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Um estudo de caso sobre o pecado original e como acontece a transferência da natureza pecaminosa do homem (página 2)


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2.1 IMAGEM

Imagem (do latim: imago) significa a representação visual de um objeto. Em grego antigo corresponde ao termo eidos, raiz etimológica do termo idea ou eidea, cujo conceito foi desenvolvido por Platão.

À teoria de Platão, o idealismo, considerava a ideia (ou idéia) da coisa, a sua imagem, como sendo uma projeção da mente. Aristóteles, pelo contrário, considerava a imagem como sendo uma aquisição pelos sentidos, a representação mental de um objecto / objeto real, fundando a teoria do realismo. A controvérsia estava lançada e chegaria aos nosso dias, mantendo-se viva em praticamente todos os domínios do conhecimento.

Em senso comum, envolve tanto o conceito de imagem adquirida quanto a gerada pelo ser humano, em muitos domínios, quer na criação pela arte, quer como simples registro foto-mecânico, na pintura, no desenho, na gravura, em qualquer forma visual de expressão da idéia. Nas ciências exatas. como em matemática, o termo "imagem" é entendido como representação de um objeto especializado, que exige técnicas e ferramentas especiais.

Em senso comum, hoje em dia, entre outras, imagens são as veículadas pelos anúncios publicitários impressos em páginas de revistas ou expostos nas paredes de edifícios; os cartazes afixados em muros e murais; a própria arquitetura dos edifícios e das obras de engenharia; os utensílios domésticos e todas as ferramentas; as vestimentas; os veículos de transporte; as representações sagradas; todo material impresso e finalmente toda exibição em telas de cinema e de televisão.

Imagem estática x imagem em movimento

Por alguma razão, o termo "imagem" tem sido viciosamente utilizado como restrito à imagem em movimento, fotográfica ou eletrônica, dos meios audiovisuais. O conceito, na verdade, transcende em muito esse pequeno recorte e diz respeito a toda visualização construída pela ação do Homem. Neste sentido, inclui todo e qualquer objeto que possa ser percebido visualmente — e, portanto, esteticamente.

Fonte: Disponível em Acesso em 02 de dez.2009.

2.2 SEMELHANÇA

Aurélio (1993) define semelhança como: Semelhança é a relação entre seres, coisas ou idéias que têm em si elementos conformes, além dos comuns a espécie. Analogia, parecido, conforme, análogo, tal este, é aquele. Pessoa ou coisa que se assemelha a outra. Qualidade de semelhante.

2.3 A NATUREZA HUMANA

A natureza humana é um conjunto de características descritas pela filosofia, incluindo formas de agir e pensar, que todos os seres humanos tem em comum. Vários são os ramos da ciência que estudam a natureza humana, incluindo sociologia, sociobiologia, psicologia, dentre outros. Filósofos e teólogos também fazem pesquisas sobre o assunto.

De acordo com o conceito aceito pela ciência moderna, natureza humana é a parte do comportamento humano que acredita-se que seja normal e/ou invariável através longos períodos de tempo e de contextos culturais dos mais variados.

Existem várias perspectivas em relação à natureza e essência fundamental dos seres humanos. Estes são, de qualquer forma mutuamente exclusivos e, a seguinte lista não é de forma alguma exaustiva:

NATURALISMO FILOSÓFICO:

O naturalismo filosófico inclui Materialismo e Racionalismo.

Engloba um conjunto de pontos de vista que os seres humanos são puramente fenômenos naturais, seres sofisticados que evoluiram para o nosso atual estado através de mecanismos naturais como a evolução. Filósofos humanistas determinam o bem e o mal através do que seriam as "qualidades humanas universais", mas outros naturalistas empregam esses termos como meros rótulos colocados em quão bem o comportamento individual está em conformidade com às expectativas da sociedade, e é o resultado da nossa psicologia e socialização.

A religião Abraãmica sustenta que um ser humano é um ser espiritual que foi deliberadamente criado por um único Deus, em sua imagem, e existe em contínuo relacionamento com Deus. O bem e o mal são definidos em quanto os humanos seres humanos se amoldam ao caráter descrito na "lei de Deus".

Noções politeísticas animísticas variam, mas geralmente descrevem os seres humanos como cidadãos em um mundo povoado por outros seres espirituais inteligentes ou mitológicos, como deuses, demônios, fantasmas, etc. Nestes casos, a maldade humana é frequentemente considerado como o resultado de influências sobrenaturais ou corrupção (embora possa ter muitas outras causas também).

Tradições espirituais existentes como a holística, panteística, e panenteística, asseguram que a humanidade é a existência com Deus ou como parte do cosmos divino. Neste caso, a maldade humana é geralmente considerada como o resultado da ignorância desta natureza universal Divina. Tradições deste tipo incluem religião Dármica e outras formas de filosofia oriental (incluindo Budismo e Taoísmo), e filosofia ocidental como Neoplatonismo ou cosmologia panteística. Determinados tipos de politeísmo, animismo, e monismo têm interpretações semelhantes.

LIVRE ARBÍTRIO E DETERMINISMO

A questão do livre arbítrio e determinismo toma conta de grande parte do debate sobre a natureza humana. Livre arbítrio refere-se à capacidade do homem de fazer escolhas verdadeiramente livres. No que se refere aos seres humanos, a tese do determinismo implica que as opções humanas são plenamente causadas por forças internas e externas.

Incompatibilismo: sustenta que o determinismo e o livre arbítrio são contraditórios (ou ambos são falsos). As visões incompatibilistas podem negar ou aceitar o livre arbítrio.

Visões incompatibilistas em favor do livre arbítrio incluem:

Libertarianismo entende que a percepção humana de livre escolha em ação é verdadeiro, em vez de aparentemente verdadeira, dessa forma, as nossas ações são executadas sem que haja qualquer coerção por forças internas ou externas.

Tomismo sustenta que os seres humanos têm uma verdadeira experiência de livre arbítrio, e essa experiência é prova de um alma que transcende os meros componentes físicos do ser humano.

Opiniões incompatibilistas contrárias incluiem:

Determinismo refere-se a lógica que os seres humanos, como todos os fenômenos físicos, são objeto de causa e efeito. O Determinismo também entende que as nossas ações resultam do meio social e fatores biológicos ou teológicos. Um equívoco comum é que todos são deterministas fatalistas, que acreditam que a deliberação não faz sentido e que o futuro já está definido, quando na verdade a maioria deterministas mantém a idéia de que nós devemos deliberar sobre as nossas ações e que isto é parte da complexa interação entre causa e efeito.

  • a) A Predestinação é a teoria que Deus orquestra todos os acontecimentos no universo(humanos, naturais e outros) de acordo com sua vontade, porém ele faz de uma forma que inclui o livre arbítrio do homem.

  • b) Determinismo biológico e determinismo social são os pontos de vista segundo os quais as ações humanas são determinadas pela sua biologia e interação social, respectivamente. O debate entre estas duas posições é conhecido como natureza versus criação.

c) Compatibilismo, é da opinião que o livre arbítrio e o determinismo coexistem.

Visões compatibilistas incluem:

  • a) Compatibilitismo humano, é da opinião que eles são compatíveis, porque é meramente hipotética a habilidade de liberdade de escolha se a outra opção foi eliminada de acordo com os fatores físicos do determinismo.

  • b) Molinismo, é da opinião de que Deus é capaz de predestinar todos os eventos na Terra, porque ele sabe de antemão o que as pessoas irão escolher livremente.

  • c) Compatibilistas contemporâneos buscam definições de livre vontade que permitam a coexistência com o determinismo.

Espiritual versus natural

Outro aspecto discutido muitas vezes da natureza humana é a existência da relação do corpo físico com o espírito ou alma, que transcende os atributos físicos do homem, bem como a existência de qualquer propósito transcendente. Nesta área, há três posições dominantes:

A visão filosófica naturalista: Posição em que os seres humanos são absolutamente naturais, sem nenhum componente espiritual ou propósito transcendente. Subconjuntos da visão naturalista incluem os materialistas e os fisicalistas, posições que consideram que os seres humanos são totalmente físicos. No entanto, alguns naturalistas são também dualistas a cerca da mente e do corpo.

O naturalismo, combinado com as ciências naturais e sociais, veêm os humanos como seres não planejados do produto da evolução, que operava em parte pela seleção natural sobre mutação aleatória. Naturalistas filosóficos não acreditam numa passagem sobrenatural. Enquanto o naturalismo filosófico é frequentemente abordado como uma visão inaceitável da natureza humana, é promovido por muitos proeminentes filósofos e pensadores. O naturalista filosófico freqüentemente vai achar como semelhante a crença religiosa e a superstição e como um mal produto de um pensamento mágico.

Em contraste com o materialismo, existem as posições platonistas ou idealistas. Isto pode ser expresso de muitas formas, mas, na essência, a visão é que existe uma diferença entre a aparência e a realidade, e o que vemos no mundo que nos rodeia é simplesmente um reflexo de algo mais elevado, a existência divina, a qual a alma / mente ou espírito dos humanos (e talvez até os animais) pode ser parcial.

Em seu livro, Platão representa a humanidade como prisioneiros presos desde o nascimento dentro de uma caverna subterrânea, incapazes de mover a cabeça, e, portanto, capazes apenas de ver as sombras nas paredes que apareceram por um incêndio ocorrido fora da caverna, sombras estas que, em sua ignorância, os moradores da gruta tem uma visão errada da realidade. Para Platão, portanto, a alma é um espírito que usa o corpo. Ela está em um estado não-natural de união, e espera por ser liberto de sua prisão corporal (cf. República, X, 611).

Entre o materialismo e idealismo, situa-se o pensamento de São Tomás de Aquino, cujo sistema de pensamento é conhecido como Tomismo. Seu pensamento é, em essência, uma síntese da teologia cristã, bem como da filosofia de Aristóteles. Aristóteles descreve o homem como um "animal racional", isto é, um sistema único e indiviso sendo que é ao mesmo tempo animal (material) e racional (alma intelectual).

Desenho do hylomorphism aristotélico, a alma é vista como uma forma substancial do corpo (matéria). A alma, como a forma substancial, é aquilo que é universal, ou comum, para toda a humanidade, e, portanto, é indicativo da natureza humana, o que diferencia uma pessoa de outra é uma questão a qual Aquino se refere como o princípio da individualização. A alma humana é caracterizada como espiritual, imortal, substancial, e subsistente: é o princípio espiritual e vital do ser humano, mas também é dependente do corpo em uma variedade de formas, a fim de possuir estas características.

Assim, não existe divisão entre o "físico" e o "espiritual", embora eles sejam na verdade distintos. Esta posição diferencia o tomismo do materialismo e idealismo. Ao contrário do idealismo, que dispõe que o universo visível não é uma mera sombra de uma realidade transcendente, mas em vez disso é totalmente real em si. No entanto, ao contrário do materialismo, o Tomismo assegura que o empiricismo e a filosofia, quando adequadamente exercidos, conduzirão inevitavelmente à crença razoável em Deus, a alma humana e ao objetivismo moral. Assim, para um Tomista, é óbvia a prova da existência de um Deus e uma alma eterna.

Estado de natureza

Estado de natureza remete para afirmações filosóficas sobre a condição dos seres humanos antes de fatores sociais serem impostos, e assim tenta descrever a "essência natural" da natureza humana.

Visões que vêem os seres humanos como intrinsecamente bons:

De acordo com John Locke, o homem em estado de natureza tem perfeita liberdade para ordenar as suas ações, de acordo com as leis da natureza, sem ter que pedir permissão para agir para qualquer outra pessoa. As pessoas são de igual valor, e tratam uns aos outros como eles gostariam de ser tratados. As pessoas só deixam o estado de natureza quando consentem para fazer parte de uma comunidade, a fim de proteger os seus direitos de propriedade.

De acordo com Rousseau, os seres humanos no estado de natureza são naturalmente bons e os maus hábitos são produto da civilização corrompida;

Grupos que vêem os humanos como moralmente neutros:

De acordo com Pelagius, o estado do homem na natureza, não são tentados pelo pecado original, mas plenamente capazes de escolher entre o bem e o mal.

De acordo com o determinismo social e o determinismo biológico, a conduta humana é determinada por fatores biológicos e sociais, os instintos humanos inerentes nunca são verdadeiramente a culpa das ações geralmente consideradas "más" nem creditados como ações consideradas "boas".

De acordo com Hobbes, os seres humanos no estado de natureza estão inerentemente em uma "guerra de todos contra todos", e a vida neste estado é em última instância "desagradável, bruta, e curta." Para Hobbes, esse estado de natureza é sanado pelo bom governo.

De acordo com a doutrina cristã do pecado original, os seres humanos são criaturas intrinsecamente corrompidas e manchadas pelo pecado de Adão, e só podem ser resgatados pela graça de Deus através da fé na justiça de Jesus, a quem eles acreditam ser o seu filho moralmente perfeito.

Na teologia cristã, acredita-se que o nascimento virginal torna que isto seja possível, como imagina-se que o pecado original seja passado pela "semente" do homem. O catolicismo, no entanto, sustenta que a natureza de ambos, Jesus e sua mãe (Maria), como se fosse o eleito ou Messias, não foram atingidos pelo pecado original.

Visões que enxergam os seres humanos como tendo uma "natureza humana ferida"

De acordo com a Igreja Católica, os seres humanos foram criados bons, mas foram feridos por sua livre decisão pelo pecado. Os seres humanos estavam em um estado de "santidade e justiça original" mas perdeu isto devido ao pecado original, cometido por Adão e transmitido por ele como um estado de natureza aos seus descendentes. De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, "a natureza humana não foi totalmente corrompida: ela está ferida pelos seus próprios poderes naturais, sujeita à ignorância, sofrimento e ao domínio da morte, e inclinada ao pecado - uma inclinação para o mal que é chamada de concupiscência.

O Batismo, por conceder a vida da graça de Cristo, apaga o pecado original e transforma em um homem voltado para Deus, mas as suas consequências para a natureza, enfraquecida e inclinada para o mal, persistem no homem e o chama para a batalha espiritual.

A moralidade

Há uma série de pontos de vista sobre a origem e a natureza da moralidade humana:

Realismo moral ou objetivismo moral: diz que os códigos morais existem fora da parecer humana - que certas coisas são certas ou erradas, independentemente da opinião do homem sobre o assunto. A moralidade objetiva pode ser vista como decorrente da natureza intrínseca da humanidade, de um comando divino, ou ambos.

  • a) Relativismo moral: diz que os códigos morais são uma função dos valores humanos e das estruturas sociais, e não fazem sentido fora da convenção social.

  • b) Absolutismo moral: é de opinião que certos atos são certos ou errados, independentemente do contexto.

  • c) Universalismo moral: tenta uma união entre o relativismo moral e o absolutismo moral e sustenta que existe, ou deveria existir, um núcleo universal comum de moralidade.

Finalidade

Materialismo e Naturalismo filosófico defende que não há efeitos externos à vida humana. Defensores deste ponto de vista muitas vezes adotam a filosofia do humanismo secular.

A Teleologia sustenta que há propósitos inerentes à existência humana. Este efeito pode surgir a partir da natureza intrínseca da humanidade em si (o que um ser humano "supostamente deveria ser", como no caso da filosofia objetivista), a partir da relação humana com o divino (o que Deus quer seja a humanidade, como no caso da religião), ou de ambos (como quando os comandos divinos são vistos como estando de acordo com a natureza intrínseca da humanidade e dos melhores interesses da humanidade).

Psicologia e biologia

Uma questão de longa data na filosofia e na ciência é saber se existe uma natureza humana invariante. Para aqueles que acreditam na existência de uma natureza humana, mais perguntas se fazem:

  • O que determina/constrange a natureza humana?

  • Em que medida é que a natureza humana é maleável?

  • Como há variações entre as pessoas e as populações?

Como o comportamento humano é tão diverso, pode ser difícil encontrar comportamentos humanos absolutamente invariáveis que sejam de interesse para os filósofos. Um menor (mas ainda cientificamente válido) padrão para provas relativas a "natureza humana" é utilizado por cientistas que estudam o comportamento.

Biólogos buscam provas da predisposição genética para padrões comportamentais. Predisposições genéticas podem ser influenciadas pelo ambiente, então o aparecimento de organismos com características comportamentais geneticamente predispostas não se espera chegar a 100 por cento. Um tipo de comportamento humano em relação ao qual existe uma forte predisposição genética pode ser considerado como parte da natureza humana. Em outras palavras, a natureza humana não é vista como algo que force os indivíduos a comportar-se de certa maneira, mas como algo que torna os indivíduos mais inclinados a agir de uma determinada maneira do que noutra. Psicologicamente, o termo "natureza humana" pode estar relacionado com o conceito de Freud id e os anseios associados com esses um aspecto da personalidade.

Tábula rasa

A filosofia do empiricismo de John Locke vê a natureza humana como uma "tábula rasa". Nesta visão, há um nascimento na mente de uma "ardósia em branco", sem regras, para que os dados sejam adicionados, e as regras para processá-los são formadas unicamente por nossas experiências sensoriais.

A opinião contrária é vista na sociobiologia de E. O. Wilson e intimamente relacionada a teoria da psicologia evolutiva.

Argumentos para a invariância

Todas as pessoas têm expressões faciais similares. Todo mundo sorri, bem como a forma como usamos nossos olhos para transmitir cognição ou a forma de flertar é a mesma. Avaliações da atratividade facial são consistentes em todas as raças e culturas com uma preferência pela simetria e proporção que são explicadas pelos cientistas como marcadores de saúde durante o desenvolvimento físico atribuível a bons genes ou um bom ambiente. As fêmeas humanas procuram rostos masculinos que são classificados como mais masculinos e agressivos, no momento em que estão menos femininas, delicadas e mais atraentes durante a ovulação, a fase do seu ciclo menstrual, quando as mulheres são mais férteis.

Nenhum sucesso já foi cientificamente demonstrado em nova atribuição de um indivíduo habilidoso. Embora os indivíduos podem mudar seu comportamento externo (pegar a tesoura, com sua mão direita em vez da esquerda, por exemplo), sua inclinação interna nunca muda. Mesmo as pessoas que perdem um membro, que fisicamente não possuem a capacidade de pegar tesoura com sua mão esquerda, tentará fazê-lo. A porcentagem de canhotos em todas as culturas e em todos os momentos permanece constante (devido ao uso da mão esquerda ser uma característica recessiva).

Recém-nascidos, demasiadamente jovens para ter sido aculturado ao fazê-lo, têm comportamentos mensuráveis, como sendo mais atraídos para faces humanas do que outras formas e ter uma preferência pela voz de sua mãe acima de qualquer outra voz.

Em seu livro Human Universals, Donald E Brown apresenta o seu caso específico e identifica cerca de 400 comportamentos que são essencialmente invariáveis entre todos os seres humanos.

Argumentos para a maleabilidade social

Dizem que o duque de Wellington tornou-se indignado após ouvir alguém referir-se ao hábito como "segunda natureza". Ele respondeu: "É dez vezes natureza!"

William James também se referiu ao hábito como a roda da sociedade. Hábitos, no entanto, são por definição adquiridos, e hábitos diferentes serão tanto os efeitos e as causas das diferenças das sociedades.

Diferentes sociedades humanas tem criado diferentes códigos morais. Assim, independentemente de existir ou não a moralidade objetiva, os seres humanos são capazes de impor uma ampla variedade de diferentes códigos morais sobre si.

Alguns argumentaram que o papel de cuidar não vem da ausência de impulsos na natureza humana, mas a partir da multiplicidade de tais impulsos - tantos e tão contraditórios, que a forma de criação deve identificá-los e colocá-los em uma hierarquia. Gêmeos idênticos têm genes idênticos, e, por conseguinte, idêntico comportamento inato. Se todos os comportamentos eram inatos, poderia-se esperar que gêmeos idênticos se comportem perfeitamente de forma idêntica em todo o tempo e sobre todos os aspectos. No entanto, este não é manifestamente o caso. Em particular, gêmeos que cresceram separados (e em diferentes ambientes) mostram as maiores diferenças de comportamento.

Alguns acreditam que não existe nenhuma lei universal de comportamento que vale para todos os seres humanos. Há muitas dessas leis que se aplicam à maioria das pessoas (por exemplo, a maioria dos indivíduos tentam evitar a morte), mas há sempre exceções (algumas pessoas cometem suicídio). A maioria dos animais, incluindo os seres humanos, têm uma inata auto-preservação ou instinto (medo de lesões e morte). O fato de que os seres humanos podem sobrepor este instinto básico é visto como evidência de que a natureza humana é subordinada à mente humana, e/ou a vários fatores externos. No entanto, isto pode não ser totalmente exclusivo para a mente humana, como observa-se que certos animais propositadamente cometem suicídio.

Visões influentes da natureza humana

Muitas escolas influentes de pensamento têm defendido concepções particulares da natureza humana, e integram nas suas concepções outras idéias. Entre eles estão o Platonismo, Marxismo e Freudianismo.

Platão

Platão tomou uma concepção de motivo e a analisou a partir da vida que ele aprendeu com Sócrates e construiu tanto a metafísica, como a antropologia em torno dela. Há uma alma intelectual residente na cabeça humana , e há um apetite animal residente na barriga e genitais. O dever dos antigos é manter a última forma mansa para, com o tempo, receber a morte como uma fuga a esta desconfortável co-habitação.

Em um ou outro disfarce, o dualismo de Platão foi imensamente influente. Isto foi profundamente insinuado na Teologia Cristã - um processo que começou, talvez, tão cedo quanto o Evangelho de João. A famosa teoria de Descartes do contraste da alma que pensa e do corpo ser a extensão da alma, é tomada de Platão, como é o contraste entre os fenômenos e os aspectos da natureza humana de Kant.

O que todas estas visões têm em comum é a seguinte estrutura: "existe uma parte invariável da natureza humana, e minha teoria a divulgará melhor do que outras teorias." Essa estrutura permite o avanço na história - porque ao conhecer-nos melhor mais próximos estamos do progresso. Mas a natureza humana em si, como o objeto desse conhecimento, é considerada uma constante. De fato, na teoria de Kant, a natureza humana no verdadeiro sentido não pode realmente dizer que muda porque mudança exige tempo, e o tempo é uma característica única do mundo como fenômeno real.

Hegel representa um importante rompimento com esta hegemonia platônica. Tomando como base o conceito de dialética, tudo é, por assim dizer, para agarrar-se: assim como homem tenta conhecer-se melhor, o objeto do conhecimento necessariamente muda.

Aristóteles

O mais famoso estudante de Platão fez alguns das mais famosas e influentes declarações sobre a natureza humana.

O homem é um animal conjugal (Nicomachean Ethics), o que significa que é um animal que está a se acasalar quando adulto, assim, construir um lar (oikos) e, em casos mais bem sucedidos, de um clã ou pequena aldeia que ainda existem por linhas patriarcais.

O homem é um animal político, o que significa que um animal com uma propensão inata a desenvolver comunidades complexas do tamanho de uma cidade ou vila. Como um animal político, em contraste com a sua família e vida no clã, o homem vive na sua racionalidade - mais plenamente na criação de leis e tradições.

O homem é um animal mimético (Poética). Neste caso, Aristóteles enfatiza a razão humana na sua forma mais pura. O homem ama utilizar sua imaginação, e não apenas fazer leis e participar de reuniões.

É claro que, para Aristóteles, a razão não é apenas o que é mais estranho sobre a humanidade, mas é também aquilo que era destinada a alcançar em seu melhor. Grande parte da posição Aristotélica ainda deve ser considerara, mas deve ser mencionado que a idéia de que a natureza humana era "significava" ou éramos destinados a ser alguma coisa, tornou-se muito menos popular nos tempos modernos.

Rousseau

O escrito de Jean Jacques Rousseau, antes da Revolução Francesa, e muito antes de Darwin, chocou o ocidente, propondo que os seres humanos haviam sido animais solitários, e depois tinham aprendido a serem políticos. O ponto importante sobre isto foi a idéia de que a natureza humana não foi fixada, ou pelo menos não da forma anteriormente sugerida por filósofos. Os seres humanos são políticos agora, mas eles não estavam originalmente. Isto quebrou um terreno político importante e também perigoso, para os acontecimentos políticos do século 19 ao século 20, onde, para dar os exemplos mais chocantes, o totalitarismo e a lavagem cerebral se desenvolviam.

Ele foi uma influência importante em Kant, Hegel e Marx, mas ele deixou claro que ele era parte do desenvolvimento do pensamento de Thomas Hobbes.

Karl Marx

A concepção da natureza humana de Karl Marx tem sido objeto de grande incompreensão. É frequentemente difundido que Marx negou que houvesse qualquer natureza humana, e disse que os seres humanos são simplesmente uma "ardósia em branco", cuja personagem vai depender inteiramente de sua socialização e experiência.

É verdade que Marx colocou uma enorme importância na perspectiva de que as pessoas são influenciadas e, em parte, determinadas por seus ambientes. Mas, no entanto, ele teve uma forte noção de natureza humana. Marx discutiu o conceito de "essência das espécies" (do alemão Gattungswesen), às vezes também traduzida como "o ser das espécies. Ele acreditava que sob o capitalismo, somos alienados - ou seja, divorciados de aspectos da nossa natureza humana. Ele previu a possibilidade de sociedade seguindo o capitalismo que permitiria aos seres humanos a exercer plenamente a sua natureza humana e a individualidade. Seu nome para esta sociedade era comunismo. No entanto, vale a pena ter em mente que, desde os dias de Marx, este termo tem sido utilizado com vários significados diferentes, não de todos os que foram compatíveis com a utilização original de Marx.

A compreensão de Marx da natureza humana, não só desempenha um papel na sua crítica ao capitalismo e, em sua convicção de que uma sociedade melhor seria possível (como já indicado). Isto também instruiu sua Teoria da História. A dinâmica subjacente da história, para Marx, é a expansão das forças produtivas. Em "A Ideologia Alemã", Marx diz que dois ou três aspectos da atividade social que fundamentam a história é a tendência das pessoas a agir de forma a satisfazer as suas necessidades, e daí em diante, a tendência para gerar novas necessidades. Esta tendência humana, para Marx, é o que impulsiona a contínua expansão da capacidade produtiva na civilização humana.

Depois de A Ideologia Alemã, no entanto, a menção da "essência das espécies", como tal, é praticamente ausente dos escritos de Marx. Alguns dos principais intérpretes de Marx, como Louis Althusser, acham irrelevante a teoria da "essência das espécies", dos escritos mais novos de Marx, enquanto outros, como o Terry Eagleton, acreditam que ela continua a ser um importante conceito do entendimento de Marx.

A Escola Austríaca

A escola austríaca de economia, em torno dos anos 1871-1940, desenvolveu a sua própria opinião amplamente em oposição a Marx, e em oposição a um grupo de estudiosos historicistas. No processo, eles desenvolveram uma visão diferente da natureza humana - em termos estruturais, este ponto de vista retornou por pensadores mencionados neste inquérito antes de Hegel. Tal como Descartes e Kant, esses pensadores acreditavam que existe uma invariante da natureza humana, mas que o progresso é possível na história através da compreensão mais completa da natureza. Eles conceberam que a natureza humana em termos de racionalidade delimitada e do exercício de "utilidade marginal", e acreditavam que a posse desta utilidade pelo mercado, criaria uma condição de ordem espontânea que seria mais racional do que qualquer alternativa que possa ser planejada, dada a limitada racionalidade dos eventuais planejadores.

Sigmund Freud

Durante o mesmo período de tempo, a Áustria também acolheu o desenvolvimento da psicanálise. Seu fundador, Sigmund Freud, acreditava que os marxistas estavam certos em se concentrar no que ele chamou de "a influência decisiva que as circunstâncias econômicas dos homens têm sobre suas atitudes intelectuais, éticas e artísticas". Mas ele pensava que a visão marxista da luta de classes era demasiadamente superficial, atribuindo aos últimos séculos conflitos que foram, sim, primordiais. Atrás de luta de classes, de acordo com Freud, ergue-se o conflito entre pai e filho, entre um clã estabelecido e um desafiador rebelde. Neste espírito, Freud pesadamente criticou a União Soviética, escreveu em 1932 que os seus próprios líderes se tornaram "inacessíveis a dúvida, sem sentimento em relação ao sofrimento dos outros enquanto estão buscando suas próprias intenções".

E.O. Wilson

Em seu livro "Consilience: A Unidade do Conhecimento "(1998) Edward O. Wilson alegou que era tempo para uma cooperação de todas as ciências para explorar a natureza humana. Ele define a natureza humana como um conjunto de regras epigenéticas: os padrões genéticos de desenvolvimento mental. Fenômenos culturais, rituais, etc, são produtos, não fazem parte da natureza humana. Obras, por exemplo, não fazem parte da natureza humana, mas o nosso apreço pela arte é. E este apreço pela arte, ou o nosso medo de cobras, ou tabu pelo incesto (efeito Westermarck) podem ser estudados pelos métodos do reducionismo. Até agora, estes fenômenos são apenas uma parte dos estudos psicológicos, sociológicos e antropológicos. Wilson propõe que pode ser parte da investigação interdisciplinar.

John Locke

Tabula rasa (do latim, "folha em branco") se refere à tese epistemológica que fundamenta a corrente filosófica chamada empirismo.

O filósofo inglês John Locke (1632-1704), considerado o protagonista do empirismo, detalhou a teoria da Tabula rasa em seu livro, Ensaio acerca do Entendimento Humano (1690). Para Locke, todas as pessoas ao nascer o fazem sem saber de absolutamente nada, sem impressões nenhumas, sem conhecimento algum. Então todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido pela experiência, pela tentativa e erro (i.e. o homem nasce como se fosse uma "folha em branco").

A teoria da tabula rasa não foi importante apenas do ponto de vista puramente filosófico - ao considerar todos os homens como intrinsecamente iguais, deu base filosófica para combater o status quo vigente, especialmente em relação à aristocracia e à nobreza.

Apesar de ser considerada ultrapassada pelas evidências científicas da influência genética no comportamento humano, a teoria da tabula rasa, em conjunto com a teoria do bom selvagem de Rousseau, continua sendo a base das políticas governamentais de educação de grande parte dos países ocidentais, incluindo o Brasil.

Observe-se que esta teoria da tabula rasa é considerada também como a fundação de outra corrente da filosofia e psicologia, o behaviorismo clássico, o behaviorismo atual, que é o behaviorismo radical, não se baseia na tabula rasa.

Fonte:

Disponível em

Acesso em 02 de dez.2009.

2.4 PERSONALIDADE

Personalidade é o conjunto de características psicológicas que determinam a individualidade pessoal e social de alguém. A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo. O termo é usado em linguagem comum com o sentido de "conjunto das características marcantes de uma pessoa", de forma que se pode dizer que uma pessoa "não tem personalidade"; esse uso no entanto leva em conta um conceito do senso comum e não o conceito científico aqui tratado.

O presente trabalho descreve uma série de características que foram tratadas como componentes da personalidade. Para uma introdução às diferentes teorias que procuram explicar o desenvolvimento e a estrutura da personalidade.

Definição

Encontrar uma exata definição para termo personalidade não é uma tarefa simples. O termo é usado na linguagem comum - isto é, como parte da psicologia do senso comum - com diferentes significados, e esses significados costumam influenciar as definições científicas do termo. Assim na literatura psicológica alemã persönlichkeit costuma ser usado de maneira ampla, incluindo temas como inteligência; o conceito anglófono de personality costuma ser aplicado de maneira mais restrita, referindo-se mais aos aspectos sociais e emocionais do conceito alemão.

Carver e Scheier dão a seguinte definição: "Personalidade é uma organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa. Esta definição de trabalho salienta que personalidade:

  • É uma organização e não uma aglomerado de partes soltas;

  • É dinâmica e não estática, imutável;

  • É um conceito psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e seus processos;

  • É uma força ativa que ajuda a determinar o relacionamento da pessoa com o mundo que a cerca;

  • Mostra-se em padrões, isto é, através de características recorrentes e consistentes;

  • Expressa-se de diferentes maneiras - comportamento, pensamento e emoções.

Asendorpf complementa essa definição. Para ele personalidade são as perticularidades pessoais duradouras, não patológicas e relevantes para o comportamento de um indivíduo em uma determinada população. Esta definição acrescenta àquela de Carver e Scheier alguns pontos importantes:

  • Os traços de personalidade são relativamente estáveis no tempo;

  • As diferenças interpessoais são variações frequentes e normais.

  • A personalidade é influenciada culturalmente.

As observações da psicologia da personalidade são assim ligadas apenas à população em que foram feitas; para uma generalização de tais observações para outras populações é necessária uma verificação empírica.

O estudo da personalidade nos últimos anos é de tão grande significado social, que está hoje em pleno desenvolvimento. No entanto, apesar de seu grande avanço, o que se conhece sobre personalidade ainda é insuficiente para atender às exigências práticas que são colocadas em proporções cada vez menores pelo mundo contemporâneo.

A palavra personalidade, evidentemente, não se constitui em um termo desconhecido, porquanto vem sendo usada indevidamente para determinar os traços que nos tornam agradáveis as outras pessoas. Gostamos ou admiramos o indivíduo que "tem personalidade", prontamente afirmamos que ele é dinâmico, amigo, simpático. Assim, alguém tem personalidade, quando "impressiona fortemente" a seus semelhantes.

Por outro lado, somos indiferentes ou não toleramos um indivíduo que não "tem personalidade" porque, pelo menos para nós ele é irritante ou desagradável. Chega-se mesmo a dizer que uma pessoa que passa desapercebida, apática na vida em comum, "não tem personalidade".

O que seria então Personalidade?

A personalidade é uma estrutura interna, formada por diversos fatores em interação. Não se reduz a um traço apenas, como a autodeterminação ou um valor moral. Pode ser muito ou pouco valorizada. Não importa. Uma pessoa mesmo sem valores, mal formada, com falhas morais ou limitações psicológicas, não deixa de ter personalidade porque tem uma estrutura interna, embora defeituosa.

Também, a personalidade não é a simples soma ou justaposição de elementos, mas um todo organizado e individual, produto de fatores biopsicossociais.

Nos fatores biológicos estão: o sistema glandular e o sistema nervoso.

Entre os fatores psicológicos estão: o grau e as características de inteligência, as emoções, os sentimentos, as experiências, os complexos, os condicionamentos, a cultura, a instrução, os valores e vivências humanas.

Nos grupos sociais, como a família,a escola, a igreja, o clube, vizinhança, processa-se a interação dos fatores sociais.

DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE

ASPECTOS E COMPONENTES DA PERSONALIDADE

Competências ou habilidades

Competências ou habilidades são traços da personalidade que exprimem a capacidade de alguém de alcançar determinada realização ou desempenho.

Inteligência

Inteligência é um construto complexo que descreve a capacidade intelectual do indivíduo.

Criatividade

Criatividade, apesar ser um termo muito difundido e discutido, é um construto de difícil definição, porque cada autor parece defini-lo de uma maneira diferente. Alguns autures chegam mesmo a se perguntar se criatividade não seria um conjunto de traços de personalidade ao invés de um só.

Guilford (1950) define criatividade como a capacidade de pensar divergentemente, ou seja, de encontrar soluções diferentes e novas para um problema, em oposição ao pensamento convergente que encontra soluções para problemas para os quais há apenas uma resposta correta. Já Russ (1993) trabalha com um conceito mais amplo, que inclui traços afetivos do indivíduo, como a tolerância de ambiguidade, a abertura diante de novas experiências, grande números de interesses e baixa tendência para o uso de mecanismos de defesa.

Competência social e inteligência emocional

O termo competência social, na psicologia do senso comum normalmente entendido como a capacidade de lidar com outras pessoas, é de difícil definição, por conter dois componentes distintos, que têm entre si uma correlação muito pequena: a capacidade de defender e/ou de impor os próprios interesses e a capacidade de construir relacionamentos.

Inteligência emocional é um termo problemático. Ele foi definido de diferentes formas por diferentes autores (Salovey & Mayer, 1990; Mayer et al. 2000; Van der Zee et al., 2002) e em todas as suas definições não representa uma atividade intelectual - ou seja, não corresponde à idéia de inteligência.

O termo "inteligência emocional" refere-se sobretudo a determinadas competências no lidar com emoções que, apesar de serem estáveis na personalidade do indivíduo, costumam variar de acordo com as emoções envolvidas - ou seja a pessoa pode saber lidar bem com a emoção medo, mas não com a raiva.

TEMPERAMENTO E CARÁTER

Definições

Designa em psicologia um aspecto especial da personalidade: as particularidades do indivíduo ligadas à forma do comportamento. A conceituação de temperamento é no entanto difícil e se confunde muitas vezes com outros conceitos como traços de personalidades e motivos.

Buss e Plomin (1984) especificaram ainda mais essa definição: para eles temperamento é o conjunto de traços de personalidade observáveis desde os primeiros anos de vida influenciados em grande parte geneticamente e estáveis a longo prazo. Também essa definição não é plenamente satisfatória, por não diferenciar os traços de temperamento de outros traços de personalidade.

Apesar da dificuldade com respeito à definição do termo, reina unanimidade quanto ao fato de inteligência e capacidades e interesses culturais não fazerem parte dela.

O termo também é usado em linguagem comum - ou seja, no âmbito da psicologia do senso comum - muitas vezes como sinônimo de personalidade, caráter ou índole. Esse uso na liguagem quotidiana dificulta ainda mais a definição do termo.

Temperamento designa as disposições do indivíduo ligadas à forma do comportamento, principalmente as ligadas aos "três As da personalidade": afetividade, ativação (excitação) e atenção.

Sendo a personalidade, o que distingue uma pessoa da outra, a mesma encontra-se apoiada em herança biológica e na ação ambiental.

Os fatores biológicos, principalmente o sistema glandular e o sistema nervoso determinam no indivíduo o temperamento, que é constituído de impulsos naturais. Ser agressivo ou não ser agressivo, ser irrequieto ou indolente, ser emotivo ou não emotivo, ter reações primárias ou secundárias, podem ter traços temperamentais.

TEORIAS DO TEMPERAMENTO

A teoria de Hipócrates

Hipócrates, filósofo grego, foi o primeiro a formular uma teoria do temperamento, baseando- na teoria dos quatro elementos de Empédocles. Segundo ele há quatro tipos de temperamento, conforme domine no corpo do indivíduo um dos quatros fluidos corporais (humores): sanguíneo (sangue), fleumático (linfa ou fleuma), colérico (bílis) e melancólico (astrabílis ou bílis negra). Cada um deles possui uma determinada característica:

Sanguíneo: expansivo, otimista, mas irritável e impulsivo;

Fleumático: sonhador, pacífico e dócil, preso aos hábitos e distante das paixões;

Colérico: ambicioso e dominador, tem propensão a reações abruptas e explosivas;

Melancólico: nervoso e excitável, tendendo ao pessimismo, ao rancor e à solidão. Essa teoria entrou na idade média através de Galeno e influenciou todo o pensamento ocidental.

Assim, o indivíduo nasce com determinado temperamento, mas fatores ambientais podem modificá-lo até certo ponto. Assim, a educação pode manter domínio e controle sobre o temperamento; a alimentação; as doenças; o clima; os acontecimentos e outros fatores causam algumas transformações nos traços temperamentais.

A vida ensina o homem a controlar ou a estimular seu temperamento. Todo tipo temperamental tem seus aspectos positivos e aspectos negativos. Conhecendo-se bem, o homem pode dominar os aspectos negativos e estimular e desenvolver os aspectos positivos.

O temperamento é parte da personalidade, e, esta não se reduz àquele. A personalidade é o todo; o temperamento é um aspecto desse todo. Portanto, o temperamento é um aspecto inato, biológico da personalidade. As qualidades que estão relacionadas com o temperamento incluem entre outras, excitabilidade, irrascibilidade, impulsividade, receptividade (sensibilidade), reserva, passividade, otimismo, pessimismo,vivacidade e letargia.

O princípio e valores do homem constituem seu Caráter. Caráter é um termo que etimologicamente significa "gravar". Mas esse conceito sofreu total evolução. Hoje, caráter significa padrão de valores da personalidade. É constituído de valores morais e sociais. Adquiri-se o caráter na família, na escola e na sociedade em geral.

Como diz ALLPORT (1979), caráter é a personalidade valorizada. Nesse sentido o caráter é um aspecto da personalidade. Quando se diz que uma pessoa tem uma personalidade sem caráter, está se referindo à sua aceitabilidade moral e social.

Portanto, o caráter se origina a partir de fatores como: integridade, fidedignidade e honestidade. Está associado àquelas nossas ações que satisfazem ou deixam satisfazer os padrões aceitos da sociedade e que são, conseqüentemente, julgados como "certos" ou "errados".

Fazes De Desenvolvimento Do Temperamento E Caráter Componentes Da Personalidade.

Até Um Ano De Idade: Faze da Confiança X Desconfiança

Durante o primeiro ano de vida a criança é substancialmente dependente das pessoas que cuidam dela requerendo cuidado quanto a alimentação, higiene, locomoção, aprendizado de palavras e seus significados, bem como estimulação para perceber que existe um mundo em movimento ao seu redor. O amadurecimento ocorrerá de forma equilibrada se a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo confiança nas pessoas e no mundo.

Segundo e Terceiro Ano: Autonomia X Vergonha e Dúvida

Neste período a criança passa a ter controle de suas necessidades fisiológicas e responder por sua higiene pessoal, o que dá a ela grande autonomia, confiança e liberdade para tentar novas coisas sem medo de errar. Se, no entanto, for criticada ou ridicularizada desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua capacidade de ser autônoma, provocando uma volta ao estágio anterior, ou seja, a dependência.

Quarto e Quinto Ano: Iniciativa X Culpa

Durante este período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis desempenhado por mulheres e homens na sua cultura (conflito edipiano para Freud) entendendo de forma diferente o mundo que a cerca. Se a sua curiosidade "sexual " e intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá desenvolver sentimento de culpa e diminuir sua iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos.

Dos Seis Aos Onze Anos: Construtivismo X Inferioridade

Neste período a criança está sendo alfabetizada e frequentando escola (s), o que propicia o convívio com pessoas que não são seus familiares, o que exigirá maior sociabilização, trabalho em conjunto, cooperatividade, e outras habilidades necessárias em nossa cultura. Caso tenha dificuldades o próprio grupo irá criticá-la, passando a viver a inferioridade em vez da construtividade.

Dos Doze Aos Dezoitos Anos: Identidade X Confusão de Papeis

O jovem experimenta uma série de desafios que envolve suas atitudes para consigo, com seus amigos, com pessoas do sexo oposto, amores e a busca de uma carreira e de profissionalização. Na medida que as pessoas à sua volta ajudam na resolução dessas questões desenvolverá o sentimento de identidade pessoal, caso não encontre respostas para suas questões pode se desorganizar, perdendo a referência.

Jovem Adulto: Intimidade X Isolamento

Nesse momento o interesse, além de profissional, gravita em torno da construção de relações profundas e duradouras, podendo vivenciar momentos de grande intimidade e entrega afetiva. Caso ocorra uma decepção a tendência será o isolamento temporário ou duradouro.

Meia Idade: Produtividade X Estagnação

Pode aparecer uma dedicação a sociedade à sua volta e realização de valiosas contribuições, ou grande preocupação com o conforto físico e material.

Velhice: Integridade X Desesperança

Se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá integridade e ganhos, do contrário, um sentimento de tempo perdido e a impossibilidade de começar de novo trará tristeza e desesperança.

Estrutura e dinâmica da personalidade (segundo a teoria psicanalítica)

  • a) Id – O id é a fonte da energia psíquica (libido). É de origem orgânica e hereditária.O id é formado por instintos, impulsos organicos e desejos inconscientes, ou seja, pelo que Freud designa como pulsões. Está relacionado a todos os impulsos não civilizados, de tipo animal, que o indivíduo experimenta. . Não tolera tensão. Se o nível de tensão é elevado, age no sentido de descarregá-la. É regido pelo princípio do prazer. Sua função é procurar o prazer e evitar o sofrimento. Localiza-se na zona inconsciente da mente. O Id não conhece a realidade objetiva, a "lei" ética e social, que nos prende perante a determinadas situações devido as conclusões da interpretação alheia. Por isso surge o Ego.

  • b) Ego – Significa "eu" em latim. E responsável pelo contato do psiquismo com o mundo objetivo da realidade. O Ego atua de acordo com o princípio da realidade. Estabelece o equilíbrio entre as reivindicações do Id e as exigências do superego com as do mundo externo. É o componente psicológico da personalidade. As funções básicas do Ego são: a percepção, a memória, os sentimentos e os pensamentos. Localiza-se na zona consciente da mente.

  • c) Superego – Atua como censor do Ego. É o representante interno das normas e valores sociais que foram transmitidos pelos pais através do sistema de castigos e recompensas impostos à criança. Ele é estruturado durante a fase fálica, quando ocorre o Complexo de Édipo. É nesse momento que a criança começa a internalizar os valores e as normas sociais. São nossos conceitos do que é certo e do que é errado.

O Superego nos controla e nos pune (através do remorso, do sentimento de culpa) quando fazemos algo errado, e também nos recompensa (sentimos satisfação, orgulho) quando fazemos algo meritório. O Superego procura inibir os impulsos do Id, uma vez que este não conhece a moralidade. É o componente social da personalidade. As principais funções do Superego são: inibir os impulsos do id (principalmente os de natureza agressiva e sexual) e lutar pela perfeição.

  • - Pelo Id o empregado deixaria de comparecer ao trabalho num belo dia ensolarado, dedicando-se a uma aprazível atividade de lazer: uma pescaria, um cinema, etc.

  • - O Ego aconselharia prudência e buscaria uma oportunidade adequada para essas atividades.

  • - O Superego diria ser inaceitável faltar com um compromisso assumido, por exemplo, com o supervisor ou colegas de trabalho.

Os três sistemas da personalidade não devem ser considerados como fatores independentes que governam a personalidade. Cada um deles têm suas funções próprias, seus princípios, seus dinamismos, mas atuam um sobre o outro de forma tão estreita que é impossível separar os seus efeitos.

Níveis de Consciência da Personalidade

Para Freud, os três níveis de consciência são: consciente, pré-consciente e inconsciente.

  • a) Consciente – inclui tudo aquilo de que estamos cientes num determinado momento. Recebe ao mesmo tempo informações do mundo exterior e do mundo interior.

  • b) Pré-consciente – (ou sub-consciente) – se constitui nas memórias que podem se tornar acessíveis a qualquer momento, como por exemplo, o que você fez ontem, o teorema de Pitágoras, o seu endereço anterior, etc. É uma espécie de "depósito" de lembranças a disposição, quando necessárias.

  • c) Inconsciente – estão os elementos instintivos e material reprimido, inacessíveis à consciência e que podem vir à tona num sonho, num ato falho ou pelo método da associação livre. Os processos mentais inconsciente desempenham papel importante no funcionamento psicológico, na saúde mental e na determinação do comportamento.

Os Mecanismos de Defesa da Personalidade

As frustrações e os conflitos, dependendo da sua quantidade e freqüência, podem causar prejuízos sérios à estrutura e à saúde da personalidade. Frustrações e conflitos podem acontecer a cada momento. A condução atrasa, o café está frio, o vendedor da loja não nos atende direito, o livro que queríamos comprar está esgotado, um encontro que está sendo esperado é cancelado etc. Assim, o homem não pode ficar olhando de frente, vivenciando em profundidade suas frustrações e fracassos. Desse modo poderia chegar à beira da autodestruição. Para evitar que isto aconteça, mobiliza seus mecanismos de defesa.

Para Freud a defesa é a operação pelo qual o Ego exclui da consciência conteúdos indesejáveis. São vários os mecanismos. Os principais são:

Racionalização

A racionalização consiste em justificar de forma mais ou menos lógica e ética a própria conduta. Apresenta-se como um esforço defensivo para manter o auto-respeito. É provavelmente um dos mecanismos menos inconscientes. Por ele, arranjamos desculpas e explicações que nos inocentem de erros e fracassos. A criação de um "bode expiatório" é também racionalização. Dar uma desculpa para inocentar nosso "eu" ou jogar a culpa em outro tem a mesma finalidade: aliviar da "culpa", ou de algo que nos inferiorize diante de nós e dos outros. Isto é tão antigo quanto Adão e Eva. Depois de cometido seu "pecado original", para livrar seu "eu" da culpa. Adão optou por um "bode expiatório", culpando sua mulher, Eva. Esta, por sua vez, optou pela desculpa: "fui tentada pelo diabo, em forma de serpente".

Costuma-se ouvir de pessoas demitidas "afinal, aquela empresa estava realmente em decadência"; depois das mudanças de Administração, ficou mesmo impossível trabalhar lá; somente o pessoal menos qualificado permaneceu." Reconhecer nossa irracionalidade, ainda quando nos é incômoda, ajuda a superá-la. Nem a conduta e nem os impulsos das pessoas são sempre racionais.

Projeção

A projeção consiste em atribuir a outros as idéias e tendências que o sujeito não pode admitir como suas. Sem que percebamos, muitas vezes, vemos nos outros defeitos que nos são próprios. Por exemplos: o aluno que se sente frustrado pela reprovação nos exames, põe-se a dizer que o professor é incapaz. O marido infiel que desconfia da esposa.

Repressão

Regressão é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os e recalcando-os para o inconsciente. Vivências que provocam sentimentos de culpa são esquecidas. Muitos casos de amnésia (excluídas as causas orgânicas) podem ser explicados através deste mecanismo. Esquecemos o que é desagradável.

Deslocamento

Na tentativa de ajustar nosso comportamento e eliminar as tensões, muitas vezes, não podendo descarregar nossa agressão na fonte de frustração (um chefe, a organização, etc), passamos a agredir terceiros que não têm nada a ver com o caso. É bom lembrar que a toda ou a quase toda frustração corresponde agressão.

Regressão

Significa voltar a comportamentos imaturos, característicos de fase de desenvolvimento que a pessoa já passou. A criança de cinco anos que, após o nascimento de um irmão, volta a chupar o dedo, molhar a cama e falar como bebê, é um exemplo de regressão. Dessa maneira, reage melhor à frustração. É o caso do funcionário que, diante do chefe, assume comportamento menos adulto.

Somatização

O conflito se transforma numa perturbação fisiológica. Por exemplo, numa fiscalização, o funcionário foi apanhado em flagrante falta. A partir daí, por ocasião dos períodos de fiscalização, adoece, passa mal, sente vômitos etc.

Distúrbios da Personalidade

Partes: 1, 2, 3, 4


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