pelo aspecto e configuração dos seus fenômenos. A criança requer imagens e situações concretas, de forma que a transformação dos fenômenos em conceitos e regras se processe; por essa razão emoções e vivências devem acompanhar o processo ensino-aprendizagem, despertando a admiração e o entusiasmo diante das descobertas.

Berna (2004, p. 20-21) apresenta ser relevante que o professor engajado com as questões ambientais utilize-se de "linguagem que seja percebida por todos", evitando "reforçar uma visão romântica de meio ambiente ou a ideia que ecologia é um assunto secundário, preocupação de elites e de segmentos da população que já resolveu seus problemas básicos de sobrevivência".

Desta forma, a escola e seus agentes tornam-se capazes de atuar de maneira concreta na sociedade em que se encontram inseridos, possibilitando melhores condições e a formação do cidadão crítico, responsável pela garantia de seus direitos e cumpridor de seus deveres.

CAPÍTULO 3

PROPOSTAS E AÇÕES COM ALUNOS E COMUNIDADE

Com base nos levantamentos anteriores e observação da rotina e sites institucionais de algumas instituições de ensino é possível destacar as ações e os projetos desenvolvidos pelo Colégio Academia da cidade de Jaú, interior do estado de São Paulo.

O Colégio Academia atende aos níveis de Ensino Fundamental, Médio, Curso Pré-Vestibular, Graduação e Pós-graduação, sendo os dois últimos, modalidades à distância. É uma instituição particular formada pelas empresas AGP Jorge e Colégio Academia Horácio Berlinck, sendo escola de Ensino Fundamental e escola de Ensino Médio, respectivamente, cujo mantenedor é João Francisco Pirágine.

Neste contexto, a presente pesquisa foi realizada na AGP Jorge – Escola de Ensino Fundamental, situada na Rua Quintino Bocaiúva, 03, na cidade de Jaú. O nível de ensino é de Ensino Fundamental de 1º a 9º anos.

A escola mantém dez classes no período diurno, assim divididas:

SALA

QUANTIDADE

1º Ano

01

2º Ano

01

3º Ano

01

4º Ano

01

5º Ano

01

6º Ano

01

7º Ano

01

8º Ano

01

9º Ano

01

Coordenação

01

Total de alunos

160

Entre os projetos é possível destacar o Projeto Educativo Meio Ambiente, que tem por justificativa trabalhar com os alunos do Ensino Fundamental I o tema Meio Ambiente e os aspectos sociais envolvidos na questão ambiental. Destaca que o homem deve preparar-se para atuar sobre o meio ambiente e modificá-lo pensando no bem do planeta terra.

Tem por objetivos: levar o aluno do 1º ao 5º ano a conhecer e saber as qualidades do meio ambiente para poder respeitá-lo, amá-lo e valorizá-lo; aprofundar os temas abordados pela mídia sobre a preservação da natureza a fim de que os alunos percebam que a natureza é rica, interessante, forte, mas ao mesmo tempo, frágil, precisando do cuidado de todos, inclusive para a preservação da descendência; após conhecer as qualidades do meio ambiente e os problemas existentes para a manutenção do mesmo, os alunos devem construir soluções lógicas e criativas para a sobrevivência do planeta; trabalhar a transdisciplinaridade e a interdisciplinaridade; valorizar as iniciativas dos alunos que demonstram capacidade de se relacionar de modo criativo e construtivo com os elementos do meio ambiente, como sucatas, alimentos, instrumentos, pintura, poesias, receitas, reaproveitamento de materiais, etc; priorizar o esclarecimento sobre a água e a reciclagem; incluir as famílias nesse contexto reflexivo envolvendo-os nos projetos e convidando-os para participar do evento final, aberto à comunidade; estimular o espírito científico; valorizar e visitar os órgãos que valorizam trabalhos ecológicos e de conscientização ambiental, como a empresa Faber Castell, Botelho, Saneamento de Jaú Ltda. (SANEJ), Estação de Tratamento de Água (ETA), validando ou não conhecimentos previamente adquiridos; estimular a olericultura e floricultura, levando a iniciativa para outros espaços, como a escola de inglês; conhecer Organizações não-governamentais (ONGs) e movimentos em defesa do meio ambiente objetivando ações conjuntas; ampliar e abordar os temas Meio Ambiente, Diversidade e Sustentabilidade, por meio pesquisas, pelo intercâmbio com o Ensino Fundamental II e sua Coordenação, utilizando o material didático UNO, adotado pelo Colégio; convidar palestrante da comunidade para dar informações e responder a entrevistas; exercer a cidadania oferecendo a participação ativa dos envolvidos no tema, na estruturação da cidade, conhecendo seus problemas e suas possíveis soluções, participando politicamente destes.

Como educação ambiental não deve se constituir uma disciplina, o Colégio entende que ambiente não é apenas o entorno físico, mas também os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos inter-relacionados, onde a responsabilidade é global.

Quanto às estratégias, destacam-se: utilização do material em compact disc da Faber Castell; utilização do material UNO; utilização de vasta bibliografia e pesquisa on-line; palestras feitas por professores do Ensino Fundamental II; parcerias com ONGs; exposição dos trabalhos na Feira Cultural no final do ano letivo; danças, músicas, retóricas, pinturas.

Outro projeto de destaque é o da Consciência Ambiental, que inclui passeios para sensibilização e informações dos alunos na SANEJ, ETA, Faber Castell, Reserva Ecológica Amadeu Botelho, com temas como Aquecimento global, Responsabilidade social, A fabricação dos lápis, A viagem ao solo, A viagem à água, A viagem ao ar, Consumo consciente, Inovação, tecnologia e preservação.

Destacam-se experiências, com o ar, eletricidade, olericultura e floricultura, Teatro do Tio João: Cara de Melão sobre Ecologia, documentários. Temas trabalhados: Lixo e reciclagem de diferentes materiais (1º ano), O ar e a água (2º ano), Lixões, o solo, pilhas e óleo (3º ano), Animais em extinção e Corpo Humano (4º ano), Energia (5º ano).

Destaca-se ainda no Colégio o Projeto Ecoeficiência, cujo tema transversal de base é Meio Ambiente e o tema do projeto é O consumo responsável, envolvendo alunos do Ensino Fundamental I e II.

O projeto tem por objetivos: Refletir temáticas da Educação Sócio-Ambiental que despertem para a consciência dos problemas ecológicos e a necessidade de ações responsáveis; adequar a utilização de copos descartáveis e papéis na comunidade escolar; fazer o diagnóstico do resíduo da escola e elaborar um plano de ação.

Quanto às estratégias de implantação e atividades a serem desenvolvidas, destacam-se confecção de painéis; encontros quinzenais de formação; leituras complementares; confecção de panfletos informativos; confecção de maquetes.

O Projeto Ecoliteratura, por sua vez, tem por objetivos: analisar as produções literárias brasileiras, levando em consideração o diálogo constante com os problemas ecológicos e promover o desenvolvimento cultural e humano dos alunos a fim de torná-los seres realmente pensantes e críticos; levar os alunos a reconhecer as quatro ecologias Social, Ambiental, Integral e Mental.

Entre os conteúdos pospostos, destacam os formativos: A crise ambiental na atualidade, Problemas ambientais globais, O ambientalismo como resposta à crise, O desenvolvimento sustentável como solução. Textos literários de Pero Vaz de Caminha, Euclides da Cunha, Guimarães Rosa, Monteiro Lobato e mais uma dezena de escritores e obras que revelam estados da natureza ao leitor, como: Sensibilização: As quatro Ecologias, Resiliência, Artigos de Leonardo Boff.

O produto final de tal projeto é Revista Virtual de Educação Ambiental: Meio Ambiente-se, disponível no site do Colégio para pais e comunidade.

Em relação ao Projeto WebEcologia, este tem por objetivos: refletir temáticas da Educação Sócio-Ambiental que despertem para a consciência dos problemas ecológicos e a necessidade de ações responsáveis; levar os alunos a reconhecer as quatro ecologias Social, Ambiental, Integral e Mental; utilizar a informática na educação como ferramenta para exploração e registro de informações; desenvolver habilidades de investigação, coleta e registro de dados; fazer levantamento das ações sócio-ambientais que vêm sendo desenvolvidas no município de Jaú através de instituições ou outros agentes; coletar dados junto as instituições: Secretaria do Meio Ambiente de Jaú (SEMEIA), Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (CONDEMA), Instituto Pró-TERRA, COLETIVO EDUCADOR, Reserva Ecológica Amadeu Botelho, Associação dos Catadores de Papel de Jaú (ACAP), ETA, SANEJ.

Os conteúdos pospostos para os encontros são: Formativos: A crise ambiental na atualidade, Problemas ambientais globais, O ambientalismo como resposta à crise, O desenvolvimento sustentável como solução. Informativos: Lâmpadas fluorescentes, Poda de árvore, Coleta de óleo de cozinha. Específicos: Atores sociais e meio ambiente, Alfabetização ecológica: de indivíduos às empresas do século XXI, Intervenção psicossocial. Sensibilização: As quatro ecologias, Resiliência, Artigos de Leonardo Boff.

O produto final de tal projeto é produção de um documentário que retrate as ações sócio-ambientais do município de Jaú; divulgação de um Blog para demonstração em outras escolas; evento de entrega dos documentários e lançamento da revista do projeto ECOliteratura, com autoridades representantes das instituições, palestrante da área, coordenadores de algum programa ambiental de uma grande empresa.

O Projeto Fruta no Pé, por sua vez, tem por objetivos: conduzir o aluno a entrar em contato com diversos textos e obras literárias; levar os alunos a reconhecer as quatro ecologias Social, Ambiental, Integral e Mental; refletir temáticas da Educação Sócio-Ambiental que despertem para a consciência dos problemas ecológicos e a necessidade ações responsáveis; possibilitar a integração das linguagens, como música, dança, expressão dramática; sensibilizar os alunos quanto à qualidade das relações interpessoais e a importância do amor no dia a dia em relação à natureza e ao planeta.

Quanto ao produto final de tal projeto, destacam-se sarau, gravações do programa de rádio Papo Verde da cidade de Jaú, apresentações artístico-musicais em eventos de Educação Ambiental.

Outro exemplo de ação que visa a conscientização ambiental de alunos e comunidade são as atividades contidas em Zignani (2005); os trabalhos desenvolvidos com os alunos do Ensino Fundamental e Médio da "EE José Conti", da Estância Turística de Igaraçu do Tietê, assim como alunos do Ensino Fundmental e Médio da "EE Cônego Francisco Ferreira Delgado Júnior", da Estância Turística de Barra Bonita, interior de São Paulo, em parceria com crianças das séries iniciais do Ensino Fundamental de escolas municipais dos municípios destacados, buscam maximizar os resultados apresentado.

Por intermédio do trabalho conjunto com a comunidade, o educador tem a preocupação latente em desenvolver no educando aptidões para a efetiva participação do processo, despertando nesse a consciência ambiental e o caráter de cidadão ativo no seio da sociedade.

A primeira escola, localizada na Av. José Michel Mucare, 801, Igaraçu do Tietê, trabalha com alunos do Ensino Fundamental, Médio, Supletivo e uma sala para deficientes visuais, tendo aproximadamente um mil e setecentos alunos atendidos; a segunda, por sua vez, localiza-se na Praça Vereador José Sanches, 07, na cidade de Barra Bonita, atendendo aproximadamente um mil e seiscentos alunos, distribuídos entre o Ensino Fundamental e Médio.

Para o desenvolvimento das mesmas a área de estudo foi a Estância Turística de Igaraçu do Tietê, localizada na região Centro-oeste do estado de São Paulo, ficando à margem esquerda do Rio Tietê, pertencendo à Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré, tendo o Córrego Monjolinho passando por uma área urbana, sendo o mesmo afluente do Rio Tietê. Toda a captação de água para o consumo na cidade é feita no Aquífero Guarani pelo Serviço de Água e Esgoto de Igaraçu do Tietê.

Quanto às atividades, estas agregaram aulas práticas, passeios ecológicos, orientações quanto à coleta seletiva, além de trabalhos na rotina de sala de aula, com atividades diversas, como observadas a seguir, e divididos em diversos momentos. A vivência e o repertório do aluno sempre foram levados em consideração no contexto, assim como seu convívio familiar.

Uma das atividades concentrou-se ao questionamento dos alunos sobre a água e o meio ambiente, com desenhos e perguntas dissertativas e objetivas, de acordo com a idade do aluno, tendo como objetivo analisar o nível de informações e conhecimentos que os envolvidos no projeto de Educação Ambiental apresentavam.

Destaca-se, também, desenvolvida pelos alunos, a dinâmica "Teia Ambiental". Esta dinâmica aplicada no dia Internacional da Água do ano de 2005, levou os alunos à observação sobre a importância da água como agente estabilizador no meio ambiente. Durante o processo, os alunos formaram um círculo, um novelo de linha foi sendo jogado de um lado ao outro, de mão em mão, ao jogar o novelo, cada integrante deveria dizer uma palavra referente ao meio ambiente, como rios, flores, pássaros, sendo a palavra água em primeiro lugar; alguns também diziam palavras referentes aos problemas sofridos pelo meio ambiente, formando assim, uma verdadeira "teia", já que cada aluno segurava a ponta da sua linha antes de jogar o novelo para seu colega. Sendo questionados sobre os problemas sofridos pelo meio ambiente, as linhas começaram a serem soltas. Quando a linha com água foi solta, ficou evidenciado que a mesma era o ponto de equilíbrio do meio ambiente. Após a realização da dinâmica foi feito um debate em grupo, onde os alunos escreveram e desenharam sobre as experiências, de acordo com a idade e o grau de alfabetização.

No mesmo ano os alunos formaram um Mutirão da Limpeza na EE "José Conti", o qual levou os mesmos a buscarem soluções para os problemas dos resíduos gerados no ambiente escolar; munidos de materiais de limpeza, eles recolheram o lixo e os resíduos que se encontravam na escola, realizando a contagem e a classificação do material recolhido. Em seguida, montaram um painel de exposição, com o intuito de sensibilizar os agentes envolvidos sobre as maneiras corretas para se trabalhar com os resíduos gerados na escola.

A atividade também de destaque foi a interpretação de frases e indagações, pré-estabelecidas individualmente e/ou em grupos, estabelecendo um entendimentos entre os participantes do projeto. Através da interpretação e análises destas, foi possível observar as concepções de conhecimentos e valores sobre Educação Ambiental dos mesmos.

A elaboração de textos e desenhos, através de temas abordando assuntos ambientais foi também muito significativa no processo. Esta atividade teve como objetivo verificar o nível de interação com os problemas do Meio Ambiente e possíveis sugestões para a resolução dos mesmos, apresentados pelos alunos.

A dinâmica "Colcha de Retalhos", por sua vez, teve como objetivos sensibilizar e conscientizar os alunos sobre os problemas relacionados ao Meio Ambiente que ocorrem na cidade de Igaraçu do Tietê, bem como identificar propostas de solução. Através do recurso fotográfico foi realizado um levantamento e registradas as situações e/ou problemas sobre o meio ambiente na cidade. Cada aluno recebeu uma foto e fez uma análise (críticas, sugestões, ideias) da mesma, de maneira verbal; esta análise foi transferida para uma folha de papel sulfite, previamente furada nos quatro cantos. Em seguida, ocorre o seguinte questionamento: Cada comentário individualizado, de cada foto, poderia resolver todos os problemas que ocorrem na cidade?. Os alunos foram então ligando as suas ideias, uma a uma, com o auxílio de linhas, formando assim uma verdadeira "colcha de retalhos", toda formada por ideias sobre o meio ambiente. Através de debate em sala de aula, foram feitas as conclusões sobre a atividade.

Destaque também à atividade "Adote um Rio ou um Córrego"; com o auxílio de um texto com informações sobre ambientes aquáticos, observou-se que, por intermédio de pequenos atos, é possível colaborar com a qualidade das águas. O texto foi usado como preparação para a atividade de monitoramento da qualidade das águas do Córrego Monjolinho. Como desfecho, em grupos, os alunos falaram sobre as suas experiências relacionando com o texto, cada um deixando registrado, à sua maneira, as percepções sobre o fato.

A montagem do "Jardim da Decomposição" teve por objetivo conscientizar os alunos sobre o tempo que os diferentes materiais demoram para se decompor na natureza, aprendendo, com isso, a trabalhar de maneira adequada com os resíduos gerados no cotidiano. A atividade se desenvolveu transformando um espaço do ambiente escolar em um canteiro de jardim; os agentes envolvidos "plantaram" diversos tipos de materiais no canteiro, com placas indicando o tempo de decomposição na natureza.

A Avaliação e Classificação da Qualidade do Córrego Monjolinho (Parâmetros Simplificados) foi um projeto muito importante desenvolvido pelos respectivos alunos, onde os parâmetros de avaliação e classificação tiveram como objetivos promover a compreensão da natureza complexa do meio ambiente, bem como estabelecer diretrizes e normas para a proteção e a recuperação da qualidade ambiental do Córrego Monjolinho. Esta atividade desenvolveu-se através do monitoramento do Córrego Monjolinho, realizando um acompanhamento através de seu percurso, da nascente até sua chegada ao rio Tietê. Em seguida foi trabalhada a percepção ambiental em todo o trajeto do Córrego Monjolinho. Além disso, houve o preenchimento de um Protocolo de Avaliação Rápida para uma observação sobre a qualidade das águas do Córrego Monjolinho. No encerramento da atividade houve o monitoramento da qualidade das águas do Córrego Monjolinho.

Ainda em 2005 os alunos da "EE Cônego Francisco Ferreira Delgado Júnior", da Estância Turística de Barra Bonita, através do Projeto "A Construção de um Mundo Real", baseado no livro Como viver a Macrotransição, desenvolveram diversas dinâmicas, como peça teatral e apresentação de dança.

Assim, com base nos exemplos anteriores, é possível verificar esta nova realidade pedagógica, a qual vem resultando em bons resultados, na medida em que muitos alunos, que em momento anterior nem sequer tinham noções básicas relacionadas às questões ambientais passaram a adotar posturas mais conscientes; esta realidade pode ser observada na própria atitude dos mesmos, pois muitos passaram a se preocupar em não jogar a esmo os restos alimentares, papeis e outros resíduos, tanto na escola como no ambiente familiar.

De um modo geral a rotina familiar desses alunos também tem se alterado, sendo constantes os relatos de pais em reuniões sobre as novas perspectivas dos filhos, a importância que estes passaram a identificar, principalmente nos noticiários, da preservação ambiental.

CAPÍTULO 4

A EDUCAÇAO AMBIENTAL FRENTE À PRÁTICA PEDAGÓGICA

A instituição escolar desempenha papel significativo na formação da personalidade do ser humano, sendo determinante o processo ensino-aprendizagem como um todo, como observado nos levantamentos anteriores. Conviver com a diversidade, assim como em um ambiente onde leitura e escrita tenham significado, torna-se fator determinante para a formação do cidadão crítico.

Considerando que esta instituição é um relevante instrumento para que o homem se desenvolva social e intelectualmente desde criança, observa-se que em seu papel de receptora, abriga uma grande concentração de diversidade humana, cujos anseios, perspectivas e necessidades são dos mais variados, ideias estas compartilhadas por Rocha (2002). Em razão disso, os conteúdos a serem trabalhados devem atingir o consenso, precisando ser a eles adequados e corresponder às expectativas das instituições e de seu corpo docente.

Torna-se evidente que o desafio é construir uma proposta educacional no cotidiano da sala de aula, onde a possibilidade da superação da participação passiva e alienada seja substituída pela participação ativa e coletiva, despertando no aluno seu papel de cidadão, lutando contra aquilo que impede a efetivação da educação libertadora, desde as séries iniciais do Ensino Fundamental.

Nesta perspectiva, a Educação Ambiental torna-se o esforço e o processo estratégico no qual considera a dimensão ambiental nas variadas esferas do cotidiano, buscando a conquista da qualidade de vida, para que o ser humano cresça consciente do seu papel de cidadão. Trabalhar com a prática da Educação Ambiental reforça a importância da abordagem, onde os bons resultados colhidos são os estimuladores desta tarefa.

Por intermédio dos projetos indicados no capítulo anterior é possível refletir sobre a necessidade de práticas educacionais que valorizem os indivíduos enquanto seres atuantes, e as crianças enquanto seres em processo de formação da personalidade. É fundamental adotar a Educação Ambiental como princípio formador no currículo, centrando-se na ideia da participação de todos na gestão dos seus respectivos lugares, seja a escola, a rua, o bairro, a cidade. Desta forma, o indivíduo abandona a condição de telespectador ou simples usuário do seu lugar, para tornar-se capaz de realizar escolhas, tomando decisões, realizando ações reflexivas e deliberadas no seu meio. O percurso pedagógico utilizado para tal finalidade deve ser o exercício de percepção ambiental reflexivo, acompanhado do enfrentamento das questões que emergem desta atividade.

As metodologias participativas constituem técnicas que estimulam ações reflexivas e a participação ativa de todos, proporcionando um espaço para a formulação e a expressão de idéias, proposições, esclarecimentos e descobertas. Estes instrumentos ajudam os envolvidos a compreender as questões abordadas, aumentando a confiança, ampliando conhecimentos, assim como a maneira de ordenar os pensamentos. Por intermédio destas trocas, os participantes podem tomar consciência da identidade grupal, respeitando a si mesmo e aos outros mediante o falar e o ouvir.

As dinâmicas de grupo, como destacado anteriormente, possibilitam o aprofundamento de conteúdos curriculares, a discussão de problemas detectados no diagnóstico, considerando suas múltiplas dimensões, suas causas, consequências e possíveis soluções, além do planejamento coletivo de ações.

A questão ambiental nas séries iniciais do Ensino Fundamental centra-se, sobretudo, no desenvolvimento de valores, atitudes e posturas éticas, assim como no domínio de procedimentos e não somente na aprendizagem de conceitos, uma vez que diversos dos conceitos em que o professor se baseia para tratar dos assuntos ambientais pertencem às áreas disciplinares.

A prática cotidiana tem refletido sobre a tendência de preservação do meio ambiente, onde, mesmo através de atitudes simples, estas refletem a conscientização de uma parcela cada vez maior da população, como se verifica em Martine (1996). A escola, dentro do processo, tem se mostrado significativa intermediadora, mesmo tendo ainda longo caminho a ser percorrido.

Para tanto, o processo de conscientização do indivíduo precisa ter como foco inicial o microcosmo escolar, para garantir a maximização dos resultados; os alunos buscam nesta instituição o fortalecimento de valores adquiridos no seio familiar, assim como enriquecer-se culturalmente e princípios de cidadania. Na dinâmica, o fortalecimento de valores como a preservação e sustentabilidade ambiental precisam fazer parte da rotina, onde aulas ou noções de cidadania não podem se embasar apenas em manuais ou currículos, constituindo-se práticas constantes e promovendo a interiorização dos papeis dos agentes sociais.

As ações precisam priorizar a análise das condições locais, não perdendo de vista a dimensão global; a Educação Ambiental é uma ação educacional voltada para as populações do presente e do futuro, onde a tecnologia e o desenvolvimento aproximam cada vez mais pessoas e lugares, sendo fundamental o respeito das diferenças e privilegiando valores como integração, tolerância, cooperação, solidariedade.

Além disso, é significativo que se respeite o princípio da universalidade da natureza humana, sendo expresso tanto na identidade individual e coletiva quanto nas semelhanças e diferenças apresentadas entre os povos, buscando a unidade na diversidade.

A atuação dever ocorrer em uma abordagem que considera o ambiente como um sistema organizado em funcionamento; o todo e as partes compõem um conjunto, devendo comunicar-se com agilidade, de modo integrado e articulado. Quando uma das partes difere em ritmo ou apresentação, o todo se altera. Desta forma, a visão sistêmica permite efetuar as relações entre todo e partes, em uma visão de totalidade, compreendendo os acontecimentos como componentes de um mesmo processo, no qual os fatos ocorrem mediante avanços e recuos, acordos e interconexões; tanto as similaridades e afinidades quanto às contradições são elementos reais que fazem parte da dinâmica processual.

Segundo Brasil (1997, p. 21) verifica-se que "a complexidade da natureza exige uma abordagem sistêmica para seu estudo, [...] com os diversos componentes vistos como um todo, [...] bem como em suas [...] interações com os [...] componentes". O documento destaca ainda que, "para se conhecer um sistema não basta observar suas partes, mas é preciso enxergar como elas se interligam e se modificam, em sua própria estrutura e sentido de ser, por causa dessas interações".

É interessante ressaltar que as parcerias passam a ocorrer naturalmente, com uma ampla variedade de indivíduos e instituições. Tomando consciência da sincronicidade existente entre os procedimentos dos indivíduos e as instituições, encontramos propostas que acontecem em pequena e em grande escala, ao mesmo tempo e em diversos lugares.

Este modo de pensar facilita perceber que podem ocorrer simultaneamente a parceria, a sincronicidade, o conflito e a contradição, possibilitando atuar em conjunto, através da integração, da interdisciplinaridade e da busca de pontos comuns entre diferentes propostas. A visão de "cidadão do mundo" é cada vez mais necessária, para que se possa transitar entre os semelhantes, os diferentes e os muito específicos, o que não deve impressionar. Em algumas situações, devido às resistências encontradas, deve-se ir mais lentamente, negociando cada pequeno avanço, tendo de ceder em alguns pontos, para obter um sucesso posterior. Mas se compreender a dinâmica do processo, aceitando a coexistência dos contrários, pode-se atingir as finalidades.

Agindo segundo os princípios da interatividade, podem-se estabelecer parcerias e associações com naturalidade, pois será possível atuar em conjunto com múltiplos parceiros e de modo ágil, sem duplicar esforços ou confundi-los, como ocorre com os que agem de modo departamental ou fragmentado.

Partindo de uma visão sistêmica do meio ambiente, pode-se buscar a articulação de ações com múltiplos parceiros, atuar interativamente e considerar tanto os avanços ocorridos na defesa ambiental quanto as contradições existentes como integrantes do processo permanente de transformação.

O mundo contemporâneo é marcado pela rapidez e pela transformação e requisita atualização permanente de informações e conhecimentos. A complexidade da ciência e da tecnologia atual exige a especialização técnica em todas as áreas de ação. No entanto, todas as profissões requerem, cada vez mais, uma base ética comum e esta base deve incluir, obrigatoriamente, valores, princípios e conceitos ambientais. Isso representa o cultivo e a expressão de valores universais como o respeito e a proteção a todas as formas de vida, a preservação das fontes naturais de energia, a busca da harmonia homem/natureza e o desenvolvimento científico e tecnológico equilibrado com a preservação do meio ambiente (MEDINA; SANTOS, 1999).

Tais valores têm como decorrências o equilíbrio dinâmico homem/natureza, a ampliação da qualidade de vida e do exercício de cidadania para todos, a reversão dos atuais quadros de miséria, a alteração de hábitos de consumo, a readequação do atual modelo econômico, a defesa da biodiversidade e de áreas de relevante importância para o equilíbrio ambiental global.

O processo permanente de transformação, do qual a sociedade deve participar, necessita ser estruturado em bases éticas, que incluam valores de caráter ambiental relativos a proteção à vida, ao exercício da cidadania e à defesa do meio ambiente global.

Como se verificam nos estudos de Medina; Santos (1999), trabalhar com a prática da Educação Ambiental dá a certeza da importância desta abordagem. Os bons resultados colhidos são os estimuladores maiores desta tarefa.

A partir dos principais problemas sócio-ambientais locais e regionais, suas causas, efeitos, impactos gerados e os agentes responsáveis, pode-se desenvolver um efetivo trabalho dentro do processo ensino-aprendizagem, outorgando a escola seu papel de formadora do cidadão ativo.

Contudo, as atividades não devem se restringir somente a leituras teóricas e consultas aos manuais: antes devem agregar aulas práticas, passeios ecológicos, orientações quanto à coleta seletiva, além de trabalhos na rotina de sala de aula, com desenhos, redações, leituras. A vivência e o repertório do aluno sempre devem ser levados em consideração no contexto, assim como o seu convívio familiar.

Esta nova realidade pedagógica vem dando bons resultados, pois muitos alunos nem sequer tinham noções básicas relacionadas às questões ambientais. É possível observar, em muitos casos, mudanças no quadro. A rotina familiar também se altera, sendo constante os relatos de pais sobre as novas perspectivas dos filhos, a importância que estes passam a identificar, principalmente nos noticiários, da preservação ambiental.

A prática da educação ambiental não-formal pode ser definida como as ações educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais, bem como a organização e a participação da sociedade na defesa da qualidade do meio ambiente. Para que a educação não-formal se consolide, o Poder Executivo deve incentivar a difusão de campanhas educativas e programas, em espaço nobre nos meios de comunicação de massa, contendo informações de temas relacionados ao Meio Ambiente

A construção de uma proposta de Educação Ambiental emancipatória e comprometida com o exercício da cidadania exige a explicitação de pressupostos que devem fundamentar sua prática. Há que se reafirmar os princípios constitucionais em que o meio ambiente sadio é direito de todos, bem de uso comum e essencial à boa qualidade de vida.

Compartilhando dos estudos de Cavalcanti (1995), é possível identificar que preservar e defender esse meio ambiente é dever tanto do poder público como da coletividade e um compromisso ético com as presentes e futuras gerações. Isto implica no compromisso da construção de um padrão de desenvolvimento econômico socialmente justo e ambientalmente seguro e na prática de uma Gestão Ambiental democrática, fundada no princípio de que todas as espécies têm direito a viver no planeta.

A partir dos principais problemas sócio-ambientais locais e regionais, suas causas, efeitos, impactos gerados e os agentes responsáveis, pode-se desenvolver um efetivo trabalho dentro do processo ensino-aprendizagem, outorgando à escola seu papel de formadora do cidadão ativo.

Para cada região, devem ser definidas estratégias e linhas de ação de projetos e atividades de educação ambiental relacionados com as atividades econômicas e o perfil da região. Desta maneira, a Educação Ambiental passa a ter um papel ativo na direção do desenvolvimento com sustentabilidade.

Da relação - em diferentes épocas e lugares - dos seres humanos entre si e com o meio físico-natural emerge o que se denomina [...] de meio ambiente. Diferente dos mares, dos rios, das florestas, da atmosfera, que não necessitaram da ação humana para existir, o meio ambiente precisa do trabalho dos seres humanos para ser construído e reconstruído e, portanto, para ter existência concreta.

Por tudo isto, afirma-se que meio natural e meio social são faces de uma mesma moeda e assim indissociáveis. (BRASIL, 1995, p. 9).

A Educação Ambiental é um valioso instrumento para a implantação de políticas de gestão ambiental nos diferentes espaços sociais e tem como um dos desafios mediar conflitos de interesses entre vários atores sociais que agem sobre os meios físico e natural.

Segundo Rocha (2002, p. 2), "como um dos objetivos da Educação Ambiental é disseminar a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania", torna-se "necessário que todos os setores sociais sejam envolvidos nos programas, projetos e atividades promovidas em seu nome".

Tem-se plena convicção que a Educação Ambiental em escolas, é um forte recurso para a preservação da natureza, como também, um processo eficaz para a manutenção das espécies; atualmente, a aceitação deste trabalho é cada vez maior.

Mediante este contexto, o processo educativo tornou-se de suma importância para o desenvolvimento de um programa prático e simples em defesa da vida.

Alves (1995, p. 34) apresenta que "o diálogo caminha para uma dialética entre os diversos saberes. [...] a interdisciplinaridade está relacionada ao desenvolvimento de um processo dialógico, que deve ser compreendido no sentido dialético de confrontação que gera sínteses, novas análises e novas sínteses".

A dimensão ambiental deve ser incorporada à formação dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino, bem como à especialização e à atualização dos educadores já em exercício. Os profissionais que atuam em atividades de gestão ambiental também devem ter capacitação pertinente ao assunto.

Contudo, a Educação Ambiental não deve ser implantada como uma disciplina específica no currículo de ensino e sim ser desenvolvida como uma prática educativa integrada. O assunto deve também estar presente em atividades interdisciplinares.

Para se garantir que a gestão ambiental se dê por um enfoque sistêmico, é imperioso a garantia dos espaços da participação e da mobilização e a luta permanente pela ampliação destes espaços, o que permitirá a explicitação dos conflitos geradores de problemas ambientais e estruturantes da realidade sócio-ambiental. (SANTOS; SATO, 2001, p. 193).

Apesar de atual e muito difundido, é do conhecimento de todos, que a prática da Educação Ambiental não é comum em todas as escolas; não são constantes estes tipos de trabalhos, idéias estas compartilhadas por Brügger (1999).

Sente-se que todos os alunos e jovens desejam conhecer as formas práticas de defesa da natureza, seguindo suas próprias pesquisas nas atividades extra-classe.

Desenvolvendo a criatividade e o conhecimento da área no dia a dia, proporcionando às crianças, jovens e comunidades o conhecimento através do contato direto com a natureza, pode-se atingir os objetivos de forma mais consistente.

Desenvolver um projeto prático e de linguagem fácil constitui o primeiro passo para a reversão do quadro, procurando responder todas as perguntas e tirar dúvidas sobre o assunto tratado, com a participação direta dos envolvidos.

Nas atividades extra-classe o próprio aluno vai gerenciar suas curiosidades e conhecimentos. Ele deixa de ser um simples participante do meio para se tornar um indivíduo responsável e participativo. Deverá buscar apoio de todas as formas dentro e fora da escola para melhor se orientar. Na organização haverá a participação direta de todos.

Programas neste sentido são de fundamental importância, sendo responsável pela reversão da degradação do meio ambiente em um contexto amplo de participação e conscientização do papel do cidadão ativo e responsável pela manutenção da sociedade que integra.

Como se verifica em Peltier (1990), o contexto atual quanto às questões relacionadas ao meio ambiente, está a exigir a construção de uma racionalidade ambiental que viabilize a formação de um novo saber científico e tecnológico, onde práticas produtivas, administrações setoriais de desenvolvimento e políticas públicas venham contribuir em campos de conhecimento teórico-práticos, capazes de orientar a re-articulação das relações sociedade-natureza.

Nesta nova esfera, o homem passa a observar o seu contexto de maneira mais crítica, percebendo seu verdadeiro papel frente ao seio social que integra. Aliado ao processo, a instituição escolar tem se estruturado na medida em que passa a intermediar o processo, otimizando valores e potencializando ações para a reversão do quadro da degradação ambiental.

As relações da sociedade civil organizada entre instituições governamentais responsáveis pela Educação Ambiental caminham juntas para a construção de uma cidadania ambiental sustentável, baseada na participação, justiça social e democracia consciente.

É evidente que o aprofundamento de processos educativos ambientais apresenta-se como uma condição sumária para construir uma nova racionalidade ambiental que possibilite modalidades de relações entre a sociedade e a natureza, entre o conhecimento científico e as intervenções técnicas no mundo, nas relações entre os grupos sociais diversos e entre os diferentes países em um novo modelo ético, centrado no respeito e no direito à vida em todos os aspectos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos levantamentos resultantes da presente pesquisa, foi possível identificar que no que se refere à Educação Ambiental, duas tarefas essenciais, estão se colocando frente ao poder público e à sociedade - o direcionamento da abordagem da dimensão ambiental na esfera da educação formal, assim como a intensificação da participação da população brasileira no processo de gestão ambiental, sendo necessária a conscientização desde criança, como nos exemplos destacados.

Neste sentido, é essencial uma prática educativa fundamentada na premissa de que a sociedade é um lugar de conflitos e confrontos, os quais ocorrem nas diferentes esferas, entre elas política, econômica, social e valores. Em razão disso, a conscientização, já nas séries iniciais do Ensino Fundamental torna-se evidentemente significativa, seja no sistema de ensino particular quanto público, pois todos são responsáveis pela manutenção e respeito pela preservação do meio ambiente, conquistando a condição de cidadão ativo e participativo da sociedade que integra.

É evidente a necessidade de que se assuma a transformação individual como meio para a sociedade brasileira atingir, gradativamente, uma conduta ambientalmente responsável. Além disso, a transformação individual decorre do engajamento do sujeito num projeto coletivo para construção de práticas sociais ambientalmente saudáveis.

O modo como um determinado tema é abordado em um projeto de Educação Ambiental, como nos exemplos citados nas escolas do interior paulista, define a concepção pedagógica e o entendimento sobre a questão ambiental que estão sendo assumidos na proposta, ilustrando a realidade e tornando a compreensão da realidade mais acessível a todas as idades.

Na dinâmica, assumir cotidianamente condutas coerentes com as práticas de proteção ambiental pode estar além das possibilidades da grande maioria das pessoas, por isso, o esforço da Educação Ambiental deve ser direcionado para a compreensão, assim como buscar ações de maneira coletiva e organizada, envolvendo escola, alunos, professores, pais e comunidade. A leitura dos problemas ambientais deve ser realizada sob a ótica da complexidade do meio social e o processo educativo precisa pautar-se em uma postura emancipatória em forma de diálogo e comprometida com transformações da sociedade.

O processo ensino-aprendizagem precisa estruturar-se no sentido de superar a fragmentação de exploração da realidade mediante a construção do conhecimento sobre ela, valorizando a ação, a reflexão, o diálogo com os sujeitos envolvidos; respeitar a pluralidade e diversidade cultural, buscar projetos e ações que estimulem os sujeitos como nos exemplos destacados, fortalecer o coletivo, articular os diferentes saberes e fazeres possibilitando o envolvimento dos diversos atores sociais na gestão ambiental.

É cotidianamente que a prática da Educação Ambiental se faz necessária, por meio de pequenos atos dando início às grandes transformações, tendo a instituição escolar como aliada; uma vez que o indivíduo percebe a relevância de hábitos e atitudes tanto para si quanto para o meio, torna-se mais fácil sua conscientização.

Valorizando a vida, o respeito, a cooperação, a solidariedade, o ser humano, de maneira espontânea, volta-se à natureza e, consequentemente, busca preservar o meio ambiente; terá então uma noção clara de que tudo é integrado, tudo é interligado; trata-se, portanto, de uma iniciativa individual para depois se tornar coletiva, em um processo contínuo desde as séries iniciais do Ensino Fundamental.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por me iluminar sempre e principalmente esse tempo em que estive desenvolvendo esse trabalho.

Agradeço, de modo especial, aos meus familiares por estarem sempre me ajudando, dando força e coragem, ouvindo meus desabafos, me compreendendo e aconselhando, além de amor e carinho sempre.

Não poderia deixar de agradecer a todas as pessoas que me ajudaram com materiais necessários, orientações, em especial os professores.

Monografia apresentada à ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil, sob orientação da Professora Mestre Lucia de Fátima Assis Rocha.

Dedico ao Mestre dos mestres, pela bênção de me fazer chegar ate aqui e à família, como instituição mais forte e mais presente na formação da personalidade humana.

 

Autor:

Silvia Maria Mendonça

cenderolum[arroba]hotmail.com

ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL – ESAB

CURSO DE PÓS-GRADUAÇAO LATO SENSU EM EDUCAÇAO AMBIENTAL URBANA

BARRA BONITA - SP

2010



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