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A investigação da prática pedagógica com o projeto recreação e cidadania na Escola Municipal de Ensi (página 2)

Lisete Maria Massulini Pigatto
Partes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9

Nesse sentido é que se desenvolve o Projeto Recreação e Cidadania, como uma proposta de trabalho alternativa e interativa desenvolvida para a Inclusão Escolar e Social. Onde inclui o (a) aluno (a) de forma saudável e gradativa respeitando a idade mental e cronológica. Numa contra proposta a Educação Inclusiva vigente no Brasil, que inclui o (a) aluno (a) na sala de aula de acordo com a idade cronológica, sem preocupar-se com as particularidades, ignorando as suas dificuldades e potencialidades.

Atua-se nessa perspectiva porque quando o (a) aluno (a) é respeitado, "aprende modalidades de ações, regulamentadas por normas que transformam o sujeito em sujeito social, identificado em um grupo". (Oliveira 2004, p.8) Assim, libertar-se da opressão produzida pelo sistema e pelo grupo com quem convivem (Freire, 1987).

No início da experiência, devido às concepções tradicionais no processo de ensino e aprendizagem os (as) Professores (as) apresentavam dificuldades para atuar no processo inclusivo. Faltava-lhes um preparo específico para lidar com o (a) aluno (a), um método eficaz para trabalhar com o processo de ensino aprendizagem e realizar a transposição didática dos saberes. Desse modo, se estabelece o problema da pesquisa:

- As Práticas Pedagógicas desenvolvidas com o Projeto Recreação e Cidadania na Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maya Bertoia para a Inclusão Social identificam-se com o Perfil do (a) Professor (a) na Educação Emancipadora?

Em virtude da situação apresenta-se a seguinte hipótese:

As Práticas Pedagógicas desenvolvidas com o Projeto Recreação e Cidadania na Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maya Bertoia para a Inclusão Social não se identificam com o Perfil do (a) Professor (a) na Educação Emancipadora.

Um problema trabalhado ao longo do estudo de caso, que se iniciou no ano de 2004 e se estende até 2008 em forma de projeto. O problema devidamente identificado aponta a necessidade da pesquisa. Segundo Moura e Barbosa (2007) quando o problema está bem colocado, o mesmo já se encontra praticamente resolvido. Esta idéia definiu a situação problema, as relações de causa e efeito para alcançar os seus objetivos.

O Projeto desenvolve-se numa linha de pesquisa em: Teorias Educativas e a Educação Contemporânea. O trabalho desenvolvido na área de Políticas Públicas investiga a metodologia de ensino aprendizagem e identifica o Perfil do (a) Professor (a) para atuar com a Inclusão Escolar e Social no núcleo temático da Educação Social. A Educação Social constitui-se no novo paradigma da educação que se desenvolve no mundo. Segundo Haro, Andrés Escarbajal de; " La Educacíon Social en Marcha", Nau Llisbres Valencia, (1998). A Educação Social orienta-se à polivalência de modo a amenizar os problemas, contribuir com a evolução e a melhoria na sociedade.

O Educador Social intervem nas mais diversas faixas etárias, com crianças, jovens, adultos, idosos e nos mais diferentes contextos sociais, culturais, educativos e econômicos. Uma polivalência interventiva que favorece a Inclusão Escolar e Social. Esse tipo de educação exige a construção da escola como um sistema aberto, "pois há um movimento constante de seus membros." (Oliveira 2004, p.15) Uma modalidade de ensino aprendizagem que visa oportunizar o acesso à educação para todos.

A investigação é do tipo mista, de nível exploratório e descritivo realizado por meio da pesquisa-ação, numa relação dialógico-dialética. Caracteriza-se como um estudo de caso, realizada de acordo com as normas da APA – American Psychological Association. Na Metodologia Cientifica os estudos exploratórios se realizam "cuando se aborda um problema desconocido aún o poço estudiado antes, o que no existe literatura o teorias sobre el tema." (Alvarenga 2005, p.23) Sobre os quais existem poucos registros com no caso do Projeto Recreação e Cidadania[4]em estudo.

O Projeto investiga as experiências realizadas com práticas pedagógicas inovadoras na escola, fundamenta-se na LDB 9.394/96[5]nos PCNs[6]e no ECA[7]O nível descritivo especifica as propriedades (Danhke, 1989) as características, o perfil das pessoas, os grupos, os processos, os objetos ou fenômenos que se submeta a análise. Neste tipo de estudo "se selecciona uma serie de cuestiones y se mide o recolecta información sobre cada uma de ellas." (Sampieri 2006, p. 102) Na qual se descrevem as experiências, as considerações e os fenômenos no processo de análise.

O Projeto Recreação e Cidadania se desenvolvem em consonância com o PPP[8]da escola e induz o (a) aluno (a) a buscar autonomia. Visa uma Educação Social por meio de práticas pedagógicas inovadoras que transpõem o paradigma do ensino ao paradigma da aprendizagem. Favorecem a aprendizagem de temas sérios, de forma alegre, divertida e contextualizada. Estimula a participação, motiva o autocontrole e oportuniza o desenvolvimento da responsabilidade social e da cidadania pró-ativa.

No projeto já existem grandes avanços, a escola reconquistou a confiança na comunidade. Os pais e os (as) alunos (as) voltaram a encantar-se pela educação, pois percebem que tudo o que se ensina na escola, aplica-se no dia a dia. A maioria dos (as) nossos alunos (as) são filhos de catadores, que sobrevivem da coleta e da venda de produtos recicláveis. Deste modo percebe-se a dimensão do nosso trabalho e a necessidade de investigar as práticas pedagógicas inovadoras desenvolvidas na escola e a sua eficácia para atuar com a Proposta de Inclusão Escolar e Social.

A aprovação da Lei n. 11.274[9]de 06 de fevereiro de 2006, institui o Ensino Fundamental de nove anos e a inclusão das crianças de seis anos de idade, indo ao encontro dos objetivos da educação emancipadora. Deste modo, ampliam-se o número de crianças no sistema educacional brasileiro, especialmente as mais pobres, pertencentes à classe popular, carentes de estímulo, motivação e oportunidades.

A proposta do MEC[10]para o Ensino Fundamental de nove anos (2006, p. 7) diz a: "organização federativa garante que cada sistema de ensino é competente e livre para construir, com a respectiva comunidade escolar, seu plano de ampliação do ensino fundamental". Desse modo, fundamenta-se legalmente o trabalho e se manifesta o interesse em pesquisar novas metodologias para inspirar a formulação de Políticas Públicas Inclusivas, pois trabalhar com a Inclusão Escolar e Social requer um processo de ensino aprendizagem ampliado, no intuito de contemplar a todos os envolvidos.

Sendo assim, se necessita de Professores (as) capacitados, espaço físico e uma gestão adequada. Condições de trabalho, classes pequenas para atender grupos específicos e acesso ao atendimento individualizado, personalizado quando necessário. Não apenas para garantir o direito de acesso a sala de aula, mas para induzir a participação de todos no processo inclusivo, com o objetivo de, "assegurar a todas as crianças um tempo mais longo de convívio escolar com maiores oportunidades de aprendizagem." (E.F. nove anos, 2006, p.7) Deste modo o sistema, as escolas e os (as) alunos (as) precisam adaptar-se para viabilizar a inclusão escolar e social. Numa proposta que garanta ao aluno (a) o direito de freqüentar a escola com acessibilidade na diversidade sem adaptações, em igualdade de condições com os outros.

O paradigma inclusivo vislumbra um trabalho com a educação emancipadora. Sendo assim, o (a) aluno (a) deve adaptar-se a escola e a escola ao aluno (a), num processo que exige acordos e parcerias para que obtenham sucesso e a inclusão de fato.

No Brasil, a Educação Inclusiva é uma área nova e muito delicada que requer atenção e cuidado, devido há visão estreita que tem com a complexidade humana e o sistema. A Inclusão Social e a Educação Inclusiva são temas recentes, que instigam à necessidade de estudos e pesquisas sobre o assunto não apenas na classe regular de ensino, mas no processo de convivência como um todo. Deste modo, o MEC[11]prima pela formação continuada de Professores (as) em áreas de interesse. O novo paradigma visa à Educação Social, para atender todas as pessoas e todos os (as) alunos (as) que necessitam de atendimento educacional de forma integral e humanizada com o objetivo de contemplar todas as inteligências (Gardner, 1995). Enquanto que a Educação Inclusiva no Brasil se atem apenas a inclusão de alunos com necessidades especiais.

A Educação Social fundamenta-se na Proposta de Uma Educação para Todos. Visa a Inclusão Escolar e Social no sistema. Trabalha numa perspectiva saudável, respeita as dificuldades e as potencialidades dos (as) alunos, incluindo-os gradativamente na escola e na sociedade. Em pequenas turmas, de forma individual ou coletiva, numa proposta de trabalho alternativa e interativa concomitante ao currículo.

O Documento que trata sobre a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva no Brasil (2008) tem como objetivo assegurar a inclusão escolar dos (as) alunos (as) com necessidades especiais, que apresentam deficiência mental, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, vinculando a idade cronológica ao ano escolar, mesmo em condições questionáveis.

No intuito de elucidar os fatos cita-se como exemplo um dos casos ocorrido no Município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul em 2008, onde fecharam todas as Classes Especiais e distribuíram os alunos no sistema de ensino municipal. Para a escola mandaram um aluno (a) autista, com nove anos de idade cronológica e aproximadamente dois anos de idade mental para freqüentar uma turma da terceira série do ensino fundamental. O menino apresentava um comportamento instável e muita dificuldade para adaptar-se. Sendo assim, foi acomodado na primeira série.

Atitudes como esta desperta indignação na escola e na comunidade. Levam a sociedade a questionar as mudanças, implantadas pela educação inclusiva de forma tão radical, pois os resultados não são nada satisfatórios. Atualmente o menino está ambientado, reconhece o alfabeto, mas não lê. Deste modo ficam no ar indagações: passar o aluno para a segunda série sem condições ou fazer com que permaneça na primeira série até completar a maioridade, pois a infância se estende até os dezoito anos.

As medidas adotadas provocam reações contrárias. Ao invés de promover a Inclusão Social, promovem a exclusão escolar e social de forma evidente. Um fenômeno que requer estudos e investigações científicas a serem realizadas nas escolas e na sociedade no intuito de propor sugestões e alternativas de trabalho. Inclusive uma analise sobre a postura atual, adotada pela Educação Inclusiva que induz a linha cognitivista comportamental, ignorando as formas de pensar, as inteligências múltiplas.

Atualmente, para o Professor (a) Ter apenas uma formação específica, não basta, é preciso tornar-se um Ser em constante aprendizagem. A Educação atual, não se fundamenta apenas nos conteúdos, "mas sim em saberes que disputam prazer, configurando uma relação positiva com a aquisição de conhecimentos." (Oliveira 2004, p. 20) Sendo assim, na função de Professor (a) é preciso Ter acesso aos saberes, para tornar-se um Ser atuante e consciente de que somos iguais, porem diferentes.

O novo Paradigma exige atitudes consistentes na gestão, na condução de ações que visam à transformação social, capazes de influir na vida de cada um de nós e nas Políticas Públicas Inclusivas. A Educação Tradicional procura o Status Quo e o mantêm em grande parte por meio da educação que ajuda na manutenção do sistema. Desse modo define o perfil de homem que deseja para atuar na sociedade e atribui esta função ao Professor (a) de modo que reproduza o sistema vigente por meio da educação.

De forma consciente ou inconsciente organizam programas, moldam o ser humano para cumprir um papel social. Na Educação Emancipadora, o papel do (a) Professor (a) é diferente, consiste em estimular, motivar e criar oportunidades para que o (a) aluno pense sobre a condição humana e construa alternativas de vida. A história demonstra que, quando se investe no aluno (a), na qualificação e na valorização do (a) Professor (a) vislumbra-se a possibilidade de construir uma escola ideal, uma educação de qualidade com potencial para transformar o ser humano e aprimorar o sistema.

Atualmente, devido à complexidade do processo, "a teia inseparável de relações leva o sistema a caminhar como um bloco, agindo e interagindo para a sua evolução." (Oliveira 2004, p. 14) Onde limita e aproxima as pessoas sem hierarquias, num mundo globalizado, sincrético voltado apenas ao econômico, recheado de medos e incertezas.

Numa contraproposta a esta Linha de Pensamento surge a Inclusão Social. [12]Um movimento de ação internacional no intuito de combater a exclusão escolar e social de pessoas de classe social menos favorecida, de nível educacional inferior, portadoras de deficiência física ou mental, idosas ou minorias raciais entre outras que têm o seu acesso negado as oportunidades oferecidas pela vida e pelo sistema como um todo.

A Inclusão Social oferece aos mais necessitados a oportunidade de participar da distribuição da renda no País, dentro de um sistema que beneficie a todos e não somente uma camada específica da sociedade. O movimento trabalha as questões sociais, econômicas e educacionais. Fundamentam-se em princípios, valores, na ética e na organização social, pois à medida que o pensamento modifica-se, o sistema se organiza.

No pensamento sistêmico, as teorias científicas incluem a compreensão no processo do conhecimento, desse modo à ciência passa de objetiva para sistêmica. Segundo Gasparian, (1997) quando se percebe a realidade como uma rede de relações, as descrições formam uma rede inter-conexa dos fenômenos observados. Modificam as características do pensamento e induzem a transformação da realidade. Santos (2001) alerta que a busca do bem comum é um objetivo que foi abandonado pelas ciências e a economia em particular, mas que precisa voltar a ser o foco dos cientistas. Porque a globalização é governada por uma economia que desconhece a complexidade do mundo e torna-se indiferente às conseqüências das suas teorias com as práticas sociais.

Independente da época constata-se que o saber contribui na formação do Ser, sendo estes os elementos que o educador deve favorecer ao aluno (a) para que desenvolva a cidadania pró-ativa. No entender de (Piaget 1973 p.186) "o principal objetivo da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente de repetir o que outras gerações já tenham feito. Homens que sejam criativos, inventivos e descobridores." No intuito de que contribuam com a melhoria da sociedade. Para isso se faz necessário desenvolver no (a) aluno (a) "o senso da responsabilidade para que descubram o seu poder de agir sobre si próprio e não apenas para a vida profissional." (Thomal 2004 p. 33) A educação numa perspectiva inclusiva não tem espaço para teorias reprodutivistas e ultrapassadas, requer mudanças.

A dinâmica do novo paradigma induz as pessoas ao estado de consciência, ou seja, induz a desenvolver memórias com princípios e valores de forma individual e coletiva. Segundo Luria (1974) a organização dos elementos em estruturas semânticas, lógicas amplia a possibilidade de construir memórias novas e estáveis. Nisto reside à essência do trabalho do (a) Professor (a), conscientizar e ajudar a transformar o cidadão.

Num Cidadão consciente e participativo, capaz de aprender a organizar as suas memórias para interagir na sociedade com autonomia, autocontrole e responsabilidade. Isso significa que precisam aprender a desenvolver novas formas de organização interna para lidar com as informações e os conhecimentos. Para isso "precisa aprender a raciocinar, fazer análise e síntese, argumentar, contrapor, comparar, selecionar informações, formar categorias." (Lima, 2007, p. 14) Transformar tudo isso em princípios e valores no intuito de aplicá-los na sociedade para que ambos se aprimorem.

O paradigma inclusivo resulta de um processo histórico vivenciado pelo homem. Visa uma nova forma de organização, de gestão para que os (as) alunos (as) possam atuar no micro e no macro-sistema com autonomia e responsabilidade social. Medidas e Atitudes como estas facilitam a convivência, "amplia sua visão e lhe dá maior flexibilidade de atuação e compreensão da situação atual da organização." (Oliveira 2004, p. 15) Deste modo, a educação induz a organização social e permite ao ser humano inserir-se no mundo por meio de redes complexas de relações e interesses.

Nessa perspectiva, no final do trabalho se apresentam os resultados e a conclusão de forma inter trans-disciplinar e multidimensional. Assim como a sugestão do Perfil do (a) Professor (a) para atuar com a Inclusão Escolar e Social. Um perfil fundamentado na teoria e na prática pedagógica com o Projeto Recreação e Cidadania, bem como nos anseios em descobrir como trabalhar com a Inclusão Escolar e Social.

O Paradigma Inclusivo trabalha na perspectiva do aprender a aprender, aprender a fazer, a viver e a conviver, fundamentado na proposta de Delors (2000). Para dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que serão os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas e aprender a ser, a via essencial que integra as três precedentes. As quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de permuta.

Nesse sentido realiza-se a investigação, de modo a detectar novas formas para trabalhar o processo de ensino aprendizagem e qualificar o (a) Professor (a) concomitantemente. A escola oferece parâmetros, foca a atenção nas partes e no todo com consciência no processo histórico. Dos anseios educacionais, organizaram-se as perguntas, as quais originaram os objetivos específicos e os capítulos do trabalho.

  • Nas Práticas Pedagógicas com o Projeto Recreação e Cidadania quais as dificuldades encontradas pelos (as) Professores (as) para trabalhar com a Inclusão Social?

  • O Saber influencia na Gestão do (a) Professor (a) para atuar com a Inclusão Social?

  • As Práticas Pedagógicas desenvolvidas com a Educação Emancipadora no Projeto Recreação e Cidadania induzem à Inclusão Social?

  • As Práticas Pedagógicas desenvolvidas no Projeto Recreação e Cidadania para a Inclusão Social identificam-se com o Perfil do (a) Professor (a) Emancipador (a)?

A pesquisa tem como Objetivo Geral: ampliar o estudo sobre a Prática Pedagógica com o Projeto Recreação e Cidadania na Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maya Bertoia favorecendo o conhecimento sobre a Educação Emancipadora e a Inclusão Social no intuito de delinear o Perfil do (a) Professor (a).

A idéia de que o mundo está pronto e de que nele reside à reserva do conhecimento se manteve durante séculos na escola tradicional. Um modelo de escola que se preocupa apenas com o processo de ensinar e não com a perspectiva do aprender.

Num paradigma, onde "o professor ensina algo inquestionável e o aluno reproduz exatamente o que aprendeu" (Furtado, 2007, p.03) sem criatividade e ousadia.

Na seqüência da pesquisa se apresentam os Objetivos Específicos:

  • Identificar nas Práticas Pedagógicas com o Projeto Recreação e Cidadania quais as dificuldades encontradas pelos (as) Professores (as) para trabalhar com a Inclusão Social.

  • Verificar se o Saber influencia na Gestão do (a) Professor (a) para atuar com a Inclusão Social.

  • Descrever as Práticas Pedagógicas desenvolvidas no Projeto Recreação e Cidadania com a Educação Emancipadora, que induzem à Inclusão Social.

  • Analisar se as Práticas Pedagógicas desenvolvidas no Projeto Recreação e Cidadania para a Inclusão Social identificam-se com o Perfil do (a) Professor (a) Emancipador (a).

No contexto histórico quando surgiu à concepção construtivista de aprendizagem, os (as) Professores (as) não entenderam há "dês-construção" do conhecimento. Não admitiam ser apenas o facilitador do saber. Nessa fase tiveram que adaptar-se, adotar uma postura dialógica. Atualmente, as concepções de aprendizagem voltam-se as ações preventivas. Nessa concepção o profissional "deve considerar a gama de relações e ter um olhar direcionado para o todo e conceber a realidade por inteira." (Oliveira 2004, p.20) desenvolver metodologias alternativas e interativas.

O Documento subsidiário à Política de Inclusão (2005, p.08) afirma que: "uma política efetivamente inclusiva deve ocupar-se com a desinstitucionalização da exclusão, seja ela no espaço da escola ou em outras estruturas sociais". Neste Paradigma o (a) Professor (a) passa a ser o facilitador. Tem a função de favorecer o desenvolvimento das habilidades[13]e das competências[14]vinculando a teoria e a prática com a realidade para que o desenvolvimento do processo inclusivo realmente aconteça.

O Projeto justifica-se pela mudança de paradigmas na educação, transpõe o paradigma do ensino ao paradigma da aprendizagem. A educação tradicional não dá mais conta da demanda educacional. Desse modo a escola precisa adaptar-se aos novos tempos e espaços sociais para favorecer um ensino ideal e uma educação de qualidade. Uma aprendizagem contextualizada e um sistema avaliativo capaz de identificar as práticas pedagógicas e delinear o perfil do (a) Professor (a) para atuar com a Inclusão Escolar e Social no intuito de ajudar a sociedade a desenvolver-se com qualidade.

A inclusão social, "consiste em tornar toda a sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e inteligências na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades." [15]Num lugar capaz de promover a interação, respeitando as particularidades e potencialidades com acessibilidade na diversidade.

No paradigma inclusivo existem várias correntes. Os emancipadores que trabalham para conscientizar as autoridades sobre a necessidade de modificar a sociedade. A estrutura, o sistema social, econômico e educacional, instigando a uma tomada de atitude em todos os aspectos. Existe, a linha dos Educadores Tradicional que insiste em manter-se como sendo esta a única alternativa para fazer a sociedade evoluir.

Nessa perspectiva é que se promove a discussão sobre o Perfil do (a) Professor (a) Inclusivo. A Política Inclusiva requer um profissional, comprometido com o seu tempo e o seu espaço social, de modo que consigam trabalhar os (as) alunos (as) de acordo as suas potencialidades e dificuldades. Num processo onde tomem consciência de si mesmo, percebam "a árvore em vez de apenas vê-la, ou que leia um poema e sinta em si mesma um movimento de emoções que o poeta exprimiu com suas palavras – esse processo pode ser muito produtivo, muito embora nada seja "produzido"". (Fromm, p. 99-100) de modo que percebam a importância das diversas abordagens.

Nessa perspectiva precisa-se de Professores (as) com um novo olhar, que induza as pessoas a pensar e a agir para evitar o desastre social. Na cultura global a essência do Ser parece residir com afinco no Ter. Mesmo assim a proposta da Inclusão Social visa humanizar, para que as pessoas possam tornar-se autônomas e participativas, com autocontrole e responsabilidade social para viver.

Nesta perspectiva, a escola busca um profissional não apenas capaz de lidar com novos métodos e técnicas, mas um ser humano para ajudar as pessoas a se desenvolver neste paradigma. No intuito de que aprendam a conviver com esta nova realidade.

Na medida em que se desenvolve o trabalho identifica-se o problema. Inicia-se um processo de estudos, discussões e comparações entre as formas de educar, as habilidades e competências em cursos e seminários. As reflexões sobre a gestão do saber e o Perfil do (a) Professor (a) associado às práticas pedagógicas desenvolvidas na escola em 2006 se ampliam. Os educadores têm a oportunidade de apresentar as suas práticas pedagógicas e descobertas aos colegas. Assim, a proposta didático-metodológica desenvolvida com o Projeto Recreação e Cidadania e a interação dos (as) Professores (as) oportuniza a ele ser o próprio investigador do seu trabalho e qualificar-se enquanto trabalha com as práticas pedagógicas para a Inclusão Escolar e Social.

A proposta desenvolvida com o Projeto Recreação e Cidadania requerem trabalho de equipe, planejamento, análise, síntese, organização e operacionalização. Muito diálogo e confiança para alcançar os resultados de forma reflexiva. Nessa dinâmica o (a) Professor (a) teve a liberdade para atuar de acordo com o grupo de alunos (as), seguindo o seu planejamento. A Educadora Especial organizou a Gestão para a Inclusão Escolar e Social de forma alternativa e interativa para a escola.

A gestão consiste numa visita semanal a todas as turmas, conforme o planejamento realizado no inicio do ano em comum acordo com o grupo de Professores (as). Deste modo, alunos (as) e Professores (as) atuaram nas Salas de Aula, nos Ambientes de Recreação e nas Oficinas de sensibilização de forma diversificada, numa proposta inter, trans-disciplinar e multidimensional. Enquanto as alunas da Pedagogia atendiam as dificuldades de aprendizagem, um cargo a ser ocupado pelo pedagogo ou pelo Psicopedagogo. Sendo a Proposta metodológica viável para a Educação Social.

A inclusão escolar e social requer um profissional comprometido com a Educação Emancipadora (Gadotti, 2001)[16] de forma eficaz. Um profissional capaz de humanizar e promover a autonomia no (a) aluno (a) de acordo com o seu tempo e o seu espaço social. Um ser despido de preconceitos, para trabalhar com as dificuldades de aprendizagem, a adaptação escolar e social dos (as) alunos (as). Um Profissional, que saiba encantar as crianças com o saber. Neste contexto (Furtado, 2007, p.03) afirma: "nós não temos nenhuma aula a "dar": mas sim a construir junto com o aluno. Este precisa ser o personagem principal dessa novela chamada aprendizagem." Assim a escola deve encantar o (a) aluno (a), ser capaz de transformar-se em circo, em alegria para instigar o educando a buscar o novo, a sentir prazer em aprender e a conviver.

O MEC prima por uma educação de qualidade que "visa à emancipação dos sujeitos sociais e não guarda em si mesma um conjunto de critérios que a delimite." Nesta perspectiva, desenvolveram-se no Projeto Recreação e Cidadania os temas, as ações e as atividades educativas associadas aos conhecimentos na educação formal para ajudar o (a) aluno (a) desenvolver a cidadania pró-ativa. Para que possam relacionar-se com acessibilidade na diversidade, de forma alternativa e interativa com qualidade

Na Educação Emancipadora a qualidade resulta da boa interação, do fato de favorecer um bom desenvolvimento nas relações sociais políticas, econômicas e culturais. Sendo assim, a gestão por competências vem contribuir para o fortalecimento da escola pública e para o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem. Numa relação efetiva entre a democracia e a qualidade integrando o grupo social em que vivem, pois a escola atual constitui-se num espaço de ação e transformação. Para isto requer atitudes inovadoras, compromisso e responsabilidade social dos participantes.

A Educação Emancipadora "possibilita a todos à compreensão elaborada da realidade social, política e econômica do momento vivido pelos educandos" (Rodrigues)[17]. Possibilita inovar o padrão de qualidade em função do social. Sendo assim, percebe-se que o conceito de qualidade consiste em saber viver e conviver de forma harmônica, com equilíbrio, num processo de escuta, diálogo e respeito ao outro.

Deste modo, a dinâmica da qualidade não comporta modelos ou esquemas fechados, fundamentados em ideologias e dogmas, mas aceitam correntes de pensamento divergente, com respeito à acessibilidade e a diversidade. Admite ser humanista quando identifica o homem como um ser num processo educativo. Fundamenta-se como emancipadora quando admite ter consciência do papel político do ser humano, como instrumento de emancipação, combatendo às desigualdades sociais.

Uma escola de qualidade possibilita o desenvolvimento das habilidades físicas e intelectuais para a transformação social. Desenvolve as competências para o ser integral, pois visa à inserção no mundo cultural, do trabalho, da produção de bens e serviços. No aspecto cultural apropria-se do todo. Desenvolve, sistematiza a cultura popular e a cultura universal. No aspecto político oportuniza a emancipação do cidadão. Instiga a autonomia no (a) aluno (a), tornando-o dirigente do seu destino e partícipe ativo no desenvolvimento do grupo social ao qual pertence para humanizar a sociedade.

Atualmente, existem muitos estudos sobre as práticas pedagógicas e o Perfil do (a) Professor (a), mas relegados ao segundo plano. Sendo este, um tema relevante para sistematizar. No entanto, a dinâmica do projeto de pesquisa exigiu desenvolver um planejamento e uma gestão eficaz. Estabelecer a visão, a missão, os objetivos e as metas para alcançar os resultados num trabalho sublime: entre o ensinar e o aprender sempre.

A pesquisa fundamenta-se na Teoria da Complexidade, nas idéias de Edgar Morin[18](2001) e na Pedagogia da Consciência Crítica de Paulo Freire[19](1997) as quais se aproximam da realidade brasileira diante do paradigma inclusivo. Desse modo, a escola busca o equilíbrio entre a razão e emoção para alcançar um ensino ideal e uma educação de qualidade agregando princípios e valores para a formação de um Ser ético.

Além da teoria o trabalho realizado com a Inclusão Escolar e Social necessita de recursos humanos, Professores (as), gestores capazes de assegurar "uma política de formação continuada em serviço, o direito ao tempo para o planejamento da prática pedagógica, assim como melhorias em suas carreiras." (E.F. de nove anos, 2006, p.8) Sendo assim, busca-se um profissional que saiba trabalhar em equipe, para alcançar as metas e os objetivos com os saberes de forma reflexiva no contexto, utilizando um caráter técnico e científico, mas sem perder a amorosidade e a solidariedade.

Na sua atuação como Educador Paulo Freire (1992 p.101) já alertava aos (as) Professores (as) "ai daqueles e daquelas, entre nós, que pararem com a sua capacidade de sonhar, de inventar a sua coragem de denunciar e anunciar". Assim cabe ao Professor (a) re-significar a aprendizagem. Alimentar a esperança e os sonhos dos (as) seus alunos (as), porque a educação faz a diferença e possibilita viver com dignidade.

Nesta perspectiva Morin questiona: "Afinal, de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma configuração que responda a nossas expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas?." (Morin, 2003, p.116) No processo inclusivo os (as) Professores (as) são imprescindíveis para ajudar as pessoas a aprender a conhecer, a fazer, a viver juntos para Ser (Dellors, 2001) e desenvolver o humano.

Na Antropologia da Liberdade, Morin (1999) afirma que a incerteza invadiu o futuro, pois as pessoas perderam a ideologia[20]A confiança nos outros, a capacidade de sonhar com um futuro melhor. Disso decorre a alienação, o retorno às raízes, não apenas ao cerceamento étnico ou nacional, mas a fuga da escola. A Evasão e a repetência acentuam-se, pois perderam a esperança e encontram poucas perspectivas de vida.

No intuito de reverter este contexto a escola deve estabelecer acordos e parcerias com outros setores e segmentos sociais. Reivindicar e sugerir Políticas Públicas Inclusivas para que alunos (as) e Professores (as) possam realizar os seus sonhos. Para alcançar estes objetivos, todos os cidadãos precisam colaborar e tentar ajustar o sistema. Numa sinergia vital, de modo que se estabeleçam vínculos entre a teoria e à prática, agregando princípios e valores para a ética e a qualidade de vida. Assim, canalizam-se as energias e as inteligências múltiplas para contribuir com o desenvolvimento social.

Vive-se à globalização numa lógica de mercado. Num sincretismo confuso, onde todos os países encontram-se interligados e se ressentem com as mudanças sem encontrar soluções. O capitalismo não faz concessões e as pessoas são cada vez mais excluídas do sistema. Nesse sentido, pensar globalmente possibilita a reflexão, (Morin, 2001) e nduz a pensar sobre o novo paradigma de forma contextualizada.

Sendo assim, "as escolas, instituições sociais como espaços públicos visam à educação democrática, por isso cabe a elas o desafio de manutenção das liberdades individuais e a diversidade cultural." (Sacristan 2002 p.95) O acesso à Inclusão Escolar e Social de forma mais humana, possibilita a interação e a troca de experiências. De modo que se estimule, motive e oportunize o desenvolvimento da Educação Social.

O Educador Social é um técnico de nível superior habilitado a intervir com diversas populações: crianças, jovens, adultos, séniores e em contextos sociais, culturais e educativos diversos.[21] Não trabalha só com indivíduos em situação de vulnerabilidade social, mas com todas as pessoas, independentemente da etapa de vida ou do modo em que se encontram. Enquanto profissional, tem a função de trabalhar a inclusao social, valorizar cada situação de forma particular, de modo que a pessoa sinta-se um cidadão.

Nessa perspectiva, o sistema educacional brasileiro precisa desenvolver estes profissionais e novos métodos, para que sejam capazes de interagir no processo inclusivo e resgatar os (as) alunos (as) no contexto. Na contemporâneidade o problema requer estudos e investigação para desevolver uma Educação Social de Qualidade.

O contexto e a Legislação garantem uma Política Inclusiva, porem a escola atual continua a abordar os saberes de forma fragmentada. Ignorando a Educação Social, o que torna complicado, mas não impossível de realizar a abordagem defendida por Morin[22]A lógica Tradicional compreende o mundo de forma isolada, parcial, sem interconexões, devido a esta expectativa rígida apresenta muitos problemas e conseqüências sociais gravíssimas, pois tentam manter ideologias ultrapassadas.

O estudo de caso aponta a inclusão social como um processo que deve ser trabalhado de forma individual e coletiva respeitando cada caso, de acordo com o seu tempo e o seu espaço sócio-educacional. A potencialidade do método torna-se evidente, devido à sua versatilidade. A dinâmica interativa respeita o perfil dos integrantes, mas volta-se aos interesses do grupo. Reconhece o sistema, forma redes de apoio, estimula e motiva os trabalhos interativos e alternativos oportunizando a participação.

A nova concepção de Educação Social foi desenvolvida conjuntamente com alunos (as) e Professores (as) de acordo com as suas necessidades e potencialidades. A sua dinâmica foi capaz de desenvolver no Projeto Recreação e Cidadania um ensino ideal e uma escola de qualidade. Atualmente serve como uma pequena sugestão, uma inspiração e orientação para outros profissionais que procuram superar o desafio de: - Como trabalhar com a Inclusão escolar e Social ?

Uma Proposta que favorece a aprendizagem e a cidadania pró-ativa num trabalho de equipe. Apresenta potencialidade para qualificar pessoas, estabelecer parcerias, criar trabalho, emprego, ocupação e renda. Quando associados às Ações Complementares do Governo[23]com os objetivos da sociedade e da iniciativa privada.

Neste estudo de caso avaliam-se as práticas pedagógicas, por meio das quais identifica-se o Perfil do (a) Professor (a) de acordo com as propostas tradicional ou emancipadora. Desse modo, inicia-se a pesquisa. A partir do resgate histórico procura-se entender e contextualizar a atividade exercida pelo (a) Professor (a).

No Capítulo 1 aborda a Inclusão Social. No qual se destacam as Políticas Publicas Inclusivas, a fundamentação legal e a contextualização do novo paradigma que opera de forma global e local. Assim como as dificuldades no processo inclusivo.

O Capítulo 2 trata sobre os Saberes no Processo Inclusivo, no qual se salientam as Teorias Educacionais. Apresenta a Pedagogia da Consciência Crítica de Paulo Freire (1999) e a Teoria da Complexidade de Edgar Morin (2001). Assim como os Sete Saberes necessários à educação do futuro, à Gestão por Competências exercida pelo (a) Professor (a) relacionada às habilidades e as competências do saber.

No Capitulo 3 descreve-se o Projeto Recreação e Cidadania. A sua metodologia, o processo de ensino aprendizagem, a prática pedagógica e os fundamentos teóricos. No desenvolvimento do capítulo destaca os autores que a fundamentam: Jean Piaget (1973), Lev Vygostsky (1994), Henri Wallon (1973), David Ausubel (1980), Paulo Freire (1999) e Edgar Morin (2001). Assim como outros autores e atores sociais.

O Capitulo 4 salienta o Perfil do (a) Professor (a), o Educador do novo milênio. Aborda o contexto educacional no Brasil e no mundo. Destaca a evolução da educação e do trabalho do (a) Professor (a). Estabelecem a diferença entre o (a) Professor (a) tradicional e o emancipador. Destacando o Perfil do (a) Professor (a) Inclusivo.

O Capitulo 5 demonstra a metodologia cientifica utilizada na pesquisa. Os pressupostos teóricos, a abordagem dialógico-dialética. A espiral da práxis, o tipo e o nível da pesquisa. A investigação ação participativa e os instrumentos da pesquisa. Seguida pela analise, a conclusão, os encaminhamentos devidos e a bibliografia.

CAPÍTULO I

A inclusão social

"Los grandes espíritus siempre han encontrado

una violenta oposición de parte de mentes mediocres."

Albert Einstein

A Tese de Doutorado apresentada inspira-se numa Prática Pedagógica muito bem sucedida, realizada com o Projeto Recreação e Cidadania. Apresentada a Uninorte[24]como a Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação. Na qual avaliou "A contribuição da Metodologia Recreação e Cidadania no processo de ensino aprendizagem, utilizando a Educação Fiscal como estratégia" [25]A investigação realiza-se numa escola situada e localizada na região urbano periférica na Cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Brasil. No intuito de elucidar a pesquisa, se faz necessário resgatar um pouco da história sobre as Práticas Pedagógicas para entender como se desenvolveu ao longo do tempo e do espaço o processo de Inclusão Social.

Os Elementos do Projeto

A investigação apresenta as reflexões que vem sendo desenvolvidas com os (as) alunos (as) e Professores (as) na Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maya Bertoia na Cidade de Santa Maria, RS. No intuito de investigar as Práticas Pedagógicas desenvolvidas com o Projeto Recreação e Cidadania. O novo paradigma prima por uma educação voltada para a Inclusão Escolar e Social, sendo este um grande desafio para os (as) Professores (as), pois na sua maioria não possuem conhecimentos específicos para atuar nesta área. Devido a isso necessitam construir e re-significar os seus saberes.

Nessa perspectiva, convêm salientar que compreender os saberes resultantes das práticas pedagógicas possibilita ampliar as discussões no processo de Inclusão Escolar e Social. Sendo assim, vislumbra-se uma nova perspectiva educacional, a qual se volta a Educação Social. O Professor Boaventura Santos (2001) no seu trabalho, "As Tensões na Modernidade" salienta que as pessoas desistiram de associar à experiência a expectativa de mudança social, por isso acredita que é preciso reinventar a emancipação. Desse modo percebe-se a necessidade de evidenciar a Educação Social.

Atualmente, a Escola tem a missão de educar a todos sem exclusão. Num contexto educacional diversificado que exigem cada vez mais do (a) Professor (a). Um trabalho sobre-humano que não pode mais ser desenvolvido de forma individual, mas em equipe de forma inter trans-disciplinar e multidimensional conforme sugere a proposta do Projeto Recreação e Cidadania com a Inclusão Escolar e Social.

Uma das maiores preocupações dos (as) Professores (as) no contexto diz respeito há inclusão de alunos (as) especiais no sistema regular de ensino. Assim, surge-se a revisão dos conhecimentos, do saber fazer, as habilidades e as competências necessárias para as práticas pedagógicas. Para isso precisam investigar, descobrir a natureza desses saberes para que possam favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento da cidadania pró-ativa. Rever as teorias científicas, de modo que sirvam de fundamentação ao seu trabalho no intuito de adaptar e reformular as práticas pedagógicas na escola.

Sendo assim, o (a) Professor precisa buscar cada vez mais conhecimentos específicos, recursos e capacitação para auxiliar na sua prática. A prática pedagógica gera conhecimentos, portanto por meio desse estudo de caso se percebe e analisa o processo de construção e re-significação dos saberes com a Inclusão Escolar e Social.

Na investigação as variáveis conceptuais são definidas, conforme segue: a escola, alunos, as vivencias; a Comunidade; a equipe de trabalho; a Inclusão escolar e Social; os Saberes; a Gestão; o Projeto Recreação e Cidadania; a Educação de Qualidade; a Educação Emancipadora, a Educação Social e o Perfil do Professor. O estudo avalia a prática pedagógica, mas o Professor (a) é o ator principal neste cenário.

Definições dos Integrantes do Projeto:

A escola: a sua função social é muito importante. Trata-se de uma instituição que tem como objetivo preparar os (as) alunos (as) para participar da vida ativa na sociedade. A sua proposta trabalhada de forma alternativa e interativa no contexto estimula, motiva e oportuniza o acesso às informações e aos conhecimentos adaptando-as nas atividades da escola. Um elemento importante nas planilhas das atividades desenvolvidas com o Projeto Recreação e Cidadania e a inclusão escolar e social. Nessa perspectiva a instituição deve acompanhar o desenvolvimento dos (as) alunos (as) de forma saudável para que possam se humanizar e emancipar para uma cultura de paz conforme os objetivos previamente organizados e analisados posteriormente.

O (a) aluno (a): os (as) alunos (as) são agentes ativos, cuja função é a de difundir as informações e os conhecimentos adquiridos por meio das atitudes e de um comportamento condizente. No intuito de demonstrar as vivencias e informar a escola sobre os efeitos das ações com a inclusão escolar e social. Deste modo contribuem para criar e desenvolver um ambiente favorável às relações escolares e sociais saudáveis.

As vivencias: são entidades físicas sobre as quais atuam os (as) alunos (as) e Professores (as) no processo de ensino aprendizagem, fazendo analises e registros. A partir das anotações no diário de campo, as planilhas organizadas no planejamento tornam possível acompanhar a evolução da aprendizagem e da cidadania pró-ativa. Sendo estas informações valiosas para acompanhar o desenvolvimento do projeto.

Comunidade: é uma unidade social com historia e evolução. Constitui-se por um grupo de indivíduos que residem em um território específico. Compartilham do mesmo tempo e espaço geográfico com um determinado grau de interação. A este modelo integram as famílias e as suas vivencias relacionadas à escola. Nessa perspectiva se pretende ampliar o acesso às informações e aos conhecimentos para que participem ativamente, tomando decisões e elaborando ações para a inclusão escolar e social.

Equipe de trabalho: trata-se da parte efetiva da escola, que são os (as) Professores (as), funcionários (as) e a equipe administrativa. Por meio dela é que se acompanhará a evolução dos (as) alunos (as) no projeto. Os integrantes da equipe devem conhecer o programa e a função de cada um, estabelecendo normas e o circuito da informação. De modo que se organize o trabalho e se obtenha bons resultados.

As Práticas Pedagógicas segundo Gauthier (1998) são entendidas como a fonte geradora dos saberes experienciais, que se desenvolvem pela interação e como meio para obter bons resultados no processo de ensino aprendizagem. Para Perrenoud[26]as práticas pedagógicas coexistem no sistema. Na mesma disciplina e algumas vezes no mesmo estabelecimento de ensino. Desse modo avançam sobre o espaço e o tempo com sucesso ou fracasso. Esses saberes quando públicos tornam-se saberes pedagógicos e formam o repertório de conhecimentos para auxiliar o ofício do Professor (a).

A Inclusao Social[27]é uma ação que combate a exclusão social geralmente ligada a pessoas de classe social, nível educacional, portadoras de deficiência física, idosas ou minorias raciais entre outras que não têm acesso a várias oportunidades. A Inclusão Social é uma proposta que visa oferecer a todos oportunidades de participação e interação social dentro de um sistema que os beneficie e não apenas a uma camada específica da sociedade. Trata-se de um movimento global que vai além das Leis. No intuito de minimizar as diferenças pessoais. Oportunizar o acesso de todos ao sistema.

A inclusão escolar se dá na escola, a inclusao social atua e interage em todas as areas e setores. A proposta se contrapõe a política neoliberal que favorece apenas aos países capitalistas, ocasionando a dependencia dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, pois percebe o homem como um ser integral, que precisa desenvolver-se em todos os aspectos. Fundamenta-se na Declaração Universal dos Direitos Humanos[28]Contempla a "Educação para Todos", uma proposta iniciada em Jontiem (1990) na Tailandia e Salamanca (1994) e outros movimentos subsequentes. Segundo Torres (2001) o movimento garantiu a necessidade de aprendizagem básica no mundo. Influenciou a elaboração e a execução das politicas mundiais e nacionais em educação pautadas nas metas da alfabetização e da escolarização universal.

A Proposta de Inclusão Social extende-se a todos os setores sociais. Não se restringe apenas a escola, trata-se de uma Política que visa atender as pessoas e os seus interesses. No intuito de contemplar as suas potencialidades e necessidades para que possam aprender, aprender a fazer, a viver, a conviver e a realizar os seus sonhos.

Os Saberes: trata-se de um conjunto de informações e conhecimentos; habilidades e competências; elaborados pelo ser humano para viver e conviver melhor. Segundo Tardif (2000) os saberes do (a) Professor se constituem no conjunto de habilidades, competências e conhecimentos construídos por eles, de modo que possam desempenhar as suas funções sociais. Para Paulo Freire (1987)[29] o homem é um ser histórico, em permanente busca do saber, que busca aprender sempre. Assim, todos os saberes são importantes, pois o homem se faz na ação, na reflexão e na transformação.

A Gestão por Competências: não se trata apenas de uma forma de administrar a sala de aula e a escola. Constitui-se numa filosofia de vida, numa maneira de desenvolver os talentos individuais e coletivos. A sua gestão desenvolve saberes, organiza e orienta os (as) alunos (as) e Professores (as) por meio de temas, ações e atividades educativas no intuito de alcançar as metas e os objetivos. Os estudos de Daniel Goleman (1997) sobre a Inteligência Emocional comprovam que profissionais bem sucedidos são os que possuem um QE - Quociente Emocional mais apurado, pois se destacam pela sociabilidade e pela auto-motivação. Enquanto que o QI, o - Quociente de Inteligência mede apenas a capacidade, as habilidades técnicas do indivíduo.

O Projeto Recreação e Cidadania: se definem como uma proposta de trabalho em equipe, uma forma de gestão por competências, um caminho seguro para trabalhar o processo de ensino aprendizagem e desenvolver a cidadania pró-ativa. Trata-se de um conjunto de métodos e técnicas, desenvolvidos em equipe num processo concomitante entre alunos (as), Professores (as), a comunidade, outros programas e projetos na sala de aula, nos ambientes de recreação, nas oficinas com a Inclusão Escolar e Social.

O projeto desenvolve-se por meio de temas, ações e atividades educativas. Contempla o ser e o ter nas áreas cognitiva, afetiva e psicomotora numa perspectiva ética, estética e inclusiva. Num trabalho realizado em equipe, coordenado pela Educadora Especial, no qual cada Professor atua na sua sala de aula de acordo com as suas convicções. Nesse contexto, a Educadora Especial faz a gestão da Inclusão Social por meio de um planejamento flexível, num trabalho alternativo e interativo. Organizado no inicio do ano para atender alunos (as) e Professores (as) de forma individual e coletiva. No qual trabalham as potencialidades e as dificuldades, mas quando necessário, canaliza-se para outros atendimentos especializados.

A Educação de Qualidade: implica em muitos fatores, visa os principios e os valores para a ética. Trabalha a humanização, a formação para a cidadania pró-ativa, por meio do dialogo, do acesso as informações e aos conhecimentos no intuito de emancipar as pessoas. Oferece estimulos, motivadores e oportunidades para que todos possam participar desse processo. A educação de qualidade requer uma gestão que possa "desenvolver seres humanos intelectualmente, ajustados emocionalmente, capazes tecnicamente e ricos de caráter". (Ferreira, 2000) Pessoas capazes de participar da vida cidada com autonomia, com principios de justiça e responsabilidade social.

A Educação Emancipadora: caracteriza-se como a pedagogia que busca uma Educação Social de qualidade. Em favor dos oprimidos pelo sistema, na busca de uma nova Paidéia[30]Essa educação requer aprendizagem, formação política e cultural. Oportunidades de participação  nas decisões da escola e da comunidade. Busca a efetivação dos Direitos e uma escola que articule os saberes com a sociedade.

A Teoria de Paulo Freire (1973) fundamenta a Educação Emancipadora e resgata a ética emancipatória quando trabalha concomitantemente os princípios e os valores. Sendo esta a base da unidade dos saberes e das práticas pedagógicas, que devem orientar as Políticas Públicas Inclusivas a desenvolver a Educação Social.

A Educação Social:[31] é o resultado do processo desenvolvido com as Políticas Públicas Inclusivas de forma contextualizada. Trata-se da nova visão da Educação, com metas e objetivos para promover a Inclusão Escolar e Social de todos ao sistema. Uma Proposta atual, desenvolvida de forma inter, transdisciplinar e multidimensional que trabalha a educação de forma alternativa e interativa. Fundamenta-se na Educação para Todos, no Estatuto da Criança e do Adolescente. Priorizam o atendimento as demandas da população excluída para minimizar a pobreza e construir uma sociedade mais justa. Oportunizam o acesso à educação básica e complementar as crianças e demais pessoas em situação de abandono, negligência e violência. No intuito de reintegrá-las a sociedade para conviver num cenário de aprendizagem e responsabilização social.

O Perfil do (a) Professor (a): envolve o ser integral. No Brasil, o perfil do (a) Professor (a) é de um profissional jovem, em busca de formação superior, que raramente exerce uma atividade paralela ao magistério e acumula, no mínimo, seis anos de prática em sala de aula. Segundo pesquisa realizada em 1999 pelo MEC/SAEB e o Censo Escolar 2000. Em constante progressão numérica, a categoria ainda enfrenta problemas, entre os quais fortes oscilações no que diz respeito à sua formação acadêmica e aos baixos salários.[32] Um profissional que busca oportunidades de qualificação nos Cursos de Mestrado e Doutorado, mas dificilmente encontram acesso.

1.1 O Resgate Histórico

A Educação formal sistematizada no Brasil inicia-se com a vinda dos colonizadores e a chegada dos Padres Jesuítas ao Brasil. Caracteriza-se como um encontro dos povos nativos com os povos latinos. "O mundo dos conquistados e o mundo dos conquistadores" (Sander 2005, p. 93) [33]Nessa época, percebe-se que já se inicia o processo inclusivo. Europeus empobrecidos vêm para substituir o negro nas lavouras de café. No intuito de colonizar para Ser um cidadão ativo e comercializar para Ter a oportunidade de viver com dignidaade e garantir a sobrevivência dos povos.

Na globalatinização, o filósofo Jacques Derrida (1930 – 2004). Criador do método filosófico chamado desconstrução. Aborda a ética e a solidariedade, enfatiza a presença dos imigrantes no âmbito do estado nação. Segundo Cogo (2002)[34] no método o autor aponta o transplante de conhecimentos, de valores, práticas sociais e educacionais na Europa e no Brasil. Mediante uma Política de Educação Pública confessional iniciada pelos missionários da Companhia de Jesus, os transmissores naturais da cultura latina. Dessa forma, o nativo cedeu o seu lugar de direito a outros povos que vem implantando gradativamente um ensino elitizado até os dias de hoje.

Vive-se na América Latina, graças ao processo inclusivo, somos contemplados pelo Acordo do Mercosul [35]que avança concomitantemente nos aspectos políticos, educacionais e socioeconômicos conforme o Decreto 5518[36]em vigor. O Mercosul por meio de acordos a parcerias permite avançar na formação continuada dos (as) Professores (as). Deste modo torna possível aprimorar os conhecimentos nos cursos de Mestrado e Doutorado oportunizados pelas Instituições Educacionais vinculadas. No entanto, para avaliar a prática do profissional e delinear o perfil do (a) Professor (a), foi preciso compreender há temática da globalização, a inclusão escolar e social para perceber a evolução da educação ao longo dos tempos, pois as transformações políticas econômicas e sociais refletem-se na escola e no contexto como um todo.

A educação do novo milênio aponta a escola, como uma instituição voltada para o desenvolvimento da cidadania desde a infância. Num sistema que exige a participação constante da família e da comunidade Deste modo, "os sistemas extrafamiliares começam a influenciar significativamente na vida do ser humano." (Oliveira 2004, p.77) No contexto, os investimentos na formação da cidadania tornam-se cada vez mais necessários, devido à carência de humanização e emancipação no ser humano. Princípios e valores que a escola trabalha, oportunizando melhorias na comunidade.

A conquista da Cidadania reporta-se a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Originada no processo da Revolução Francesa no século XVIII "quando a burguesia, ao desalojar a aristocracia, conquista o poder político, substituem o monsieur do antigo regime pelo cotoyen da republica." (Buffa 1991, p.11) Um processo histórico que evoluiu ao longo do tempo e apresenta como resultado a Inclusão Social.

Vive-se a globalização, num sincretismo que integra e separa saberes de acordo com os interesses. Nessa perspectiva, as ferramentas educacionais tornam-se cada vez mais coletivas, socializadas. Os saberes universais desenvolvem-se em redes e devem ser compartilhados, assim como o capital, os salários e as oportunidades inclusivas. A proposta de Inclusão social procura dar acesso aos saberes no intuito de compartilhá-los, para minimizar as diferenças e melhorar a qualidade de vida entre os seres humanos.

Uma teoria que reporta às idéias de Marx, quando afirma que, a base técnica ao atingir um grau de desenvolvimento "entra em conflito com as necessidades da produção que ela mesma havia criado." (Marx 1977, p.266) Isso significa que o controle do processo do trabalho é do trabalhador, assim como a subordinação do trabalho ao capital tem os seus limites, que precisam ser ajustados. Sendo assim, as regras sociais precisam ser organizadas em forma de Leis para garantir a ordem e o sistema, devido à urbanização crescente e o distanciamento do homem da natureza.

Estudioso da Complexidade, Morin (2003) afirma que: "a realidade global não deve ser ocultada, as disciplinas devem ser integradas." [37]No intuito de instigar o (a) aluno (a) a vincular os saberes com a sua aplicabilidade. No entanto, é preciso distingui-las e não separá-las. Reconhecer os fenômenos multidimensionais, respeitar as diferenças, substituindo o pensamento que separa pelo que distingue e é capaz de unir.

O mundo desenvolve-se pela evolução do pensamento, o que implica na reforma do pensar e nas suas conseqüências existenciais, éticas, cívicas e democráticas. Nesse contexto, Morin (2003) salienta a necessidade de preparar profissionais na educação e outras áreas que se interessam pelas aspirações e pelos sonhos dos (as) alunos. Pessoas que estejam dispostas a participar desta reforma educacional. No intuito de contribuir com a humanização e a emancipação. Na atualidade as suas idéias vêm sendo difundidas e desempenham um papel relevante no contexto Educacional e na Ética.

A LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e os PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais fazem uma crítica ferrenha ao ensino fundamentado apenas no conteúdo. Recomendam que se favoreça o desenvolvimento das habilidades e das competências para instigar a criatividade, à aprendizagem e a socialização. Em seu artigo "Cabeça bem feita versus Cabeça Cheia", o Professor Jenner Barretto Bastos Filho, faz a seguinte afirmação: "Não se pode esperar que, apenas com isso, venhamos a desenvolver habilidades e competências e preparar o cidadão para enfrentar situações em relação às quais ele não tenha sido especificamente preparado."[38]. É preciso que se favoreça o desenvolvimento da aprendizagem e da cidadania pró-ativa por meio das vivencias em pessoas capazes de promover o bem comum.

A educação tem o compromisso de instigar a pensar, para que as pessoas tomem atitudes coerentes. Para isso o (a) Professor (a) requer de um preparo específico para conduzir os (as) alunos (as) a humanização e a emancipação. Percebe-se que quando se estimula apenas o fazer, sem desenvolver as habilidades e as competências do saber na gestão das competências o resultado transforma-se num grande desastre. Favorece a manutenção da alienação e da ignorância. Conduz a inconseqüência, enquanto que a sabedoria nos leva ao aprimoramento, a humildade, ao equilíbrio e ao discernimento.

1.2 O Novo Paradigma

Nos estudos sobre a Complexidade, Edgar Morin (2003) salienta que para modificar o pensamento se faz necessário modificar as instituições e o saber. Sendo essas transformações extremamente necessárias para a organização social e política. Nas Teorias de Locke (1632-1704), Galileu (1564-1642), Bacon (1561-1826), Descartes (1596-1650), Comenius (1592-1670) percebe-se uma sociedade que se reproduz por meio da cooperação, para isto desenvolveram uma educação voltada ao bem comum.

Na proposta didática de Comenius (1976) "A arte de ensinar", se observa um método fácil, sólido e rápido que reparte o tempo das matérias e a organização nas escolas. Neste método o (a) aluno (a) aprende por meio do livro didático, fazendo o que o (a) Professor (a) ensina de forma coletiva, reproduzindo o sistema. Adam Smith (1723-1790) na sua teoria justifica a necessidade da educação em função da divisão do trabalho. Nessa perspectiva a educação torna-se um discurso vazio, pois a ênfase centra-se apenas no trabalho, sem uma postura dialógica e crítica, voltada à cidadania.

Na contemporaneidade aspira-se um cidadão autônomo que busca um comportamento sadio. Imbuído de valores, hábitos e atitudes, voltado ao bem comum. Demonstrar estas concepções no pensamento pedagógico, não se trata apenas de uma renovação teórica, mas de um caminho para redefinir as nossas práticas no intuito de elaborar projetos educativos condizentes com a contemporaneidade e a humanização.

No Livro Políticas Instituciones y Actores em Educacion, há um artigo  de Ezpeleta (2000) sobre a "Reforma educativa y praticas escolares". Onde a autora chama a atenção sobre a renovação da escola com as questões da produtividade e da Democracia como metas. No seu discurso salienta que se amplia para a sociedade a responsabilidade pública sobre a educação via conselhos escolares. De forma descentralizada, o que se entende como uma filosofia empreendedora de gestão.

Na sua concepção essa nova forma de gestão estimula a participação e a responsabilidade. Sendo este o papel compensador do estado, propor uma reformulação curricular forte, sobre a base relevante que a moderna economia outorga ao conhecimento e a produtividade. Ao mesmo tempo, implanta uma cultura de avaliação no processo institucional concretizando as propostas com agilidade na gestão e na responsabilidade pelos resultados, garantindo a eficácia da coisa pública e a cidadania.

Nesse modelo, o conjunto apresenta conseqüências inevitáveis. "Na era da globalização, o mercado manda, e o sistema educativo, caro, deve articular-se a seus requerimentos, pois o custo justifica esta articulação". (Ezpeleta, 2000, p.223 e 224) Na intenção de suprir a ineficiência do sistema, sem adaptá-lo a realidade.

Nessa perspectiva houve a transformação estrutural do estado acordada pelos governos Latino-Americanos com os organismos técnicos e financeiros internacionais. Os quais vêm se desenvolvendo no Brasil desde o final dos anos 80 e ganham força legal com a Constituição Cidadã em 1988. "A educação com esses acordos foi objeto de uma proposta estratégica elaborado pelo World Banck 1990ª, 1990 b: UNESCO, 1990, CEPAL, 1990" (Ezpeleta, 2000, p.223) Desse modo, as linguagens, os problemas, a operacionalização e as soluções se unificam, bem como as legislações dos países.

Desta forma, não se discute mais a coerência radical das suas suposições, mas a busca dos resultados eficazes para minimizar custos. Não se discute mais, afirma a autora, a necessidade de vincular há educação com o mundo da produção. Esta foi à intenção que sempre acompanhou a constituição  e a função dos sistemas educativos. A novidade nos planos é a subordinação estreita do sistema com as necessidades do mercado e os diversos reducionismos  que se desprendem para orientar a ação da escola.

Paralelo, às visões ideológicas se encontram as influências econômicas, que geram as Políticas Publicas para amenizar os problemas sociais. A civilização contemporânea e a infância sofrem com o excesso de informações que provocam a desvinculação do afetivo pela fusão entre espaço, tempo e a velocidade, rompendo com as relações intersubjetivas. Assim, se faz necessário fortalecer os vínculos pessoais, sociais e oferecer-lhe a possibilidade de sonhar com um mundo melhor.

"A Nova Estratégia das Escolas Associadas e seu Plano de Ação (2004-2009)" enfatizam a necessidade de fortalecer os pilares da Educação. Defendidos na Unesco pela Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI sob a organização de Jacques Delors (2000) intitulado: Educação: um tesouro a descobrir. Uma proposta que salienta a aprendizagem colaborativa fundamentada nos quatro pilares: aprender a conhecer; aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser.

Escolas que seguem a orientação destes pilares, quando bem trabalhados, produzem resultados excelentes, capazes de conduzir o processo educacional com sucesso. Deste modo a educação não pode ser um tesouro nas mãos de poucos ou de pessoas inescrupulosas. Deve contemplar toda a população, conforme a Declaração Mundial de Educação para Todos, a LDB, o PNE – Plano Nacional da Educação e o PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação, proposto pelo Ministério da Educação.

Na análise do PDE, o jornalista chama a atenção sobre a inversão dos valores, onde "o lucro é a chave de tudo, a alma do negócio, pois a lógica empresarial determina que vencedores sejam os primeiros em detrimento dos outros que vem a seguir." (Nascimento 2008[39]Metas que se distanciam dos objetivos educacionais.

Fundamentado no Marco de Ação de Dacar, numa educação que contempla métodos e técnicas inovadoras.[40] O Brasil criou o PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação para alcançar uma educação de qualidade, com metas e objetivos que requerem uma determinada organização social. Segundo o Ministro da Educação, a sociedade somente se mobilizará em defesa da educação "se a incorporar como valor social, o que exige transparência no tratamento das questões educacionais e no debate em torno das políticas de desenvolvimento da educação." (Haddad 2007, p.10) Para isso fundamenta o Plano de desenvolvimento da educação em seis pilares: na Visão sistêmica da educação; na Territorialidade; no Desenvolvimento; no Regime de colaboração; na Responsabilização; e na Mobilização social. Estranho e curioso é que a mobilização social encontra-se como o último pilar para alcançar os objetivos.

A sociedade precisa mudar ter acesso às informações e aos conhecimentos para acompanhar as Políticas Públicas, para poder visualizar a elaboração e a sua execução, propondo ajustes e fiscalizando os deveres do Estado. Isso requer uma educação emancipadora, voltada à cidadania pró-ativa, de modo a equilibrar os direitos e os deveres. Deste modo, percebe-se que a educação deve contemplar o cidadão desde a creche até os cursos de excelência, como um caminho para alcançar à inclusão social.

A educação contemporânea destaca com muita clareza o processo de socialização, de individuação, volta-se à autonomia e a cidadania. Não pode ser artificialmente segmentada, de acordo com a conveniência administrativa ou fiscal. Nessa perspectiva educar-se é uma necessidade efetiva para transformar a realidade. Para tanto, os (as) Professores (as) do século XXI precisam de um preparo mais específico, para lidar com a gestão do conhecimento no processo inclusivo[41]Trata-se de um profissional da educação que precisa aprender a aprender, aprender a ser, a fazer, a conhecer e a conviver. Desenvolver a cidadania pró-ativa para poder atuar.

Nesse intuito, a OEA, Organização dos Estados Americanos declarou a "Década das Américas: pelos direitos e pela dignidade das pessoas com deficiências" para o período de 2006-2016, elegendo como tema: igualdade, dignidade e participação. A declaração visa alcançar o reconhecimento, o pleno exercício dos direitos e da dignidade das pessoas. Oportuniza condições para participar de fato e não apenas de direito da vida econômica, social, cultural e política de forma alternativa e interativa no desenvolvimento da sociedade, em situação de igualdade. A isso se chama de Inclusão escolar e social, pois na realidade todos nos, de uma forma ou de outra, nos encontramos inseridos no processo inclusivo em função das carências, dificuldades ou potencialidades. As quais nem sempre se manifestam na aparência externa, mas na subjetividade pelos nossos hábitos e atitudes, manifestas pelo nosso comportamento.

Nesta dimensão está à grandiosidade do projeto de inclusão social, instigar acordos, parceiras para a humanização e a emancipação entre os seres humanos.

De acordo com a Organização dos Estados Americanos, OEA[42], "cerca de 90 milhões de pessoas no hemisfério sul, enfrentam situação de deficiência, muitas sobrevivem abaixo da linha da pobreza." Na sua maioria crianças, excluídas das suas comunidades por barreiras físicas, políticas, culturais, sociais, econômicas e atitudinais entre outras. Com o advento da Convenção sobre o Direito das Pessoas com deficiência, aprovada pela Organização das Nações Unidas, ONU, os cidadãos com deficiência passaram a ser formalmente considerados como uma questão de Direitos Humanos.

Nela "reconhece a importância dos princípios e das diretrizes de política, contidos no programa de ação mundial para as pessoas deficientes e nas normas sobre a equiparação de oportunidades." [43]No intuito de influenciar a promoção, a formulação e a avaliação de políticas, planos, programas e ações em nível nacional, regional e internacional para equiparar as pessoas com deficiências. Salienta a sua importância como relevantes estratégias para o desenvolvimento sustentável.

No "ciclo da invisibilidade", as pessoas com mais dificuldades encontram-se excluídas das políticas públicas voltadas aos mais pobres, porque, com freqüência, os governos, as empresas e as organizações de cooperação internacional, buscam soluções para a pobreza e só depois para a deficiência. Portanto, para resolver o problema o caminho deve ser o contrário: para superar as dificuldades devem-se oferecer oportunidades de educação, trabalho e renda para diminuir a miséria e a pobreza.

No Manual sobre desenvolvimento inclusivo, RJ, Brasil: WVA Editora, 2005. O ciclo da invisibilidade obedece à seguinte lógica: as pessoas com deficiência não conseguem sair de casa, portanto, não são vistas pela comunidade. O fato de não ser vista, deixa de ser reconhecida como parte dela. Não sendo reconhecida, considera-se como mais um problema para a comunidade enfrentar e resolver. Uma postura desumana, pois sem acesso aos serviços, não há possibilidade de inclusão social. Não incluídas na sociedade, continuam sem identidade, alvo de discriminação e maldade.

Além de todo o contexto, enfrenta-se no país uma crise de natureza estrutural. Uma crise nas finanças públicas, no modelo de gestão e no padrão de desenvolvimento. As crises produzem graves conseqüências na prestação de serviços públicos sociais, na infra-estrutura, na competitividade, na economia e no desempenho dos indicadores de qualidade Por outro lado o contexto socioeconômico, a situação política em que se encontra o país e a polarização ideológica cede lugar a um clima de discussão.

Independente disso há um consenso social de que o momento é propicio para promover um pacto de todas as forças políticas e sociais em torno de uma agenda mínima de medidas convergentes que possam desenvolver no país um grande projeto de inclusão social. Segundo Oliveira, (2004, p. 77) "não é de hoje que a escola tem a função de socializar, oportunizar o desenvolvimento, a aquisição de condutas e atitudes necessárias à sobrevivência." Os (as) Professores (as) têm um papel preponderante. Fundamentados no princípio de que o vínculo pobreza-deficiência é inquestionável, o enfoque do desenvolvimento inclusivo torna-se um instrumento valioso para elaborar Políticas Publicas no intuito de combater simultaneamente à pobreza e à discriminação.

Na proposta inclusiva, as Políticas Públicas devem ser elaboradas de maneira multidimensional, levando em consideração as pessoas e as suas peculiaridades para que se minimize a distancia entre a teoria e a prática no intuito de consolidá-las.

1.3 A Inclusão Social no Contexto

Na contemporaneidade, percebe-se que para viver e conviver se faz necessário aprender a lidar com a complexidade. Assim, a educação torna-se imprescindível, pois a sua dinâmica induz as pessoas a identificar-se. Edgar Morin (2003) afirma que o papel da escola passa pelo conhecimento, pois tem o compromisso de preparar cidadãos para enfrentar as incertezas da vida. A escola na sua essência deve instigar a pensar, o porquê, para que e como nos repassam os conhecimentos. No intuito de encontrar o equilíbrio entre a razão e a emoção com dignidade e acessibilidade na diversidade.

Educar para a cidadania consiste num grande desafio e o seu êxito requer promover mudanças comportamentais para uma vida saudável, para isso faz-se necessário o diálogo, a problematização, a experimentação e o sonho. "A educação é uma forma de universalisar traços de cultura e ao mesmo tempo é afetada pela globalização porque incide sobre os sujeitos, afeta os conteúdos escolares." (Sacristan 2002, p. 92) As relações da escola com o meio e as políticas educacionais manifestam a influencia da globalização e apresentam a proposta inclusiva como uma alternativa para humanizar. Para isso requer um Professor (a) inclusivo para conduzir o processo.

A Inclusão Social caracteriza-se como uma ação de combate à exclusão social. Nessa perspectiva "a inclusão deixa de ser uma preocupação a ser dividida entre governantes, especialistas e um grupo delimitado de cidadãos com alguma diferença e passa a ser uma questão fundamental da sociedade." (Doc. Sub. Pol. Inclusão 2005, p.07) Um compromisso de todos os integrantes da sociedade por esta causa humanitária.

A proposta inclusiva vincula-se a pessoas menos privilegiadas devido à classe social, ao nível educacional, portadoras de deficiência, idosas ou minorias raciais entre outras que não tem oportunidades na vida. Tem como objetivo oferecer oportunidades de educação e participação para organizar a sociedade. Desenvolver políticas de trabalho, renda, num sistema que beneficie a todos e não apenas a camadas específicas.

No processo histórico pessoas e setores na sociedade sempre sofreram algum tipo de exclusão, induzindo às pessoas a marginalização, a alienação, tornando inacessível a educação e os bens que por direito lhes pertence. Desta forma a exclusão social, as situações de miséria, a ignorância e o atraso de qualquer ordem, servem de orientação para elaborar políticas públicas. Criar Leis e mecanismos para adaptar as pessoas ao convívio social independente das suas dificuldades ou potencialidades.

Nesta perspectiva a sociedade consegue modificar as estruturas e os serviços. O pensamento complexo configura uma nova visão de mundo, compreende as mudanças, não nega a multiplicidade, mas procura "conviver com elas e não reduzir o multidimensional a explicações simplistas, regras rígidas, fórmulas cerradas ou esquemas fechados de idéias." (Quintana 2007)[44] Percebe o novo paradigma.

No paradigma inclusivo existem várias correntes. Os emancipadores que trabalham para modificar a sociedade, a estrutura dos sistemas sociais comuns e instigam a uma tomada de atitudes em todos os aspectos. A linha dos (as) Professores (as) tradicionais que insistem em manter uma educação reprodutivista, sem criatividade.

Atualmente no mundo há cerca de 500 milhões de pessoas com deficiência. De acordo com o Censo Demográfico de 2000 do IBGE, 25 milhões de brasileiros, 14,5 % da população, têm algum tipo de deficiência. São homens, mulheres, crianças e jovens que, em muitos casos, não têm assegurado seus direitos básicos: de ir e vir, de estudar, ao lazer. Isso provoca uma reação em cadeia, pois envolve familiares, amigos e demais pessoas envolvidas com a situação. Para isso, necessita-se qualificar Professores (as), desenvolver novas metodologias no intuito de criar ambientes de aprendizagem.

O sistema social tem se adaptado à proposta de inclusão em todas as áreas, sejam na área educacional, dos transportes, da saúde, do lazer e outras. Nesta perspectiva destaca-se uma atenção especial na área financeira, para que se contemple a população com políticas de trabalho e renda, pois sem o acesso a moeda, a um meio de trocas, a sobrevivência torna-se impossível. Quando isto acontecer, se poderá falar em inclusão escolar e social de qualidade, pois se encontrará manifesta a razão e a emoção de viver.

A inteligência da complexidade, segundo (Morin 2001) trabalha para interligar a cultura científica e a humanística literária. No intuito de favorecer "a operatividade de uma ética civilizatória das relações humanas sobre nosso planeta." (Quintana 2007) Onde o observador atua como parte integrante no processo de construção do conhecimento, numa rede de temporalidades e causalidades múltiplas, simultâneas. Nesse contexto, o pensamento complexo é uma nova abordagem de pesquisa científica, apóia-se na transdisciplinariedade, pois estuda os fenômenos em toda a sua complexidade, sem os limites expostos pelas disciplinas e teorias tradicionais.

A Educação Social requer um trabalho inovador, com projetos. Um projeto requer ação, transformação, resultados. Desse modo percebe-se que quanto mais a sociedade estiver inserida na proposta, com mais ênfase se dá há humanização, a emancipação e um ambiente saudável para se aprender a aprender a fazer e a conviver.

No Brasil, a Lei Federal n° 7853, de 24 de outubro de 1989, assegura os Direitos básicos dos portadores de deficiência. Em seu artigo 8º constitui como crime punível com reclusão de um a quatro anos e multa, quem:

1. Recusar, suspender, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, porque é portador de deficiência.

Partes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9


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