Um ensaio sobre os métodos de tratamento na psicanálise: a dieta da alma



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. A Origem da Psicanálise
  4. A Evolução da Teoria Psicanalítica
  5. A psicanálise na contemporaneidade
  6. A paciente Margarida
  7. Consideraçoes finais
  8. Referências Bibliograficas

Resumo

A psicanálise humanista na sua essência trata do ser integral, capaz de conviver com a complexidade no universo. Numa sinergia constante, onde ocorre a interação entre os seres, às trocas, às transformações químicas, físicas e psíquicas. No entanto, perceber-se como um ser humano torna-se fundamental à evolução, à sintonia com a diversidade. Os conteúdos da vida são muito profundos e nos levam a evolução. Instiga a olhar para dentro de si, para isso exige coragem para re-significar os traumas e as dores. No entanto, não há nada mais prazeroso do que contemplar a nossa história e perceber as marcas das superações. Portanto, para ascender, se faz necessário evoluir, perder o medo, superar as neuroses.

Aprender a desenvolver-se, ter acesso às informações e aos conhecimentos de forma a transformá-los em sabedoria para viver e conviver melhor. O artigo reflete sobre as origens da psicanálise, as idéias dos seus precursores e a evolução dos métodos empregados para a cura das neuroses. No decorrer do trabalho relata-se um estudo de caso desenvolvido com uma paciente que apresentava um quadro neurótico manifesto, bastante acentuado. Devido ao foco do problema a situação era extremamente delicada e as queixas de ordem psico-somática constantes. No seu histórico apresenta um longo processo de análise pelo método clássico, mas muitas dificuldades para lidar com as situações familiares e o contexto social. A partir da avaliação do quadro clínico, realizou-se uma apreciação das variáveis relacionadas à esfera da psique, na qual se constatou que o problema encontrava-se na falta de habilidades e competências para lidar com os conflitos. Neste objeto de estudo procura-se demonstrar que o método empregado para perceber o problema, operacionalizar as variáveis e encontrar uma solução para o caso tornou-se fundamental. No intuito de estabelecer um parâmetro entre as idéias confusas e a realidade. A pesquisa articula o problema, o método e a gestão com excelentes resultados para há paciente, comprovando a relevância da aplicação da metodologia Recreação e Cidadania no tratamento psicanalítico como "a dieta da alma".

Palavras Chaves: psicanálise, neurose, metodologia recreação e cidadania.

Introdução

Ao ser humano, apenas o exercício da existência não basta, se faz necessário aprender a interagir com a complexidade para realizar os seus sonhos. A partir da existência repleta de desejos não concretizados, "o homem acaba senso contaminado por uma frustração crescente e, assim, se esquece de viver." (Mecler 2007, p.19) O ensaio que ora se escreve apresenta como tema "Os Métodos de tratamento na psicanálise: uma dieta para a alma", no intuito de que se promova ao ser humano uma nova oportunidade de viver e conviver com coerência e discernimento.

O homem por natureza, volta-se sempre para a sua essência. Quando se afasta desses propósitos adoece, pois perde a sintonia com o seu eu. Com o humanimus, com a possibilidade de "curar e cuidar que o homem seja humano e não inumano", (Heidegger 1966, p. 34). Sendo essa a sua verdadeira essência. Nesse sentido, o humanismo funde-se com a metafísica quando questiona os acontecimentos, o ser, as suas relações e as causas que interferem no mesmo.

Na história a matriz freudiana desenvolveu-se ao longo do século XX, por meio dos seus seguidores. A teoria psicanalítica encontra o seu apogeu nos anos 50 e 60. Entre as principais dissensões, registra-se Reich na década de 30 e Fromm (1980). Reich propôs a gênese da neurose como consequência dos conflitos de poder que se estabelecem nas relações sociais, as implicações emocionais e psicológicas. Fromm destaca-se com a sua teoria eco ética humanista, integrando aspectos socio-econômicos na explicação das neuroses. Lacan (1978) retoma as idéias de Freud (1895) e fundamenta sua teoria na diferença sexual com base na lógica da castração entre outros.

Na contemporaneidade o estudo da psicanálise centra-se na essência do amor, no aprimoramento pessoal e coletivo concomitantemente. A perspectiva psicanalítica atual "deve ser uma psicanálise voltada para o aprimoramento da saúde mental, visando estimular os processos sadios e criativos" (Py 2007) Na busca do equilíbrio entre o ser e o ter. No combate a solidão, de forma consciente para que a dinâmica da vida volte-se ao bem estar, à convivencia saudável e feliz. Dessa forma procura-se superar a visão sexista vigente, evitando a discriminaçao, numa perspectiva inclusiva. No intuito de promover qualidade de vida a população por meio da prática psicanalitica.

O ensaio tem como objetivo demonstrar a evolução dos métodos no tratamento psicanalítico, vislumbrando a possibilidade de cura. O interesse pelo tema surge a partir das leituras, das pesquisas, das discussões realizadas durante o curso e da minha experiência como Educadora Especial com alunos (as) que apresentam dificuldades de aprendizagem e adaptação. Na clinica com pacientes que manifestam uma forma inadequada para lidar com as emoções e os sentimentos. Da qual surge o problema da pesquisa:

- Por que as pessoas não conseguem superar as suas neuroses?

Desta forma inicia-se o nosso desafio, aplicar o método, denominado "Recreação e Cidadania" que já é um sucesso com crianças, em adultos, sem utilizar o material concreto. Apenas o exercício do pensamento, das palavras, das ações de forma ética e responsável. Constata-se que a interação desses elementos com o contexto favorece o desenvolvimento de um ser humano melhor, capaz de estimular-se, motivar o grupo, criar oportunidades de realização e transformação social.

A metodologia trabalha os temas, as ações e as atividades re-educativas por meio do diálogo, da problematização, da ação e da transformação. No intuito de instigar o (a) paciente a despertar para a vida, a encontrar o seu Ser. A organizar-se para buscar o objeto do desejo, a felicidade nos elementos extra-físicos. A refinar a alma, por meio dos pensamentos, das palavras e das ações. No intuito de unir a razão, a emoção, à autonomia numa nova forma de pensar e perceber a realidade.

Aprimorar estas três vias impede o ser humano de viver num mundo caótico, "dominado pelo medo e pela frustração, para ingressar em uma vida luminosa, repleta de realizações." (Mecler 2007, p.101) O instiga a enfrentar a vida de forma eficaz, sem ansiedade, com segurança e autonomia, pois quanto maior o desejo, maior a possibilidade de compartilhar as conquistas e superar-se.

A metodologia da pesquisa caracteriza-se por ser do tipo: qualitativa, de nível descritivo. No objeto de estudo demonstra que o método empregado para perceber o problema, operacio-nalizar as variáveis e encontrar uma solução para o problema, torna-se fundamental para que o (a) paciente obtenha a cura. No intuito de estabelecer um parâmetro entre as idéias confusas e a realidade.

A pesquisa articula o problema, a dialética e a gestão com excelentes resultados para o (a) paciente. Comprova dessa forma a relevância da metodologia Recreação e Cidadania no tratamento psicanalítico. A pesquisa justifica-se pela necessidade em desenvolver métodos e técnicas eficazes para trabalhar com o comportamento humano. Desenvolver caminhos seguros, no intuito de que o (a) paciente possa buscar o seu eu essencial, a sua luz permanente, "que contem toda a potencialidade da criação." (Mecler 2007, p.112). De forma individual e coletiva para superar os seus medos, as suas neuroses, integrando-se a vida e a comunidade de maneira saudável. Uma postura diferente daquela centrada no eu ego, que sobrevive da luz perecível e por isso torna-se vulnerável. Insensível, interessa-se apenas por si, se manifesta de forma egoísta, ignorando o bem estar social.

Percebe-se desta forma que o problema em geral, encontra-se no arquétipo, no ego primitivo, centrado apenas em si mesmo, sendo esta a causa das perturbações e das doenças psicosomáticas. Para isso se faz necessário trazer do inconsciente, a consciência do problema e oportunizar um despertar coletivo, por meio de um método eficaz que os envolvam. De forma que se consiga estabelecer vínculos da sensação advinda ao fato, compartilhando e produzindo bem estar. O conceito de inconsciente fora usado por Leibniz 200 anos antes de Freud e por Hegel (1931) para construir a dialética hegeliana, a qual reconcilia os contraditórios. Instiga a perceber o abstrato e o concreto, o centro do entendimento da razão positiva, a palavra de ordem concreta de Hegel.

A originalidade do conceito de Inconsciente introduzido por Freud (1915) deve-se à realidade psíquica, característica dos processos inconscientes. Desta forma torna-se necessário diferenciar inconsciente, sem consciência, de inconsciente, no que se refere a uma instância psíquica basilar na constituição da personalidade. A consciência aparece como a receptora do inconsciente, mas é ele quem dá as coordenadas ao pensamento, as palavras, a ação e a transformação do homem. Portanto, o inconciente não pode ser abordado diretamente, mas por meio dos atos falhos, dos sonhos e dos sintomas num processo temporal, não cronológico, mas lógico.

A física quantica evidencia e comprova o valor dessa descoberta. Segundo as pesquisas, pela lei da atração, desencadeia-se um campo magnético capaz de atrair as pessoas, os estilos de vida pelo pensamento e pela imagem. As redes neuronais produzem infinitas comunicações e a imagem "nos remete a entender a manifestação do desejo inconsciente no homem." (Pereira 2007, p. 11) Sendo assim, o pensamento molda-se de forma rápida, sendo quase impossível contê-lo. Já a ação produz efeitos no mundo físico, sejam positivos ou negativos, mas é pela palavra que se modificam as pessoas e o universo, de acordo com a sua ótica.

O desequilíbrio da energia vital, a carência do desenvolvimento da inteligência, a falta de uma metodologia adequada para organizar-se provocam verdadeiras tragédias. Impedem o ser humano de construir um caminho, de avançar e alcançar os seus objetivos. Não que este seja o mais importante, mas torna-se relevante na vida contemporânea. O fato de tornar consciente o problema e saber como vai solucioná-lo estimula, motiva, oportuniza ao homem a reflexão e as vivencias. Para isso se desenvolvem teorias, métodos que auxiliam na formação da personalidade e na educação.

Estudos sobre a consciência holística demonstram que o homem em harmonia é capaz de realizar grandes conquistas, manter relacionamentos saudáveis e criativos. Desta forma "lança-se sem medo em busca de seus ideais, é seguro em seus atos e mantém o equilíbrio emocional que é a base para o ser e agir." (Brum 2003, p. 11) Capaz de viver o presente e perceber o futuro promissor. Nessa perspectiva, a ciência psicanalítica "tem como objetivo pesquisar e descrever as formas de atuação, organização e somatização no organismo de conflitos neuróticos, perturbadores da paz e do equilíbrio emocional." (Pereira 2003, p. 07) No intuito de proporcionar o bem estar social.

Dentre as teorias utilizadas na terapia classificam-se a objetiva e a existencialista. Na Teoria objetiva, segundo May Rollo (1969) o terapeuta identifica os sentimentos, as hostilidades e os conteúdos dos sonhos que conduzem ao auto-conceito positivo. Desta forma o analista percebe o que incomoda ao paciente e interpreta as origens ao analisando. Na Teoria existencialista, a seção analítica desenvolve-se com naturalidade, de forma que o analisando ao deixar fluir os sonhos, as emoções e os sentimentos fornecem o material primordial para a analise. Assim, o analista de posse das informações, leva o paciente a tomar consciência do existir.

Nesta nova proposta, desenvolvida com a Metodologia Recreação Cidadania, além do (a) paciente tomar consciência dos seus problemas, instiga-se a ação e a transformação. O método utilizado pelo (a) analista o induz a agir e a reagir com responsabilidade de forma que consiga superar os seus conflitos A planejar e a organizar a sua vida. A rever a origem dos seus medos. A superar as suas neuroses por meio do diálogo e da problematização. A partir de um planejamento flexível, passa a executar ações e atividades re-educativas de forma individual e coletiva.

O ensaio fundamenta-se na obra de Sigmund Freud (1856 - 1939), fundador da Psicanálise, o qual provoca uma revolução no estudo da mente humana, salientando o inconsciente. Josef Breuer (1842 – 1925) inventa a terapia da conversa e descobre o problema do método. Alfred Adler (1870 – 1937) Percebe no meio social os objetivos do comportamento humano. Trabalha a orientação da criança, como método preventivo a agressividade. Carl Jung (1875, 1961) Descobre os tipos humanos, pela associação da palavra, percebe a integralidade e a individualidade do paciente. Donald Winicott (1896 – 1971) salienta o potencial humano e do ambiente. Erich Fromm (1900 – 1980) Integra os aspectos sócio-econômicos para explicar as neuroses.

No desenvolvimento do trabalho demonstram-se a evolução da psicanálise, as idéias dos seus precursores e os métodos empregados na cura das neuroses. Um estudo de caso realizado por meio da metodologia Recreação e Cidadania, numa perspectiva dialética e inclusiva. No qual se faz um relato da terapia realizada com a paciente "Margarida". Uma senhora com 56 anos, dona de casa, esposa, mãe de quatro filhos. Os integrantes da família apresentam suas particularidades, mas o foco do problema acentua-se devido ao fato que um dos membros manifesta uma dependência química acentuada. Seguido pelas considerações finais e a bibliografia.


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