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A prevenção no contexto educativo do tabaquismo e alcoolismo em adolescentes e jovens em angola (página 2)


Tolerância ou necessidade de ter que consumir maior quantidade da substância para conseguir a intoxicação ou o efeito desejado, ou o efeito da substância diminui pelo seu consumo continuado.

  • Sintomas de abstinência característicos da substância.

  • A substância é tomada com frequência em maior quantidade ou durante um período mais largo de tempo do que se pretendia.

  • Desejo persistente ou esforços infrutuosos de controlar ou interromper o consumo da substância.

  • Se empega muito tempo em actividades relacionadas com a obtenção da substância, no consumo da mesma ou na recuperação dos efeitos da mesma.

  • Redução de importantes actividades sociais, laborais ou recreativas devido ao consumo da substância.

  • Se continua a ingerir a substância a pesar de possuir conciência de problemas psicológicos ou físicos recorrentes ou persistentes, que parecem causados ou exacerbados pelo consumo da substância.

  • Estudos epidemiológicos predictivos realizados a partir das actuais estatísticas mundiais de saúde, indicam que a presente geração apresentará durante o decurso de suas vidas sérias tragédias relacionadas com as drogas. Se estima que mais de 10% se converterá em adictiva a algum tipo de drogas, 6% sofrerá devido à comportamentos catastróficos determinados por conductas sob a influência destas substâncias sem que cheguem a ser enfermos e ao menos outros 15%, padecerá de dolorosas consequências por vínculo afectivo com consumidores (González, 2006).

    A prevenção do consumo de drogas implica um conjunto de esforços que a comunidade põe em marcha para reduzir de forma racional a probabilidade de que em si apareçam problemas relacionados com o consumo destas substâncias. Ela deve ser considerada como um processo, cujo objectivo é despertar e melhorar a compreensão das causas mediatas e imediatas que induzem a recorrer às drogas e ajudar os jovens e adultos para encontrar soluções as suas dificuldades e viver sem ter que consumir drogas.

    Dentro das drogas mais comuns e consumidas, quiçá pelo seu carácter de drogas legais; se encontram o tabaco e o álcool, considerados como drogas porteiras por constituir a porta de entrada a dependência.

    O tabaquismo: a droga legal mais mortífera.

    O tabaquismo, constitui hoje um problema de saúde no mundo. Neste sentido, durante os últimos 25 anos foram identificados importantes mudanças na sociedade, tanto em quantidades, como nas formas e o significado que se atribui ao seu consumo. (Villa, Viñas, Ferrer, Caparros, Pérez & Cornella, 2004).

     

    Sobre isto, o Manual diagnóstico e estatístico dos trastornos mentais (DSM-IV) da Asociação de Psiquiatria Americana coloca o tabaco dentro dos trastornos por abuso de substâncias psicoactivas, considerando que a nicotina contém propriedades reforçantes positivas que o fazem comparál em seus alcances sobre o consumidor, com os da cocaína e as opiáceas (Míguez, 2004).

    As pessoas não fumam por casualidade, a nicotina existente no tabaco, não só é adictiva senão que também é tóxica. Nesta conformidade, a Organização Panamericana da Saúde (OPS, 1999) o identificou como a substância mais adictiva entre outras como a heroina, a cocaina, o álcool, a cafeína e a marijuana (Cardero, 2006). Quando a nicotina desaparece do cérebro, o excesso de receptores vai resultar na elevada excitabilidade do sistema colinérgico - nicotínico do usuário, o que provoca uma sensação de mal - estar e nervosismo, contribuindo a que o fumador necessite de outro cigarro. Pois assim, o cigarro posterior sensibiliza parte dos receptores nicotínicos, tornando a um estado normal de activação colinérgica (Jiménez, Bascarán, García, Sáiz, Bousoño y Bobes, 2004). Por este motivo a maioria dos sujeitos fumadores, consideram o primero cigarro que consomem aol dia, como sendo o mais placentário (Russell, 1989), já que seguido de algumas horas durante a noite de abstinência, as concentrações de nicotina estão no seu nível mais baixo e o número de receptores inactivos torna-se menor. Por este facto, o primeiro cigarro ingerido é o que activa de forma mais potente os receptores nicotínicos e provoca uma maior libertação de dopamina, o que genera um maior efeito placentário (Dani, Ji y Zhou, 2001).

    O resto dos cigarros fumados durante o dia, irão simplesmente aumentar o nível básico da nicotina e lentamente garantir um suficiente número de receptores activados que evitem a hiperactivação colinérgica (Russell, 1989). Caso se evite a nicotina durante ulgumas semanas, o número de receptores voltará ao nível dos sujeitos não fumadores, pelo que se poderia afirmar que o fumador está "desintoxicado". (Jiménez, Bascarán, García-Portilla, Sáiz, Bousoño y Bobes, 2004).

    Outro sim, o tabaco afecta quase todos os órgãos do ser humano e são precisamente os efeitos prejudiciais presentes e futuros, tanto para o consumidor desta substância como para o usuário passivo, a razão principal da prevenção contra o tabaquismo. A maioria das enfermidades relacionadas com o tabaquismo quando se apresentam, já não são corrigíveis, pelo que o centro de interesse está orientado até a prevenção logo ao começo do consumo, nas primeiras idades, particularmente na adolescência (Toledo, 2008).

    Por otro lado, entre às consequências psicológicas mais comuns que incidem secundariamente no aproveitamento académico, se encontram as afectações na atenção (devido ao déficit de oxigénio que o tabaco ocasiona no sangue), a aprendizagem e a memória, deteriorando-se a cognição em geral. Assim, estão associadas com as alterações no estado de ânimo, apetite e na reacção de alerta.

    Outros efeitos nocivos derivados do tabaquismo, é o dano na saúde provocado nos fumadores passivos pela exposição ao fumo do tabaco em ambientes públicos. Partindo desta perspectiva, se declarou a existência de uma relação dose - resposta, isto é, quanto maior for a exposição ao fumo ambiental do tabaco, maior serão os danos causados no organismo do sujeito (Programa Nacional de Controlo do Tabaco Ministério da Saúde e Ambiente da Nação, 1970). Em função do considerável impacto sobre a saúde do usuário passivo, particularmente em jovens, a restrição completa de fumar em ambientes públicos interiores deve ser um dos objectivos prioritários da Saúde Pública. (De Vito e Rojas, 2005).

    O tabaquismo, constitui uma das drogas legais que maior atenção se lhe deve brindar. O anterior se justifica caso tenhamos em conta o consumismo que predomina no mundo inteiro, assim como os danos provocados por este na saúde como detonador e/ou agravante no surgimento de inúmeros trastornos. Sobre esta situação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declara que cada dia morrem no mundo cerca de 14.000 pessoas por alguma das múltiplas enfermidades associadas ao tabaquismo, sendo este a segunda causa prevenível de enfermidade, incapacidade e morte prematura (García, Lozano, Valencia, 2011).

    A Organização Mundial da Saúde estimou no ano 2000, 4,9 milhões de mortes a causa de consumo de tabaco, valor que se duplicará até 2020; sendo o tabaco a única conducta ou produto de consumo legal que causa a morte a 1 de cada 2 consumidores (Zabert, Chatkin, e Ponciano, 2010).

    Neste sentido, diversas investigações reconhecem que fumar é uma conducta complexa das que intervem factores sociais de disponibilidades, acessibilidade e publicidade; factores psicológicos de reforçamento e processos cognitivos e, no último lugar, dependência fisiológica à nicotina (Becoña, 2004).

    A adolescência é uma etapa de risco para o início de consumo. Investigações realizadas a respeito, identificaram que entre os principais motivos de início do consumo de tabaco indicam: a curiosidade, a imitação aos pais, a pressão do grupo de amigos, a aceitação social, a antecipação para a idade adulta e a rebeldia (Lorenzo, 2011). A nível mundial, tem-se produzido um incremento do hábito nas faixas etárias entre 16 a 17 anos.

    No caso dos jovens, está demostrado que o início cada vez mais precoce do consumo de substâncias psicoactivas, tornando-se assim mais vulneráveis. A respeito, se descreve uma tendência a que a busca de sensações represente um dos principais motivadores de consumo, de modo que a curiosidade pela experimentação e a conduta impulsiva constituem factores que determinam a iniciação ao consumo. Por outro lado, se reconhece o papel do estréss e as emoções negativas como potenciador do consumo de tabaco, no entanto, alguns jovens descrevem que aludem ao mesmo como via de escape de situações conflictuosas e potencialmente geradoras de estréss.

    Estas características do problema, fazem necessária uma intervenção multisectorial e multidisciplinária para prevenir o consumo de tabaco, pois a abordagem deve ter em conta as características particulares do grupo, assim como os traços de personalidade dos participantes.

    O risco associado ao alcoolismo como droga porteira.

    A Organização Mundial da Saúde (1976), afirma que o alcoolismo é um transtorno conductual crónico manifestado por ingestão repetida e excessiva de álcool, no tocante as normas dietéticas e sociais da comunidade que acabam por interferir na saúde ou nas funções económicas e sociais do bebedor.

    Na definição do alcoolismo, o autor espanhol Alonso Fernández, assume um critério tóxico que se refere ao dano biológico, psicológico ou social inerente a ingestão inadequada do tóxico (Alfonso citado pela OMS, 1976). Por sua parte, González (1983) incorpora o critério determinista que se refere aos mecanismos básicos da ingestão nociva do álcool ou a incapacidade do paciente para tomar a decisão de não consumir esta substância, ou sua inaptitude para decidir inclusive quando ingerir. Isto se expressa na práctica pelos seguintes padrões de consumo: 1) não poder manter-se 2 dias consecutivos sem tomar álcool; 2) não poder controlar-se quando se começa a beber o álcool e; 3) necessitar o álcool para infrentar as exigências da vida.

    Actualmente para avaliar um indivíduo como alcóolico, se deve ter em conta que cumpra os critérios tóxico e determinista, considerando-se isto como alcoolismo primário, que é a entidade clínica que se caracteriza pela incapacidade do paciente em evitar esta conduta nociva. Existem vários factores que interaccionam para contribuir ao dano causado pelo consumo de álcool, considerando três elementos que configuram os hábitos de bebida: volume ingerido ao longo do ano; volume que consome em apenas uma ocasião, ambiente e circunstâncias pelas quais consome (OMS, 2005).

    O consumo de álcool e outras drogas, constituem um indicador de desajustes no desenvolvimento pessoal e provoca sérias afectações a saúde física e mental do sujeito, acarretando-lhe uma infinidade de transtornos relacionais na vida. Particularmente, os problemas de saúde pública associados ao álcool, têm cobrado proporções alarmantes chegando a fazer do seu consumo, um dos mais importantes riscos sanitários de todo o mundo. Segundo o Informe sobre a Saúde no Mundo 2002, se trata do principal factor de risco nos países em desenvolvimento, com baixa mortalidade, e do terceiro nos países desenvolvidos (OMS, 2005).

    A pesar de que em alguns países industrializados se tenha estabilizado ou reduzido o consumo de álcool por habitantes, em muitos países do mundo aumentam as taxas de consumo e progride o hábito de beber por excesso entre a población em geral, assim como o de ingerir pontualmente, grandes quantidades de álcool entre os jovens. As razões de tudo isto quiçã residam na maior disponibilidade de bebidas alcóolicas, as campanhas agressivas de comercialização e promoção dessas bebidas, dirigidas especialmente a camada jovem, o debilitamento das relações de autoridade e os tabús relacionados com a idade. Nos países em desenvolvimento, os usuários jovens tendem cada vez mais a adoptar formas de consumo que se associam com as do primeiro mundo. (58ª Assembleia Mundial da Saúde. OMS, 2005).

    É sabido que o alcoolismo tem uma etiologia multicausal, portanto, no mesmo parecem influenciar diversos factores dentro dos que se destacam: a disfuncionalidade familiar, padrões educativos inadequados, a presença de conflitos psicológicos, limitações no desenvolvimento personológico, a falta de informação sobre seus riscos e consequências; assim como, a própria representação social que os jovens têm sobre este problema de saúde.

    A adolescência e a juventude, dadas as particularidades psicológicas que as distinguem como períodos do desenvolvimento, se consideram como etapas de risco no que se refere a possibilidade de aparição de penosas adicções e a educação deve responsabilizar-se em grande medida, com o evitamento deste desconforto. O consumo de álcool associa-se nestas idades - pelo seu carácter de etapa crítica - a necessidade de independência e autoafirmação, a curiosidade, a busca de emoções e de aceitações no grupo de iguais, já que a aprovação dos contemporáneos, se converte em principal motivo de conduta e fonte por excelencia, de bem - estar emocional do adolescente. Estes comportamentos podem também chegar a converter-se numa forma de revolta as prescrições adultas, ser expressão de frustração, de incumprimento ante a moral, a política ou as regras económicas imperantes na sociedade. (Domínguez, 2003).

    Um elemento importante na configuração da percepção de risco o que constitui a representação social, interrogante complexa dado o seu carácter de droga legal. Na actualidade o álcool forma parte da nossa vida social e cultural, e em geral se observa uma excessiva permissividade no consumo e, inclusive ao abuso de bebidas alcóolicas; porém, ao mesmo tempo, se refuta quase tudo o que se relaciona com o alcoholismo.

    Se tem demostrado que a atitude social ante os padrões de consumo de substâncias psicoactivas, é um dos mais transcendentes factores na prevenção das consequências das mesmas. Neste sentido, faz-se necessário precisar que na representação social que tem a população sobre o alcoolismo, existe uma série de mitos sobre "supostos efeitos positivos do álcool" dos quais se destacam: "melhora a actividade sexual", "serve para enfrentar o frio", "é um estimulante", "ajuda a relaxar-se", etc. Por outro lado, se têm indo a conformar toda uma série de crenças erróneas sobre o risco de chegar-se ao alcoolismo: "apenas convertem-se em alcólatras os sujeitos usuários débis de carácter ou carentes de moral", "eu sou capaz de controlar os seus efeitos", entre outros mecanismos de defesa. Sem dúvidas, a batalha contra este flagelo, que tanto dano provoca na sociedade supõe a transformação da aceitação popular desta droga legal a partir do trabalho preventivo.

    Uma das crenças mais generalizadas, é a de pensar que o álcool ajuda a fazer frente ao estréss e aos problemas cotidianos. Se bem seja verdade que, sob o seu efeito se descrevem estados eufóricos transitórios, ao regresar da evasão induzida, a origem do problema torna a fazer-se presente, quiçã em maior medida.

    Por outro lado, o consumo de álcool vem associado a uma série de comportamentos de risco nas relações sexuais não protegidas ou o uso de outras substâncias psicoactivas na sua qualidade de droga porteira. Daí que apresente um alto grau de co-morbilidade com os transtornos provocados pelo uso de outras substâncias, em particular a dependência a nicotina, e com as infecções de transmissão sexual. (OMS, 2005).

    Através de planos ou programas de prevenção, muitas nações lograram estructurar diversos projeitos que, recolhendo a experiência internacional e nacional, têm como fim a prevenção, a redução do consumo, a repressão pela práctica de consumo excessivo de álcool, a fiscalização e controlo com a aplicação de medidas legais de maior rigor.

    A prevenção do consumo de drogas desde o contexto educativo.

    Prevenir o consumo irresponsável de drogas, constitui hoje uma das prioridades de enfrentamento a esse flagelo. Nos momentos actuais no mundo, solicita-se de uma mudança diametral na reorientação das políticas de luta contra o uso desregrado das drogas. Estas devem transitar desde os conteúdos de proibições aos conteúdos de estudo de causas e consequências do consumo, para direccionar os meios de prevenção. A experiência internacional demostrou que o êxito de tais estratégias, está garantido pelo trabalho coordenado e unificado de instituições, organizações e profissionais com domínio desta matéria.

    O sistema educativo, conjuntamente com todas as suas instituições, não deve permanecer passivo ante a possibilidade de suportar desde o seu próprio espaço, elementos que contribuam ao bem-estar actual e futuro da população, de maneira particular no enfrentamento às drogas. A escola constitui um espaço idóneo para a prevenção, tanto através de programas e acções de educação para a saúde, assim como também, ser possível sua conversão em um centro integrador entre a família e a comunidade, no qual se consolida o pleno desenvolvimento psicológico, emocional e moral dos alunos ou estudantes assim como a auto responsabilidade com a saúde individual e pública.

    Esta declaração de princípios gerais, conduz a reflectir sobre importantes questões:

    • Como contribuir desde as instituições educativas, para o desenvolvimento da personalidade madura, responsável e sã dos adolescentes e jovens como principal factor protector contra as adicções?

    • Que acções a implementar para tornar mais eficiente a actividade preventiva, partindo das instituições educativas?

    A missão primordial da educação, é a de desenvolver nos educandos uma personalidade madura, importante condição para preservá-los do consumo indevido do álcool, tabaco e de outras adicções nocivas.

    O Informe de Delors, apresentado pela UNESCO em 1993; ao estabelecer o perfil desejável para o séc. XXI, enfatiza que no mesmo se concretize na base a quatro pilares ou aprendizagens fundamentais: aprender a conhecer, aprender a ser, aprender a fazer, e aprender a conviver. Em correspondência com estes, a educação anti-alcóolica e anti-tabagista implica:

    • Aprender a conhecer o que são as drogas e seus efeitos nocivos não apenas para a saúde, senão também no ámbito psicológica, familiar, económico e social.

    • Aprender a ser responsável e autónomo, propiciando o desenvolvimento de mecanismos auto-reguladores frente ao consumo de drogas.

    • Aprender a fazer valer suas competências e habilidades para fazer frente as situações de risco que em relação com as drogas, possa enfrentar.

    • Aprender a conviver tanto com sujeitos parcialmente saudáveis, como com aqueles que consomem drogas preparando-se para que na medida de suas possibilidades, proporcionar-lhes relações de ajuda e cooperação, para enfrentar suas adicções.

    Com vista a satisfação destes propósitos e/ou tarefas, se requer que, os programas de prevenção desde o contexto educativo, contem com o apoio explícito e implícito de toda instituição educativa e demais instituições sociais, que tenham um disenho de implementação e avaliação rigorosas e se desenvolvam de forma contínua e permanente, coordenando-se com outras actividades comunitárias de prevenção. Devem ainda dispor-se de profissionais embuídos no voluntarismo e patriotismo, portanto, aconselhavelmente serem realizados por estudiosos preparados à tais finalidades.

    Neste sentido, antes de empreender qualqier acção, é importante reconhecer que existem alguns factores que tornam complexa esta tarefa e constituem barreiras que obstaculizam a percepção de risco:

    • O carácter legal do alcoolismo e o tabaquismo, condicionam uma tolerância social que se expresa em baixos níveis de refutação social e familiar aos mesmos, pelo menos nas primeiras etapas.

    • A modelação de comportamentos de consumo em figuras educativas de referência como; pais e docentes, o que influi na adopção destos padrões de conduta.

    • As características psicológicas dos adolescentes e jovens nas quais a curiosidade, a busca de aceitação social, a influência do grupo de iguais e as limitações no autocontrol emocional, incrementam a vulnerabilidade ao consumo.

    • O fenómeno da invulnerabilidade percibida e entendida como a crença de que uma vez que comece com o consumo, se terá vontade e capacidade para controlá-lo ao que, não se desenvolverá a adicção; limita a percepção de risco.

    • Os efeitos imediatos "aprazíveis" associados ao consumo de tabaco como de álcool, se convertem em reforçadores do consumo e torna complexa a visualização dos efeitos nocivos a médio e largo prazo.

    A acção pedagógica para levar a cabo a prevenção, precisa que cada escola e em particular cada docente, seleccione os métodos, as vías e os procedimentos mais adequados para organizar as actividades de acordo as condições de cada grupo e aluno. É necessário que as actividades a realizar, propiciem a reflexão para que sejam capazes de analisar de maneira lógica as situações presentes no seu contexto familiar e comunitário, igualmente devem interpretar de maneira activa e suas possíveis consequências.

    Uma alternativa para a abordagem do problema, quiçã a mais tradicional; é a sua inclusão pela via curricular, a partir da incorporação destes temas em diversas matérias. Esta variante foi criticada por alguns docentes por considerá-la demasiada rígida. Não obstante, em nossa opinião, é a concepção didáctica que o docente implementa a que condicionará a sua efectividade, pelo que se recomenda que seja abordada de maneira flexível, criativa, contextualizada e participativa.

    Uma via essencial para prevenir estes problemas, é a educação em valores. A dignidade como valor humano torna-se condição essencial nesta batalha contra as drogadicções. De igual maneira, resulta relevante a potenciaçã através de múltiplas influências educativas; de indivíduos capazes de autodeterminarem-se e de possuir recursos personológicos que levantem um muro intransponível ante tão desastrosas tentações. Neste proceso, desempenham um lugar importante as influências educativas formais e informais, a promoção de saúde e de vias para o emprego saudável do tempo livre, questões que podem contribuir de maneira significativa os projectos de trabalho educativo que se desenvolvam nas escolas.

    O conhecimento dos factores de risco nos grupos de alumnos ou estudantes aos que se lhes atende e/ou educa, dá uma medida da necessidade de atenção e a integridade dos factores a tomar ter em conta, o que incrementa a possibilidade de que a intervenção seja adequada e reduzam os comportamentos de risco. Se bem seja importante analisar os factores de risco nas acções educativas de prevenção, é igualmente valioso considerar os factores protectores, estimando aos mesmos, como as condições ou as circunstâncias capaces de favorecer o desenvolvimento de sujeitos ou grupos e, em muitos casos, de minimizar os efeitos de situações desfavoráveis (Martínez e Sánchez, 2004).

    Outra alternativa para a prevenção das adicções desde o contexto educativo a constituem os programas preventivos. Para garantir a sua efectividade, é necessário que estejam científica, pedagógicamente e técnicamente bem fundamentados.

    Se recomenda que ao conceber programas preventivos, se assuma a concepção de trabalho em grupo, dadas as possibilidades que o mesmo brinda como agente promotor para a mudança, especialmente nesta etapa de desenvolvimento, onde a aceitação grupal é tão importante concedida aos juízos que emiten os demais, se faz notório entre os adolescentes e jovens. Quando se trata de grupos formalmente constituídos, o conhecimento entre os seus membros, favorece o desenvolvimento de afeitos, significados partilhados, crenças, hábitos, etc., convertendo-se deste modo em referentes do outro. Assim, o papel protagónico outorgado ao grupo, permite influenciar sobre eles desde a própria dinámica, promovendo a reflexão no marco das interacções geradas, de maneira tal que se logre adequar a percepção dos riscos sobre o tabaquismo como um problema de saúde presente na instituição.

    A partir desta perspectiva, se recomenda que no disenho lógico metodológico dos programas, as acções se organizem sequencialmente considerando uma série de etapas que progressivamente conduzam não apenas a evitação do consumo senão também a promoção de saúde. Seguidamente:

    • Sensibilização sobre a significação das drogas.

    • Motivação até a experiência preventiva.

    • Incremento em quantidade e qualidade da informação que têm em relação as drogas e seus efeitos nocivos.

    • Correcção de crenças erróneas que possuem sobre as drogas.

    • Adequação da percepção de risco sobre os efeitos nocivos.

    • Identificação de recursos salutogénicos para evitar esta adicção.

    • Potenciação do desenvolvimento de habilidades para a vida.

    • Busca de recursos protectores para evitar a iniciação do consumo e convite para vincular-se a grupos de promotores de saúde para enfrentar esta problemática.

    • Orientação sobre a busca de ajuda dos que já sofrem de alguma adicção.

    A experiência práctica desenvolvida ao longo de vários anos, conduz a considerar que o elemento nuclear de qualquer acção preventiva, deverá projectar-se a adequação da percepção de risco entendida como a capacidade do sujeito de reconhecer os danos, efeitos, o grau de susceptibilidade e consequências das adicções e a severidade atribuída nesta, em função da qual se configuram os mecanismos de autorregulação para evitar a vulnerabilidade e se assumem comportamentos saudáveis (Álvarez, Pedraza e Molerio; 2011).

    Na concepção proposta, se considera que a percepção de risco tem por sua vez, três componentes: 1) componente informativo - valorativo, 2) componente afectivo - motivacional e 3) componente comportamentalista. Se se quer obter mudanças no sentido de propiciar a mobilização do sujeito até condutas salutogénicas, é necessário incidir sobre todos estes componentes. A respeito, uma das debilidades fundamentais da maioria dos programas preventivos, é que se focalizam quase exclusivamente na transmissão de informação, desconhecendo que este unicamente constitui um dos elementos que configuram a percepção de risco e por si só não a mobiliza.

    Se faz evidente que as acções preventivas devem fomentar recursos pessoais (autoestima, planificação activa - autoeficácia) nos sujeitos; e nos sistemas de educação, devem facilitar relações interpessonais capazes de proporcionar suporte social (afectivo, informacional e instrumental), com o fim de reduzir as possibilidades de desajuste que levem a estabelecer relações adictivas, como tantativas desesperadas de amortecer (abafar) a tensão.

    De igual forma, se devem reduzir os riscos de que os adolescentes e jovens desenvolvem estados de tensão e mal-estar, que possibilitem a aquisição de hábitos de consumo como forma de redução dos mesmos. Com esta perspectiva, a acção preventiva deve apontar a desenvolver capacidades (recursos, competências) nos jovens para o manejo da relação com os eventos ambientais que geram tensão, desadaptação e mal-estar.

    Em resumo, as acções que se levam a cabo, devem orientar-se ao desenvolver as habilidades para a vida, entendidas como "as destrezas para conducir-se de certa maneira, de acordo com a motivação individual e o campo de acção que o sujeoito possua, dentro de suas possibilidades sociais e culturais. São o centro ou "ponte" entre os factores motivadores do conhecimento, das actitudes e dos valores, e o comportamento ou estilo de vida saudável". Se reconhece que as habilidades para a vida, promovem o desenvolvimento de factores protectores que são comuns para diversos problemas psicossociais e facilitam aos educandos a tarefa de enfrentar os desafios da vida diária, destacando-se dentro delas a autoestima, a assertividade, as habilidades para a tomada de decisões, o pensamento criativo, crítico e reflexivo, o manejo de emoções e sentimentos, a comunicação efectiva e a autonomia moral. (Ministério de Educação do Perú, 2005).

    Ao seleccionar as técnicas e recursos a empregar, torna-se pertinente antes de mais, considerar as particularidades psicológicas dos estudantes os quais se dirigem as acções preventivas fundamentalmente. Nos referimos não apenas a sua capacidade intelectual, senão também ao seu nível de independência social e seu alto grau de entusiasmo, criatividade e imaginação. Não deve perder-se de vista escutar as suas inquietudes e preocupações e posteriormente tratá-los com o devido respeito, segundo as suas individualidades.

    Desde o ponto de vista metodológico, se recomenda o uso de actividades reflexivo- vivenciais, no entanto, constituem um espaço privilegiado para a abordagem de distintas vivências com os estudantes problematizando-se suas necessidades e interesses. Mediante esta modalidade, se aposta não só a resgatar suas vozes senão também a fazer com que surjam propostas e compromissos por parte destes.

    Por outra parte, não se deve ignorar que o seu papel de estudantes, exige a recepção e processamento constante de informação, o que se traduz na estimulação do componente cognitivo. Daí que resulte importante o recurso a técnicas vivenciais, não apenas para sensibilizar os jovens com este tema e promover actitudes de fuga ao consumo, é também para evitar processos de saturação nos que actuam desfavoravelmente na consecução dos objectivos propostos. A respeito, os expertos recomendam priorizar o activismo dos sujeitos nas acções preventivas, no entanto, incrementa o interesse e o compromisso com os acordos tomados pelo grupo.

    Nesta orden de ideias, resulta muito valiosa a incorporação de promotores pares no processo preventivo, pelo que uma das formas mais eficazes de aceder aos grupos sociais, é mediante a educação a partir dos contemporâneos. Este deve ser um estudante capacitado como promotor de saúde, o qual vai incidir nos grupos vulneráveis, oferecendo apoio, inclusive através do Serviço de Aconselhamento (Rodríguez e Molerio, 2009).

    Por outro lado, as campanhas comunicativas para a prevenção de drogas, se propõe em informar as pessoas sobre os riscos associados as adicções e persuadir sobre a adopção de um comportamento de consumo responsável. Para tal, qualquer acção de comunicação social deve partir de um conhecimento das actitudes e comportamentos que se consideram factores de risco assim como das condutas protectoras e/ou salutogénicas.

    É importante reconhecer que estámos imersos na sociedade da informação e da comunicação pelo que os nossos alumnos se enquadram no que muitos autores denominam "nativos digitais" (Prensky, 2001). Frente aos modelos tradicionais de ensino, esta geração prefere a informação visual, digital e ao ser possível, a interactiva. Isto supõe que dentro das acções comunicativas que suportem os programas e projectos de prevenção, se utilizem recursos deste tipo, favorecendo a motivação e implicação com o mesmo.

    Como resultado das múltiplas influências educativas coerentemente concebidas e fundamentadas no contexto educativo, se criam as condições necessárias para chegar a autorregulação e a autonomia do estudante isto é, a consecução da autonomia pessoal e capacidade de tomar decisões mediante o desenvolvimento e utilização das habilidades necessárias para decidir tomar com respeito a própria saúde, a de sua família e sua comunidade.

    Conclusões:

    Sem lugar a dúvidas, o enfrentamento as drogas e as adicções, advem de um tema que encerra uma grande complexidade dado o seu carácter multifactorial. As instituições educativas como agentes socializadoras, têm a responsabilidade social e ética de contribuir nesta tarefa, incrementando acções sustentadas científica e pedagogicamente. As reflexões formuladas e as recomendações esboçadas no presente trabalho, constituem referentes dirigidos a alcançar uma maior efectividade das acções preventivas que hoje se estão a implementar. Impõe-se a necessidade de um trabalho integrado de todos os actores sociais, o que no marco das instituições educativas, se traduz nos seus docentes, discentes e trabalhadores administrativos com um vínculo estreito com a família e a comunidade. É mediante o proceso participativo que se operacionaliza o conceito de Escolas promotoras de saúde, enquanto instituição que reforça constantemente a sua capacidade como um lugar saudável para viver, estudar e trabalhar.

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    Autor:

    MSc. Pedro Garcia do Nacimento

    graciadonascimento[arroba]yahoo.com.br

    Professor Assistente. Lic. Em Ciências da Educação. Mestre em Psicopedagogía. Escola do II Ciclo do Ensino Secundário "Cdte Vilinga" do Huambo. República de Angola.

    Co-autores:

    Dra. C. Osana Molerio Pérez

    osanam[arroba]uclv.edu.cu

    Professora Titular. Cuba. Doutora em Ciências Psicológicas. Mestre em Psicologia Médica. Mestre em Psicologia da Saúde. Faculdade de Psicologia. Universidade Central "Marta Abreu" de Las Villas. Cuba

    MSc. Lismary Pedraza Durán

    lismmarypd[arroba]uclv.edu.cu

    Professora Assistente. Mestre em Psicologia Médica. Faculdade de Psicologia. Universidade Central "Marta Abreu" de Las Villas. Cuba.



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