Esboços para um Sistema de Extensão nas Comunidades Campesinas da Serra do Peru

Enviado por Alejo Lerzundi


  1. Prólogo segunda edição
  2. Apresentação
  3. Introdução
  4. Caracterização do problema na Serra do Peru
  5. A extensão como instrumento da transferência de tecnologia
  6. Necessidade de um novo sistema de extensão
  7. A concepção da extensão
  8. A estratégia de extensão
  9. O Projeto Campesino
  10. A capacitação no sistema de extensão
  11. Organização do sistema de extensão
  12. Supostos importantes para o êxito do sistema do exten-sion proposta

PRÓLOGO SEGUNDA EDIÇÃO

A primeira edição mimeografada de este documento "Liniamientos para um Sistema de Extensão nas Comunidades de la Sierra del Perú". foi restrita para uso das instituições publicas vinculadas ao Plano Serra e organismos internacionais, constituídos em "Comitê de Coordenação da Cooperação Técnica Internacional em Apoio ao Plano Serra". Posteriormente o "Centro de Investigación y Promoción del Campesinado (CIPCA)" com sede em Lima-Perú o disponibilizou na Internet "Lineamientos para un sistema de extensión en las comunidades de la sierra del Perú..

A presente edição em versão portuguesa se disponibiliza gratuitamente no site www.monografias.com para os leitores, especialistas e técnicos do sistema de extensão no Estado, bem como, para estudantes e profissionais de universidades e outros centros como uma contribuição a discussão da teoria e pratica da extensão rural.

APRESENTAÇÃO

Durante os dias 05 a 07 de setembro de 1988, realizou-se na cidade de Lima, uma reunião de trabalho de um Grupo de 13 profissionais com o propósito de desenhar um sistema de extensão agropecuária para as Comunidades Campesinas da Serra do Peru.

Os profissionais foram especialmente convocados pelo Comitê de Coordenação Internacional em Apóio ao Plano Serra, para debater e concretizar as contribuições do Fórum que sobre o mesmo tema se realizou do 15 a 17 de agosto de 1988. A redação do documento preliminar, em apóio às conclusões e recomendações, foi encarregada ao Facilitador Sr. Modesto Gálvez do Grupo Assessor em Desenvolvimento Rural do Projeto FAO-Holanda, DGFF, em apóio ao qual e tendo em conta as observações e sugestões dos membros do Comitê e especialistas consultados, foi elaborada e editada a versão final. Esta última tarefa foi encarregada ao Coordenador Dr. José Luis Bareiro Especialista em Projetos Agrícolas do IICA e Diretor Técnico do evento Dr. Alejo Lerzundi Silvera, Especialista em Planejamento e Consultor do IICA.

Alguns temas apresentados no documento não foram tratados exaustivamente devido à complexidade do problema e o limitado do tempo para sua discussão. Por isso, os resultados se apresentam a maneira de esboços com a segurança que sua aplicação a situações concretas através de planos, programas e projetos respectivos, merecerá a adequação necessária.

O presente documento "Esboços para um Sistema de Extensão nas Comunidades Campesinas da Serra do Peru" está dirigido às Comunidades Campesinas, Entidades do Setor público, Universidades, Corporações, Organismos de Cooperação Técnica Internacional e outras dedicadas ao desenvolvimento rural, como uma contribuição à reflexão e busca de médios e procedimentos que permitam superar as difíceis condicione de existência na serra do Peru.

INTRODUÇÃO

"Até mediados da atual década a estratégia de extensão, consistia fundamentalmente na capacitação-visita" apoiada em uma série de práticas demonstrativas; logo se adota a estratégia de "capacitação grupal com enfoque de sistemas". Estas atividades se sustentam na teoria da transferência tecnológica que implica três momentos importantes: a) a geração de tecnologia, b) a transferência de tecnologia, e c) a adoção

A teoria da transferência tecnológica se baseia desde certa perspectiva, na tradicional concepção da comunicação que tem origem no esquema emissor – mensagem (médios) – receptor. A comunicação se entende como o ato de "transmitir" um mensagem que ha sido elaborado de maneira externa ao destinatário. Por isso, a preocupação se centra mos médios e técnicas de comunicação que permitam que os receptores assimilem o discurso. É una teoria que supõe que no receptor existe um vacío de conhecimentos e que pelo tanto tem que "ensinar-lhes" para preencher tal vacío. em boa conta, o que se faz é impor verticalmente uma serie de conteúdos pré-fabricados. Seus resultados limitados y ate negativos leva a prescindir de tais estratégias y obriga a repensar el problema campesino en una perspectiva de solução diferente.

No documento se propõe um sistema de extensão sustentado na convergência e integração da educação e a comunicação, centrado no diálogo. expõe-se que os participantes devem ser emissor e receptor indistinta e sucessivamente. Isto possibilita uma relação horizontal e põe no centro do debate o conteúdo da mensagem que é o objeto de intercâmbio, de ré-elaboração com as contribuições dos participantes (campesinos e extensionistas). Nesta interação se compartilham vivencias, experiências, conhecimentos, o qual possibilita produzir e recrear conhecimentos de maneira conjunta. Em tal caso, comunicação é relacionar-se e participar pluralmente do diálogo. Esta prática de comunicação é, em essência, uma prática participativa da qual não somente obtemos um plano de trabalho, projeto ou programa em apoio ao diálogo com os campesinos, mas sim de maneira importante: a) ambos se capacitam, b) ambos trocam de atitude e c) se desata um processo que leva a produzir de maneira crescente e ascendente, novas vivencias, experiências e novos conhecimentos.

A extensão, mais que "levar alguma coisa para o agricultor", deve entender-se como um processo de aproximação entre a Instituição (Estado, ONG, Universidade, Organismos de Cooperação Técnica Internacional – CTI e outros) e a Comunidade Campesina. A função de elo entre ambas é dinâmica e multidireccional. Assim, de um lado, a interação têm lugar a um processo de mudanças e, e outro lado, a comunidade pode dirigir-se às Instituições e a outras comunidades para expor seu projeto comunal mediante os procedimentos e mecanismos do sistema de extensão.

1. CARACTERIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA NA SERRA DO PERU

O Peru tem um território de 1’285.000 km² e uma população de aproximadamente 21 milhões de habitantes, um terço está localizado nas zonas rurais. A concentração da população em relação com a superfície cultivável e colheitas permanentes alcança a 24 pessoas por km² que é uma das mais altas do mundo. Sua variada geografia está determinada pela Cordilheira dos Andes que a atravessa do Norte ao Sul criando três grandes zonas ou regiões geográficas. A Costa com 148 mil Km² (11%), a Serra com 360 mil Km² (28%) e a Selva com 775 mil Km² (61%).

A avaliação da economia peruana reflete uma série de características próprias de uma economia "periférica", que obedece a uma problemática histórica complexa relacionada com a base da estrutura produtiva com o tipo de caráter da articulação entre diferentes setores econômicos e regiões geográficas, assim como destes com o sistema mundial de mercado.

O desigual acesso ao trabalho, a propriedade e a tecnologia configurou no país uma estrutura piramidal da distribuição do ingresso em cujo ápice se encontra as comunidades campesinas que representando o 53% da População e participam com apenas o 24% do ingresso nacional. A crise das últimas décadas incrementou de maneira marcada as desigualdades econômicas e sociais entre setores econômicos e entre regiões.

Nos momentos atuais, a serra peruana é uma realidade caracterizada por: uma produção agropecuária que diminui, a produtividade está estancada, a superfície agrícola se encontra em redução paulatina, os ingressos são muito baixos, o emprego é insuficiente e, portanto, temos expulsão da mão de obra rural e imigrações periódicas e permanentes em incremento.

O contexto no que se analisa a estratégia de extensão para as comunidades campesinas da serra do Peru está caracterizado pela grave crise econômica e a situação de violência que vive o país.

A crise econômica e a situação de violência respondem a problemas estruturais da sociedade peruana. Em relação a sua repercussão nos programas de desenvolvimento se constata que a crise limita a capacidade econômica do Estado como agente promotor do desenvolvimento rural e, ao afetar mais fortemente aos setores campesinos, acentua as estratégias familiares de sobrevivência com produção vinculada ao autoconsumo.

A violência, cuja expressão objetiva é o ataque da subversão a presença e ação do Estado no meio rural (autoridades, funcionários, atividades, obras, etc.), o que gera uma retirada dos agentes externos (Estado, organizações não governamentais, a Cooperação Técnica Internacional, a Igreja, etc.). O campesino, por sua parte, não parece apoiar significativamente à subversão nem às forças da ordem, assim como tampouco deseja entrar na lógica da violência, o campesino desconfia e usa suas táticas para resistir e adaptar-se à situação.

Paradoxalmente, a serra peruana conta com um grande potencial agropecuário em recursos naturais e humanos; conta com uma organização ancestral, uns cultivos e tecnologia tradicional, infelizmente mal conhecidos e mal usados. Entretanto, estes recursos constituem nos momentos atuais uma das poucas reservas com que o país conta para erradicar a pobreza, a violência e obter um desenvolvimento autônomo e sustentável.

Um dos objetivos mais importantes do Plano Serra é o melhoramento dos serviços do Programa de Extensão Agropecuária, cuja cobertura até os anos 1987, conforme a Pesquisa Nacional de Domicílios Rurais, era somente de 3% do total das unidades produtoras. Estima-se que as causas principais desta baixa cobertura seriam as inadequadas concepções do desenvolvimento rural e a aplicação de sistemas de extensão que não guardam correspondência com a complexa realidade do mundo andino.

 


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