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Prevenção à Poluição x Ecologia Industrial (página 2)

Fernando Fernandes Pereira

Ao mesmo tempo, as plantas que florescem não conseguem a polinização que precisam para se reproduzir e se diversificar, indica o estudo. Os cientistas criaram um modelo matemático para determinar o deslocamento do aroma das flores com o vento. Segundo afirmam em seu relatório, as moléculas aromáticas das flores são muito voláteis e se fundem rapidamente com os poluentes. [2]

2. Programas de Prevenção á Poluição [3]

Em todo processo produtivo, entra-se com energia, trabalho e matérias-primas, obtendo-se um produto qualquer e resíduos que deverão ter um fim adequado e seguro ambientalmente.

Em nosso país, foi apenas recentemente que a questão ambiental se tornou evidente no cotidiano do cidadão comum, talvez pelos diversos desastres ambientais ocorridos e alertas quanto ao rumo futuro do planeta e suas ameaças. Os freqüentes vazamentos de óleo combustível e petróleo, a inadequada qualidade do ar das grandes cidades e outros tantos. O programa de prevenção á poluição da CETESB tem por base a redução dos desperdícios e poluentes descartados, a promoção da conservação dos recursos naturais.

Os termos utilizados nos programas de prevenção á poluição são prevenção á poluição (P2) ou redução na fonte e produção mais limpa (P+L), que implicam em processos e tecnologias que visem a redução, eliminação em volume, concentração e toxidade de resíduos inerentes a determinado processo na fonte geradora. Ações como reformulação de processos, substituição de matérias-primas e melhorias técnico-administrativas da empresa, resultando no aumento da eficiência de uso de matérias-primas, energia, água e etc.

A produção mais limpa (P+L) consiste na aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada aos processos, produtos e serviços com o intuito de a eficiência ecológica (eco-eficiência) e reduzir os riscos em geral, tanto para o homem como para o meio ambiente. A incorporação de um programa deste tipo requer uma mudança de atitude, garantia de gerenciamento ambiental responsável e alternativas tecnológicas verdes (ou ecológicas).

é importante lembrar que a minimização de resíduos onde são gerados (redução na fonte), engloba práticas ambientalmente seguras: reuso (qualquer prática ou técnica que permite a reutilização de resíduos gerados), reciclagem (qualquer técnica ou tecnologia que permite o reaproveitamento dos resíduos), recuperação de materiais ou energia e reciclagem para de reduzir a quantidade ou o volume dos resíduos a serem tratados.   

3. Mecanismos de controle da poluição [3]

Nos anos de 1970, os problemas de poluição de nosso ar e água passaram a ser visíveis, notáveis.

Já em 1980, fontes mais difusas de poluição e melhores métodos de detecção aumentaram o entendimento de como nossos problemas com materiais de descarte. A dificuldade de controlar e reconhecer fontes de poluição nos remete a questões sobre o conceito de prevenção á poluição como garantia de se evitar novas contaminações. A prevenção á poluição é uma orientação básica da abordagem de poluição, prevenindo problemas antes de sua ocorrência.

O texto a seguir foi extraído do Ato de Prevenção á Poluição de 1990: Os EUA produzem anualmente milhões de toneladas de poluição e gasta muito mais para controla-la. Existem oportunidades significativas na indústria para reduzir ou prevenir a poluição em sua fonte geradora através de mudanças na produção, operação e tipo de materiais usados.

Tais mudanças oferecem oportunidades para a indústria de reduzir a poluição ou prevenir que ela seja gerada, gerando economia na matéria-prima básica e no controle da poluição gerada e ajudando na preservação do meio ambiente. A redução de poluentes na fonte é fundamentalmente diferente e mais desejável do que o manejo de resíduos e no controle da poluição.

Como metodologia para a implementação de um programa de prevenção á poluição (P2), o comprometimento da empresa com a prevenção á poluição é um fundamental para o sucesso do empreendimento. Dá-se o nome de P2 a qualquer pratica, pratica, processo, técnica e tecnologia que vise a redução ou eliminação em volume, concentração e toxicidade dos poluentes na fonte geradora.

Pode incluir também modificações nos equipamentos, processos e procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos, substituição de matérias-primas, eliminação de substâncias tóxicas, melhoria nos gerenciamentos administrativos e técnicos da empresa e otimização do uso de matérias-primas, energia, água e outros recursos naturais. A implementação em ações de P2 pela empresa significa o desenvolvimento de um programa que inclui o comprometimento da direção da empresa com os princípios de P2, um programa de melhoria contínua, isto é, no final do programa, novas metas são estabelecidas, reiniciando-se o ciclo de implementação.

3.1. Ecologia Industrial: Enfoque racional de processos produtivos [4]

            A ecologia industrial descreve os fluxos de matéria e de energia inerentes aos processos industriais como um sistema metabólico, enfatizando a necessidade da integração dos meios produtivos (de forma a substituir os processos isolados por sistemas integrados chamados de ecossistemas industriais que modificam a lógica da produção isolada por sistemas que possibilitem o aproveitamento interno de resíduos e subprodutos). Esse conceito, basicamente, se fundamenta na aplicação de equilíbrio de massas na circulação de materiais e energia ao longo dos processos produtivos. Esse conceito incorpora o conhecimento de sistemas industriais, suas interações com a biosfera. Com o conhecimento sobre o meio ambiente, torna-se possível reestruturar os processos para compactibilizá-los com os ecossistemas naturais.

            A idéia de ecossistema industrial surgiu na década de 1970, pois certos ecólogos entendiam o sistema industrial como um subsistema da biosfera do qual demandam produtos e serviços.    

3.2. Ecologia Industrial x Prevenção á Poluição [4]

A busca de procedimentos que conciliem as atividades de produção com a capacidade de suporte do planeta têm levado á elaboração de uma série de alternativas que pretendem reduzir a geração de poluição. Estas duas correntes representam mais do que apenas duas correntes do pensamento ambiental, apresentam algumas diferenças significativas, ainda que sejam consideradas por alguns como visões complementares.

O grande desafio que se coloca não é o de provar se a ecologia industrial produz melhores resultados do que a prevenção á poluição, mas como encontrar soluções com maiores ganhos ecológicos e industriais.

Ambas pretendem prevenir a poluição na fonte, mas a prevenção á poluição atua em cada processo no controle de resíduos gerados e a ecologia industrial, num conjunto de processos ou indústrias. As ferramentas de análise comuns a elas são a avaliação do ciclo de vida do produto final, total de material consumido, custo total e avaliação dos processos de produção. As duas procuram identificar as falências dos processos que privilegiam as chamadas medidas de fim-de-tubo.

As tabelas 1 e 2 a seguir mostram as etapas da implementação de ações P+L/P2 e os resultados benéficos da implementação destes procedimentos.              

Tabela 1: Etapas da implementação de ações P+L/P2 [5]

Comprometimento da direção da empresa

Definição da equipe de P2

Elaboração de declaração de intenções

Estabelecimento de prioridades, objetivos e metas

Elaboração de cronograma das atividades

Disseminação de informações sobre P2

Levantamento de dados

Definição de indicadores de desempenho

Identificação de oportunidades de P2

Levantamento de tecnologias

Avaliação econômica

Seleção de oportunidades e implementação de medidas de P2

Avaliação de resultados

Tabela 2: Resultados da implementação de P2 [5]

Melhoria da cidadania e do desenvolvimento sustentável

Melhoria da qualidade de vida e da conscientização ambiental

Melhoria da qualidade de vida local e global

Economia de consumo de água e energia

Redução do uso de matérias-primas tóxicas

Redução da geração de resíduos

Aumento da segurança no ambiente de trabalho e conseqüente redução de afastamentos por acidentes

Redução ou eliminação de resíduos com conseqüente redução de custos relativos a seu gerenciamento

Minimização da transferência de poluentes de um meio para o outro

Melhoria do desempenho ambiental

Os quadros 1 e 2 a seguir fornecem três características básicas da prevenção á poluição e da ecologia industrial, evidenciando os pontos básicos de cada uma. [4]

Quadro 1: Algumas características da Prevenção á poluição

·         Prevenção da poluição na fonte

·         Só admite a reciclagem externa ao processo (Último recurso para a redução de resíduos a serem evitados)

·         Medidas consideradas a montante do processo produtivo

Quadro 2: Algumas características da Ecologia Industrial

·         Prevenção da poluição na fonte

·         Ênfase na reciclagem

·         Priorização de medidas de minimização de resíduos nas interfaces do processo produtivo

4. A produção mais limpa no setor sucroalcooleiro [6]

O documento "A produção mais limpa (P+L) no setor sucroalcooleiro - Informações Gerais", publicado pela CETESB em novembro de 2002, faz referência ao desenvolvimento da agricultura no Período Neolítico. A partir de então o Homem passou a transformar os recursos naturais em seu favor.

Como é sabido por todos hoje em dia, os processos de utilização e transformação dos recursos naturais traz efeitos bastante negativos. À medida que as interações entre o ambiente e os seres humanos se tornaram mais intensas e complexas, medidas para prevenir a geração de poluição tiveram de ser tomadas. Inicialmente, as medidas eram somente corretivas, como a colocação de filtros em chaminés que liberam poluentes e a instalação de um processo de tratamento de poluentes em efluentes.

O setor sucroalcooleiro é uma grande força econômica do Brasil. Há muito tempo, as fábricas de açúcar e álcool vêm desenvolvendo e aplicando medidas que minimizam os impactos ambientais de sua produção.

5. Conclusões

Conclui-se com este trabalho que os esforços para a prevenir a geração de poluição são muitos mais importantes do que a remediação da poluição depois de gerada. Os programas de prevenção á poluição (P2 / P+L), muito importantes nos dias atuais, procuram reformular os processos industriais para minimizar a poluição que produzem pela substituição de matérias-primas, melhoramento de processos ou ambos. As tecnologias que lidam com a poluição somente no final do processo (end of pipe tecnhologies) apresentam uma série de desvantagens em relação aos programas de prevenção á poluição, que procuram minimizar a geração de resíduos ao invés de remediá-la depois de gerada. Apresentou-se também o conceito de Ecologia Industrial, uma nova abordagem dos processos produtivos.   

Comparações entre tecnologia de fim de tubo e produção mais limpa [4]

Tecnologia de fim de tubo

Produção mais limpa

Como se pode tratar os resíduos e as emissões existentes?

De onde vem os resíduos e emissões?

Pretende re-ação

Pretende ação

Geralmente leva a custos adicionais

Pode ajudar a reduzir custos

Os resíduos e emissões são limitados através de filtros e unidades de tratamento

Prevenção de resíduos e emissão na fonte: evita processos e materiais potencialmente tóxicos

A proteção ambiental entra depois que os produtos tenham sido desenvolvidos

A proteção ambiental entra como parte integral do design do produto e da engenharia do processo

Os problemas ambientais são resolvidos de um ponto de vista tecnológico

Tenta resolver os problemas ambientais em todos os níveis e em todos os campos

Proteção ambiental é assunto de especialistas competentes

Proteção ambiental é tarefa de todos

é trazida de fora

é uma inovação desenvolvida dentro da empresa

Aumenta o consumo de materiais e energia

Reduz o consumo de materiais e energia

Proteção ambiental surge para o preenchimento de requisitos legais

Riscos reduzidos e transparência aumentada

é o resultado de um paradigma de produção que data de época em que os problemas ambientais não eram conhecidos

é uma abordagem que pretende criar técnicas de produção para um desenvolvimento sustentável

Referências

[1] - Jornal Ambiente Brasil. Poluição Urbana.

Endereço:www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./urbano/index.html&conteudo=./urbano/poluicao2.html

Acesso em junho de 2008

[2] - DE ARAÚJO, Alexandre Feller. Aplicação da metodologia da produção mais limpa: estudo em uma empresa do setor de construção civil. Dissertação de Mestrado. Florianópolis, 2002.

Endereço: http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/5355.pdf

Acesso em junho de 2008

[2] - Jornal Folha de São Paulo de 11/04/2008. Poluição reduz fragrância das flores e impede polinização, diz estudo.

Endereço: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u391213.shtml

[3] - Apostilas de Aula de Prevenção á Poluição do Professor Chan, Metrocamp.

 [4] - MARINHO, Maerbal et al. Ecologia industrial e prevenção á poluição: uma contribuição ao debate regional. Bahia Análise & Dados.

Endereço:www.sei.ba.gov.br/publicacoes/publicacoes_sei/bahia_analise/analise_dados/pdf/popambient_2/pag_271.pdf

Acesso em junho de 2008

 [5] - CETESB. Implementação de um Programa de Prevenção á Poluição.

Endereço:www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/producao_limpa/documentos/manual_implement.pdf  - Acessado em junho de 2008

[6] - Site da CETESB. A produção mais limpa (P+L) no setor sucroalcooleiro.

Endereço:http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/camaras/texto_ca/documentos/procao_mais_limpa_sucroalcooleiro.pdf

Acessado em junho de 2008.

 

 

 

Autor:

Fernando Fernandes Pereira

fernando_ffp[arroba]hotmail.com

30, Bacharel em Química



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