A composição do gênero feminino no campo das religiosidades



  1. Introdução
  2. Mulheres (In) Visíveis
  3. (Re) descobrindo as Mulheres
  4. Desafios às Mulheres
  5. Considerações Finais
  6. Bibliografia

"Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem à inteligência e o entendimento. Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento".

Provérbios de Salomão

"As mulheres têm experiências multifacetárias, semelhantes e diferentes. Semelhantes são suas histórias de opressão. Diferentes, as de libertação".

E vice-versa"

Ivoni Richter Reimer (1995,p.5)

INTRODUÇÃO

Este trabalho objetiva conhecer o universo feminino no campo das religiosidades, utilizando-se elementos para formar esta discussão de agentes anônimos na História. Macêdo ao descrever sobre a construção do gênero nos alerta "ver o invisível é necessário olhar com mais cautela, desconfiando do que está em cena" ( Macêdo, 2003, p.12) e assim resgatar esse processo neste momento torna-se de suma importância para a formação de novos conceitos. A situação da mulher ao longo da história sempre foi uma posição subalterna, torna-se necessário uma releitura desta historiografia, ou seja desconstruir este discurso e construí-lo numa visão não somente do homem ou daquele que foi vencedor, conforme Jenkins afirma "que a maior parte das informações sobre o passado nunca foi registrada, e a maior parte do que permaneceu é fugaz".(Jenkins,2001,p 31). Bidegain (1996), por sua vez assinala:

Não é preciso esforço algum para se perceber a invisibilidade das mulheres na historiografia acadêmica tradicional, das mulheres de todas as classes sociais e grupos étnicos, justificando a exclusão sofrida por estes seres humanos, de todas as decisões que configuram a orientação da vida econômica, política e cultural.(Bidegain, 1996, p 14)

Tendo tantos agentes sociais contraditórios mesmo assim, mulheres desafiam toda a lógica dedicando horas e horas, anos e anos de suas vidas para as instituições, associações e organizações e para suas famílias. Ciente que o universo feminino muito embora faça parte de uma grande e poderosa organização, ou seja, o poder consciente ou não de passar aos seus filhos os conhecimentos, narrativas, como também determinar o ensino, elas ainda são tolhidas, impedidas de atuar na sociedade, igrejas, quanto nas associações. Exemplificando: nos dias atuais à atuação das mulheres em cargos iguais aos dos homens com salários mais baixos. Siqueira relata o seguinte:

A sociedade hebraica teve uma longa história de organização patriarcal. Entre os judeus, a mulher era afastada da vida pública, sendo-lhe negado o sacerdócio e, excluída da circulação de bens, não podia herdá-los nem possuí-los. A questão da reprodução tanto biológica quanto social no seio da comunidade, os papéis sociais tradicionais femininos, impostos por seu corpo e suas funções, destacavam-se em um primeiro momento. (Siqueira, 2005, p 1 )

A situação da mulher ao longo da história sempre foi uma posição subalterna, incluindo sua entrada na estrutura religiosa, por meio dos conventos, mas sempre na subordinação de um bispo. Bidegain (1996), por sua vez assinala:

Muito embora no Ocidente a história como disciplina tenha suas raízes na Grécia clássica, este tem sido um discurso que foi reelaborado de acordo com as perguntas, concepções do mundo, interesses e necessidades das comunidades em diferentes períodos históricos. Entretanto, sempre foi traço marcante a preocupação em escrever a história a partir da perspectiva dos que tiveram o poder, seja este econômico, político, cultural, do qual as mulheres , de modo geral, têm sido excluídas até este século. (Bidegain, 1996, p 14)

Tendo tantos agentes sociais contraditórios mesmo assim, mulheres desafiam toda a lógica dedicando horas e horas, anos e anos de suas vidas para as instituições, por uma causa que elas acreditam como as Missionárias, que já no início do século XIX deixavam seus países em geral a Inglaterra e viam se aventurar num país tropical, considerado "selvagem", enfrentando todo tipo de preconceitos e evidentemente de doenças terríveis, muitas sem cura, sem remédios dependendo tão somente de sua fé e crença e porque não em seu trabalho social e apoio às famílias tão carentes por esse Brasil afora.

MULHERES... (IN) VISÍVEIS?

A história da mulher é muito antiga, porém o feminismo é mais atual, segundo afirma Macêdo, (2003)

A história das mulheres na História é tão antiga quanto a humanidade, já a história do feminismo é mais recente. Como movimento em prol dos direitos das mulheres, tem origem no pensamento Iluminista dos séculos XVIII e XIX e está relacionado às revoluções americana e francesa e ao nascimento das Ciências Humanas. (Macêdo, 2003, p.12)

Esse cenário existente no mundo, já trazia todo o poder do preconceito como também a submissão da mulher, pois era aquela que servia ao marido e exercia as funções do lar, além dos deveres de esposa ao procriar e zelar por sua boa reputação. Sendo que, somente a partir da segunda metade do século XX surgiram mais estudos retirando as mulheres da invisibilidade a que foram submetidas ao longo da história. Entende-se por gênero, segundo Bidegain:

Partimos da constatação de que, embora biologicamente nasçamos macho e fêmea, a construção da identidade feminina, masculina, ou homossexual, ou seja, a construção do gêneros, é uma construção social e cultural, e, portanto, um processo histórico e sujeito a ser historiado. (Bidegain, 1996, p. 22).

As mulheres dentro das instituições, não estavam imunes a este tipo de "ataques" e violências psicológicas. Nesse quadro, observa-se que as mulheres sofrem de toda sorte de limitações impostas pela cultura. Além da sociedade estavam intimamente ligadas ao crescimento de todas as instituições no mundo sejam elas evangélicas, católicas e outras. Mesmo com ações danosas as mulheres ajudaram estas instituições a serem reconhecidas.

O desafio de apresentar tal estudo torna-se grande, pois será mostrar a conquista do espaço da mulher, além de divulgar sua força fora das quatro paredes, ou seja, as instituições religiosas ou dos espaços delimitados pelas situações, sonhos, desilusões, enfim, buscar esta representação social. Mulheres conhecidas e desconhecidas ao mesmo tempo, amadas, ignoradas, porém não menos importante que os homens.

Mulheres com o ideal, ainda que inconsciente, de transformar um grupo de pessoas numa comunidade viva que partilha, amizade, amor, afeto, trabalhos sociais relevantes. Mesmo sem reconhecimento nenhum, até por aqueles que as cercam e são beneficiados por esse suporte. Essa possibilidade traz o desafio de descrever essa história, Jenkins amplia a visão ao afirmar "que a maior parte das informações sobre o passado nunca foi registrada, e a maior parte do que permaneceu é fugaz".(Jenkins,2001,p 31) e acrescenta:

[...] Embora milhões de mulheres tenham vivido no passado (na Grécia, em Roma, na Idade Média, na África, nas Américas...), poucas aparecem na história, isto é, nos textos de história. As mulheres, para citarmos uma frase, foram "escondidas na história", ou seja, sistematicamente excluídas da maioria dos relatos de historiadores. (Jenkins, 2001,p.26).

São aspectos assim tão contundentes que suscitam uma grande motivação para o estudo, necessita-se, porém, entender o porquê da exclusão da mulher na historiografia, pois existe um engajamento de feministas na "tarefa de fazer as mulheres voltarem para a história" (Jenkins,2001 p.26).


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