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A hidroginástica como fator de socialização para os praticantes no piscinão de ramos (página 2)

Felippe Lopes Oliveira

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A HIDROGINÁSTICA

Os exercícios aquáticos são conhecidos como hidroginástica, mas alguns autores a conhecem ou reconhecem como aquaeróbica, segundo Geis (2000), embora muito diferente em vários aspectos, a modalidade de exercício que, provavelmente, mais se parece com a hidroginástica é a aula de ginástica em terra com música.

A hidroginástica é uma forma alternativa de condicionamento físico constituída de exercícios aquáticos específicos, e segundo Sharkey (1998), estes exercícios facilitam o movimento, condicionamento físico e o treinamento de força sem tanto impacto articular. Segundo Boutcher (1993) pode-se esperar que o exercício físico aquático produza reações fisiológicas diferentes daquelas ao ar livre, devido tanto ao efeito hidrostático da água nos sistemas cardio-respiratórios como sua capacidade de intensificar a perda de calor comparada ao ar. As atividades aquáticas de caminhada e corrida em piscina rasa ou profunda e as ginásticas aquáticas, apresentam uma menor tendência em provocar lesões e traumatismos em relação as atividades desenvolvidas fora da água, como conseqüência do efeito da flutuação do corpo, facilitando dessa forma, até a participação de indivíduos menos capacitados no caso.

Wilmore (1986) ressalta que a hidroginástica pode ser considerada como uma atividade onde se soma o trabalho de musculação com o trabalho aeróbio mais a massagem. A hidroginástica já é aplicada nos EUA a aproximadamente 35 anos e no Brasil a cerca de 20 anos. A água faz o praticante de hidroginástica se sentir mais leve, com aproximadamente 20,0 % de seu peso real, proporcionando assim melhor e mais fácil movimentação principalmente para o alto. Na água quase não há impacto nas articulações do corpo porque elas ficam protegidas de eventuais desgastes. Vários praticantes procuram a hidroginástica por suas vantagens para a saúde e também pelo prazer de uma atividade no meio líquido, a pressão da água contra o corpo funciona como uma massagem suave, que reduz as dores musculares e facilita a circulação do sangue.

Apesar de todos os benefícios que a hidroginástica promove, segundo Bonachela (1994) deve-se levar em consideração que a hidroginástica não é uma forma de hidroterapia, a qual é utilizada por fisioterapeutas, pode-se então concordar com Leite (1996) que explana que o exercício adequado pode adiar ou menos retardar as alterações associadas à idade nos sistemas músculo-esquelético, respiratório, cardiovascular e nervoso central, sem que se possa chamar fisioterapia. Com isso, considera-se importante o conhecimento da população em que se ira desenvolver o trabalho, onde poderão ser prescritos os exercícios adequados atendendo as necessidades morfológicas, orgânicas e emocionais do grupo, assim colhendo bons resultados, tornando a atividade mais produtiva e lúcida.

Bonachela (1994) ainda recomenda que ao se planeje um programa de hidroginástica, é indispensável que o instrutor desenvolva um trabalho seguro, eficaz e divertido para os alunos. Em geral, a aula de hidroginástica inclui: aquecimento (aquecimento térmico, pré-alongamento e aquecimento cardiorespiratório); treinamento respiratório (aeróbio) e relaxamento; condicionamento muscular; e o alongamento final. A duração e a seqüência de cada etapa podem variar de acordo com os diferentes formatos da aula, ou dependendo das condições ambientais específicas.

Concordando ainda com Bonachela (1994), um dos fatores mais importantes para desenvolver um programa de fitness aquático e eficaz é promover e manter um equilíbrio muscular adequado. O corpo humano tem como característica trabalhar com pares de músculos para desempenhar os movimentos. Infelizmente, em nossas atividades diárias, acabamos por causar certos desequilíbrios nesses pares de músculos, que podem provocar o desalinhamento do corpo, a má postura e lesões crônicas. Todas as aulas de fitness devem ser projetadas para ajudar a trazer o equilíbrio muscular, através de uma coreografia bem planejada, instruções cuidadosas e tempo de alongamento adequado.

As técnicas de motivação e sociabilização são úteis para motivar os alunos a iniciar uma atividade e a continuar freqüentando as aulas. A motivação brota do estímulo, que pode ser intrínseco, extrínseco, ou indireto. Durante as aulas, a motivação ajuda os participantes a obter o máximo resultado com a atividade. Técnicas de motivação de grupo encorajam os participantes a trabalhar, a se divertir e a se sociabilizar. As técnicas de comunicação também são importantes para motivar e sociabilizar os participantes antes, durante e depois da aula. Outros benefícios não podem ser esquecidos que, é uma atividade em grupo o que sugere um convívio social quando se pode conhecer um pouco de cada um, e fizerem uma troca de realidades, potenciais e energias (THALES, 2003).

Por conseguinte, atesta Bonachela (1994) que a prática da hidroginástica, sistemática e freqüente, é capaz de promover modificações morfológicas, sociais fisiológicas, melhorando as funções orgânicas e psíquicas.

    1. PROJETO SOCIAL

Apesar de todas as dificuldades que enfrenta no seu dia-a-dia, o empresariado nacional percebeu a sua função de protagonista no contexto das mudanças sociais. O Estado não tem condições de oferecer respostas tão ágeis e rápidas aos problemas da população como as empresas, que em tempos de alta competitividade, estão acostumadas a atuarem com mais eficiência no seu dia-a-dia. Assim, o setor privado tomou consciência de que precisa ter uma participação maciça no ambiente social e comunitário porque é parte integrante dele, e, portanto depende de seu correto funcionamento. Os resultados obtidos por diversas empresas no âmbito social indicam que o empresariado é também parte modificadora desse ambiente (TREVISAN, 2005).

Ainda Trevisan (2005) diz que as empresas estão assumindo a sua responsabilidade social e promovendo uma verdadeira revolução cívica. Segundo pesquisa do Instituto ADVB de Responsabilidade Social, com 2.830 empresas que já se preocupam com sua atuação social, são investidos cerca de R$ 98 mil por empresa em média por ano em projetos que beneficiam aproximadamente 37 milhões de pessoas. Além disso, 67% dos funcionários dessas empresas atuam de forma voluntária em projetos sociais. Pode-se dizer também, que quem investe em empresas que respeitam o meio ambiente e a comunidade, recebe um maior retorno. Recente estudo feito pelo Finance Institute for Global Sustentability (FIGS), uma entidade que mapeia o desempenho de meia centena de fundos de investimento éticos, indica que três quartos desse tipo de investimento teve um retorno superior à média, em 2.000. Esses fundos são chamados éticos porque favorecem empresas social e ambientalmente corretas. Há dois anos o FIGS encontrou apenas dois fundos desse tipo.

No final do ano passado já eram 60 fundos que movimentavam US$ 15 bilhões de dólares. Um fato que me chamou a atenção definitivamente para o avanço da responsabilidade social entre os segmentos profissionais foi o último congresso anual dos contabilistas. Pelo menos três mil profissionais da área examinaram pela primeira vez o papel social do contador. Certamente, há alguns anos, um tema desse tipo não atrairia mais que uma dezena de contadores. A sociedade civil vem assumindo uma clara posição ao enfrentar os problemas sociais ao invés de deixá-los para o Estado (TREVISAN, 2005).

Assim, impõe-se às empresas uma mudança no processo de condução desses assuntos, que assumem uma posição mais estratégica na medida em que afetam a imagem corporativa. Vale lembrar que os brasileiros estão cada vez mais predispostos a punirem empresas que não sejam socialmente responsáveis. A responsabilidade social das empresas aproxima as pessoas dos problemas sociais e os tornam mais reais do que pareciam quando só o Estado participava. Nesse novo contexto, as questões sociais ganham um caráter prático porque colocam as pessoas, e não a instituição estatal, em contato direto com a problemática social dos nossos tempos (TREVISAN, 2005).

O Sesc RIO (Serviço Social do Comércio do Rio de Janeiro) realiza um projeto social denominado Sesc na praia. Este projeto tem o objetivo de oferecer atividade física às pessoas de baixa renda colocada em pontos estratégicos.

2.3 PISCINÃO

A recuperação da praia de Ramos para atividades de recreação e lazer incluiu a revitalização urbana do espaço da praia e a criação de um lago artificial, com uma área superficial de aproximadamente 23.000 metros quadrados, alimentado com água captada da Baía de Guanabara.

A água da Baía de Guanabara, por meio do processo de flotação em fluxo da Unidade FLOTFLUX, é exposta a PANFLOC (policloreto de alumínio), dando–se então a coagulação dos poluentes. Em seguida, essa água, com sujeira coagulada, é misturada a outra substância, o polímetro, cuja função implica na formação de grandes flocos de sujeira (lodo).

Para evitar que essa sujeira se acumule no fundo da unidade de tratamento, é injetada água limpa com micro bolhas de ar, que fazem com que todo o lodo formado seja elevado à superfície para, posteriormente, ser recolhido. No caso da praia de Ramos, a água tratada é ainda submetida a um processo de desinfecção por cloração, com vistas à sua adequação para recreação de contato primário. Visando avaliar a eficiência do tratamento implantado, e a qualidade da água do Lago Artificial de Ramos, a FEEMA realiza um monitoramento periódico, em quatro estações de amostragem, para determinação de Coliformes fecais, indicador bacteriológico de poluição, e de cloro residual, indicador da eficiência do processo de tratamento, fundamental para a manutenção da qualidade de água do Lago, para recreação de contato primário.

O Projeto de Educação Ambiental do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, PEA-PDBG, implantado em 1998, é uma das atividades desenvolvidas pela Uerj para promover a melhoria da qualidade de vida da população do entorno da Baía de Guanabara. O PEA atua em treze municípios, Belford Roxo, Duque de Caxias, Nilópolis, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Magé, Guapimirim, Cachoeira de Macacu, Rio Bonito, Itaboraí, São Gonçalo, Niterói e Rio de Janeiro, organizando as experiências e conhecimentos relevantes para a compreensão do PDBG que se encontram dispersas no meio acadêmico e na sociedade. Em reuniões, seminários, oficinas e cursos, os profissionais da rede pública de ensino, lideranças comunitárias, membros de instituições governamentais e ONGS adquirem informações para o desenvolvimento de atividades pedagógicas que interajam com o currículo escolar a partir de uma abordagem interdisciplinar, contemplando os problemas ambientais que estão sendo equacionados pelo PDBG. Para a realização do PEA, foram firmados convênios entre a UERJ, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a Secretaria de Estado de Educação e a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente – FEEMA (CASTRO, 1998).

2.4 PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO

Ao afirmar-se que o esporte é um fenômeno social de grande relevância nos tempos modernos, com certeza não se estará expressando uma novidade, mas sim, revelando um mundo que necessita sempre ser estudado. O universo esportivo pela magnitude que assumiu atualmente, alicerçado por várias bases, sejam elas, econômicas, sócio-antropológicas ou psicológicas, não pode ser olvidado ou relegado à segundo plano no mundo moderno.

O estudo teve como objetivo apresentar e discutir diferentes possibilidades de socialização a partir da prática de uma atividade física, mas sempre afirmando ser uma reunião social, com diferentes papéis e diferentes expressões e pessoas, em um mesmo local e para uma mesma população. O esporte pode ser encontrado na escola, uma das manifestações mais controvertidas, nos clubes esportivos, nas ruas, nos parques, tendo como conseqüências a violência, a mídia especializada, os materiais, as roupas, os equipamentos, envolvendo milhares de pessoas, para conceber, fabricar e manter informados e destacar os acontecimentos do mundo esportivo. Deve-se destacar também que o esporte ou a prática de atividade física pode ser feita por diferentes pessoas, com diferentes idades, tendo diferentes objetivos com a sua prática, sejam eles de competição nos diferentes níveis, de lazer ou aprendizagem escolar (MONTANDON, 1992). De acordo com Feio ( apud MOLINA NETO 1978), o universo do esporte compreende espetáculo, profissão, ciência, arte, política, lazer (ativo e passivo), prática, técnica, educação e investigação.

Com base em Lüschen, Weis e Brohm (1997) apud BETTI (1977) pode-se definir esporte como uma ação social institucionalizada, convencionalmente regrada, que se desenvolve, com base lúdica, em forma de competição entre duas ou mais partes oponentes ou contra a natureza, cujo objetivo é, por uma comparação de desempenhos, designar o vencedor ou registrar o recorde, sendo seu resultado determinado pela habilidade e ela estratégia do participante, e é para este gratificante tanto intrínseca (prazer, auto- realização, dentre outras.) como extrinsecamente.

A socialização significa o processo de transmissão dos comportamentos socialmente esperados. Mais especificamente, a socialização para o desempenho de determinado papel social envolve a aquisição de capacidades (habilidades) físicas e sociais, valores, conhecimentos, atitudes, normas e disposições que podem ser aprendidas em uma ou mais instituições sociais, como por exemplo, a família, a escola, o esporte, e ainda através dos meios de comunicação. A necessidade de ocupar-se com a questão da sociabilização e da aprendizagem social numa perspectiva didática da educação física resulta, por um lado, da análise da realidade social do esporte ou prática de alguma atividade física, como um campo no quais as relações e ações sociais são de importância central; por outro lado, os problemas diários do professor de educação física obrigam a considerar com mais profundidade as relações sociais oferecidas ou influenciadas pela educação física e, dependendo do caso, a procurar modificá-las. A inclusão e início de programas de esportes na escola têm sido freqüentemente, baseados na crença comum de que a participação no esporte é um elemento de socialização que contribui para o desenvolvimento mental e social (LOY et alli. 1978 apud BRACHT, 1997); FARINATTI (1995) complementa afirmando que a prática fisico-desportiva proporciona aos praticantes muitas oportunidades de contato social, na medida de seu amadurecimento psíquico.

Muitos pedagogos da Educação Física/Esporte têm realçado a contribuição da atividade esportiva na socialização das crianças, contribuição essa que tem sido utilizada como justificativa para a inclusão da Educação Física nos currículos escolares. Neste sentido, as muitas considerações tecidas, indicam que o praticante através do esporte aprende que entre ele e o mundo existem "os outros", que para a convivência social precisamos obedecer a determinadas regras, ter determinado comportamento (OBERTEUFER/ULRICH, 1977 apud BRACHT, 1997) aprendem as crianças, também, a conviver com vitórias e derrotas, aprendem a vencer através do esforço pessoal; desenvolve através do esporte a independência e a confiança em si mesmas, o sentido de responsabilidade, entre outras questões.

Todas estas afirmações têm em comum o fato de serem afirmações que identificam um papel positivo-funcional para o esporte no processo educativo; privilegiam os aspectos positivos funcionais camuflando, desta forma, os disfuncionais. No entanto, ao lado destas afirmações que consideram positivo-funcional o resultado do processo de sociabilização através do esporte, poderia listar outras que indicam no sentido contrário, como por exemplo: pelas regras das competições, o esporte imprime no comportamento as normas desejadas da competição e da concorrência (BRACHT, 1997); as condições do esporte organizado ou de rendimento são simultaneamente as condições de uma sociedade de estruturação autoritária; o ensino dos esportes nas escolas enfatiza o respeito incondicional e irrefletido às regras, e dá a estas um caráter estático e inquestionável, o que não leva a reflexão e ao questionamento, mas sim, ao acomodamento e na linguagem de Bracht (1997) forja um "conformista feliz e eficiente"; o aprender as regras significa reconhecer e aceitar regras pré-fixadas.

Assim, pode-se dizer que a socialização através da atividade física pode ser considerada uma forma de controle social, pela adaptação do praticante aos valores e normas dominantes como condição alegada para a funcionalidade e desenvolvimento da sociedade.

3. MATERIAS E MÉTODOS

3.1 TIPO DE PESQUISA

A pesquisa é caracteriza-se pelo tipo descritiva, pois somente objetiva definir os praticantes de hidroginástica no piscinão de Ramos à luz da socialização. Logo, não há extrapolação. (CERVO & BERVIAN, 2003)

3.2 SELEÇÃO DE SUJEITOS

Os sujeitos dessa pesquisa foram 44 pessoas entre homens e mulheres praticantes de hidroginástica no projeto social do Sesc Rio que se localiza em Ramos no Rio de Janeiro, Brasil, com idades variando entre 22 e 70 anos de ambos os gêneros, levando-se em consideração a localização do piscinão por ser em um local de baixa renda.

3.3. PROCEDIMENTOS DE COLETA

O instrumento de coleta de dados utilizado será um questionário composto por perguntas abertas e fechadas (APÊNDICE A). A abordagem dos alunos deverá ser feita ao término das aulas pelo entrevistador que no caso, é o realizador dessa pesquisa.

3.4. LIMITAÇÃO DA PESQUISA

A característica subjetiva da coleta de dados não possibilita a realização de interferência a cerca da veracidade das respostas proferidas pelos voluntários a responder o questionário.

3.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Concentrou-se na análise descritiva, através da investigação de freqüências, conforme preconizar certo (COSTA NETO, 2002).

4. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

No tocante a variável sexo (Figura 1) observou-se convergência à expectativa do estudo, tratando-se de uma atividade considerada de baixo impacto e geralmente tendo uma maior procura do público feminino o estudo pode constatar que, as mulheres são públicos predominantes na atividade, na qual o projeto social é oferecido. Esse fato também pode ser dado pela região onde o estudo está acontecendo. Por se tratar de um local de baixa renda familiar, naturalmente os homens das famílias estudadas estão no trabalho. Não foi algo surpreendente de se identificar, através do questionário, que a maioria de pessoas participantes, nos horários em que foram feitas as pesquisas, são mulheres. Discordando, no caso, de Vertinsky (1990).

Figura 1: Freqüência da Variável Sexo

Entre as mulheres, as práticas esportivas surgiram no final do século XIX na Europa, principalmente as caminhadas. Nesta época, contestava-se tudo que pudesse desviar o sexo feminino do papel de mãe dedicada exclusivamente ao lar. Os exercícios físicos prescritos pelos médicos para as mulheres tinham como princípio básico, a manutenção da saúde e prevenção de doenças, particularmente voltados para a saúde reprodutiva, mas também para o embelezamento do corpo feminino (VERTINSKI, 1990), diferente do que era proposto para os homens. Para o homem, a prática de exercícios físicos era vista como uma importante fonte de experiência da validação da masculinidade (LIMA, 1995; MESSNER, 1995), e a ser percebida como uma barreira contra a feminilização. E é claro que os homens também buscavam, por meio da prática de exercícios, o embelezamento de seu corpo, com o aumento de delineamento de seus músculos; contudo, estes sempre estiveram associados à idéia de força e domínio do corpo masculino (MALYSSE, 2002). Vertinsky (1990) ainda ressalta que o determinismo biológico, baseado nas diferenças biológicas entre homens e mulheres, era o suporte utilizado pelos profissionais da área médica para justificar as desigualdades das práticas de exercícios físicos, o que revela que a prática de atividades físicas não era neutra, mas sim revestida de valores e significados diferentes entre gêneros.

No Brasil, o esporte e a prática de exercícios físicos, responsáveis indiretos por tantas mudanças, foram introduzidos pelos imigrantes e por alguns representantes das oligarquias em contato com as modas européias. Em meados dos anos de 1850, período de grandes transformações econômicas, sociais e culturais no Brasil. Apesar da relevância do tema, no Brasil são poucos os estudos populacionais abordando a temática da prática de atividade física de lazer (AFL) entre homens e mulheres; publicações recentes abordam principalmente suas associações com fatores sócio-demográficos (GOMES et all, 2001; OLIVEIRA, 2000; SALLES-COSTA et ali. 2003).

Conforme as resposta vistas no estudo (Tabela 1, abaixo), pode-se confirmar que o coeficiente de variação é muito maior que 20,0 % para a variante do tempo no projeto. Pode-se dizer que quando esses dados identificados e esses valores excedem os 20,0 % significa que há uma variação muito grande entre os dados coletados. Para esse estudo a variação dos dados é uma importante consideração a ser feita. Pode-se constatar que no projeto essa variação pode corresponder a uma rotatividade no âmbito onde a sociabilização poderá estar sendo favorecida pelo fato de novas pessoas estarem freqüentando o projeto pelo convite de pessoas que já fazem parte dessa iniciativa, e com isso o fato social pode estar sendo renovado por novas pessoas estarem pertencendo e esse grupo.

Tabela 1: Resultados Descritivos das Variáveis Idade e Tempo no Projeto

Estatística

Idade (anos)

Tempo Projeto (meses)

Média

49,48

4,32

 = 5,00%

46,76

3,84

s

8,94

1,57

1,35

0,24

md

51,50

4,00

CV

18,06

36,28

De acordo com Bonachela (1994) a prática da hidroginástica, sistematizada e freqüente na terceira idade e é capaz de promover modificações morfológicas, sociais e fisiológicas, melhorando as funções orgânicas e psíquicas de cada cidadão praticante (AMORIM, 2003).

Ao iniciar o estudo, expectativa era de se encontrar como participantes apenas pessoas com idades acima de 50 anos, mas ao conferir os dados, identificou-se que as idades têm uma variação grande podendo favorecer outros aspectos vistos no estudo. Como já se sabia o projeto só funciona a sete meses nesse local. Era esperado antes da pesquisa que houvesse uma variação do tempo permanente no projeto dentro desse período. Onde essa variação pode ser olhada como aspecto positivo para a intenção desse estudo. Esses dados podem comprovar que a socialização entre os praticantes esta ocorrendo. Tomando-se como base Colwell (1999).

Figura 2: Freqüência da Variável Identificação com a Atividade Física

De acordo com o observado pelas respostas do questionário pode-se confirmar que a atividade é muito bem aceita pelos moradores da região onde ocorreu o estudo (Figura 2). Fica também constatado que, a identificação com a atividade pode vir da carência de oferta de outras atividades oferecidas neste local, dados identificados pelo entrevistador nesse estudo, como acontece nesse projeto e nessa região. Nesse caso o gosto pela atividade passa a ser algo não relevante, por que se o projeto ou a localidade pudesse oferecer outras atividades gratuitas aos moradores da região e redondezas o gosto por outra atividade poderia ser maior e a aceitação talvez fosse maior em outra atividade. Tal que, o quadro converge na constatação de Evans (2004) e Maguire (2004).

A opção com maior ocorrência foi o lazer. Pôde-se observar que dos 44 participantes do questionário, 14 participantes do questionário pôde-se constatar que o maior motivo para que as pessoas procurassem o projeto pode ter sido o lazer. Outros 12 participantes procuraram o projeto por conta da saúde, o tema esporte e o tempo livre têm ocupado muito dos ensaios de várias formas, pois, apresenta modernamente diferentes enfoques e possibilidades. Esse sintoma da sociedade moderna, ao levar homens e mulheres a uma perda da qualidade de vida, fez com que esse homem percebesse a valorização da vida.

Coincidindo com as conclusões de Ginsberg (2005), Kruse (2005) e Setton (2005), foi na busca dessa valorização da vida que surgiu necessidade de um aproveitamento mais adequado do ócio e do tempo livre de trabalho (DIMAZI, 2000), surgindo, então, o esporte popular, o que aumentou consideravelmente a dimensão social do esporte ao introduzir-se na abrangência do novo conceito de esporte. A realidade do fenômeno esporte apresenta-se da seguinte maneira: de um lado existe o esporte de alto nível, com suas normas e condições impressas pela comparação dos rendimentos esportivos internacionais; de outro lado, desenvolveu-se o esporte para todos, que pode ser praticado por qualquer pessoa e, além disso, em qualquer lugar, no tempo livre de trabalho, sozinho ou com parceiros, de acordo com um ou vários objetivos e regras convencionais, durante toda a vida (DIECKERT, 1985).

Mas, a maioria das pessoas, ao terminar o período escolar, segue uma profissão de tempo integral, reduzindo seu tempo livre, ficando com pouca ligação com grupos esportivos já existentes; e a atividade esportiva, muitas vezes, somente pode ser realizada de forma informal, como esporte individual (caminhada). E devido, também, a violência urbana, a falta

de locais próprios para a prática de atividades físicas, a condições econômicas, a falta de tempo ou muitas barreiras tanto materiais como psicológicas, fazem a maioria da população não praticar mais esporte em seu tempo livre. Percebe-se, então, que o contato social no tempo livre das pessoas diminuiu muito, restringindo mais aos contatos profissionais e de festividades de datas comemorativas. Os professores de educação física devem rever isto, pois uma boa educação é para a vida ativa e para toda vida, citando em conjunto que o trabalho objetiva o conceito de adolescência, considerando-o como plural e perpassado por condicionantes diversos, particularmente pelas inserções de classe social e de gênero. Dessa maneira permite-se uma reflexão a respeito do permanente processo de construção da subjetividade adolescente, e a partir das experiências de vida compartilhadas nas diferentes interações sociais, oferecendo sugestões para o trabalho de intervenção nas áreas da saúde e da educação (SETTON, 2005).

Verificando agora outro dado estatístico do questionário (Figura 3, abaixo), nota-se que os encaminhamentos médicos favoreceram a procura por atividade física a nove participantes. Saindo-se também a indicação médica, apesar de não ser o objetivo fundamental, tem favorecida a procura dos moradores a prática da atividade podendo ser o motivo principal para que esses participantes tenham como maior objetivo a prática de atividade, mas por encaminhamento médico (SMITH & WADDINGTON, 2004).

Figura 3: Freqüência da Variável Objetivo

Outros dois fatores também foram identificados no questionário, à localização e diversão. A localização é um fato muito relevante, apesar de não ser o fundamentalmente o objetivo que poderá estar trazendo os participantes a prática dessa atividade e a diversão, que ficou como ultimo objetivo, pode não ser o mais importante nesse aspecto, mas é um considerável aspecto na hora de se controlar a evasão dos participantes. As pessoas divertidas são mais sociáveis e mantém sua auto-estima em níveis superiores que as outras pessoas menos divertidas ou que se divertem menos concordando assim com Fejgin, Talmor e Erlich (2005).

Se for feita uma comparação entre as respostas de objetivo (Figura 3) e maior incentivo no projeto (Figura 4), pode-se observar que como maior incentivador da atividade são os amigos e logo após constata-se que a diversão também é fundamental para incentivar os participadores do projeto a se sentirem incentivados. Por mais que a resposta de identificação com a atividade tenha sido em maior número positiva, nesse aspecto ela já não é tão importante ficando empatada no fator de número de respostas positivas com a socialização.

Figura 4: Freqüência da Variável Incentivo

Observa-se que a socialização não é um fator de incentivo a prática do projeto, mas nos final do questionário pode-se identificar, através de outras respostas, que a atividade favorece a socialização dos praticantes nessa região. Não contabilizando que o professor, no caso, tem papel considerável como incentivador dos praticantes e instrumento facilitador da sociabilização também. Dos 44 praticantes, nove responderam que seu maior incentivo na prática da atividade é o professor, significando então, que o professor tem papel fundamental no incentivo e no favorecimento da socialização dos participantes do projeto nessa região (SETTON, 2005).

Figura 5: Freqüência da Variável Praticou Atividade Física

Observando e analisando esse outro aspecto do questionário (Figura 5), pode-se concluir que um número considerável de participantes, mais da metade dos questionados, do projeto já teria praticado atividade física antes do projeto. No tocante de imaginar-se um estudo em uma comunidade de baixa renda, ocorre com eles também uma preocupação com a saúde em si e com o fato de poderem estar se divertindo através de uma atividade física e estarem conhecendo outras pessoas e ampliando sua, teoricamente, rede de contatos (MONTAKIS, ROTH & BASOW, PRINGLE, 2001).

A sinalização referente à diversão (Tabela 2, abaixo), cria um fator fundamental para estar favorecendo a socialização entre os participantes dessa atividade nessa região. A diversão e a prática de alguma atividade física, no caso a hidroginástica, favorece ao fator social que é muito importante e foco principal desse estudo. A questão colocada em questionamento sobre outra atividade física é com o intuito de ser apresentado o valor da questão social e da diversão. As outras práticas passadas são importantes para sejam identificadas quais seriam os níveis de socialização desses praticantes (GINBERG, 2001; HASTIE & SIEDENTOP, 1999; FEJGIN et allini 2005).

Levando-se em conta os aspectos positivos que foram colocados pelos participantes do projeto, pode-se identificar nessa região e com essa prática de atividade proposta pelo projeto (Tabela 2):

Tabela 2: Freqüência da Variável Aspectos Positivos

Classe

Freq. Absoluta

Freq. Acum. Absoluta

Freq. Relativa

Freq. Acum. Relativa

Amigas

24

24

19,05

19,05

Dieta

2

26

1,59

20,63

Eventos

3

29

2,38

23,02

Identificação

3

32

2,38

25,40

Gratuito

22

54

17,46

42,86

Horário

2

56

1,59

44,44

Local

21

77

16,67

61,11

Ludicidade

2

79

1,59

62,70

Professor

7

86

5,56

68,25

Proximidade Familiar

5

91

3,97

72,22

Saúde

7

98

5,56

77,78

Sente-se Melhor

6

104

4,76

82,54

Vizinhas

11

115

8,73

91,27

Outros

11

126

8,73

100,00

Total

126

100,00

Alguns aspectos se destacam em comum acordo com os participantes do questionário. Os mais citados foram: Amigas, dieta, eventos, identificação, gratuidade, horário e localização. De todos os aspectos o mais citado foi o aspecto amizade podendo ser notado que muitos participantes têm amigos e vizinhos e parentes participando do projeto e é o local mais propício para as conversas e agendamento de algumas festividades familiares e amigáveis entre os participantes do projeto (MONTAKIS, 2001; O’DONOVAN, 2003).

O aspecto gratuidade também é muito importante para os outros participantes do projeto e também tem um papel significativo no fator de poder estar favorecendo a socialização. Por se tratar de uma comunidade de baixa renda, esse aspecto é fundamental para alguns participantes, pois a gratuidade nessa região passa a ser um estímulo para a prática da atividade. Sendo a gratuidade um fator importante para estar oferecendo a socialização aos praticantes e poder estar positivando as conclusões nesse estudo.

A localização do projeto para os participantes constitui um forte favorecimento a questão da sociabilização, para alguns é importante que o local para se praticar a atividade seja perto de sua casa e ou nas redondezas. A localização do projeto além de favorecer a prática da atividade dos participantes do projeto e dos moradores da região também é questão fundamental no papel de agente socializador favorecendo o fator social. (KRUSE, 2001; ROTH & BASOW, 2001)

Figura 6: Freqüência da Variável Motivação

A Figura 6 acima permite a visualização do fator motivacional dos participantes. Foi constatado com o questionário que a variável motivacional é muito importante para o fato da atividade tendo um papel socializador. O amigo foi à resposta mais apareceu nesse questionário no fator motivação. As amizades têm papel fundamental no projeto, pois elas podem trazer mais associados e também pode evitar que ele se desligue do projeto e ainda faz o papel de apresentar o amigo aos outros participantes do projeto. A saúde também foi citada com dados consideráveis pelos participantes do projeto, podendo assim ser considerada um fator importante na hora de estar favorecendo a socialização do grupo. Quando só se pensa em saúde como prevenção de doenças a mesma pode estar sendo, para esse grupo, um fator socializador de extrema importância. E nessa resposta também aparece o gosto pela atividade que, perto das outras respostas, não tem um valor significativo para esse grupo, mas pode ser de extrema importância para outros grupos que não foram previstos nesse estudo. (GINSBER,2001; SETTON, 2005)

Ao entrar em contato visual com a figura representativa do gráfico sobre vantagens na prática dos participantes logo abaixo, pode-se perceber, com as respostas dessa questão, que os aspectos fisiológicos são desprezados pelos participantes do projeto quando se pensa em vantagem sobre a prática (Figura 7).

Figura 7: Freqüência da Variável Vantagem

De acordo com Wilkins (1995), a participação em um programa de exercício regular é uma modalidade de intervenção efetiva para reduzir/prevenir um número de declínios funcionais associados ao envelhecimento e favorecendo a saúde (SETTON, 2005 ;VIANNA, 2005; GINSBERG,2001).

Adicionalmente, a treinabilidade dos indivíduos é evidenciada pela habilidade de se adaptarem e responderem a ambos os tipos de treinamento, endurance e força. O treinamento de endurance pode ajudar a manter e melhorar vários aspectos da função cardiovascular (VO2 máx, débito cardíaco e diferença arterio-venosa de oxigênio) bem como incrementar a performance sub-máxima. Muito importante, as reduções nos fatores de risco associados com os estados de doença (doença cardíaca, diabetes, dentre outras) melhoram a condição de saúde e contribuem para o incremento na expectativa de vida. Wilkins (2001) ainda diz que o treinamento de força ajuda a compensar a redução na massa e força muscular tipicamente associada ao envelhecimento normal. Simultaneamente, estas adaptações ao treinamento melhoram muito a capacidade funcional das pessoas, desse modo melhorando a qualidade de vida nessa população. Benefícios adicionais do exercício regular incluem melhora da saúde óssea, e então, decréscimo no risco de osteoporose; melhora da estabilidade postural, reduzindo assim o risco de quedas, lesões e fraturas associadas; e incremento da flexibilidade e amplitude de movimento. Afirma ainda Wilkins que enquanto, algumas evidências também sugerem que o envolvimento em exercícios regulares pode também fornecer vários benefícios psicológicos relacionados a preservação da função cognitiva, alívio dos sintomas de depressão e comportamento, e uma melhora no conceito de controle pessoal e auto-eficácia. Existe uma óbvia necessidade para mais pesquisas conduzidas e corretamente controladas dedicando várias questões importantes relacionadas à interação do exercício e atividade física no envelhecimento saudável. Isto inclui estudos que variam desde investigações clínicas àqueles examinando os mecanismos celulares e moleculares (MONTAKIS, 2001; PRINGLE, 2001).

Simultaneamente Baylor (1988), afirma que os benefícios associados ao exercício regular e a atividade física contribuem para um estilo de vida independente e saudável, melhorando muito a capacidade funcional e a qualidade de vida para o segmento de nossa população que cresce rapidamente e mesmo assim todos esses aspectos forma desprezados pelos praticantes da atividade no projeto. Para eles o fato que lhes dá maior vantagem de participar do projeto são as amizades constituídas no mesmo.

A identificação com a atividade é citada por alguns participantes, mas não tem um valor tão significativo para esse grupo de moradores e praticantes desse projeto. Eram pertinentes as dúvidas sobre as amizades como um fator social importante, nessa questão pode-se estar sendo favorecida a sociabilização deste grupo localizado nessa região para este grupo (SETTON, 2005).

Analisando a Figura 8 no tocante da assiduidade, a questão que mais foi positivada pelos participantes foi o valor que as pessoas dessa localidade dão a questão de falta de contato com os outros participantes pode-se notar que de acordo com os autores, a personalidade desse público ajudou a comprovar esses dados. A maioria das pessoas questionadas (15 participantes) respondeu que se não pudesse estar presente sentiria falta dos outros participantes e a outra grande parte das respostas (13 participantes) foi que as pessoas evitariam faltar e, se mesmo assim precisassem mesmo faltar ficariam chateados. O elo que foi criado entre os participantes do projeto nessa região tem favorecido ao fato desse grupo estar se sociabilizando entre os participantes. ( MONTAKIS, 2001)

Tendo como pertinência as respostas foi notado que os participantes têm sido favorecidos no tocante social pela pratica da atividade física nessa região para esse público participante. (SETTON, 2005 ; KRUSE, 2001).

Figura 8: Freqüência da Variável Assiduidade

De acordo com Evans (2004); Siedentop & Hastie (1999) o ser humano é dotado de características que o diferenciam dos demais, que o fazem um ser único, é capaz de realizar complexas relações no seu meio e cada pessoa pode reagir de maneiras diferentes a uma mesma situação ou estímulo. Pode-se dizer que a individualidade é uma marca do homem e se forma a partir de um conjunto de fatores como a genética, o meio em que vivem ou mesmo acontecimentos durante sua vida. O homem trás consigo marcas e potencialidades desde o seu nascimento e que dentro de certos limites poderão ser influenciados por diversos fatores. Esse conjunto de características herdadas e adquiridas irá formar a personalidade do indivíduo que será própria de cada ser, e determinante no rumo que sua vida irá tomar suas decisões e até mesmo a profissão que irá seguir (ALLPORT, 1966).

A personalidade é um fenômeno complexo e existem várias definições para ela. Segundo Allport (1966), personalidade é a organização dinâmica, no indivíduo, dos sistemas psicofísicos que determinam seu comportamento e seu pensamento característicos, são as relações do conjunto, corpo-mente que interagem mutuamente e que motivam e influenciam seus pensamentos e atos e será determinante no processo de adaptação do indivíduo. Nuttin (1969) nos coloca que a personalidade é uma construção científica que tenta definir a partir de comportamentos observados a maneira de ser e funcionar do organismo pscicofísiológico que é a pessoa humana (GINSBERG, 2001).

Outra teoria importante para o estudo da personalidade é a de Eysenck que se baseia nos traços de personalidade, pelos quais se acredita capaz de predizer muitos comportamentos individuais e sociais. Eysenck (1968) considera estes traços como uma dimensão da personalidade, e identificou o que segundo ele, seriam as duas dimensões primárias da personalidade: extroversão e neurotismo. O autor considera que estas dimensões são representativas da atividade nervosa, desta forma a extroversão é um contínuo entre extroversão e introversão e o neurotismo é um contínuo entre neurotismo (instabilidade emocional) e estabilidade emocional (psicotismo). Estas dimensões permitem essencialmente uma descrição do comportamento das pessoas.

Segundo Samulski (1992) a importância da atividade física no desenvolvimento da personalidade á reconhecida tanto pelas ciências do esporte com para professores, treinadores e atletas. Pessoas com determinada estrutura da personalidade se interessam por modalidades esportivas especiais ou por determinada forma de prática esportiva. Assim algumas características como sociabilização, estabilidade emocional e motivação para o rendimento esportivo se desenvolvem com a prática esportiva e também para o rendimento esportivo serão necessárias características de personalidade como capacidade de liderança, dominância, extroversão e comunicação social.

Tendo a visualização do tocante relação com outros participantes, Figura 9 abaixo,

Figura 9: Freqüência da Variável Relação

é fácil de observar, através de dados matemáticos, que 19 dos 44 participantes responderam que a relação com os amigos e com o professor é boa e outros 16 se posicionaram como tendo uma relação muito boa entre os demais. De acordo com Gilda Luck (2005) desenvolver as habilidades para estruturar um pensamento lógico é hoje um dos caminhos mais importantes para se adquirir competência de um profissional para um professor. Porém, a competência de interagir com os alunos ainda é fundamental. E o professor deve fazê-lo a cada dia. Motivar o processo de aprendizado é antes de tudo um trabalho de resistência e persistência. Como o professor reage a seus problemas com os alunos é importante. Como o professor responde a eles ou interage com sua classe ou individualmente é seu estilo profissional. A competência de comunicar-se, de ter um processo de empatia, de compreender e conhecer tão bem os seres humanos com quem atua que sempre consiga tirar deles o melhor. Pode-se dizer que todo educador deve ter sua inteligência interpessoal bem desenvolvida.

Muitos autores defendem a idéia de que a inteligência interpessoal é uma questão de genética – ou a pessoa tem ou não tem. Por outro lado, acredita-se que esta é uma inteligência fundamental ao professor. No mundo em que se vive, desprovido de paz e tranqüilidade e dominado pela fadiga e tensão, não é fácil levar uma vida com qualidade. Tradicionalmente, os conflitos eram tidos como um mal a evitar, mas essa visão já está ultrapassada. As idéias inovadoras são, quase sempre, conseqüências de pontos de vista conflituosos partilhados e discutidas abertamente.

O fato de estarem bem relacionados entre os amigos é de suma importância para o favorecimento da sociabilização do demais participantes. O bom relacionamento dos participantes não depende só dos praticantes mas também do professor que tem um papel fundamental nesse aspecto e serve com uma interface de relação entre praticantes – professor – praticantes.

Pode-se propor que o professor é o tripé do favorecimento a sociabilização para esses praticantes dentro desse projeto e nessa região. Releva-se que o grupo estudado permite que se possam tomar como base essas conclusões de acordo com os dados matemáticos apresentados nessa resposta do questionário.

5.CONCLUSÃO

De acordo com o que foi mostrado pelo estudo pode-se concluir que a socialização entre os praticantes da atividade e participantes do projeto esta sendo favorecida de acordo com a atividade ocorrida no projeto e proposta para o estudo. Como visto no estudo a hidroginástica ocorrida no piscinão de Ramos oferecida pelo projeto social do SESC Rio tem influenciado na socialização de seus participantes e integrantes do mesmo. Nota-se também que esse evento não só se ocorre por conta dos participantes, mas também se percebe uma influência fundamental do professor na atividade proposta. Com referencia ao estudo proposto, o fator social tem sido positivado nas questões onde a socialização foi tema do estudo. Pode-se concluir também que esse estudo teve um espaço de tempo reduzido para se ter total certeza sobre as questões da total socialização dos participantes, a socialização tem ocorrido sim mas, recomenda-se que esse estudo seja feito em um prazo maior de tempo para que a total confirmação sobre a socialização dos participantes seja confirmada com maior clareza.

O que também se pode dizer sobre esse estudo e para essa região é que os fatos vêm sendo favorecidos para que aconteça a socialização dos praticantes da atividade.

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APÊNDICE A:

QUESTIONÁRIO:

1. SEXO : __________ MASCULINO __________ FEMININO

2. IDADE: _________ ANOS

3. QUANTO TEMPO NO PROJETO: _____________

4. VOCÊ GOSTA DA ATIVIDADE PRATICADA: _________ SIM __________ NÃO

5. QUAL O SEU OBJETIVO NO PROJETO:

_______ SAÚDE

_______ LAZER

_______ RECOMENDAÇÃO MÉDICA

_______ LOCALIZAÇÃO

_______ DIVERSÃO

6. QUAL O SEU MAIOR INCENTIVO?

_______ AMIGOS

______ DIVERSÃO

______ A ATIVIDADE

______ A SOCIABILIZAÇÃO

______ O PROFESSOR

7. JÁ PRATICOU ATIVIDADE FÍSICA? ______ SIM _______ NÃO

8. CITE TRES ASPECTOS POSITIVOS:

9. CITE UM ASPECTO NEGATIVO:

10. QUAL O PRINCIPAL MOTIVO PARA VOCÊ FREQUENTAR O PROJETO?

_______ A ATIVIDADE

______ AS PESSOAS

______ O PROFESSOR

11. QUAIS AS SUAS VANTAGENS NA PRATICA?

________ SAÚDE

_______ AMIZADES FEITAS NO PROJETO

_______ GOSTO PELA ATIVIDADE.

12. COMO VOCÊ SE SENTE CASO VOCÊ PRECISE FALTAR:

________ SEM PROBLEMA

_______ FICA CHATEADA

_______ SENTE FALTA DAS PESSOAS

_______ SENTE FALTA DA ATIVIDADE

_______ FAZ DE TUDO PRA NÃO FALTAR

13. QUAL A SUA RELAÇÃO COM OS COLEGAS E PROFESSOR?

_______ BOA

_______ MUITO BOA

_______ POR ELES QUE VOCÊ ESTÁ AQUI

_______ RUIM

_______ INDIFERENTE.

 

AGRADECIMENTOS

Antes de agradecer a todos que me ajudaram nesse estudo quero começar dizendo que este estudo foi uma ótima ferramenta para o meu crescimento como profissional e que depois deste estudo passo a olhar a atividade física com outros olhos.

Quero em primeiro lugar agradecer a DEUS por ter me dado à oportunidade de concluir minha faculdade e meu estudo também. Tão importante como a ajuda de DEUS foi à ajuda de meu melhor amigo, meu pai, que me apoiou sempre e meu deu forças nas horas em que mais precisei. Deixo meu agradecimento também em especial a uma pessoa especial que surgiu em minha vida durante a conclusão do curso, chamada de Denise Cardoso Veras, que foi e é como uma mãe pra mim. Gostaria de deixar confirmado também o meu agradecimento a minha namorada Fernanda Oliveira Loureiro que apareceu em minha vida no transcorrer do curso, mas teve um papel fundamental para o meu sucesso no estudo.

Quero também agradecer aos meus amigos que conheci na faculdade em especial a Leandro Pereira e Leonardo Júlio e a amiga Patrícia Vieira.

Finalizo meus agradecimentos com mérito aos professores e mestre da instituição em especial a alguns mestres como Alexandre Trindade, Edil Santos e ao meu orientador Homero Naum Junior.

E ao meu professor amado que considero um pai, Tufic Derzi.

Monografia de Conclusão de Curso apresentado em cumprimento às

exigências para obtenção de grau no Curso de Graduação em Educação

Física na Universidade Estácio de Sá

ORIENTADOR: Prof. HOMERO JUNIOR.

Felippe Lopes Oliveira

felippeoliveira[arroba]oi.com.br

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

Rio de Janeiro

Avaliada em 22 de Novembro de 2005



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