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A política de assistência social: serviço de convivência e fortalecimento de vínculos familiares Cras-Floresta (página 3)


Partes: 1, 2, 3

No escopo desse alinhamento é que vem o debate sobre a pertinência de tomar a família como unidade de referência/sujeito destinatário da politica social, considerando, além de alguns outros, fatores que foram apontados. Dentre eles, destaca-se: incapacidade de a politica social abarcar a diversidade de famílias existentes; a politica social, agregada a outras políticas, especialmente as de natureza econômica e, a uma cultura de especialistas, que vigora nos serviços e programas que executam a política, tende a ter forte impacto no processo de normatização da vida familiar e se constitui um vetor importante de controle do Estado sobre a família.(MIOTO, 2013: 7)

E aí está um nó a ser desfeito; essa centralidade proposta no arcabouço legal das politicas sociais, relativos à família tem sido apenas uma condição do Estado submeter ou normatizar a vida familiar destes? Ou tem e é a intenção de promover à família uma cidadania de fato? Na qual ela possa ter condições de suprir as necessidades de seus entes.

Não se pretende dar resposta aqui a essas questões, mas refletir a respeito dessa centralidade que em um primeiro momento soou como uma solução interessante, inteligente e porque não dizer a solução para esse momento na legislação brasileira, um enorme avanço após a constituição de 1988, talvez até fosse essa a intenção do legislador, porém, fazem-se necessários questionamentos e uma discussão profunda dentro das políticas sociais acerca deste tema.

E fazendo este caminho no pensamento, Mioto problematiza a questão, dizendo que:

Diante disso, ressalta-se que, quando se fala em trabalho com famílias no campo da politica social na qual se está destacando a assistência social, postula-se a realização de dois movimentos.

O primeiro consiste em pensar a política de assistência social como campo de tensões entre projetos distintos alinhados a projetos societários diferentes. Embora a politica de assistência social, a partir da promulgação da LOAS, tenha encetado um avanço altamente significativo, ela ainda não tem consolidada a inserção da família na perspectiva do direito. [...] e o segundo movimento consiste no redimensionamento do trabalho com famílias, com base no pensamento social crítico, pautado em dois aspectos fundamentais: a interpretação das demandas e o alcance e a direcionalidade das ações profissionais. (MIOTO, 2013: 4)

Rever essa questão é uma necessidade atual, é preciso por em tela o tema, e discutir exaustivamente para que se possa entender a questão.

Há uma lógica nefasta muitas vezes reproduzida segundo Mioto, que ao atender uma família com problemas os profissionais tendem a responder às demandas com encaminhamentos a uma rede complexa na tentativa de resolver os problemas isolados que se apresentam dentro da família, muitas vezes resolvendo os problemas de um indivíduo isoladamente, e discorrendo sobre isso ela infere:

Ao postular que as famílias apresentam demandas que extrapolam as suas possibilidades de respostas e cujas soluções se encontram também fora delas, a ação profissional não pode direcionar-se apenas a ela enquanto sujeito singular. Entende-se que os problemas de proteção social não estão restritos às famílias, e a solução desses problemas extrapola suas possibilidades, pois está condicionada ao acesso à renda e ao usufruto de bens e serviços de caráter universal e de qualidade. Tal redimensionamento impõe uma nova lógica ao trabalho com famílias na perspectiva dos direitos, estes entendidos como caminhos para a concretização da cidadania por meio de políticas sociais de caráter universal, orientados para atendimento das necessidades humanas e tendo o estado como instância responsável por essa garantia e a atenção (VIEIRA, 2004; LIMA; MIOTO, 2006). Nessa perspectiva, as ações profissionais passam a incidir, de forma articulada, em diferentes níveis de atenção. De acordo com Mioto (2000), esses níveis seriam: proposição, articulação e avaliação de políticas sociais, organização e articulação de serviços e atendimento a situações singulares. (MIOTO, 2013: 11)

Família como já dito é um espaço complexo, que cotidianamente é atravessado pelos mais diversos conflitos, as relações de parentesco são uma particularidade interna e externa de seus membros, entre si e entre a sociedade Mioto (2014). Já o conceito de família para Freitas; Braga e Barros em "Famílias e Serviço Social – Algumas reflexões para o debate" é:

A combinação de três relações básicas: a descendência entre pais e filhos; a consanguinidade entre irmãos; a afinidade a partir do casamento, sendo a família considerada como o grupo social por meio do qual se realizam esses vínculos. Contudo, temos convivido com realidades diferenciadas que conformam a constituição desse fenômeno (família) para além das relações de parentesco. Pensar família hoje pressupõe seu entendimento enquanto um fenômeno que abrange as mais diferentes realidades. (FREITAS;BRAGA; BARROS, 2013: 17-18)

A família se reorganiza e se constrói ao longo da história, buscando constantemente a sobrevivência e o suprimento de suas necessidades básicas. Esses arranjos sempre estiveram presentes na sociedade, que é um organismo em movimento e devido a esse movimento ela (família) se adapta e na atualidade isso pode ser visto, e Freitas; Braga e Barros traz uma discussão interessante sobre está questão, veja:

A coletivização no cuidado das crianças vem caracterizar o que Claudia Fonseca(1990 e 2003) chama de "circulação de crianças" – um conceito que consideramos central para o estudo das famílias brasileiras. Esse fenômeno pode ser entendido relacionado aos rearranjos conjugais (com a realização de novas uniões, por exemplo), mas não só a esses. Frente às grandes dificuldades econômicas, a internação dos filhos em escolas particulares ou a sua circulação entre amigos ou parentes aparece como uma alternativa importante em vários segmentos de classe.

Segundo Sarti (2003), o cuidar dos filhos dos outros, muitas vezes seus próprios netos, faz com que se mantenham "acesos" os vínculos de sangue, junto aos de criação, atuando ambos na definição dos laços de parentesco, o que vem atualizar um padrão de incorporação de agregados que lembra aquela família brasileira descrita por Freyre (2005). Como o aborto moralmente é recusado, uma alternativa para essas mulheres é dar os filhos para criar, o que não é necessariamente uma expressão de desafeto. Não temos dúvidas em afirmar que o fenômeno da circulação de crianças é central para discutirmos a família brasileira, pois faz parte da nossa "cultura familiar". (FREITAS; BRAGA; BARROS, 2013: 21)

Esse conceito de circulação de crianças pode ser observado com facilidade na família brasileira e traduz-se na divisão de responsabilidade na criação dos filhos entre as famílias; principalmente, pode ser observada essa situação nas famílias mais pobre que precisam trabalhar e deixam seus filhos com parentes, vizinhos e outros adultos, muitas vezes até mesmo com os filhos "maiores", e "interpretar esse fenômeno como abandono é descaracterizar o sentido dessa palavra; não considerando as questões que motivam essa dinâmica e, acima de tudo, desconsiderando as diferenças de outras realidades sociais." (FREITAS; BRAGA; BARROS, 2013: 21-22)

Essa realidade das famílias traz uma reflexão sobre as ações da política social relativas a ela e essa centralidade proposta, que tende a culpabilizar essas famílias e responsabilizá-las por abandonar suas crianças, mas é preciso ter em mente que essas famílias (entenda-se aqui em sua totalidade) têm a necessidade de prover sustento aos seus, e ter a condição de trabalho capaz de suprir todas essas necessidades que são postas em demanda por essas famílias, inclusive a de cuidar de suas crianças e adolescentes sem precisar recorrer às relações citadas, que muitas vezes falham, e essas falhas não são culpa da família, contudo podem levar essas crianças e adolescentes à situação de vulnerabilidade e risco social. O Estado deveria ser o principal responsável por esse cuidado quando a família o demanda, no entanto é omisso por vezes e isso notadamente leva essas famílias à fragilidade, como apontam os seguintes autores;

não podemos pensar o universo simbólico dos pobres a partir de nosso próprio horizonte, porque a família, para o pobre, não é a mesma que para a classe média. Família para o pobre é definida, segundo Cynthia Sarti, como aqueles em quem se pode confiar: não havendo status ou poder a ser transmitido; o que vai definir a extensão da família é a rede de obrigações construídas: "são da família aqueles com quem se pode contar, isto quer dizer, aqueles que retribuem ao que se dá, aqueles, portanto para quem se tem obrigações" (APUD, SARTI, 1994, P. 52).

A Família se define, assim em torno de um eixo moral, onde a noção de obrigação sobrepõe-se à de parentesco. Assim a circulação de crianças deveria ser vista enquanto um aspecto de organização diferenciada e não de "desorganização familiar": "nem mero resquício do passado, nem necessariamente augúrio do futuro, a circulação de crianças, tal como a descrevo, seria apenas uma entre várias normalidades possíveis entre às práticas familiares na sociedade complexa atual" (FONSECA, 2002: 56 – Grifos da Autora) (FREITAS; BRAGA; BARROS, 2013: 23)

Portanto, acepção de família é complexa e conflituosa e precisa ser analisada conforme Mioto (2013) em sua totalidade e ela diz que;

Enfim, trabalhar com família significa recorrer à categoria da totalidade, como possibilidade de compreensão do objeto de trabalho e a categoria da integralidade como principio de atenção. Isso implica que, para o desenvolvimento do trabalho com famílias, é necessário conhecimento sobre os sujeitos privilegiados das ações profissionais que, de acordo com a perspectiva apontada, seriam: as famílias, as instituições e os sujeitos organizados da sociedade civil, tais como conselhos de direitos, movimentos sociais, dentre outros. É necessário, ainda, clara distinção entre os objetivos das ações, as formas de abordagem dos sujeitos da ação e dos instrumentos técnico operativos. Nesse contexto, as decisões sobre quais ações a serem empreendidas remetem ao debate sobre os seus fundamentos. Por exemplo, não basta definir uma ação como educativa, pois à medida que se define faz-se necessário realizar, também, escolhas em relação às correntes teóricas que poderão subsidiar essa ação, isso para que não ocorra a tão conhecida disjunção entre teoria e prática. (MIOTO, 2013 : 3)

O desafio está posto para os profissionais que lidam com a Assistência Social no Brasil, é pensar a centralidade de forma a não culpabilizar as famílias pela vulnerabilidade e riscos sociais a que se submetem no momento no qual esses vínculos se fragilizam. É preciso caminhar para fortalecer esses vínculos de maneira que abranjam toda essa complexidade fascinante chamada família e todos os seus arranjos e rearranjos, inclusive pensando a "família extensa" [14]que opera a circulação de crianças. A Matricialidade sociofamiliar precisa incluir a família na cidadania, não somente como está proposto na lei conforme comenta Mioto (2014), pensar isso de forma a não reforçar o "controle do Estado sobre as famílias por meio da reiteração de práticas de caráter disciplinador, práticas" presentes na "assistência Social no Brasil." (MIOTO, 2014: 12). No próximo capítulo apresentaremos o resultado da pesquisa realizada no CRAS Floresta e a análise dos dados.

CAPÍTULO III

O serviço de convivência e fortalecimento de vínculos familiares CRAS – Floresta e a pesquisa de campo DE 2013 E INÍCIO DE 2014

O presente capítulo visa mostrar os resultados da pesquisa realizada no campo de estágio com as famílias que ali são atendidas, procurando apreender a dinâmica processual de sua vida cotidiana, tentando entender como se da o processo de relacionamento familiar, bem como os motivos que levaram esses usuários a demandar os serviços prestados, pelo CRAS - Floresta.

3.1 Centro de Referência em Assistência Social – CRAS Floresta no fortalecimento dos vínculos.

O Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) é a porta de entrada e acolhimento de crianças, adolescentes e famílias que se encontram nas mais diversas situações vulneráveis, ou não, encaminhadas, ou não, por entidades de defesa dos direitos da criança e adolescente, bem como aquelas que defendem o estatuto dos idosos e os indivíduos destas faixas etárias que estão em risco pelos mais diversos motivos. Nesta unidade opera-se a Política de Assistência Social, que conforme tipificação nacional de serviço sócio-assistencial irão executar os serviços de proteção básicos que tem como programa principal a Proteção e Atendimento Integral à Família-PAIF.

Assim, o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família - PAIF consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de potencialidades, aquisição das condições para o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo. O trabalho social do PAIF deve utilizar-se também de ações nas áreas culturais para o cumprimento de seus objetivos, de modo a ampliar universo informacional e proporcionar novas vivências às famílias usuárias do serviço. As ações do PAIF não devem possuir caráter terapêutico[15]

É um serviço baseado no respeito à heterogeneidade dos arranjos familiares, aos valores, crenças e identidades das famílias. Fundamenta-se no fortalecimento da cultura do diálogo, no combate a todas as formas de violência, de preconceito, de discriminação e de estigmatização nas relações familiares, ainda;

Realiza ações com famílias que possuem pessoas que precisam de cuidado, com foco na troca de informações sobre questões relativas à primeira infância, a adolescência, à juventude, o envelhecimento e deficiências a fim de promover espaços para troca de experiências, expressão de dificuldades e reconhecimento de possibilidades. Tem por princípios norteadores a universalidade e gratuidade de atendimento, cabendo exclusivamente à esfera estatal sua implementação. Serviço ofertado necessariamente no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). (BRASIL, 2009: 6)

É dentro dessa lógica que está inserido o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, e os objetivos desse serviço estão no espaço privilegiado da família, onde se busca diminuir os riscos a que os indivíduos isoladamente e sem os vínculos fortalecidos estão sujeitos. A segurança do ambiente familiar e comunitário fortalecido é importante para que o grupo possa nutrir o sentimento de pertencimento. A Proteção Social Básica visando isso oferta outros serviços para a complementação do atendimento e é exatamente dentro deste complemento que;

O serviço de convivência e fortalecimento de vínculos é essencial para a proteção das pessoas mais vulnerabilizadas. Esse serviço poderá ser ofertado no CRAS, em outras unidades públicas ou em entidades de assistência social. Essas últimas, sempre que ofertem serviços públicos, deverão integrar a rede local, cuja coordenação é responsabilidade do coordenador do CRAS (sob orientação da Secretaria Municipal de Assistência Social). Integrar esta rede significa participar de reuniões sistemáticas no CRAS para definir responsabilidades, discutir fluxos e padrões de encaminhamento das entidades para o CRAS, do CRAS para as entidades, das entidades entre si e entre CRAS e Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS (ou proteção especial). (BRASIL, 2012: 20)

O Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) do Bairro Floresta opera o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) para Crianças e adolescentes de 6 a 15 anos e para idosos acima de 60 (Sessenta) anos, com grupos de convivência e tem como proposta inicial segundo cartilha do Ministério do Desenvolvimento Social:

Todos os quatro Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos são complementares ao PAIF e devem viabilizar, de acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, trocas culturais e de vivência entre pessoas, fortalecendo os vínculos familiares e sociais, incentivando a participação social, o convívio familiar e comunitário e trabalhando o desenvolvimento do sentimento de pertença e identidade. Devem ser ofertados nos territórios de vulnerabilidade e têm como objetivos gerais, segundo a Tipificação:

» complementar o trabalho social com a família, prevenindo a ocorrência de situações de risco social e fortalecendo a convivência familiar e comunitária; (BRASIL, 2010: 41)

No CRAS – Floresta o serviço é operado em grupos de convivência, com Crianças, Adolescentes, Idosos, e um Grupo de Mulheres Mães, o trabalho realizado no Grupo de 06 a 15 anos, é o de reforço escolar, atividades lúdicas e esportivas – as atividades esportivas são realizadas com um grupo de capoeira, a recreação utilizando o futebol como ferramenta, como atividade lúdica há uma banda de música – e horta comunitária. No ano de 2013, bem como no início do segundo semestre de 2014, havia também o trabalho com a polícia mirim, encerrado por indisponibilidade do agente policial responsável pela operação do serviço. No próximo item irá se traçar o perfil das famílias atendidas no SCFV do CRAS – Floresta resultado da pesquisa de campo realizada, bem como a análise dos dados apurados.

3.2 Perfil das famílias usuárias do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos pesquisa: resultado e análise.

A motivação desta pesquisa se deu no ano de 2013 segundo semestre, mais especificamente quando houve o primeiro contato com o campo de estágio acadêmico do curso de Serviço Social da PUC - Goiás. Neste convívio inicial em que tudo é novidade observa-se uma sigla desconhecida "SCFV" e o pesquisador por curiosidade inteirou-se do conteúdo deste, sendo Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos, observando um mural com a sigla em destaque, até bonito, tanto que chamou a atenção, pois estava todo enfeitado, mas sem muitos detalhes sobre a dinâmica do serviço. A literatura foi a fonte para entender o que significava, neste estudo concluiu-se que se tratava de um serviço social básico prestado pela política de assistência Social, visando fortalecer os vínculos familiares e comunitários, de crianças e adolescentes bem como idosos. Tal proposta pareceu inicialmente uma pretensão total, pois família na opinião do pesquisador naquela época tinha uma concepção bastante "particular", "privada", como seria possível alguém estranho àquele meio, pretender fortalecer os vínculos que os próprios não haviam conseguido resolver?

Outro fator como motor dessa pesquisa era a Criança e o adolescente presentes neste universo do SCFV e que fascina esse pesquisador. Resolveu-se, portanto, perquirir se esse serviço conseguiria penetrar neste mundo que soava muito particular, observando nessa dinâmica, sobretudo diante da proposição da política de Assistência Social, que visa responder às demandas da população usuária, bem como diminuir os riscos e as vulnerabilidades sociais Referentes a crianças, adolescentes e idosos.

De acordo com o ECA este público, criança e adolescente, é prioritário na formulação das políticas públicas, portanto, deverá ser, de acordo com a lei, o alvo primário de qualquer política pública, e neste caso precisamos entender se realmente essa política social tem cumprido com eficiência seu papel social. O resultado desta pesquisa não pretende trazer soluções definitivas ao objeto pesquisado, mas contribuir para que se discuta o assunto criança, adolescente, família, sempre e com profundidade por ser de considerável importância para famílias que estão em vulnerabilidade e risco social e consequentemente com vínculos familiares e comunitários fragilizados. Os dados aqui coletados traçará um perfil do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos operado no CRAS - Floresta trazendo reflexões sobre a demanda ofertada, bem como a priorização no fortalecimento dos vínculos familiares e atendimento às crianças e adolescentes na sua proposta primordial.

A pesquisa seguiu um roteiro de levantamento documental, que se deu mediante análise dos documentos para levantar atores diversos para quantificar e apreender a dinâmica das crianças, adolescentes, famílias e suas demandas.

A pesquisa de campo se baseou na aplicação de questionários destinados às famílias atendidas no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos que usam o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) – Bairro Floresta.

Optou-se pela aplicação de questionários, por acreditar ser essa técnica mais acessível a conhecer a realidade operada no serviço, possibilitando apreender o objeto com mais clareza.

O universo pesquisado foi de 79 Famílias, a amostra retirada deste universo, 20% dos usuários escolhidos aleatoriamente, com o cuidado apenas de delimitar o ano de 2013 com adentramento no primeiro semestre de 2014. O universo pesquisado foi selecionado da documentação arquivada no Centro de Referência em assistência social (CRAS) – Bairro Floresta, ao optar pela referida escolha pretendeu-se entender as relações agregadas aos sujeitos da pesquisa.

O resultado deste estudo será apresentado em forma de relatório e gráficos, nos quais as bases tanto teóricas e científicas, quanto empíricas se fundamentarão respectivamente através destes métodos.

Gráfico 1 - Naturalidade Família Inserida: no SCFV no CRAS - Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

Conforme demonstram os dados referentes à naturalidade, a maioria das pessoas atendidas no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos é oriunda da Região Centro Oeste, em sua maioria do próprio estado de Goiás e isso é interessante demonstrar, porque segundo dados do IBGE:

O Censo 2010 mostrou que 35,4% da população não residia no município onde nasceu, sendo que 14,5% (26,3 milhões de pessoas) moravam em outro estado. São Paulo (8 milhões de pessoas), Rio de Janeiro (2,1 milhões), Paraná (1,7 milhão) e Goiás (1,6 milhão) acumularam a maior quantidade de pessoas residentes que não nasceram lá. Enquanto isso, Minas Gerais (3,6 milhões de pessoas), Bahia (3,1 milhões), São Paulo (2,4 milhões) e Paraná (2,2 milhões) foram os estados com os maiores volumes de população natural que foi morar em outras unidades da federação. (IBGE, 2010)

É interessante a análise dos dados apontarem para o perfil de usuários em sua maioria da Região Centro Oeste, praticamente equiparando-se com as pessoas oriundas da região Nordeste, apesar de o Estado de Goiás apresentar uma realidade singular no Brasil juntamente com outros Estados brasileiros como São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro que estão na rota da migração Nacional. Os dados do IBGE demonstram que as Pessoas migram em busca de Trabalho ou para estudar conforme dados:

Algumas pessoas se deslocam do município onde moram para trabalhar ou estudar. O Censo também contou esses casos e em 2010 foi possível pesquisar em separado quem se deslocavam para o trabalho e para o estudo. Em 2000, essas duas informações foram pesquisadas junto. (IBGE, 2010)

O IBGE também analisou onde e em que regiões mais as pessoas migram para estudar e não é uma realidade no estado de Goiás,

Hoje sabemos que do total de 59,6 milhões de pessoas que frequentavam escola ou creche, 55,2 milhões (92,7%) estudavam no próprio município onde moravam.

O Sudeste foi a região com maior número de pessoas que se deslocavam para outro município para estudar: 2,0 milhões (8,5%) de estudantes, a maioria em São Paulo: 1,1 milhão de pessoas (57,0% do total do Sudeste). (IBGE, 2010)

Portanto, o perfil de usuários quanto à naturalidade se define por uma população em sua maioria doméstica, atravessada por migrantes da Região Nordeste, levando em conta que Goiás está na rota de Migração do País, e sabendo que essa população oriunda dessa região buscou a região Central por causa do trabalho.

Gráfico 2 – Idade Família Inserida: no SCFV no CRAS - Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

Quanto ao perfil etário dos entrevistados, são em sua maioria formado por indivíduos entre 26 e 59 anos, a faixa etária com o maior número de pessoas na população brasileira e consequentemente se reflete na goiana.

Gráfico 3 - Sexo Família Inserida: no SCFV no CRAS - Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

A amostra identificada para o perfil sexual foi 93% feminina e 7% Masculina, pois a maioria dos responsáveis pelas Crianças e adolescentes inseridos no SCFV do CRAS – Floresta é de Mulheres. Segundo a pesquisa da socióloga Ana Liési Thurler (2004), "PATERNIDADE E DESERÇÃO: crianças sem reconhecimento, maternidades penalizadas pelo sexismo", cerca de 30% das Crianças brasileiras não tem o nome do pai em seus registros, uma realidade da sociedade brasileira e goiana, em que uma gama de famílias são monoparentais, formada pela mulher e o filho. Mas essa realidade, em momentos pontuais, apresenta-se diferente e mostra que existem outras situações de arranjos de responsáveis, aparece na amostra a presença de um indivíduo do sexo masculino, que responde às questões. Freitas; Braga e Barros (2013) traz que esses rearranjos se tornam bastante comuns no momento histórico atual. Quando o gráfico 3 (três) Perfil Sexual é confrontado com o Gráfico 6 (seis) referente ao estado civil, fica nítido as duas situações, a pesquisa de Thurler, e a realidade citada por Freitas, Braga e Barros, convivendo concomitantemente.

Gráfico 4 - Cor Família Inserida: no SCFV no CRAS - Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

Em sua maioria o perfil cor dos entrevistados foi de declarados negros e pardos, aparecendo também uma pequena parcela de brancos declarados, com nenhuma pessoa oriental na amostra.

Gráfico 5 - Escolaridade Família Inserida: no SCFV no CRAS - Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

A maioria dos entrevistados 40% possuíam o ensino fundamental incompleto, e uma grande parte 20% eram de analfabetos, e uma terceira via aparecendo com 13% um perfil de indivíduos com ensino médio completo, explicitando um perfil de um público diversificado na escolaridade. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os indicadores de desenvolvimento Humano no Brasil melhoraram na última medição no ano de 2013, o Brasil melhorou uma posição em relação ao ano anterior, apesar deste acontecimento ser inegável, as desigualdades no país ainda alcançam índices altos, veja estes dados:

Desde 2010, o Relatório do Desenvolvimento Humano traz indicadores complementares que ajudam a ampliar a visão sobre o tema. São eles: o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD), o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) e o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM). Além destes indicadores, o Relatório deste ano traz também o Índice de Desenvolvimento de Gênero, que é baseado no Índice de Desenvolvimento Humano desagregado por sexo, definido como uma relação entre o IDH para o sexo feminino e para o masculino – este último não foi calculado para o Brasil devido à falta de dados relevantes, segundo o Relatório.

O RDH 2014 aponta que a região da América Latina e do Caribe foi a que mais reduziu as desigualdades nos últimos anos, mas segue no topo da lista como a região mais desigual do planeta, quadro influenciado principalmente pelas disparidades na dimensão renda. No caso do Brasil, quando descontado o valor do IDH em função da desigualdade, o índice fica 27% menor (0,542). Mesmo com a redução significativa nos últimos anos do coeficiente de Gini – que mede a desigualdade em renda – a perda maior do Brasil dentro do IDH ainda está nesta dimensão do índice (39,7%), seguida de educação (24,7%) e da expectativa de vida (14,5%). Diferentemente do IDH, este índice ajustado à desigualdade foi calculado para 145 países, impossibilitando, portanto, a comparação com o ranking do IDH.

O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) do Brasil ficou em 0,441 em 2013, o que coloca o país na 85ª posição num ranking de 149 países. Já o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) do país ficou em 0,012, indicando que uma fatia de 3,1% a da população é multidimensionalmente pobre. O IPM define como multidimensionalmente pobres as pessoas que sofrem 33,3% ou mais privações entre as dez variáveis do índice divididas entre as dimensões de saúde, educação e padrão de vida. (PNAD, 2014, Grifos do autor)

Dentre os dados analisados que puxam a fila da desigualdade, a educação aparece em segundo lugar como determinante para que o Índice de desenvolvimento Humano do Brasil não consiga progredir, esses dados podem ser uma das causas prováveis do reflexo na amostra coletada.

Gráfico 6 - Estado Civil Família Inserida: no SCFV no CRAS - Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

A faixa mais aparente nos dados é de declarantes casados 47%, seguida de 33% de Solteiros e com a menor quantidade de declarantes viúvas, um fato pitoresco, é a presença de um número maior de indivíduos casados na amostra se somarmos a amostra a união estável no mesmo patamar teremos 60% do total da amostra de casados.

Gráfico 7 - Origem da Renda Família Inserida: no SCFV no CRAS - Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

Gráfico 8 - Situação de emprego Família Inserida: no SCFV no CRAS – Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014

A origem da renda dos entrevistados é basicamente com origens diversas, sendo a maioria de renda formal, porém, outra parte considerável quase empate vem de fonte autônoma, de "bicos", ou por benefícios do governo, por isso a declaração de maioria desempregada é pertinente nesta análise.

Gráfico 9 - Recebe Algum Beneficio do Governo Família Inserida: no SCFV no CRAS - Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

72% do público entrevistado recebe algum tipo de benefício do Governo tanto Estadual, quanto Municipal e Federal, o mais recorrente na amostra foi o Programa Bolsa Família.

Gráfico 10 - Situação de moradia Família Inserida: no SCFV no CRAS – Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

A situação de Moradia é em sua maioria (53%) própria e na minoria (20%) cedida e mediana (27%) alugada. Em uma primeira análise parece que a maioria da população entrevistada tem moradia própria (de fato numericamente sim), mas ao depurar os dados, como já realizado anteriormente, nota-se que na soma dos itens cedida e aluguel que parecem muito próximos, os números na verdade ficam quase empatados com quem não tem casa própria.

A questão moradia na política de habitação brasileira sempre foi segregadora e excludente, as classes subalternas geralmente ficam com as periferias das cidades (quando muito), em casas com infraestrutura precária, sem saneamento básico. Silva e Silva diz que "Depreende se que o acesso das classes populares à habitação, nas cidades, apresenta limites de caráter estrutural, de modo que a escassez de moradia expressa o nível de desigualdade e a concentração de renda implantadas pelo capitalismo enquanto sistema de produção." (SILVA E SILVA, 1989: 180).

Gráfico 11 - composição familiar Família Inserida: no SCFV no CRAS – Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

A maioria das famílias entrevistadas tem uma composição familiar entre 2 (dois) e 5 (cinco) Membros.

Gráfico 12 - Faixa etária dos Filhos inclusos no serviço Família Inserida: no SCFV no CRAS – Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

A faixa etária de filhos inclusos no serviço tem um total de 68%, o fato da inserção de adolescente em sua maioria se dá por uma preocupação tácita dos pais, que veem na retirada de suas crianças e adolescentes das ruas a solução para que possam trabalhar com tranquilidade e resguardar seus filhos de ficarem a mercê das vulnerabilidades e riscos sociais. O Ministério da Saúde, num estudo sobre a violência contra crianças e adolescentes, intitulado Violência Faz Mal a Saúde, traz o perfil de uma infância chamuscado pela epidemia da violência, e no primeiro capítulo percebe-se as preocupações da sociedade com a infância,

No Brasil, sobretudo nas duas últimas décadas, não se pode falar de crianças e adolescentes sem que o tema da violência aflore, indicando serem esses dois grupos os mais expostos e vulneráveis a sofrerem violações de seus direitos, afetando direta e indiretamente sua saúde física, mental e emocional. Estudos epidemiológicos e sociológicos têm mostrado que, frequentemente, as crianças são vítimas da violência desde o nascimento. Mas, é principalmente na fase da adolescência que essa questão desponta como crucial. Nessa etapa da vida, os jovens aparecem tanto como agentes agressores, mas, sobretudo, como vítimas. (BRASIL, 2006: 23)

Pode-se inferir que esse seja um dos pontos para que a família opte por incluir seus membros adolescentes no SCFV, no momento da transcrição de parte das respostas aos questionários, será possível detectar esse aspecto como um dos pontos de convergência entre as justificativas dos familiares para inserir suas crianças e adolescentes no SCFV.

Gráfico 13 - Filhos em trabalho infantil Família Inserida: no SCFV no CRAS – Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

Uma realidade foi explicitada no resultado deste gráfico, a situação trabalho infantil tem seus índices melhorados progressivamente desde a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e as ações do Estado na tentativa de erradicar o trabalho infantil são pertinentes, mas não se pode descuidar das ações e da vigilância para não permitir-se que saiam do controle, nota-se que está sendo superada, mas há muito ainda o que fazer, se levado em conta a quantidade de crianças no trabalho infantil.

De 2012 para 2013, houve queda de 15% no número de crianças de 5 a 13 anos que estavam em situação de trabalho infantil. Ao todo, são 486 mil crianças nessa faixa etária em 2013, a menor taxa da história do País. A maior parte dessas crianças (96,4%) está na escola e trabalha na atividade agrícola (63,8%). Dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados, nesta quinta-feira (8), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento mostrou queda de 12,3% no número de trabalhadores de 5 a 17 anos de idade, entre 2012 e 2013. Isso significa menos 438 mil crianças e jovens trabalhando. Em termos percentuais, a maior queda ocorreu entre pessoas de 5 a 9 anos de idade, faixa etária da qual 24 mil crianças deixaram de trabalhar. A maior redução de contingente, contudo, ocorreu no grupo de 14 a 17 anos, cerca de 360 mil pessoas, sendo 225 mil delas nas regiões Nordeste e Sudeste. (BLOG DO PLANALTO, 2014)

Ariès (1975) diz que crianças e adolescentes muitas vezes são obrigados a deixar de lado sentimentos infantis e comportamentos que lhes são próprios e acabam forçados a ajudar na composição da renda da família, ou mesmo assegurar sua sobrevivência e tem com isso sua infância descaracterizada.

Gráfico 14 - Renda Familiar Família Inserida: no SCFV no CRAS – Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

A maioria dos entrevistados com relação à renda familiar apresenta uma realidade de ganho acima de um salário mínimo até três salários. Geralmente, pensa-se que as pessoas com renda abaixo de um salário mínimo são os demandantes das políticas sociais, e inclusive as políticas tomam como critério de inclusão o fator econômico. Segundo Yazbek, fazendo uma análise da pobreza no Brasil Contemporâneo, traz um panorama sobre essa nova realidade do país, e diz que:

Face ao desemprego estrutural e à redução das proteções sociais decorrentes do trabalho, a tendência é a ampliação dos que demandam o acesso a serviços e benefícios de assistência social. Assim, os usuários da assistência social tendem a ser trabalhadores e suas famílias, que, mesmo exercendo atividades laborativas, têm suas relações de trabalho marcadas pela informalidade. Em uma conjuntura social adversa, é relevante analisar o significado que os serviços e benefícios sociais passam a ter para os trabalhadores precarizados, que passam a pleitear benefícios sociais, como o Bolsa Família ou a aposentadoria especial. (YAZBEK, 2012: 312)

Frente a essa conjuntura os reflexos dessa condição social explicitam-se nesta amostra aqui apresentada, um perfil de famílias trabalhando na informalidade e com a renda precária e demandando benefícios do governo, como o Bolsa Família, que podem ser confrontados com o gráfico 8, o qual revela uma realidade de 72% dos entrevistados recebendo esse benefício.

Gráfico 15 - Você sabe o que é o SCFV Família Inserida: no SCFV no CRAS – Floresta

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Fonte: Pesquisa primária realizada pelo acadêmico de Serviço Social. Goiânia, novembro 2014.

Quando perguntado aos entrevistados, você sabe o que é o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos? A resposta por unanimidade foi o total desconhecimento do quê se trata o serviço. A amostra reflete aparentemente uma falta de informação dos objetivos do serviço, ou isso também pode significar que em algum momento da execução houve no processo de conhecimento e contato com o serviço a compreensão equivocada por parte do usuário sobre o serviço.

Com relação às perguntas em "aberto" que foram feitas aos usuários, quatro questionamentos nortearam as pesquisas. As perguntas tinham a intenção de determinar se o serviço é eficiente em sua proposta. A primeira pergunta tinha em sua tônica os motivos da inserção dos indivíduos no serviço, na sequência buscava-se detectar os resultados obtidos depois da inserção e a importância do serviço para a Família, por último verificar a participação das famílias nos momentos destinados para fortalecer os vínculos familiares.

Na primeira pergunta, procurou-se determinar os motivos que levaram a família a demandar o Serviço, e para compreender os motivos foi feito o seguinte questionamento:

"Porque seu filho foi inserido no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos?".

A maioria dos entrevistados respondeu que foi para a Criança/Adolescente sair da rua, porque entendem ser um local de muita violência, tráfico de drogas e etc. Conforme citado no gráfico 11 sobre a idade daqueles incluídos no serviço, no qual a maioria são de adolescente e que conforme o Ministério da saúde, no trabalho publicado "Violência Faz Mal a Saúde", aponta esta faixa etária com a maior vulnerabilidade, e tacitamente as famílias para proteger seus entes queridos incluem eles no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, porque conforme perfil traçado pais e responsáveis têm que trabalhar formalmente ou na informalidade para prover sustento à família, necessitando protegê-los das ruas e, a melhor opção é exatamente esta, inserir sua prole no SCFV, principalmente no contra turno do ensino regular onde geralmente eles frequentam.

Nos questionários respondidos, um caso especificamente chamou a atenção, foi o caso de uma mãe que relatou ter inserido o filho no SCFV por encaminhamento do Conselho Tutelar[16]Segundo ela, a denúncia de maus tratos foi feita por vizinhos e com a provocação o Conselho Tutelar interferiu na situação. Conforme relato da mãe, a denúncia não seria verídica, mas a violência doméstica contra crianças e adolescentes é uma realidade posta, que recheia os noticiários, abarrotam os arquivos dos conselhos tutelares e juizados da infância e juventude, bem como delegacias, entre outros. E geralmente é uma violência que procura ser ocultada por parte dos familiares.

Minayo no artigo "Violência contra Crianças e Adolescentes: Questão Social, Questão de Saúde" define que:

A violência contra a criança e o adolescente é todo ato ou omissão cometidos por pais, parentes, outras pessoas e instituições, capazes de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima. Implica, de um lado, numa transgressão no poder/dever de proteção do adulto e da sociedade em geral; e de outro, numa coisificação da infância. Isto é, numa negação do direito que crianças e adolescentes têm de serem tratados como sujeitos e pessoas em condições especiais de crescimento e desenvolvimento. (MINAYO, 2001: 92)

Certamente, a Violência no Brasil contra Crianças e adolescentes é presente em todas as camadas da sociedade e provoca diversos problemas e demandas, não significa com isso que, neste caso específico, tenha realmente acontecido, não cabe aqui julgamentos ou inferências levianas.

Na outra pergunta: "qual a importância do serviço para sua família?".

Essa pergunta convergiu em dois eixos de respostas, o primeiro e com maior incidência foi: "Para melhorar a educação e socialização de seus entes". A com menor incidência, mas que reflete uma preocupação recorrente dos familiares com suas crianças/adolescentes foi para que "meu filho não fique mais nas ruas".

A terceira pergunta em aberto, foi feita buscando entender se após inserção no serviço houve mudança vistas, e para tal a pergunta foi a seguinte: "Depois da Inserção de sua família no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, você notou alguma diferença na relação familiar entre o antes e o depois dessa inserção?" Em primeiro plano havia uma pergunta fechada para determinar se "sim" ou se "não", caso a resposta fosse sim, eles deveriam descrever onde aconteceu a melhoria notada. Segundo a maioria das respostas, realmente houve uma melhora no comportamento de crianças/adolescentes, melhorou o convívio familiar e o que eles consideram mais importante, saíram das ruas. Duas respostas foram contra essa linha, uma foi justamente referente à criança está em trabalho infantil, segundo o seu responsável não notou nenhuma melhora. A outra resposta que caminha contrária à maioria, foi a de uma mãe que tem seu filho inserido no serviço e relatou que ele está com problemas em casa cometendo pequenos furtos do pai, e somente do pai. Ela também relata "o pai da criança é ignorante e tem alguns dias que não conversa com o filho", ainda afirma que, ele foi rejeitado quando no nascimento e durante os anos seguintes. O pai sempre o tratou com certa indiferença, batia muito na criança, porém ultimamente, não o faz mais, na verdade o isolou, palavras dela "anda muito preocupada" com seu filho, e com o marido. Por diversas houve interrupção o questionário porque ela se emocionou.

A última pergunta, busca compreender se o serviço tem cumprindo com sua principal propositura, fortalecer os vínculos familiares e para tal foi perguntado se "sua família (considere momentos em que a família completa participa de atividades no CRAS) participa de momento em grupo visando a convivência e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários?". Da amostra, 83% disseram participar de atividades em grupo, 26,70% não. Os que disseram que sim, afirmam: "foram às festas do dia das mães, pais, encontros, apresentação da banda entre outras atividades". Os que disseram não, o questionário não contemplava para além disso. No momento do recolhimento dos questionários, o pesquisador teve a curiosidade de perguntar por que eles não participaram, e segundo eles foi o trabalho que não possibilitou a ida destes aos encontros.

Finalizado esta segue-se para as considerações finais.

Considerações Finais

O caminho percorrido na análise aqui descrita foi o de contextualizar historicamente a Política de Assistência no Brasil, demarcando o momento histórico antes e após a constituição de 1988. No percurso dessa construção, viu-se que a Política de Assistência Social no Brasil está eivada de uma exclusão e com ações sociais usadas como forma de controlar os pobres, mas, que com a Constituição de 1988 surge uma "luz no fim do túnel", como possibilidade de conquistar e assegurar direitos.

Porém, o que presenciou-se na realidade atual não aconteceu de fato, a oferta de cidadania traduzida do texto constitucional. São inegáveis os avanços, as lutas e conquistas que a partir da Constituição de 1988 foi possível assegurar como direitos do cidadão. É notório que, precisa-se avançar mais, pois todo movimento feito relativo à história da Política de Assistência Social, quando se olha para a proposta, parece ser redundante, já conhece-se essa história de "cor e salteado", todos os trabalhos trazem esse histórico, pode esta ser a primeira impressão do leitor, um desânimo muitas vezes surge, porque pode faltar à compreensão sobre como fazer a relação dessa história com a atualidade, esses conceitos postos, a história, a pesquisa, fica tudo desconexo quando lidos separadamente, a maestria está em ligar esses fatos, para lançar luz à pesquisa feita, no sentido de aprofundar o conhecimento sobre o objeto de estudo em questão.

Pois bem, a pesquisa trouxe seus resultados relativos ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Um público de idade mediana, em sua maioria de responsáveis mulheres, casadas e solteiras praticamente no mesmo patamar, com renda geralmente em torno de mais de um a três salários mínimos, com grupos familiares de cerca de até cinco pessoas, incluindo os filhos menores.

No que se refere ao trabalho desenvolvido no CRAS Floresta, nota-se que há uma preocupação das mães em relação aos filhos quando estão nas ruas. Assim, buscam-se atendimento no CRAS para retirá-los da rua, pois julgam-se ser as ruas um espaço perigoso para seus filhos frequentarem e que não entendem muito o que é o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, mas reconhecem uma melhoria em seus filhos no ambiente familiar, após a inserção no serviço.

Não se pretendia aqui dar respostas às questões levantadas, mas problematizá-las para além do simples fato de ter um modelo estático para a proposição do SCFV, que é fortalecer vínculos familiares e comunitários, o objeto pesquisado foi à relação entre crianças/adolescentes/família atendidos no CRAS -Floresta, essas relações são atravessadas por inúmeros fatores, que podem ser relacionados à cena fictícia da vida do personagem Zezé;

O personagem "Zezé uma Crianças de cinco anos de idade, com uma família pobre de muitos membros, os irmãos mais velhos são responsáveis pelos mais novos, pai desempregado, mãe trabalhando para ajudar na provisão de casa, ele Zezé também engraxa sapatos para ajudar na renda da família, menino levado como toda criança de sua idade, vive nas ruas que lhes ensinaram alguns truques para sobreviver "Vasconcelos (1975-obra "Meu Pé de Laranja Lima")

Esse enredo está presente em cada uma das famílias entrevistadas, e na maioria das famílias brasileiras usuárias da Política de Assistência Social, desde sua origem até o momento atual. A criança e o adolescente nessas relações têm um envolvimento secundarizado sem muito acompanhamento dos pais ou responsáveis. Esse acompanhamento não acontece, porque a família abandonou suas crianças ou adolescentes? Ou por que o Estado não é capaz de promover condições favoráveis para o bem-estar-social dessa família? São questões postas para a discussão sobre as relações familiares, elas aparecem sem o fortalecimento suficiente dos vínculos familiares para que possa ser capaz de superar os riscos e as vulnerabilidades a que estão expostos. Logo, é preciso repensar a matricialidade sócio-familiar como diz Mioto (2014) para que não venha-se incorrer no erro de culpabilizar as famílias e nem promover o controle do Estado sobre elas, repensar quem são as famílias a serem incluídas na Política de Assistência Social, e rever ações prioritárias pensando sempre na totalidade de atendimento a essas famílias.

Portanto, é importante, ter um olhar diferenciado em relação às famílias que procuram por atendimento nos Centros de Referência de Assistência Social, especificamente, no CRAS-Floresta, objeto de estudo dessa monografia.

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ANEXOS

Anexo 1

Procurei entre as mesas da Confeitaria e lá estava ele. Na última mesa para poder ver quando os fregueses chegavam.

Estava de costas, sem paletó e com o lindo colete de xadrezinho, deixando escapar as mangas alvas da camisa limpa.

Foi me dando uma fraqueza tão grande que mal eu consegui chegar perto de suas costas. Quem deu o alarme foi seu Ladislau.

— Espia, Portuga, quem está aí.

Ele virou-se devagar e abriu o rosto num sorriso de felicidade. Abriu os braços e me apertou demoradamente.

— Meu coração estava me dizendo que tu virias hoje. Depois me olhou um certo tempo.

— Então, fujão. Onde estiveste esse tempo todo?

— Estive muito doente.

Puxou a cadeira.

— Senta-te.

Estalou o dedo chamando o garçom que já sabia o que eu gostava. Mas quando depositou o refresco e o doce, eu nem os toquei. Apoiei a cabeça sobre os braços e fiquei assim, me sentindo amolecido e triste.

— Não queres?

E como não respondesse, o Portuga suspendeu o meu rosto. Eu mordia os lábios com força e meus olhos estavam inundados.

— Ora o que é isso, Pirralho? Conta cá para o teu amigo...

— Não posso. Aqui não posso...

Seu Ladislau estava balançando a cabeça negativamente como se não compreendesse. Resolvi falar uma coisa.

— Portuga, é verdade que o carro ainda é "nosso" carro?

— É. Ainda tens dúvida?

— Você seria capaz de me levar para dar um passeio?

Ele se espantou com o pedido.

— Se queres, vamos já.

Como ele visse que meus olhos estavam mais molhados ainda, me puxou pelo braço, me levou até o carro e me sentou sem precisar abrir a porta.

Voltou para pagar a despesa e ouvi que ele conversava com seu Ladislau e os outros.

— Ninguém entende essa criança em sua casa. Nunca vi um menino com tamanha sensibilidade.

— Conta à verdade, Portuga. Você gosta muito desse diabrete.

— O que tu pensas ainda é pouco. É um Pirralho maravilhoso e inteligente.

Veio para o carro e sentou-se.

— Onde queres ir?

— Só sair daqui. A gente pode ir até o caminho do Murundu. É perto e não gasta muita gasolina.

Ele riu.

— Não és muito criança para entenderes dos problemas de gente grande?

A pobreza lá em casa era tanta que a gente desde cedo aprendia a não gastar qualquer coisa. Tudo custava muito dinheiro. Era caro.

Durante a pequena viagem ele nada disse. Deixava que eu me recuperasse.

Mas quando tudo se afastou e o caminho ficou aquela maravilha de verdes capinzais ele estancou o carro, olhou-me e sorriu com aquela bondade que enchia o que faltava de bondade no resto do mundo.

— Portuga, olhe para minha cara. Cara não, focinho. Lá em casa dizem que eu tenho focinho porque não sou gente, sou bicho, sou índio Pinagé, sou filho do diabo.

— Prefiro ainda olhar tua cara.

— Mas olhe mesmo. Olhe como ainda estou todo inchado de apanhar.

Os olhos do Português adquiriram uma expressão de inquietude e pena.

— Mas porque te fizeram isso?

Fui contando, contando tudo, sem exagerar uma palavra. Quando acabei seus olhos estavam úmidos e não sabia o que fazer.

— Mas não podem bater tanto numa criancinha como tu. Ainda nem fizeste seis anos. Minha Nossa Senhora de Fátima!

— Eu sei por quê. Eu não presto mesmo. Sou tão ruim que quando chega o Natal acontece aquilo: Nasce o Menino Diabo em vez do Menino Deus!...

— Besteiras, tu és um anjinho ainda. Podes ser um tanto traquinas...

Aquela ideia fixa tornou a me angustiar a mente.

— Eu sou tão ruim que nem devia ter nascido. Eu falei isso para Mamãe outro dia.

Pela primeira vez ele gaguejou.

— Não devias ter dito essas coisas.

— Eu pedi para falar com você porque precisava muito. Eu sei que é ruim Papai com aquela idade não pode arranjar trabalho. Sei que deve doer muito.

Mamãe ter que sair de madrugada, para ajudar a pagar a casa. Mamãe trabalha nos teares do Moinho Inglês. Ela usa uma cinta porque foi suspender uma caixa de espulas e ficou com aquela hérnia. Lalá é uma moça que até estudou muito e teve que virar operária da Fábrica... Tudo isso é coisa malvada. Mas também ele não precisava me bater tanto daquele jeito. No Natal, eu prometi que ele podia me bater o quanto quisesse, mas dessa vez foi demais.

Ele me encarava atônito.

— Senhora de Fátima! Como pode uma criança assim entender e sofrer com os problemas de gente grande. Nunca vi!

Engoliu um pouco da emoção.

— Somos amigos, não somos? Vamos conversar de homem para homem? Se bem que me dá calafrios às vezes falar certas coisas contigo. Pois bem, eu acho que tu não devias falar aqueles palavrões para a tua irmã. Aliás tu não devias nunca falar palavrões, sabes?

— Mas eu sou pequeno. Só assim é que eu me vingo.

— Sabes o que significam?

Fiz sim com a cabeça.

— Então nem podes e nem deves.

Fizemos uma pausa.

— Portuga!

— Hum.

— Você não gosta que eu diga palavrões?

— Simplesmente não.

— Pois bem, se eu não morrer, eu prometo a você que não xingo mais.

— Muito bem. E que negócio de morrer é esse?

— Quando chegar daqui a pouco eu conto.

Tornamos a nos calar e o Português estava cismado.

— Preciso saber de outra coisa já que confias em mim. Aquela história da música. O tal do Tango. Tu sabias o que estavas cantando

— Eu não quero mentir para você. Eu não sabia direito. Eu aprendi porque aprendo tudo. Porque a música é muito bonita. Nem pensava no que, queria dizer ...

Mas ele me bateu tanto, tanto, Portuga. Não faz mal ...

Funguei compridamente.

— Não faz mal, eu vou matar ele.

— Que é isso menino, matares teu pai?

— Vou, sim. Eu já até que comecei. Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu.

— Que cabecinha imaginosa que tu tens.

Dizia isso, mas não conseguia esconder a emoção que o assaltava.

— Mas tu também não disseste que me matavas?

— Disse no começo. Depois matei você ao contrário. Fiz você morrer nascendo no meu coração. Você é a única pessoa que eu gosto, Portuga. O único amigo que eu tenho. Não é porque me dá figurinhas, refresco, doce ou bola de gude... Juro que estou falando a verdade.

— Ora, todo mundo te quer bem. Tua mãe, mesmo o teu pai. Tua irmã Glória, o rei Luís... Por acaso, esqueceste o teu pé de Laranja Lima? o tal de Minguinho e...

— Xururuca.

— Pois então...

— Agora é diferente, Portuga. Xururuca é uma simples laranjeirinha que nem sequer sabe dar uma flor... Isso é que é a verdade... Mas você, não. Você é meu amigo e foi por isso que eu pedi para passear no nosso carro que daqui a pouco vai ser só seu. Eu vim dizer adeus para você.

— Adeus?

— Sério. Você vê, eu não presto para nada, estou cansado de sofrer pancada e puxões de orelha. Vou deixar de ser uma boca a mais...

Comecei a sentir um nó doloroso na garganta. Precisava muito de coragem para contar o resto.

— Vais fugir então?

— Não. Eu passei esta semana toda pensando nisso. Hoje de noite eu vou e atirar debaixo do Mangaratiba.

Ele nem falou. Me apertou fortemente nos braços e me confortou do jeito que só ele sabia fazer.

— Não. Não digas isso, por amor de Deus. Tens uma vida linda pela frente.

Com essa cabeça e essa inteligência. Não digas assim que é pecado! Eu não quero nem que penses, nem que repitas isso. E eu? Tu não me queres bem? Se me queres e não estás mentindo, não deves falar mais assim.

Afastou-se de mim e me olhou nos olhos. Passou as costas das mãos sobre as minhas lágrimas.

— Eu te quero muito, Pirralho. Muito mais do que tu pensas. Vamos, sorri.

Sorri meio aliviado com a confissão.

— Tudo isso vai passar. Logo serás dono das ruas com teus papagaios, rei da bola de gude, um vaqueiro tão forte como Buck Jones... Demais a mais, eu pensei numa coisa. Queres saber?

— Quero.

— Sábado, não irei ver minha filha no Encantado. Ela foi passar uns dias em Paquetá com o marido. Eu tinha pensado, como o tempo está firme, em ir pescar lá no Guandu. Como estou sem um grande amigo para me acompanhar, pensei em ti.

Meus olhos se iluminaram.

— Você me levaria?

— Bem, se queres. Não és obrigado a ir.

A resposta foi que encostei meu rosto no seu rosto barbeado e o apertei nos meus braços, enrodilhando o seu pescoço.

Estávamos rindo e a tragédia se afastara toda.

— Tem um lugar lindo. Levaremos alguma coisa para comer. Do que mais gostas?

— De você, Portuga.

— Falo de salames, ovos, bananas...

— Eu gosto de tudo. Lá em casa a gente aprende a gostar de tudo que tem e quando tem.

— Vamos então?

— Nem vou dormir pensando nisso.

Mas havia um grave problema circundando a felicidade.

— E o que vais dizer para te afastares de casa um dia todo?

— Invento qualquer coisa.

— E se te pegam depois?

— Até o fim do mês ninguém pode me bater. Prometeram à Glória, e Glória é uma fera. É a única ruça parecida comigo.

(Vasconcelos, 1975: 92-94)

Anexo 2

O VAGABUNDO

O DIA INTEIRO PELAS RUAS ANDA

ENXOVALHANDO, ROTO INDIFERENTE:

MÃOS AOS BOLSOS OLHAR IMPERTINENTE,

UM MACHUCADO CHAPEUZINHO A BANDA,

CIGARRO À BOCA, MODOS DE QUEM MANDA,

UM DANDY DE MISÉRIAS ALEGREMENTE,

A PROCURAR OCASIÃO SOMENTE

EM QUE AS TENDÊNCIAS BÉLICAS EXPANDA

E TEM DOZE ANOS SÓ! UMA COROLA

DE FLOR MAL DESABROCHADA! AO DESDITOSO

QUEM FAZ A GRANDE, E PEREGRINA ESMOLA

DE ARRANCÁ-LO A ESSE TRILHO PERIGOSO,

DE ATIRA-LO P"RA OS BANCOS DE UMA ESCOLA?!

DO VAGABUNDO FAZ-SE O CRIMINOSO!...

(APUD, AMÉLIA RODRIGUES, 2000)

Anexo 3

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você esta sendo convidado a participar de uma pesquisa sobre, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, realizado no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) Bairro Floresta a ser realizado pelo acadêmico graduando do curso de Serviço Social, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Ageu Viana de Sousa, sob a orientação da Profª. Ms. Cilda de Moura Dutra Guimarães; a pesquisa é indispensável para a conclusão do referido curso.

Esta coleta de dados é de suma importância para a conclusão do curso em Serviço Social, bem como demonstrar a realidade do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, especialmente no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), Bairro Floresta, em Goiânia.

Eu Ageu Viana de Sousa, pesquisador declaro garantir:

A plena liberdade: ao entrevistado de aceitar ou recusar a participar da pesquisa, sem nenhuma penalização.

A participação espontânea: sua participação na pesquisa é espontânea, livre de qualquer fase da pesquisa, sem nenhuma penalização.

A confidencialidade do estudo: além das informações coletadas serão mantidas em sigilo durante todas as fases da pesquisa e usadas somente para fins deste estudo e ou produção de artigos posteriores. Será assegurado o anonimato de dados indentificatórios.

O esclarecimento: além das informações preliminares acerca do estudo, você terá direito a esclarecimentos adicionais em qualquer momento da pesquisa.

Sobre os riscos ou desconfortos: informamos que sua participação na pesquisa não lhe causara nenhum tipo de risco ou desconforto. Caso sinta qualquer desconforto durante a abordagem, a mesma será interrompida até que esteja em condições de ser reiniciada. Sua participação é muito importante, pois seus relatos, opiniões e sugestões contribuirão para a compreensão e aprofundamento do referido estudo.

Uma via desde Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Eu,__________________________________________

RG.______________ CPF.___________________

Abaixo assinado, afirmo que li e discuti com o pesquisador do presente estudo os detalhes descritos neste documento. Entendo que sou livre para aceitar ou recusar a minha participação e que posso interrompê-la a qualquer momento sem dar alguma razão. Contudo, assim, em participar da pesquisa sobre (O atendimento de criança/adolescente/família pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) no Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) – Bairro Floresta no ano de 2013.) e que as informações coletadas para tal estudo sejam usadas somente para o propósito acima descrito, sem que traga nenhum prejuízo para mim.

Sei também que, caso os resultados deste trabalho sejam divulgados, o meu nome e meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e as informações que fornecerei só serão utilizadas para fins de pesquisa.

Concordo que, se necessário for, a coleta de dados seja gravada.

Goiânia,____de________2014.

Convidado

Pesquisador

Anexo 4

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS USUÁRIOS

NACIONALIDADE:_____________________________________

NATURALIDADE:______________________________________

DATA DE NASCIMENTO: ______/_______/__________

SEXO:

( ) MASCULINO

( ) FEMININO

COR:

( ) BRANCO

( ) NEGRO

( ) PARDO

( ) AMARELO

GRAU DE ESCOLARIDADE:

( ) ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO

( ) ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO

( ) ENSINO MÉDIO COMPLETO

( ) ENSINO MÉDIO INCOMPLETO

( ) ENSINO SUPERIOR COMPLETO

( ) ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO

( ) ALFABETIZADO

( ) NÃO ALFABETIZADO

ESTADO CIVIL:

( ) SOLTEIRO (A)

( ) CASADO (A)

( ) DIVORCIADO (A)

( ) UNIÃO ESTÁVEL

( ) VIUVO (A)

SITUAÇÃO ECONÔMICA:

( ) APOSENTADO (A)

( ) ASSALARIADO

( ) PENSIONISTA

VOCÊ RECEBE ALGUM BENEFICIO DO GOVERNO?

( ) SIM QUAL? ______________________________

( ) NÃO

SITUAÇÃO DE MORADIA:

( ) ALUGUEL

( ) FINANCIADA

( ) ÁREA DE POSSE

( ) CEDIDA

( ) PROPRIA

COMPOSIÇÃO FAMILIAR:

QUANTIDADE DE PESSOAS QUE COMPÕEM A FAMÍLIA:________________

QUANTIDADE DE FILHOS:____________________

FAIXA ÉTARIA DOS FILHOS INSERIDOS NO SCFV

( ) 0 À 6 ANOS QUANTOS:_______

( ) 7 À 11 ANOS QUANTOS_______

( ) 12 À 17 ANOS QUANTOS_______

SITUAÇÃO SOCIOECONÔMICA:

VOCÊ TRABALHA?

( ) SIM

( ) NÃO

EM CASO AFIRMATIVO, RESPONDA

PROFISSÃO:_______________________________________

SITUAÇÃO DE EMPREGO:

( ) COM CARTEIRA ASSINADA

( ) AUTONOMO

QUANTO AOS FILHOS ALGUM TRABALHA OU JÁ TRABALHOU EM ALGUM MOMENTO?

( ) SIM

( ) NÃO

SE A RESPOSTA FOR SIM QUAL COM QUAL IDADE ELE COMEÇOU TRABALHAR?_______

QUANTAS PESSOAS TRABALHAM NA FAMÍLIA:______

RENDA FAMILIAR:_____________

VOCÊ SABE O QUE É O SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS?

( ) Sim

( ) Não

PORQUE SEU FILHO ESTÁ INSERIDO NO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS?

______

QUAL A IMPORTÃNCIA DO SERVIÇO PARA SUA FAMÍLIA?

__________

DEPOIS DA INSERÇÃO DE SUA FAMÍLIA NO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS, VOCÊ NOTOU ALGUMA DIFERENÇA NA RELAÇÃO FAMILIAR ENTRE O ANTES E O DEPOIS DESSA INSERÇÃO?

( ) Sim

( ) Não

SE A RESPOSTA FOR "SIM" DESCREVA O QUE NOTOU:

______

SUA FAMÍLIA (considere momentos em que a família completa participa de atividades no CRAS) PARTICIPA DE MOMENTOS EM GRUPO VISANDO A CONVIVÊNCIA E O FORTALECIMENTO DOS VÍNCULOS FAMILIARES E COMUNITÁRIOS?

( ) Sim

( ) Não

Se Sim descreva as atividades realizadas neste sentido:

______

MAIS ALGUMA COISA VOCÊ GOSTARIA DE RELATAR QUE CONSIDERE IMPORTANTE E NÃO FOI COMTEMPLADO NESTE QUESTIONÁRIO?

______

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, ao meu filho, Pedro Henrique, o inspirador deste momento, ao meu Pai e minha Mãe grande incentivadores dos meus estudos, e a Eloeides, pois sem ela jamais aconteceria esta produção, obrigado pela paciência e incentivo.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois a primazia pertence a ele.

À minha família, Eloeides minha eterna namorada ao Pedro Henrique, sem eles nada disso teria sentido, obrigado pela paciência, companheirismo e incentivo, por compreender a ausência nos momentos de estudo.

Ao Meu Pai sempre um grande incentivador de nossos estudos, a minha mãe que teve a paciência de sentar e me ensinar os primeiros passos na leitura, dedicava horas lendo um livrinho que eu gostava, mesmo entediada pela leitura repetitiva jamais se cansou de ler pra mim, até que um dia eu comecei a ler sozinho, momento impar na vida, muito obrigado, a senhora não tem noção da maravilha daqueles momentos.

À minha sogra Dinah, na verdade uma grande conselheira e incentivadora e ao meu sogro Nilson pelo apoio.

Aos meus irmãos e irmãs especialmente a Ainoan pelas sugestões referentes à língua portuguesa, meus cunhados especialmente Salmo David pelas discussões que foram promissoras, e sobrinhos pelo incentivo, ao Gabriel em especial pela tradução do Resumo, vocês contribuíram para minha formação. Obrigado pelo apoio.

As companheiras acadêmicas, Ana Janaina, Fernanda, Irene, Laiz, Léia, Simone. Não poderia deixar de citar um companheiro que não finalizou o curso conosco, mas sempre esteve presente e também tem uma participação crucial, meu amigo Ronys. Obrigado por tudo.

Quero aqui deixar um espaço para você que se sente participante deste momento acrescentar seu nome, caso tenha sido injusto ao não te citar, já peço desculpas, pois são muitos os amigos e o espaço é pouco.

Amigo não lembrado:_________________________.

A Profª Conceição pelo apoio muito obrigado foi muito importante professora.

À Prof.ª. Cilda pela orientação a esta monografia, e pela paciência e sugestões, correções e contribuição intelectual foram muito importante para esse trabalho.

A equipe CRAS - Floresta que me acolheram com um profissionalismo extraordinário, uma contribuição especial com meu trabalho. Em especial a Assistente Social Rosangela minha supervisora de campo, sempre solicita as minhas dúvidas uma disposição invejável, contribuindo com as informações necessárias ao meu crescimento profissional, mas eu tive o privilégio de ter duas supervisoras de campo no período de estágio, e não podia deixar de mencionar a Assistente Social Zinalva Barbosa, foi minha cicerone no primeiro contato com o campo de estágio, quem me ajudou a articular teoria e prática, muito obrigado a vocês duas.

Às minhas queridas Supervisoras Acadêmicas, Ana Maria Trindade, Maria Ciurinha e Sílvia Beda, eu bebi em fontes límpidas, com elas foram períodos de crescimento para a nossa formação profissional.

As Professoras Neuza Mendonça de Monografia I, que aceitou o meu convite para participar da Banca de avaliação, e também a Professora Sílvia Beda muito obrigado pela leitura desta monografia e pelas avaliações e sugestões que com certeza só irão contribuir para meu crescimento profissional.

Enfim, agradeço a todos os meus colegas acadêmicos, do turno matutino e do noturno, dos muitos períodos por onde passei, e que comigo dividiram momentos de angustia e alegria nesta jornada. Vocês sabem do meu carinho por vocês, minha sincera gratidão a todas e todos. Não se encerra por aqui essa história, ela continua!

 

Autor:

Ageu Viana De Sousa

ageu.viana[arroba]gmail.com

Monografia apresentada ao Departamento de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Serviço Social, sob a orientação da Profª.Ms.Cilda Moura Dutra Guimarães

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

UNIDADE ACADÊMICO-ADMINISTRATIVA DE SERVIÇO SOCIAL

GOIÃNIA-GO

2014


[1] Ferroviários e Marítimos, dentre outros grupos são as categorias citadas por Behring e Boschetti como as categorias que foram atendidas pela criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP'S) porque eram as categorias que tinham a produção praticamente sobe suas ações de trabalho, tanto na produção como na distribuição destas mercadorias no mercado, por isso, tinham o maior poder de pressão frente ás demais categorias (BEHRING E BOSCHETTI, 2009: 80)

[2] Neste momento histórico da economia brasileira, a monocultura do café respondia por cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que segundo Behring e Boschetti é á base da nossa dependência externa econômica. (BEHRING E BOSCHETTI, 2009: 80)

[3] DEFINIÇÕES DO POPULISMO. - Podemos definir como populistas as fórmulas políticas cuja fonte principal de inspiração e termo constante de referência é o povo, considerado como agregado social homogêneo e como exclusivo depositário de valores positivos, específicos e permanentes.

[4] A Norma Operacional consagra os eixos estruturantes para a realização do pacto a ser efetivado entre os três entes federados e as instâncias de articulação, pactuação e deliberação, visando a implementação e consolidação do SUAS no Brasil.(BRASIL, 2005: 09)

[5] Ver, BEHRING, Elaine Rosseti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social no Capitalismo Tardio. 1. Ed. São Paulo: cortez, 1998. (Capitulo III)

[6] Idem

[7] A arte Otoniana surgiu na Alemanha em meados do século X e início do século XI durante o Sacro Império Romano-Germânico com Oto I, o Grande rei da Alemanha, influenciou toda a arte (arquitetura, esculturas e pintura), veja: Dicionário da Idade Média.

[8] Escrita idêntica aos originais.

[9] Idem.

[10] Idem.

[11] Escrita igual aos originais.

[12] Disponível em: < http://veja.abril.com.br/230305/p_086.html> Acesso em nov. 2014.

[13] Disponível em: < http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Direitos-Humanos/Unidade-da-Febem-em-SP-sera-fechada-se-nao-realizar-reforma/5/1887> Acesso em nov. 2014.

[14] Veja: BARROS, NÍVIA; Braga, Cenira Duarte; Freitas, Rita de Cássia Santos. Famílias e Serviço Social - Algumas Reflexões para o Debate. In: Família & Família: práticas sociais e conversações contemporâneas / Marco José Oliveira, Mônica Maria Torres de Alencar organizadores. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013.

[15] Veja: SPOSATI, Aldaiza de Oliveira. A assistência na trajetória das políticas sociais brasileiras: uma questão em análise. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1998.

[16] O encaminhamento foi feito pelo conselho tutelar para que acompanhasse o filho da mesma, pois houve denúncia de vizinhos por maus-tratos por parte da mãe.

Partes: 1, 2, 3


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