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A investigação da prática pedagógica com o projeto recreação e cidadania na Escola Municipal de Ensi (página 5)

Lisete Maria Massulini Pigatto
Partes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9

A humanidade sempre conviveu com a incerteza. Assim formula os princípios da ecologia da ação: "onde toda ação entra num jogo de interações que faz com que ela escape muito rapidamente da intenção da vontade dos seus autores." (Frères 2006, p.5) Onde os jogos são para todos e os jogadores não são racionais. De certa forma, é "essa consciência que alimentou minha reflexão: que não se pode evitar o risco." (Morin, 2000, p. 162-164) A incerteza move o mundo pela neurose do medo excessivo. Para amenizar o problema da incerteza (Morin 2000, p. 201 e 202) oferece três teorias: a teoria da informação, a cibernética e a dos sistemas. Na primeira apresenta a ferramenta para o tratamento da incerteza. Na segunda, uma teoria onde a idéia de retroação rompe o princípio da causalidade linear e introduz um círculo causal. Onde a causa age sobre o efeito e o efeito sobre a causa, concomitantemente. A terceira teoria proposta é a dos sistemas, da qualidade, a qual nasce do todo e podem retroagir para as partes.

Deste modo, por meio destas teorias induz a pensar sobre o universo dos fenômenos organizados, pois a organização é feita com e contra a desordem simultaneamente. Deste modo, Morin (2000) salienta na sua teoria a necessidade da informação e do conhecimento. Alerta sobre o ruído, sobre a perda do sentido devido às interpretações contraditórias e à necessidade de seleção para a qualidade de vida.

O seu pensamento induz a rever princípios e fundamentos de construção científica, principalmente quando relacionados apenas ao mecanicismo. Nesta perspectiva afirma que os processos de informação "poderiam ser tratados não apenas pela ótica lógica, mas também pela ótica ilógica, levando-se em consideração fatores como o ruído, a desordem e a complexidade." (Frères 2006, p.9) De modo que sejam respeitadas as percepções de cada um e as suas manifestações comportamentais.

Num sinal de alerta a existência da complexidade, contrapõem-se ao convencionalismo cientifico. Salienta a necessidade de perceber o novo paradigma, que existem novas estruturas de forma inter-trans-multi-pluri disciplinares presentes no debate sobre a construção científica. A revolução no mundo acontece a olhos vistos e para isto se faz necessário entender que a partir destas relações se podem buscar novos paradigmas e proceder num estudo epistemológico em ciência da informação que não reprima o crescimento espiritual. Em contrapartida é preciso oferecer condições sistêmicas para a construção científica em ciência da informação e na educação.

A Teoria do Pensamento Complexo constitui-se numa Teoria de Inclusão Social. Considera todas as possibilidades teóricas de reflexão e busca ampliar os pensamentos simplificadores das teorias e dos pressupostos teóricos, partindo da não completude do conhecimento e da aceitabilidade da diversidade. Em suma, tudo está em relação, nada está isolado, tudo está no todo. A escola está na sociedade e a sociedade está na escola. Deste modo, a pesquisa cientifica precisa voltar-se às reais necessidades da população.

3.4.7 Os Autores e o Método

A partir da analise das teorias afirma-se que ambos são interacionistas, voltam-se a interatividade. As contribuições superam os racionalistas inatistas e os empiristas. Posicionam-se entre o Ser e o Ter, numa dimensão humanitária, voltadas ao desenvolvimento e ao aprimoramento da pessoa. As suas discussões são específicas, mas convergem a um ponto em comum, a aprendizagem como um elemento essencial.

A partir de Piaget (1973) estudam-se as etapas sensório-motrizes evolutivas do intelecto. Na sua teoria acredita que o pensamento é anterior à linguagem, sendo esse o reflexo do pensamento: constata que a aprendizagem ocorre de dentro para fora. Vygotsky (1994) acredita que a linguagem é anterior ao pensamento e reflexo da linguagem. Na concepção de Wallon (1973) percebe-se a interação entre o real, à percepção sensório-motriz e a tarefa conceptual de discernir e integrar. Para ele não há um pensamento sem linguagem, mas uma complementação pela dialética da emoção. Ausubel (1980) acredita na aprendizagem significativa, sendo essencial para a aquisição do conhecimento. Freire (1999) percebe a aprendizagem como um processo de interação, a qual favorece a aprendizagem organizacional. Morin (2001) entende a aprendizagem como a busca de lucidez, para entender a complexidade e interagir. Os teóricos concordam que o desenvolvimento e a aprendizagem não são apenas produtos do meio externo, nem somente o resultado das capacidades inatas do ser humano, mas fruto das interações do homem com o mundo, num processo de ensino aprendizagem.

3.5 A Gestão Escolar

A discussão sobre Gestão Escolar tem sido permeada pela Gestão por Competências. Diversos trabalhos analisam o tema e as suas aplicações no contexto. A revisão da literatura apresenta apenas fragmentos, devido a sua extensão. Nesse caso, a pesquisa investiga as práticas pedagógicas inovadoras e a gestão com o saber. Analisa a Metodologia no Projeto Recreação e Cidadania o Perfil do (a) Professor (a) inclusivo.

A Gestão Escolar leva em consideração os aspectos culturais. Os princípios, os valores éticos e jurídicos para elaborar o currículo e operacionalizá-lo de acordo com os problemas internos e externos originários de uma sociedade global. Vale-se da Gestão por competências para melhorar as relações inter-pessoais e consequentemente a qualidade na educação. Uma discussão que se inicia com MC Clelland (1973) quando publica o artigo: Testing for Competence rather than intelligence. Segundo o autor a competência é uma característica subjacente a uma pessoa que pode ser relacionada com desempenho superior na realização de uma tarefa ou em determinada situação.

Na teoria define aptidão como um talento natural que pode ser aprimorado pelas habilidades. Demonstradas como talento prático para o saber fazer e os conhecimentos que necessita para querer fazer as tarefas com competência. A partir dessas discussões se organizam as competências, que visam informar sobre a atuação profissional. Nesta perspectiva, implantam-se os projetos, as avaliações e as qualificações institucionais.

Atualmente, as organizações e as instituições não competem apenas com o produto, mas com a ousadia, a competência, com a qualidade como um todo. Nesse intuito desenvolvem pessoas com capacidades complexas, pois o aprender se dá pela intervenção humana, num processo de ação e transformação. A educação ao longo do tempo sofreu inúmeras modificações, mas poucos teóricos tiveram a coragem de atribuir há liderança o sucesso ou o fracasso. Ao se referir ao Educador Paulo Freire (1975) assim manifesta-se, "não há sentido em educar, se não for para formar homens melhores, mais humanos e solidários." (Rodrigues e Paris 2003, p. 98) Deste modo, percebe a educação como um ato de entrega, de aprendizagem e de respeito pelo outro.

A Gestão torna-se fundamental para desenvolver qualquer empreendimento seja na iniciativa pública, privada ou na sala de aula. Um tema novo ao Professor (a), muitos ficam surpresos, mas se esquecem de que a transposição didática é um processo de gestão. Devido à necessidade em estabelecer uma forma para administrar o projeto e o estudo de caso, escolheu-se a Gestão por Competências por ser a mais apropriada no momento. Trata-se do gerenciamento do ser humano, fundamentada em Carbone (2005) e Perrenoud (2000) no intuito de trabalhar com a liderança, a Gestão do (a) Professor (a) na sala de aula e na comunidade, assim como a Inclusão Escolar e Social.

A gestão envolve habilidades e competências. "As organizações buscam atrair e selecionar colaboradores que compartilham de seus valores e crenças e utilizam sistemas de reconhecimento para estimular e tentar garantir os desempenhos considerados adequados e desejáveis às suas realidades." (Formosi e Silva, 2004)[118]

Necessitam de Parceiros, comprometidos com os objetivos intitucionais. Na escola não é diferente, pois a inclusão escolar e social requer um processo de gestão eficaz. A escola cabe o papel de favorecer o desenvolvimento da subjetividade no ser humano. Ao Professor (a) o compromisso de mediar o conhecimento ao nível de compreensão do (a) aluno (a) e a sociedade a responsabilidade pela condução do processo, vinculando os interesses as suas necessidades. Nesse contexto recheado de dilemas entre o ser e o ter é que se constituem as pessoas. Perrenoud (2001) afirma que não se podem dissociar as competências da relação com a profissão. Nessa perspectiva é que trabalha o Projeto Recreação e Cidadania no intuito de instigar o (a) aluno (a) a aprender a aprender, a fazer, a viver e a conviver, exercendo a cidadania pró-ativa.

A gestão implantada desenvolve as potencialidades afetivas, cognitivas e psicomotoras por meio das habilidades e competências. A gestão por competências proporciona impacto na área emocional, vincula as experiências anteriores guardadas na memória afetiva com a área cognitiva, revelando o conhecimento internalizado na psique por meio do comportamento manifesto pela área psicomotora. A soma desses fatores resulta numa postura satisfatória adotada pela pessoa diante da vida.

As habilidades e as competências são significativas quando se tornam conscientes. Portanto, "perceber o saber que precisa ser ensinado constitui-se no cerne da identidade do educador" (Perrenoud 2001)[119], para isso desenvolvem habilidades e competências profissionais que não se reduzem ao domínio dos conteúdos a ser ensinado. As habilidades são reconhecidas como a aplicação do saber metodológico, fundamentadas no saber teórico, como a didática das disciplinas ou a psicologia cognitiva. A competência atua como o processo de gestão das mesmas.

Os saberes não tem o prestígio das ciências ou da história, mas explicitam a idéia de que a evolução exige competências. Desse modo o comportamento individual e consciente aparece no coletivo. Perrenoud (2000) discute a competência, relaciona às questões profissionais dos (as) Professores (as), a avaliação dos (as) alunos (as) e o currículo escolar. Os quais se relacionam com a gestão e a formação do saber.

Nessa perspectiva, os conhecimentos são identificados como o saber adquirido nas áreas mais específicas. Os saberes técnicos, decorre da educação formal ou informal, gera novos conhecimentos e toma atitudes frente aos problemas. As habilidades caracterizam-se como o saber fazer, resultado da experiência e dos conhecimentos técnicos colocados em prática pelo saber. As atitudes consistem no resultado, manifestam-se como o querer fazer, o agir, manifestos pelo comportamento.

A Formação das Competências

 

Conhecimentos

 

Habilidades

 

Atitudes

C

H

A

SABER

SABER FAZER

QUERER FAZER

Constitui-se pelos conhecimentos nas áreas específica formal ou informal.

 

A experiência dos conhecimentos técnicos transforma-se em habilidades. Coloca em prática o saber fazer e geram novos conhecimentos.

Manifestam atitudes compatíveis entre as habilidades e os conhecimentos adquiridos.

Na figura 2 se encontram os elementos formadores das competências: os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que desencadeiam um comportamento eficaz.

O quadro acima demonstra como se formam as competências e a sua importância para delinear o Perfil do (a) Professor (a). No Livro "Seleção por Competências", a autora organiza ferramentas que consistem em: entrevista comportamental e jogos com foco nas competências. No instrumento Rabaglio (2001) avalia as competências comportamentais e técnicas. Na analise comportamental detecta a empatia, a comunicação à capacidade de negociação, a persuasão, o bom humor e o entusiasmo. O empreendedorismo, o comprometimento e os resultados. O equilíbrio emocional, a persistência, a determinação e a criatividade. Nas técnicas, avalia a escolaridade, a capacidade de negociação e a solução de conflitos. A comunicação e a expressão, o conhecimento, a experiência e a habilidade no trato com pessoas difíceis.

O profissional se constitui por meio das competências técnicas e comportamentais. O grande desafio consiste em desenvolvê-las com flexibilidade, criatividade e espírito empreendedor o que requer muita coragem, determinação e ação. A união dos conhecimentos, das habilidades e atitudes instigam a vencer uma tarefa laboriosa e difícil com sucesso. As competências técnicas abrangem as habilidades e os conhecimentos específicos da área. As competências comportamentais requerem atitudes e comportamentos compatíveis com as atribuições e serem desempenhadas. Cada função exige uma combinação de competências e esse projeto conjuntamente com a sua metodologia tem como objetivo a aprendizagem e a cidadania pró-ativa.

A gestão por competências orienta o desenvolvimento do ser humano pela gestão das habilidades para a construção do saber e promove uma gestão eficaz na escola e na sala de aula. A sua dinâmica contribui com informações e conhecimentos para o desenvolvimento sustentável na sociedade. Para isso todos precisam adaptar-se ao novo paradigma e ajudar no desenvolvimento da inclusão escolar e social.

3.6 A Gestão do Saber

A Gestão por competências envolve o saber. Na complexidade procura melhorar as relações inter-pessoais e a qualidade na educação por meio de um trabalho de equipe, num sistema em redes de apoio. Os modelos tradicionais de gestão de pessoas não conseguem mais responder adequadamente aos desafios atuais. Exige liderança, uma nova dinâmica, um conjunto de conceitos e instrumentos capazes de melhorar o desempenho individual e coletivo, assim como os resultados. Para isso Perrenoud (2001) propõe dez famílias de competências fundamentais no processo pedagógico, de modo a melhorar a prática profissional do (a) Professor (a) para obter o sucesso.

O (a) Professor (a) deve ser capaz de:

1. Organizar e animar situações de aprendizagem; 2. Gerir a progressão das aprendizagens; 3. Conceber e fazer evoluir dispositivo de diferenciação; 4. Implicar os alunos na aprendizagem e no seu trabalho; 5. Trabalhar em equipe; 6. Participar da gestão da escola; 6. Informar e implicar os pais; 7. Informar e implicar os pais; 8. Utilizar tecnologias novas; 9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; 10. Gerir sua formação continuada.

Ao seguir estes passos o (a) Professor (a) realiza uma gestão eficaz. Lidera, resgata a auto-estima, une os conhecimentos, as habilidades e as atitudes formando competências para organizar e animar situações de aprendizagem com arte e autonomia.

O modelo de gestão por competências apresenta respostas à contemporaneidade. Reúnem conhecimentos e ferramentas adequadas para atingir os resultados esperados. Marcos Ornelas[120]define a gestão por competências como a conquista do espaço e a validação das pessoas no cenário organizacional dos recursos humanos. Um modelo de gestão simples, transparente e flexível. Ideal a proposta do Projeto Recreação e Cidadania, pois se adapta à escola, aos Professores (as) e aos alunos (as) com facilidade. A transparência do modelo torna-se coerente com a realidade escolar e permite que os integrantes possam re-visitar os critérios estabelecidos pela gestão adaptando-os às contingências. O modelo adapta-se, tanto a dinâmica tradicional como a emancipadora.

O Ser é o sujeito da aprendizagem, desse modo tudo o que internaliza é significativo. Nesta perspectiva, o (a) Professor (a) não pode acomodar-se, deve aprender sempre, buscar fundamentação teórica, aperfeiçoar os métodos e as técnicas de gestão no processo de ensino aprendizagem. Manter-se numa postura educativa de qualidade, estabelecendo acordos e parcerias para promover a Educação Social.

Neste espírito, a escola deve responsabilizar-se pelo processo, refletir sobre o administrativo e o pedagógico no intuito de implantar uma gestão participativa. Instigar comportamentos saudáveis estabelecendo o diferencial da pessoa e da instituição. Portanto, a iniciativa, a criatividade, as habilidades para o relacionamento pessoal e interpessoal; a comunicação; a liderança, a capacidade para estabelecer acordos e parcerias; o espírito de equipe, o bom humor, o entusiasmo, a humildade, a extroversão, a persuasão, a atenção e a concentração a cooperação ajudam a alcançar as metas e os objetivos de um ensino ideal, de uma educação de qualidade para uma Cultura de Paz.

3.6.1 A Transposição Didática do Saber

As discussões em torno da crise dos sistemas educacionais, impulsionadas por Bourdieu e Passeron (1975) no livro: A reprodução e a Sociedade sem escolas apontam uma reflexão sobre as reformas educativas na dimensão do fracasso e da evasão escolar. Neste sentido alteram-se as práticas educacionais no intuito de valorizar as ações cotidianas que integram as diferentes metodologias e incitar os (as) Professores (as) a reconhecer que existe uma nova cultura escolar que demandava investigação.

O novo paradigma requer a formação do cidadão: "consciente, sensível e responsável que pense global e aja localmente, sendo capaz de intervir e modificar a realidade social excludente a partir de sua comunidade, tornando-se, assim, sujeito da própria história". (PNEF, 2005, p.15). Capaz de agir com responsabilidade social. Para que ocorra a transformação, primeiro é preciso conhecer os saberes e a sua gestão.

Independente da época, sempre existiu uma pergunta para que houvesse uma resposta e se constituíssem novos saberes. "O saber é o resultado da atividade humana motivada por necessidades naturais e interesse chamado por ele de "Interesses Constitutivos de Saberes, que são o Saber Técnico, Prático e Emancipatório". (Habermas, citado por Mazzardo 2005, p.37) Saberes que constroem conhecimentos.

No Saber Técnico encontram-se os conhecimentos. No Saber Prático as habilidades geradas por eles. No Saber Emancipatório as atitudes para superar o irracional e buscar a autonomia. O saber tem o poder de libertar as pessoas das suposições, do domínio e da coação. Desse modo destacam-se três categorias que problematizam o saber: a informação que amplia o poder de manipulação técnica; a interpretação que possibilita uma forma de orientação da ação; a análise que busca a razão libertando a consciência dos dogmas. Assim, constituem-se os pensamentos.

A Gestão por Competência envolve o saber técnico, prático e emancipatório na prática do (a) Professor (a). O conhecimento se constitui no saber técnico, pois: "o domínio técnico é tão importante para o profissional quanto à compreensão política é para o cidadão" (Freire, 1999, p.27). Assim, ocorre a passagem do pensamento ingênuo ao crítico. A mediação é feita pelo mundo, mas exige do pedagógico "planejamento, desenvolvimento e avaliação de elementos que articulem princípios teórico-metodológicos acoplados tanto aos parâmetros dos fundamentos, quanto da didática, metodologias e práticas de ensino." (Mallmann, Catapan, De Bastos 2006)[121] No intuito de favorecer o desenvolvimento de um ensino ideal e qualidade na educação.

Trabalhar com a Metodologia Recreação e Cidadania requer desenvolver projetos, vivenciar a prática vinculada à realidade para a inclusão escolar e social. Numa dinâmica que mistura o ideal com o real, num processo de trocas constantes por meio do diálogo e da problematização que instigam uma avaliação formativa e emancipatória.

  • O Saber e o Saber Fazer.

Atualmente, diferentes linguagens compõem o universo cultural das sociedades contemporâneas. Sendo os saberes fundamentais no processo de ensino aprendizagem. Percebidos como "ações que contribuem para uma educação mais humana, fraterna e solidária." (PNEF, 2005, p.11) Dentro dos princípios democráticos. Edgar Morin (2003) salienta que é preciso educar os saberes para a compreensão, em todos os níveis educativos e idades. No entanto o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das mentalidades. Uma obra a ser desenvolvida pelos (as) Professores (as) na educação.

A Constituição Federal no seu Artigo 210 determina que: "serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais." No intuito de favorecer o desenvolvimento da aprendizagem e da cidadania pró-ativa, pois estimular a compreensão é o meio e o fim da comunicação para minimizar a violência. Os homens necessitam de exercícios de empatia, de adaptação, de um trabalho intenso para amenizar as neuroses, as inquietudes e resgatar a esperança. A Educação Social encontra-se ausente no processo de ensino aprendizagem, mas o Projeto Recreação e Cidadania é uma sugestão viável de educação para trabalhar esta perspectiva.

A Educação Social requer o resgate da subjetividade, da auto-estima, dos saberes dos alunos (as) e Professores (as), nos quais se fundamentam a nossa prática conforme segue. A Proposta de Educação Social desenvolvida na escola respeita o trabalho do (a) Professor (a) na sala de aula. A partir da escuta dos (as) Professores (as) anualmente se organiza um planejamento flexível que contempla os interesses de todos.

O Projeto é desenvolvido semanalmente com as turmas da primeira a quinta série pela Educadora Especial e na forma de oficinas de sensibilização com as demais por meio da Gestão por Competências para a Inclusão Escolar e Social. Onde se trabalham os temas, as ações e as atividades educativas nas salas de aula conforme o planejado. Assim, se detectam as potencialidades e as dificuldades dos (as) alunos (as), as quais são complementadas pelo trabalho das alunas dos Cursos de Educação Especial e da Pedagogia da UFSM, um cargo ideal para a Pedagogia ou a Psicopedagogia.

Dentre os vários temas ações e atividades educativas desenvolvidos com o projeto, se destacam a Educação Fiscal, que trabalha numa perspectiva inclusiva. No intuito de ilustrar o trabalho, encontra-se no anexo três, as fotos e a seguir a descrição da investigação. A opção pelo procedimento dos três momentos pedagógicos, que se fundamentam na Proposta de Angoti e Delizoicov (1990), organizados por Abegg, De Bastos e Mallmann (2001) em: "Momentos Pedagógicos Dialógico-Problematizadores: sendo desafiados nas aulas." No trabalho desenvolvido abordam-se os temas, as ações e as atividades educativas que se dividem em três momentos significativos.

No primeiro momento os (as) alunos (as) vivenciam o trabalho realizado com o Mercadinho na Escola, no qual interagem, participam de uma situação real que instiga o desafio inicial - DI no processo de ensino aprendizagem. Organizam o ambiente de recreação, escolhem o objeto do desejo, analisam a utilidade, realizam a operação da compra e venda, calculam o valor, pagam com a moeda ou cheque.

Cientes de que, no processo resultam as trocas, os impostos arrecadados pelo governo em forma de tributos e devolvidos a população como salários, saúde, educação, estradas, segurança e outros benefícios que ajudam no desenvolvimento social.

O segundo momento caracteriza-se como a Melhor Solução Escolar para o Momento – MSEM. Geralmente desenvolvido na sala de aula, onde o (a) Professor (a) associa as atividades ao DI, de acordo com o seu conteúdo. Aplicados nas suas vivencias diárias com problemas matemáticos para instigar a aprendizagem e conquistar o desafio mais amplo - DA que é o desenvolvimento da cidadania pró-ativa.

Deste modo exercitam a leitura, a escrita, a ação e a reflexão para a transformação. Assim como a autonomia e a responsabilidade social. Sendo esta uma oportunidade valiosa para perceber que existem perspectivas de vida e que podem superar-se. Aprender a pensar, a criar estratégias para vencer o estigma da pobreza com dinamismo, empreeendedorismo tanto no setor público como no privado.

À medida que o trabalho avança, torna-se mais complexo. Os objetos adquirem valor e o desafio inicial já não consiste em apenas comprar e pagar com dinheiro de brinquedo. Deve-se refletir sobre o processo, discutir sobre as reais necessidades de consumo, criar produtos e serviços. Assim como, pensar sobre as possibilidades e o modo de como reaplicar esses recursos na sociedade de forma que os projetos possam trazer bons resultados e gerar cada vez mais trabalho, emprego, ocupação e renda. O desafio da "Ação Educativa[122]com o Mercadinho desenvolveu-se por meio da recreação, com as práticas pedagógicas inovadoras para a ação-reflexão[123]

A linguagem acessível sobre os conceitos, os valores e os conteúdos permitiu a interação, facilitou a percepção entre a moeda, o trabalho e a resolução de problemas. Deste modo utiliza-se o dialogo e a problematização como um instrumento para favorecer o desenvolvimento da autonomia. Sendo assim, percebe-se que a moeda é uma ferramenta de excelência, pois permite a troca das nossas energias de forma inteligente. Um elemento importante que vem ajudar no desenvolvimento dos conceitos e dos conteúdos nos (as) alunos (as) de forma de colaborativa para a ética.

Segundo Piaget [124]a cooperação é capazes de desenvolver a autonomia moral. Portanto cabe aos Professores (as) promover ações e reflexões no intuito de desenvolver cidadania, transmitir as novas gerações noções mais justas e humanitárias. Sem deixar que os alunos (as) sejam dominados pela compulsão e pelo consumismo, mas que saibam agir de acordo com as suas necessidades de forma inteligente.

A Educação Fiscal, assim como outros temas relevantes devem ser trabalhados de forma saudável, para promover a dignidade humana e a justiça social. Desse modo, percebe-se a relevância do trabalho do (a) professor (a) como um facilitador para auxiliar a sociedade a adaptar-se ao paradigma inclusivo e desenvolver a nova ética.

3.6.3 O Saber e o Querer Fazer.

O ser humano é de natureza curiosa e inteligente, por isso o conhecimento não tem limite. Nas mãos dos (as) Professores (as) os fenômenos naturais, as políticas, as práticas sociais, a alimentação, a saúde transformam-se em objeto de ensino-aprendizagem por meio da transposição didática, que se encarrega de lapidar o objeto do conhecimento e compartilhá-lo na escola. Considera-se a transposição didática uma tarefa nobre desenvolvidas pelo Professor (a), pois traduz ao aluno (a) as informações e os conhecimentos de acordo com o seu nível de compreensão de forma significativa.

A transposição didática desenvolve e analisa o saber. Percebe o movimento do saber sábio ao saber a ensinar e por meio deste, ao saber ensinado, pois necessita de conhecimentos na área de trabalho. Chevallard (1991) percebe a transposição Didática como um trabalho, capaz de fabricar objetos de ensino, os quais transformam o saber produzido pelo cientista, para o saber escolar nas mãos do (a) Professor (a).

Guiomar de Melo no seu artigo: Transposição didática: a mais nobre e complexa tarefa do professor aponta como fazer a transposição didática. De modo "a articulá-la com os princípios gerais da aprendizagem; selecionar e organizar o conteúdo; distribuir o conteúdo no tempo, estabelecendo seqüência". (Mello, 2004) De forma que o (a) Professor (a) consiga abstrair do conteúdo as práticas didáticas.

No quadro abaixo, percebe-se que o saber sábio ou científico é o saber produzido pelo cientista. De acordo com os critérios estabelecidos pelo estatuto da comunidade científica, Chevallard (1991) diz que o saber "quando é transformado em conteúdo escolar, gera um novo saber, o Saber Ensinável ou o Saber-a-Ensinar como é denominado". (Mazzardo 2005 p.40). Desse modo, o saber se liga às preocupações cotidianas, a aprendizagem, pois depende dos estímulos, da motivação e das oportunidades oferecidas aos alunos (as) por meio da transposição didática.

Monografias.com

Figura 3 – Correlação entre os saberes e a transposição didática.

A convergência do saber se deve a uma revolução cientifica que uniu as disciplinas na segunda metade do século XX e reorganizou-as em ciências pluri-disciplinar. A Figura acima ilustra a correlação entre os saberes e a transposição didática. Onde o saber técnico corresponde ao conhecimento; o prático aos saberes pedagógicos a ensinar. No emancipador os integradores, o saber ensinado e o saber aprendido de forma a humanizar e emancipar o (a) aluno (a) como um ser humano.

3.7 As Práticas Pedagógicas no Projeto Recreação e Cidadania

A idéia do Projeto Recreação e Cidadania têm mais de vinte anos. Surgem no Curso de Economia e depois na graduação na Educação Especial, quando percebo que os conhecimentos deveriam ser compartilhados com a população e as práticas pedagógicas deveriam ser inovadoras e adaptadas há cada clientela. Nesse sentido, inicia-se o desenvolvimento e aprimoramento do projeto, até alcançar o modelo atual com resultados altamente satisfatórios no processo de ensino aprendizagem na escola.

O Projeto inicia-se no momento em que ingresso na escola em 2004 e me deparo com uma realidade não muito promissora. Alunos inquietos e Professores (as) assustados com a perspectiva da inclusão. A escola tinha um clima triste e muitas carências. Nos olhos dos Professores (as) os questionamentos eram evidentes e na face dos alunos (as) havia muitas perguntas. Nesta realidade inicia-se o trabalho voltado para a Inclusão Escolar e Social, pois o que lhes faltava era uma escola capaz de acolhê-los e Professores (as) capazes de favorecer a aprendizagem e a cidadania pró-ativa. Havia necessidade de uma Educação Social que unisse o formal ao informal. Desse modo começamos a trabalhar com temas sérios de maneira alegre e divertida.

Em 2004, trabalhamos a Educação Fiscal na perspectiva do sistema e da ordem devido à necessidade que tinham em descobrir como o mundo funciona. No ano de 2005 fizemos um passeio com a Educação Fiscal exercitando a cidadania pró-ativa.

Onde brincamos com a arrecadação dos impostos nas três esferas[125]e a sua reaplicação no Plano social, como na educação, na saúde e outros setores. Assim, inicia-se o ano de 2005 com uma viagem imaginária para a Cidade do Rio de Janeiro e no transcorrer do ano letivo vivenciam-se situações das mais diversas. A grande diversão foi com passeios imaginários pelos Ambientes de Recreação. Para complementar o trabalho com os (as) alunos (as) se oportunizou uma qualificação entre os (as) Professores (as) na escola. No intuito de valorizá-los, criar oportunidades, para que apresentassem os seus trabalhos e compartilhassem as suas inovações e descobertas.

No ano de 2006 trabalhamos as questões relativas à Prefeitura, ao Banco e ao Empreendedor, salientando a importância da organização social, das instituições e do relacionamento humano no processo de aprendizagem e socialização. Sendo o Projeto Recreação e Cidadania classificado como destaque regional no Programa Agrinho.

No ano de 2007 dá-se seqüência ao trabalho, no qual se visa à formação do autor e se trabalha as noções sobre a redação oficial. Inicia-se o desenvolvimento de um projeto de vida, o qual instiga o (a) aluno (a) a pensar sobre a sua existência. A refletir sobre o passado, o presente, a avaliar os seus sonhos e organizar-se para o futuro. Neste ano o Projeto Recreação e Cidadania se classificam no Prêmio Construindo a Nação.

No ano de 2008 foca-se na ética e na moral em função do ano ser eleitoral. Um tempo e um espaço propicio para estas discussões. As oficinas de sensibilização são promovidas com o objetivo demonstrar os vários tipos de inclusão social. Onde se salienta a oficina realizada com a Lei Maria da Penha, as sanções e as conseqüências da Lei na Sociedade. O Projeto Recreação e Cidadania encontram-se no anexo seis e fazem parte do Programa de Educação Fiscal. Neste ano de 2008 conjuntamente com todas as escolas do município que participam do programa recebem o Prêmio Gestor Público.

3.7.1 Como Trabalhar a Inclusão Escolar e Social

O homem é um animal social que resulta de um processo histórico. A leitura da realidade escolar indica que a instituição do saber encontra-se envolta numa grave crise. Elevados índices de reprovação, evasão, exclusão e insuficiência de apreensão dos conteúdos convivem com a questão social que atinge alunos (as) e Professores (as). Planos de Reforma e de melhoria da qualidade do ensino são implantados sem uma fundamentação devida que vincule a teoria com a prática. As universidades formam Professores (as) que ainda não conseguem atender as necessidades reais da escola.

No processo de ensino aprendizagem, a estimulação e a motivação são determinantes. "A professora deve despertar motivação mediante incentivos, ou seja, transformar o assunto a ser ensinado em necessidade pessoal do aluno." (Martins 1988, p.29). Disso decorre a aprendizagem, como uma prática de liberdade "ao contrário daquela que é pratica de dominação" onde se cobra apenas a reprodução do conteúdo, sem crítica e reflexão como afirma Paulo Freire (1979, p.81) no seu Livro Pedagogia do Oprimido. Portanto, a preocupação da educação não está em fornecer respostas, mas em fazer perguntas pertinentes para amenizar os problemas do contexto.

Na Teoria de Ausubel (1963) a aquisição e a retenção do conhecimento têm uma estrutura lógica. "A aprendizagem significativa faz-se mediante a relação entre o conteúdo a ser ensinado e os conhecimentos já existentes na estrutura mental do educando." (Martins 1988, p.73) Trata-se de uma aprendizagem intencional, que para ensinar deverá identificar os conteúdos e a estrutura do material a ser ensinado.

No momento em que o (a) Professor (a) resolve o problema, impede o desenvolvimento das vivencias de forma significativa. As Propostas do Projeto Recreação e Cidadania são simples, prática, eficaz e pode ser implantada em qualquer escola, pois instiga a aprender por meio das vivencias de forma sistematizada. A metodologia requer diálogo, planejamento, análise e um trabalho de equipe. Necessita de três pontos de apoio que se tornam fundamentais no processo: o (a) Professor (a), o Educador Especial e o Pedagogo ou o Psicopedagogo (a). Deste modo, o Professor atua na sala de aula de acordo com o seu planejamento e as necessidades do grupo. Enquanto o (a) Educador Especial ou outra pessoa faz a Gestão da Inclusão Escolar e Social.

  O que é isso? Um planejamento feito no inicio do ano com todos os (as) Professores (as) de modo que atendam os objetivos do grupo. Nele se contemplam todos os temas desde a Educação Fiscal, a Saúde, a Cultura, o lazer e outros. Semanalmente executa-se o projeto nas turmas determinadas com ações e atividades educativas como: canto dança leitura, escrita, filmes, jogos, brincadeiras, artesanato e outros, vinculando os temas de acordo com o conteúdo e o nível de compreensão do (a) aluno (a) de forma sistematizada. Concomitantemente o (a) Professor (a) adapta-se e dá seqüência ao projeto na sala de aula, associando o conteúdo aos objetivos na turma.

        Nesta dinâmica os (as) alunos com mais dificuldades são trabalhados de forma individual ou em pequenos grupos pelas alunas da Pedagogia e da Educação Especial. Um trabalho que pode ser feito pelo (a) Psicopedagogo (a) com as dificuldades de aprendizagem e nos casos de alunos (as) com necessidades especiais atendidos pela Educadora Especial ou encaminhados a outros especialistas quando necessário.

Os resultados do trabalho desenvolvido pela Educadora Especial com os (as) alunos (as) no Projeto vêm surpreendendo os (as) Professores (as), que tem aceitado a proposta com determinação. O Projeto desenvolvido em conjunto com o trabalho dos (as) Professores (as) instiga a vontade de aprender com alegria e prazer nos (as) alunos (as) por meio das práticas pedagógicas inovadoras. O índice de evasão e repetência diminuiu e a dinâmica do trabalho tem trazido as famílias de volta a escola. Deste modo, constata-se que, tudo que se aprende na escola com as vivências de forma sistematizada aplica-se na vida prática e gera confiança das famílias na escola.

Sendo assim, a escola como instituição do saber, deve trabalhar não apenas o conteúdo formal, mas o informal, a sensibilidade e a subjetividade do (a) aluno (a). A função do (a) Professor (a) consiste em favorecer a comunicação com os outros por meio da leitura, da escrita, na fala e principalmente quando instigam os (as) alunos (as) a escutar os outros no intuito de promover a aprendizagem e a cidadania pró-ativa.

Nesta perspectiva a escola deve desenvolver um ambiente, onde as pessoas possam errar e acertar sem medo de serem re-prendidas, mas orientadas para um caminho seguro. De modo que as relações humanas evoluam, saiam do estado de ignorância para um estágio mais evoluído por meio das informações e dos conhecimentos. Sendo assim, acentuam-se cada vez mais a necessidade em estudar os saberes, as práticas pedagógicas inovadoras e o Perfil do (a) Professor (a) para que se possa atuar com muito sucesso no processo de Inclusão Escolar e Social.

3.8 A Avaliação do Projeto Recreação e Cidadania

O Projeto Recreação e Cidadania sem o saber, a música e a alegria torna-se praticamente inviável. Para trabalhar com o projeto é preciso ter ideais revolucionários, capazes de transformar os sonhos em realidade, a tristeza em alegria e a apatia em ações de esperança ao ser humano. O sucesso do projeto reside na sua metodologia, nas práticas pedagógicas inovadoras, numa postura diferenciada ao ensino tradicional. A sua dinâmica implica numa avaliação constante no processo de ensino aprendizagem. Requer muita coragem e ousadia para correr atrás dos objetivos até alcançá-los.

A Metodologia Recreação e Cidadania utilizada de forma inter, trans-disciplinar e multidimensional contribuíram na qualificação dos (as) Professores (as) e na aprendizagem dos (as) alunos (as) despertando a confiança e a criatividade. Assim, desenvolveu-se a percepção, a análise e a crítica integrando os saberes. Oportunizou-se a interação dos conhecimentos de forma alegre e divertida, estimulando o desenvolvimento das habilidades e das competências, motivando a ação e a transformação escolar e social. A sucessão de temas ações e atividades educativas favoreceram o desenvolvimento da aprendizagem e da cidadania pró-ativa nos (as) alunos (as) e Professores (as). Desse modo conseguiram perceber melhor o contexto e aprenderam a interagir. Tornaram-se mais participativos nas atividades do dia a dia.

A interação aluno-professor-projeto desenvolveu-se uma relação de afeto cognição e prazer, estimulando os acordos e as parcerias. Mobilizou os conhecimentos, as habilidades e competências, estimulando o pensamento criativo e a autonomia. A Metodologia atendeu as expectativas dos (as) Professores (as), pois conseguiram se melhorar como pessoas. O método estimulou a participação, oportunizando uma convivência saudável, responsável e crítica. Os resultados foram positivos. Apenas vinte por cento dos entrevistados não gostaram do método, devido à diversidade de opções.

Na análise da pesquisa percebe-se que grande parte da dificuldade dos (as) Professores (as) em lidar com o processo inclusivo se deve ao comportamento agressivo dos (as) alunos (as). Na avaliação constata-se que o ambiente tumultuado era resultado da desorientação dos (as) alunos, pois a grande maioria da clientela vive em ambientes onde a ausência de limites é muito grande e faltam informações e conhecimentos.

A Metodologia Recreação e Cidadania empregada conjuntamente com os (as) Professores (as) atendem as expectativas. Favorece a atuação com a Inclusão Escolar e Social desenvolvendo a socialização, o autocontrole, a paciência para lidar com os (as) alunos (as) alem de oportunizar a evolução da moral e da ética. Desse modo, percebe-se que na escola aprenderam a atribuir valor, pois o subjetivo é determinado pelo sujeito.

A dinâmica do método instigou um trabalho colaborativo, facilitou o planejamento, a organização, aprimorou o processo de ensino aprendizagem, alcançando as metas e os objetivos estabelecidos. Promoveu na sala de aula, nos Ambientes de Recreação e nas oficinas de sensibilização a interação entre a teoria a prática e a realidade conforme demonstram as fotografias no anexo seis. Os ambientes de recreação físicos ou transcendentais contemplaram a utilização do brinquedo, da brincadeira, do jogo e da tecnologia de forma sistematizada. Instigaram a construção coletiva dos princípios, valores e conhecimentos.

A metodologia instigou o desenvolvimento da ética da estética e da inclusão respeitando as pessoas na sua subjetividade. Desse modo comprova que a inclusão escolar e social é um processo que deve ser trabalhado de forma individual e coletiva. Respeitando cada caso, de acordo com o seu tempo e o seu espaço sócio-educacional.

Assim, se comprova a potencialidade do método, devido à versatilidade e o trabalho de equipe proporcionado. O projeto se constitui num conjunto de operações que favorecem o desenvolvimento da aprendizagem e da cidadania pró-ativa. Uma formação para Futuros Guerreiros, pois se tratam de um trabalho específico com visão, objetivos, metas, prazos e resultados a ser obtidos de forma crítica e reflexiva.

Num processo de ensino aprendizagem capaz de perceber o passado, vivenciar o presente e antecipar o futuro por meio das vivencias. A Proposta exige um aprender diferente e uma gestão coerente com os interesses do grupo. A avaliação dos (as) alunos (as) e Professores (as) se deu concomitantemente ao processo de ensino aprendizagem por meio do diálogo e de instrumentos adequados. Numa avaliação do tipo formativa e emancipatória numa perspectiva humanizadora. Deste modo, constata-se que o Projeto Recreação e Cidadania e a metodologia, atenderam as expectativas dos alunos (as) e dos (as) Professores (as), o que vislumbra um ensino ideal e uma educação de qualidade.

A liderança e a gestão do saber no processo de ensino aprendizagem estiveram sob a responsabilidade do Professor (a) e a aprendizagem a cargo do (a) aluno (a) com muito sucesso. Desse modo, constata-se que avaliar a aprendizagem é uma arte. Chevallard (1991), afirma que "a aprendizagem não ocorre linearmente, ocorre pela reorganização interna do saber". (Mazzardo, 2005, P.40). Devido a isso requer uma gestão e uma avaliação de acordo com as dificuldades e potencialidades do grupo.

A Gestão por Competência no projeto foi realizada de forma alternativa e interativa com resultados satisfatórios pela transposição didática. Sendo assim, a avaliação é uma ferramenta imprescindível para perceber os resultados, analisá-los, reorganizar os procedimentos e dar seqüência ao trabalho com novos projetos. Na complexidade da escola avaliou-se o todo numa dimensão individual e coletiva.

A Gestão por Competências ajudou a delinear o Perfil do (a) Professor (a) quando avaliou a sua prática, o saber fazer. A metodologia utilizada de forma sistemática aplicou instrumentos de avaliação direta e indireta. Os procedimentos didáticos e a contextualização foram necessários, porque potencializam o processo de ensino e a aprendizagem com sinergia. Deste modo o desempenho dos (as) alunos e Professores (as) demonstra a evolução das pessoas alinhadas ao novo cenário. Um desafio que aprimorou os recursos humanos e trabalhou com a linguagem multidimensional. Exercitada de forma oral, escrita, corporal, emocional, sócio-econômica mediada pela tecnologia no contexto escolar e social concomitantemente.

O Projeto Recreação e Cidadania, conjuntamente com a Educação Fiscal transformaram as práticas pedagógicas em inovadoras quando utilizaram o planejamento estratégico, as novas formas de ensinar e aprender de forma ousada e criativa. A Gestão por Competências quando trabalharam as habilidades e o saber fazer responderam às exigências da escola e da sociedade alcançando os objetivos. O Projeto favoreceu o desenvolvimento da Educação Social, uma proposta que se compromete com a inclusão escolar e social, aposta na renovação saudável das futuras gerações.

CAPÍTULO 4

O perfil do (a) professor (a)

"Lãs ideas son capitales que solo ganan interesses entre lãs manos del talento."

Conde de Rivarol.

No projeto, o grande desafio inicial foi fazer o (a) Professor (a) acreditar na Proposta Inclusiva. Um Direito garantido pela Declaração Universal dos Direitos da Criança[126]desde 1959, que somente agora começa a ser contemplada pelas Políticas Públicas Inclusivas implantadas no país, a partir da Constituição Cidadã de 1988. Da Declaração de Jontiem na Tailândia (1990) e da Declaração de Salamanca na Espanha (1994). A Declaração Universal dos Direitos da Criança (1959) tem como fundamento os Direitos a serem respeitados e preconizados pelos dez princípios que a mantem.

A Assembléia Geral da ONU é fiscalizada pela UNICEF e tem como objetivo defender as crianças na sociedade. Segundo a Declaração Universal dos Direitos da Criança, em seu princípio 5º diz: "à criança incapacitada física, mental ou socialmente serão proporcionados o tratamento, a educação e os cuidados especiais exigidos pela sua condição peculiar." Sendo assim, cabe a familia zelar pelo seu convívio. Instigar a interação social, cultural e financeira, oportunizando condições de sobrevivência desde a infancia até a adolescência. Porem, cabe a sociedade e às autoridades públicas a obrigação de propiciar cuidados especiais às crianças sem família, ou as carentes de subsistência. Fundamentados nessas premissas, constata-se que desenvolver projetos, aprimorar metodologias, investigar a prática dos (as) Professores (as) e delinear o seu perfil torna-se necessário para alcançar uma Educação Social, inclusiva e de qualidade.

A Inclusão escolar e social exige um novo Perfil do (a) Professor (a). Requer um profissional dinâmico e competente para atender o homem algoritmo. Que vive na sociedade informatizada, conectado ao mundo por meio de redes e softwares. Numa perspectiva onde, "aprende-se o tempo todo, no contexto e quando é preciso aprender." (Meira, 2008, p.50) Segundo Santos (1999), vive-se num mundo onde se destroem os paradigmas nas ciências, a verdade absoluta dogmática cede lugar a verdade real e provoca uma indefinição no perfil teórico e sociológico do conhecimento.

Saber todas as respostas lembra o ensino tradicional, uma postura que não condiz com o ensino emancipador, pois este instiga a compartilhar os saberes. Leva ao diálogo e a problematização para obter resultados significativos. A escola atual volta-se a interatividade digital, mas não pode esquecer-se das vivencias com as situações concretas que também ajudam o (a) aluno (a) a desenvolver as suas memórias para transforma-se em um cidadão pró-ativo, ciente das suas responsabilidades sociais.

Em todos os lugares do planeta percebe-se o nascimento do homo algoritmicus, o homem algoritmo, o homo sapiens. O homem que busca uma nova forma de vida, não apenas biológica, mas prima por uma nova ética existencial de forma interativa. No contexto, uma boa parcela da população vive e convive por meio das redes digitais, as quais são "capazes de mudar sua noção de tempo e espaço, pois o mundo tende a se tornar um ponto e o tempo em que às coisas acontecem, ou acontecia, um mero detalhe." (Meira 2008, p.51) Assim, constitui-se o novo paradigma na educação.

Surge à aprendizagem virtual, a necessidade da Educação Social de forma que atenda o todo. No intuito de que as sociedades se organizem, percebam as suas necessidades, os seus princípios e valores para desenvolver uma nova ética. O homem algoritmo tem uma nova visão. [127]Aprimora-se de acordo com as suas convicções. Comunica-se, vive e aprende de forma diferente. Abandona gradativamente o lápis, o livro, o caderno, o quadro negro, a sala de aula e o contato com o grupo físico, para aprender em grupo pelo meio virtual. Deste modo, percebe-se que, "a escola da vida é digital" (Meira 2008, p.50) e vem provocando uma verdadeira revolução social. A interatividade diminui a distância, quebra as barreiras com mais facilidade, torna-se possível alcançar as metas e os objetivos sem perder a visão do futuro.

Atualmente, os (as) alunos (as) manipulam a rede e suas fontes de comunicação. Virtualmente, aprendem a aprender, a fazer, a viver e a conviver para ser um cidadão pró-ativo. Desenvolvem aptidões, produzem, aprimoram as habilidades e as competências em busca da qualidade de vida. Interagem de forma individual e coletiva, numa dinâmica que leva a um isolamento, não isolado. Desse modo a convivência interativa, sem fronteiras pode ser benéfica ou maléfica. Isso depende do perfil do (a) aluno (a) e do Professor (a), dos princípios e valores internalizados pela educação.

Deste modo, justifica-se cada vez mais a necessidade de desenvolver a Educação Social que visa uma aprendizagem concomitante com o desenvolvimento da cidadania pró-ativa na sociedade. Neste paradigma o (a) Professor (a) precisa perceber o novo mundo. Aprender a participar de forma compartilhada, como um facilitador do conhecimento e não mais como o detentor absoluto do saber. Deve aprender a trabalhar em equipe, com projetos virtuais ou reais, que possibilite transformar sonhos em realidade. Gardner (1999) em seu livro "O verdadeiro, o belo e o bom" salienta que a tarefa do (a) Professor (a) consiste em chamar a atenção às obras dignas de estudo que tenham qualidade. Deve mostrar, em detalhes o quanto à teoria pode ser praticável e de que forma os resultados foram conseguidos. Assim como os efeitos conseqüentes.

O (a) Professor (a) no futuro deverá aprender a trabalhar com Projetos devido a sua eficácia, pois apresentam de forma visível o início, o meio e o fim da operação. As escolas que ainda abordam os conteúdos de forma fragmentada obtêm pouco resultado. Ao contrário das que trabalham com projetos, pois estimulam o comprometimento com o saber, promovem a interatividade apresentando resultados mais consistentes. Instigam um processo de ensino aprendizagem que compromete alunos (as), Professores (as) e a equipe diretiva na busca de um ensino ideal e uma educação de qualidade.

A Educação do Novo Milênio

Educar um povo torna-se imprescindível à transformação social. Considera-se a educação como uma ferramenta estratégica para alcançar "O Projeto do Milênio." [128]A Declaração do Milênio foi aprovada pelas Nações Unidas em setembro do ano 2000. O Brasil em conjunto com 191 países, membros da ONU assinaram o pacto de um compromisso compartilhado com a sustentabilidade no Planeta para alcançar os oito macro-objetivos até o ano de 2015 por meio de ações dos governos e da sociedade.

O compromisso com a educação torna-se fundamental para que se superem modelos econômicos e políticos ultrapassados em busca de uma vida mais humanizada, que respeite as diferenças e favoreça o desenvolvimento sustentável. Nessa perspectiva o (a) Professor (a) precisa perceber a educação como um processo que se desenvolve "num tempo dinâmico e num espaço que sofre transformações constantes." (Martins 1988 p. 24). De acordo com o contexto, as suas necessidades e o objeto do desejo.

Na historia da humanidade o mundo chega à grande síntese. Devido o processo de globalização e a urbanização o ser humano está cada vez mais distante da natureza. Devido a isso precisa aprender a organizar-se para conviver com o Ser e o Ter de forma equilibrada. Percebe-se que não há mais tempo para discórdias entre os povos e a natureza, se faz necessário estabelecer um clima de união para que as nações evoluam.

  • O Contexto Educacional no Brasil e no Mundo

As dimensões geográficas, demográfica e econômica caracterizam o Brasil como um país continental situado e localizado na América Latina. Tem uma população com mais de 185 milhões e participa do grupo E-9. Isso significa que, juntamente com Bangladesh, China, Egito, Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão somam-se aos nove países mais populosos do mundo, comprometidos a encarar a educação como um fator de importância-chave para o desenvolvimento sustentável do novo milênio.

O Brasil, conjuntamente com outros países assume a liderança política e estratégica no subcontinente Latino Americano. A sua economia exerce uma influencia sócio-econômica muito grande devido ao forte setor industrial, a produção agrícola diversificada e recursos naturais em condições de competir de forma efetiva na economia globalizada. Apresenta uma área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, considerado um país continental de grandes dimensões territoriais. Potencialmente ativo, mas limitado pelas desigualdades. Apesar de ter diminuído o índice, quase um terço dos brasileiros ainda vivem abaixo da linha de pobreza pela falta de oportunidades de educação, trabalho, pela ausência de empregos, pela falta de ocupação e renda.

Segundo o Marco Estratégico da Unesco (2006)[129], atribui-se a desigualdade aos componentes estruturais, relacionados a um modelo de organização social estratificado.Um modelo que privilegiou classes específicas ao longo de diversos regimes políticos e ignorou a pobreza devido ao baixo dinamismo dos seus segmentos. Negando-lhes oportunidades de desenvolvimento educacional e socioeconômico.

Apesar do esforço, as estatísticas comprovam que o país regride em meta educacional para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).[130] O Brasil está retroagindo na tarefa de garantir que todas as crianças completem um ciclo básico de ensino, uma das metas previstas no ODM, demonstradas pelo Ministério da Educação. De acordo com dados do MEC, apenas 53,8% dos alunos que ingressaram em 2005 na primeira série do ensino fundamental concluíram a oitava série. O número fatal de 1995 melhorou nos anos seguintes e chegou a 65,8% em 1997, com tendência de queda.

O sistema de ensino não consegue mais reter crianças pobres, que apresentam dificuldade em manter-se na escola. Devido a isso se justifica mais uma vez a necessidade de Projetos como: Recreação e Cidadania que trabalham com a Inclusão Escolar e Social, visam encantar o (a) aluno (a) por meio da educação. Sendo assim, chama-se a atenção das autoridades de modo que o governo e a sociedade promovam investimentos sociais e superem o grande desafio do milênio. Que não consiste apenas em oferecer bolsa escola, mas trabalhar a sociedade com princípios e valores indispensáveis para adequá-los ao social com uma educação de qualidade.

Um trabalho destinado ao Professor (a), de modo que possam melhorar o padrão de vida e inserir todas as pessoas ao sistema sócio-econômico Na desigualdade encontram-se a raiz do desenvolvimento humano. Segundo o Marco Estratégico da UNESCO para o Brasil[131]busca-se a erradicação do analfabetismo, a melhoria da qualidade da educação, a redução da vulnerabilidade ambiental, dos conflitos sociais e da violência. Assim como a redução da pobreza, da miséria e da exclusão social.

Nesta perspectiva, a promoção da diversidade cultural, o acesso há nova tecnologia da informação e da comunicação oportunizam o acesso de todos ao sistema. A Avaliação da Equipe das Nações Unidas[132]no País (UNCT) conclui que: o país terá que dar passos largos em direção à sociedade inclusiva para atender as necessidades da população. A UNESCO[133]juntamente com o país enfrenta obstáculos para promover a inclusão, devido à diversidade de interesses que não podem ser ignorados. A Organização promove um desenvolvimento fundamentado na justiça, na igualdade na solidariedade, na equidade na observância dos direitos humanos e na redução da pobreza. Oferecem contribuições efetivas, auxiliando o país no sentido de acelerar a minimização da desigualdade, da ignorância, da pobreza e da exclusão social.

A Convenção promovida pela ONU em 1989 estendeu a infância até os 18 anos. Fundamentadas nestas questões cabe ao governo fortalecer a capacidade técnica e institucional das organizações acadêmicas no intuito de contribuir por meio de estudos e pesquisas para a formulação de Políticas Publicas que contemple Educação para todos.

O Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento – PNUD é presente em 189 países. Faz parte de um Plano maior que fomenta mudanças por meio de Declarações e Programas conectando os países por meio do conhecimento, de experiências e recursos de forma a ajudar as pessoas a melhorar as condições de vida no planeta. A vontade política é indispensável para que se consiga alcançar o Índice de desenvolvimento humano de forma sustentável e se alcance as às metas do milênio[134]

Fundamentados nesta proposta, cabe aos países organizar programas ou projetos que contemple a Cidadania pró-ativa com ações que devem ser executadas em parceria, entre os governos e a ONU no intuito de desenvolver a cidadania participativa, solidária e democrática. Tomar medidas que garanta o direito à infância a todas as crianças nas suas prioridades básicas. Abordar as questões relativas ao trabalho, à formação de Professores (as) com perspectivas de futuro e dignidade. O baixo Índice de Desenvolvimento Humano[135]comprova a necessidade de medidas a serem adotadas para resolver os problemas sociais e melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro.

Na perspectiva de consolidar o crescimento dos países, a UNESCO em 1999, apontou a educação como o meio eficaz para enfrentar o futuro e moldar o amanhã. A educação não possui resposta para todos os problemas, mas não mede esforços para imaginar e inovar a educação. Criar métodos e técnicas capazes de promover ensino e aprendizagem com respeito às necessidades dos (as) alunos (as). Tarefa relevante ao Professor (a), pois o país democrático somente quando o povo exercer a sua cidadania.

A meta da educação consiste em favorecer o desenvolvimento de pessoas sensíveis, éticas e inteligentes. Dotá-las de afetividade, cognição e prazer para que sejam capazes de detectar as necessidades do ser humano e agir. Associando-as ao conhecimento de forma responsável, crítica e reflexiva. No intuito de formar Líderes, capazes de conduzir o processo democrático e para isso de necessita do Professor (a).

A Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação XXI[136]apontam que há demanda e diversificação na educação superior. Assim, como uma maior consciência sobre a sua importância no desenvolvimento sócio cultural e econômico dos países no futuro. As gerações futuras devem preparar-se com novas habilitações, conhecimentos e ideais, por isso os ajustes são necessários. Assim como a geração de oportunidades de educação, trabalho, emprego, ocupação e renda. Que deve ser favorecida por meio das Políticas Publicas, de acordo com a proposta[137]A Reforma Universitária contempla o cidadão, com visão e ação pró-ativa, pois o modelo antigo esgota-se. Sendo assim, a escola deve participar do processo de formação de Políticas Públicas Inclusivas destinadas a atender os Direitos humanos e as necessidades sociais.

  • A Evolução da Educação e do Trabalho do (a) Professor (a)

O contexto histórico demonstra que embora a educação tenha surgido com a própria humanidade, se faz necessário que se compreendam os seus saberes a partir do mundo grego, uma vez que os primeiros educadores foram os poetas.

O contexto histórico divide-se nas seguintes fases segundo Martins (1988):

a) A educação clássica se desenvolveu na Grécia e Roma no período compreendido entre o século X a.C, destaca-se pelo seu caráter humano e cívico.

b) A educação na idade média, entre os séculos V e XV pelo seu caráter cristão.

c) A educação humanista volta-se à cultura clássica, busca uma nova modalidade de vida fundamentada na natureza, na arte e na ciência.

d) A educação da reforma no século XVI origina-se com o surgimento das religiões protestantes e tem como conseqüência a reforma da igreja católica.

e) A educação realista iniciada no século XVII caracteriza-se pela utilização de métodos fundamentados nos métodos científicos e filosóficos. Destacam-se entre seus ilustres membros: Galileu, Newton, Descartes e Comenius.

f) A educação nacionalista desenvolveu-se no Século XVIII, caracteriza-se pelo movimento cultural denominado ilustração. Entre seus grandes vultos destaca-se: Condorcet, Rousseau e Pestalozzi que deu origem ao idealismo pedagógico.

g) A educação nacionalista iniciada no século XVII atinge seu clímax no século XIX e tem como característica a formação de consciência nacional, foi à precursora da escola primária obrigatória e gratuita.

h) A educação democrática desenvolveu-se no século XX e caracteriza-se pela personalidade humana livre, como o centro da atividade pedagógica em si.

i) A educação nova ou contemporânea tem como característica a substituição da educação intelectualista pela educação ativa.

A educação clássica tem como finalidade a formação do homem integral, mas é a Filosofia da Educação quem direciona estas ações para a transformação. Pela reflexão o educador identifica a finalidade da ação educativa, no intuito de satisfazer as necessidades e as expectativas dos (as) alunos (as) quanto ao conhecimento.

A Educação Brasileira inicia-se com a vinda dos colonizadores e a chegada dos padres Jesuítas ao Brasil no intuito de civilizar o povo nativo. No século XVIII, o progresso industrial contagia os reinos da Europa. Desse modo Portugal tenta reorganizar o seu sistema sócio-econômico. O Primeiro Ministro Marquês de Pombal em 1759 com medo da influencia dos Jesuítas, os expulsa e dá inicio a educação pública. Posteriormente, em virtude da política imigratória adotada pelo Império, começam a chegar ao país os imigrantes alemães, italianos, suíços e poloneses, que se estabeleceram no sul do Brasil no século XIX e com eles as suas práticas educacionais, baseadas nas tradições pedagógicas dos seus países, cuja influência se reflete até hoje.

A partir da 1º Constituição do Brasil de 1824 e do Ato Adicional (1834) o Governo central passa a responsabilizar-se: "pela promoção e legislação do ensino no Município da Corte e pela Educação Superior, delegando às províncias a competência para legislar e organizar a educação primária e média" (Fischmann, 1987, p. 171). Deste modo oportunizam o acesso educacional a todos. Na vinda da República, Benjamin Constant lidera a reforma educacional fundamentada no positivismo de Augusto Comte (1830-1842), no século XIX. Uma filosófica que enfatiza a ordem, o progresso, o equilíbrio, a harmonia métodos empíricos racionais. O autoritarismo do Governo fortalece o currículo enciclopédico e quantitativo nas instituições de ensino.

A tomada de consciência sobre a necessidade da democracia entre 1920 e 1930, leva a sociedade a organizar-se para conquistar os seus direitos políticos. Eclode a Revolução de 30, anulando o sonho democrático e a educação passa a beneficiar às facções conservadoras. Em reação às teorias sociais que dominavam o pensamento e a produção intelectual na Europa e nos Estados Unidos da América ocorre a Semana de arte Moderna em 1922 e logo após surge a Escola Nova (1930) que com a sua ousadia irreverente marca a história da legislação educacional brasileira.

Formalmente inicia-se a educação privada, cria-se o Ministério da Educação no Governo Vargas, no qual ocorre o Manifesto dos Pioneiros da Educação defendendo a democracia e o ensino gratuito. O discurso educacional renovador dos anos 70, transformou-se em um slogan educacional para profissionais da educação brasileira. Nos anos 60 e 70, os setores progressistas da sociedade centravam-se na expansão do sistema escolar aos menos favorecidos, na ampliação da rede. Nos anos 80 e 90 há educação conhece o polêmico debate em torno da qualidade do ensino a qual se estende até os dias de hoje, passando pelas Políticas de integração até a Inclusão Social.

Segundo Durkheim (1995) a educação é uma ação exercida pelas gerações adultas sobre as não amadurecidas para socializá-las. Portanto, compreender a sua evolução torna-se necessário devido à necessidade de conceituar a educação. Na concepção mais ampla "a educação considera a interação de todos os aspectos da pessoa humana com a sociedade em que está inserida." ( Martins 1988, p. 24) Percebe-se no binômio homem-mundo a interatividade com a diversidade.

Nesta proposta a causa mais eficiente da educação é a comunicação entre quem ensina e quem aprende, "pois a educação é ação, e portanto, toda a ação se justifica diante de uma finalidade." (Martins 1988, p.26) Constitui-se na inadimplência que o governo tem com os cidadãos. Uma dívida social a ser resgatada com propostas educacionais e socioeconômicas vinculando o Projeto Político ao Projeto Social, de forma planejada e inclusiva. A dívida social refere-se à expansão da rede de ensino para dar seqüência aos estudos de quem tiver interesse. Isso perpassa pela isenção do vestibular até o ingresso nos cursos de Mestrado e Doutorado, a qual está sendo resgatada por meio da proposta de Inclusão social. No intuito de que as pessoas aprendam a aprender, a fazer a viver e a conviver para transformar-se num Ser melhor.

4.4 Tradicional X Emancipador

Na pesquisa discute-se as Práticas pedagógicas e o Perfil do (a) Professor (a). Para isso analisam a história no intuito de facilitar o entendimento das concepções educacionais hegemônicas, que vai do Perfil do (a) Professor (a) tradicional ao emancipador as novas perspectivas. No decorrer analisa o vínculo entre a escola e formação do cidadão. A mudança no sistema, nos padrões educacionais até a Inclusão Social. Nessa perspectiva se faz necessário associar os modelos econômicos da época aos educacionais para facilitar a compreensão e a evolução do processo.

O modelo de John Maynard Keynes (1883-1946)[138] visava a organização. Desse modo disseminou-se pelo ocidente numa ampla política de indução governamental à industrialização acelerada e à conformação de um mercado de consumo de massa.

Assim, surgem as grandes corporações, com uma planta industrial especializada em produtos de alta tecnologia visando um consumo de massa. Para isso necessitam de uma educação condizente no intuito de preparar "um produtor disciplinado, especializado, de fácil adaptação às mudanças tecnológicas, estimulado a desempenhar ambições individuais e familiares." (Ricci)[139] Características do (a) aluno (a) individualista, com alta capacidade de concentração, produtividade e especialização.

Deste modo, o modelo de gestão, de produção racional estimula o crescimento da industrialização ocidental e inicia-se o processo de massificação da educação que demanda dois tipos de trabalhadores fabris: o planejador e o executor. Assim, consolida-se uma hierarquia na estrutura de ensino, onde o primeiro e o segundo grau tem como objetivo a reprodução dos conhecimentos básicos indispensáveis ao desenvolvimento industrial e a disciplina, voltados para a formação da mão-de-obra dos níveis inferiores da fábrica. De outro lado, investe-se em pesquisa e na qualificação universitária, para formar planejadores especializados nas áreas afins.

A partir disso surge o "perfil de educador de ensino fundamental, muitas vezes burlado no cotidiano da sala de aula, mas concebido oficialmente como reprodutor de conhecimentos específicos e padrões de comportamento." (Ricci) Um modelo educacional de ensino seriado, difundido amplamente no Ocidente entre os anos 50 e 70 que propagou a ética do trabalho.

Neste sentido as escolas superiores ocidentais tinham por objetivo produzir especialistas capazes de racionalizar a produção e preparar o "homem calculista-racional". Capaz de administrar as empresas, racionalizar os recursos humanos e materiais, evitando desperdícios para potencializar o acúmulo de capital, necessários no mundo competitivo. As escolas superiores eram "racionais, sistemáticas e providas de especialistas treinados." (Ricci)[140] Na época o ensino seriado tinha por objetivo definir conteúdos programáticos previamente estabelecidos pelo mercado, no intuito de formar um contingente de trabalhadores especializados para contemplar os seus interesses.

Assim, o primeiro ano primário era há base do segundo, até formar o trabalhador desejado pelo mercado. A organização curricular segue uma seqüência de disciplinas para serem memorizadas pelo (a) aluno (a) sem respeitar o tempo e o espaço cognitivo do ser humano para o aprendizado. A escola passa a se denominar escola fordista,[141] pois a mesma subdivisão estabelecida nas indústrias modernas entre setor executor e setor planejador é reproduzida nas escolas. Nesta perspectiva, o Diretor da escola e a sua equipe assumiram funções de controle sobre o trabalho do (a) Professor (a). A Prática pedagógica passa a dirigir a atividade fim, no intuito de memorizar conteúdos.

O (a) Perfil do (a) Professor (a) dos anos 50 era de um intelectual. Onde o letramento significava prestígio e autonomia. Nesse sentido o (a) Professor (a) passa a ser considerado um técnico e o centro do poder passa a ser atribuído aos cargos de administração no sistema escolar (Novoa 1995). A partir disto ocorre o rebaixamento salarial, como uma forma de reorganizar o sistema educacional como um todo.

Inicia-se o processo seletivo e a privatização dos conteúdos numa lógica perversa, tanto nas escolas públicas como nas privadas. A partir disso surge há crença de que a melhor escola é a que prepara para o vestibular, reforçando o ensino reprodutivista. "Adota-se um currículo prescritivo, fechado, o que afasta, ainda mais, a escola do cotidiano da comunidade." (Ricci)[142] Desvincula-se a teoria da prática.

Na segunda metade dos anos 70 ocorre uma revolução na estrutura de produção e emprego. O mercado não precisa mais do trabalhador padronizado, disciplinado e especializado. A microeletrônica e a biotecnologia criaram um novo patamar de competitividade e novas exigências funcionais. Precisa-se de um homem capaz de pensar. O homem-boi sucumbiu (Ricci) e, com ele, toda a estrutura da escola fordista.

A recessão mundial e a crise do modelo fordista foram, portanto, a marca da virada da década de 1970 para a de 1980, gerando uma forte disputa entre Estados e oligopólios internacionais. O aumento no ritmo das inovações leva à fusão das grandes empresas e com isso, os ramos produtivos se oligopolizam. As novas tecnologias substituem os produtos naturais por sintéticos e obrigam as empresas e as instituições de ensino a investir em pesquisa. A partir destas medidas surge o novo trabalhador e na escola outras necessidades. A especialização dá lugar à ousadia, ao trabalho em equipe.

O trabalhador dos anos 90 tem um perfil diferente. Caracteriza-se como um ser polivalente, indisciplinado, inovador, capaz de trabalhar em equipe e bastante instável. Trabalha com mais de uma máquina ao mesmo tempo. Não tem uma função fixa, muda de seção constantemente; possui uma vasta gama de informações; é criativo e aponta sugestões. (Ricci)[143]As empresas investem nesse tipo de trabalhador porque o aumento da concorrência obriga a transferir parte do processo de decisão da empresa para o operário que está na base da fábrica. Assim, a empresa supera os concorrentes. Novamente se altera as necessidades educacionais e o Perfil do (a) Professor (a).

Nos Estados Unidos foi constituída a Comission on Achieving Necessary Skills (1991)[144] para identificar as habilidades básicas ao trabalhador que são: saber ler; elaborar estatísticas; apresentar sugestões para melhorar o processo; participar de reuniões; planejar e executar o trabalho com precisão; administrar o tempo; saber alocar recursos financeiros; compreender o sistema social e o organizacional; aplicar tecnologia; participar das atividades de treinamento e desenvolvimento.

No Século XXI, a educação avança e necessita de outro Perfil ao Professor (a). Volta-se a uma Política de Educação para todos, aponta numa perspectiva que visa a Inclusão social. A sua atenção não recai apenas nos polivalentes, mas procura incluir a todos no sistema. Desse modo cria oportunidades de inserção social na escola e na sociedade respeitando as dificuldades e potencialidades de forma individual e coletiva.

A Educação atual volta-se ao tecnicismo e a produtividade. Apresenta aspectos reducionistas, ignora princípios e valores. Favorecem o desenvolvimento centrado apenas nas habilidades, nas competências e não na integralidade do ser humano. O conceito do homem atual é de um individuo portador de um papel social definido. Preparado para adaptar-se ao seu ofício e não para criar ou inovar. Neste contexto a concepção de pessoa se converte numa formula vazia, num ser sem ideal, que se satisfaz com as modestas expectativas dos filósofos e práticos da educação. Não conseguem alcançar as perspectivas almejadas pelas exigências nas Ciências da Educação.

No intuito de reverter essa situação precisa-se de um Professor (a) com um novo perfil. De modo que encontrem a sua essência e melhorem as condições e as práticas pedagógicas na carreira do magistério. Atualmente, "é macro político o papel do educador" (Werneck 2004 p.83) Devido à falta de um conhecimento antropológico encontram dificuldades para trabalhar em equipe e administrar a sala de aula, pois não foram preparados para lidar com a complexidade, a Inclusão Escolar e Social.

O sistema que opera atualmente induz a retro-alimentação e não a reflexão sobre a realidade vivida. De forma inconsciente alimenta-se a ideologia e se reproduz o sistema para conservar as elites no poder. Apesar do esforço persiste o confronto entre os dois modelos pedagógicos: o tradicional e o emancipador. Um conflito que se arrasta há séculos, mas que vem modificando-se pelo exercício da cidadania pró-ativa. Nisto consiste o grande desafio da educação, preparar o homem para o exercício da cidadania com autonomia, autocontrole, participação e responsabilidade social.

  • A Educação Tradicional

A Educação Tradicional deriva do latim tradere, que quer dizer entregar, passar, transmitir os conhecimentos. Segundo Not (1988), podem ter três significados: referem-se ao processo, a transmissão ativa do conhecimento, em oposição ao saber do (a) aluno (a) adquirido por meio das suas vivencias e da cultura. A Educação Tradicional compara o (a) aluno (a) a um objeto e salienta "a necessidade de formar um ser quando ele está inacabado, e de lhe transmitir aquilo que se possui e de que ele está desprovido." (Not 1989, p.17). Uma atitude que não se preocupa com a subjetividade.

A dinâmica tradicional visa perpetuar o formal, vincular a educação as grandes realizações da humanidade no intuito de despertar a personalidade. Pedagogos como Coménio (1592 - 1670) e Herbart (1776 -1841) tinham uma preocupação com as metodologias de ensino. Durkheim (1858 -1917) acentuou a importância dos modelos e Kant (1724 -1804) se fez presente com as idéias do dever e da submissão à razão.

Segundo Correia[145]sob a influência do cartesianismo, os pedagogos tradicionais construíram o conhecimento, codificaram à didática, dividiram os horários, atingindo a composição acadêmica chamada de método oficial. Centraram as situações educativas no agente da transmissão. Not (1988) refere-se, nas suas obras mais recentes, a relação Professor – aluno, onde o mestre expõe a lição, prescrevem tarefas. O aluno escuta a exposição e executa a tarefa sem questionar, como uma formação na terceira pessoa.

Na Educação Tradicional o objeto de estudo é um conjunto de conteúdos culturais fixados nas obras. "Na constituição desse ser [social] em cada um de nós" (Durkeim 1984, p.17) Uma cultura transmitida de geração em geração ou conquistadas nas obras de Alain e Château, de acordo com Not (1988). A transmissão do mestre é substituída pela atividade reprodutivista, a cópia. Na Educação Tradicional, o mestre atua como um reprodutor dos conceitos e das idéias. Torna indispensável à "competência longamente adquirida." (Snyders, 1974, p.25) ignorando as experiências.

Partes: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9


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