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Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) na saúde mental: a importância do processo de enfermagem no cuidado ao cliente com sofrimento psíquico (página 2)


NANDA- North American Nursing Diagnoses Association- international.

RP- Reforma Psiquiátrica.

SAE- Sistematização da Assistência de Enfermagem.

SUS- Sistema Único de Saúde.

SCIELO- Scientific Eletronic Library Online.

1 INTRODUÇAO

Nos anos 1950, iniciou-se o foco da enfermagem, na assistência de maneira holística, uma assistência que preconiza, tratar o paciente de acordo com suas necessidades e não apenas pelas necessidades de sua patologia. Florence Nightingale (1989), afirmava que a enfermagem precisava de conhecimentos distintos daquela "medicina". A mesma, estabeleceu premissas, que baseava- se no olhar direcionado aos pacientes, às condições em que eles se encontravam, e idealizava como poderia atuar, positivamente ou não, sobre a saúde deles. Em acordo com isto, encontra-se também a teoria de Wanda de Aguiar Horta (1979), a Teoria das Necessidades Básicas Humanas.

A partir de então, deu- se mais ênfase ao cuidado de enfermagem, como um processo interpessoal, descentralizando- se da patologia, e centralizando-se a assistência de enfermagem mais na pessoa como um todo, e na promoção de sua saúde, percebendo a pessoa como um ser humano com necessidades a serem atendidas (TANNURE; PINHEIRO, 2011). 

Assim percebe- se a necessidade do desenvolvimento de um método mais eficaz, que possa oferecer maior segurança aos pacientes, e melhores resultados em seu tratamento, dando também maior autonomia e satisfação ao profissional enfermeiro. Deste modo, cabe ressaltar, que a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), torna-se um dos melhores métodos, que o profissional enfermeiro, pode utilizar para poder alcançar melhores resultados. E para isso, torna-se cada vez mais necessário a Sistematização da Assistência de Enfermagem.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), conforme  a Resolução COFEN nº 272/ 2002 (revogada), subentende-se por uma tecnologia exclusiva do enfermeiro que busca organizar a assistência que o enfermeiro presta, usando como ferramenta principal a ciência, tendo por objetivo identificar as manifestações e situações que cada indivíduo pode apresentar, tornando mais fácil assim o processo da assistência de enfermagem nos serviços em geral, bem como para a saúde mental. Atualmente, sobre a SAE, preconiza- se a Resolução COFEN nº 358/2009.

Para Oliveira e Fussarella (2010), somando a isto, a Lei nº 7498 de 25 de junho de 1986, sobre do exercício de enfermagem, através do artigo 11, preconiza como tarefas exclusivas do profissional enfermeiro, a consulta de enfermagem, a prescrição, bem como também, a assistência direta à clientes graves com risco de vida, cuidados de ampla complexidade, e que necessitam de conhecimentos de base científica, como tomar decisões imediatas. Portanto, subentende-se, que a SAE é uma atividade privativa e exclusiva do profissional enfermeiro.

O processo da Sistematização da Assistência de Enfermagem oferece uma maior praticidade, no serviço prestado pelo enfermeiro ao paciente, além do mais, possibilita uma maior interação entre ambos. 

De acordo com a Resolução COFEN nº 358/2009, Art. 3º (2009), o processo de enfermagem deve estar embasado em um suporte teórico que direcione a coleta de dados, instituição de diagnósticos de enfermagem e o planejamento das ações ou intervenções, e que forneçam fundamentos para avaliação dos resultados de enfermagem alcançados.

Conforme Brunner e Suddarth (2009), a SAE é composta pelas etapas, histórico, diagnóstico, prescrição, implementação e evolução. Por volta da metade dos anos 1960, Wanda de Aguiar Horta, com base em sua Teoria das Necessidades Básicas Humanas, mostrou um modelo de processo de enfermagem, com os seguintes passos: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição de enfermagem, evolução e prognóstico de enfermagem (HORTA, 1979).

Encontra-se, na literatura citada, várias etapas do processo de enfermagem, alguns autores, as utilizam de forma completa, outros somente algumas. Contudo, cada uma possui sua parcela de importância, mais em suma, vale ressaltar, as que se mostram mais relevantes, que são: histórico, diagnóstico, prescrição, implementação e evolução.

As etapas da SAE, junto a Resolução COFEN nº 358/2009, são determinadas de acordo com o Art. 2º tratando-se das seguintes etapas: I – Coleta de dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem); II – Diagnóstico de Enfermagem; III – Planejamento de Enfermagem; IV – Implementação; V – Avaliação de Enfermagem. Sendo assim, encontram-se inúmeras descrições das etapas da SAE, variando de autor para autor, porém, as mesmas organizam-se de forma inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes.

Tais etapas, implementadas, intervém na identificação dos problemas de saúde dos clientes, bem como também, avaliam as respostas do indivíduo e se o tratamento aplicado, evoluiu ou não. Com freqüência, encontram-se várias nomenclaturas que fazem alusão a esta sistematização das ações de enfermagem, onde tais etapas são sugeridas a partir do processo de enfermagem.

Dessa forma, reflete-se sobre a visibilidade que a nomenclatura "SAE" possui, sendo um termo estabelecido pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), para ser inserido nas instituições, porém a nomenclatura "processo de enfermagem", é extensamente divulgada e ainda continua em processo de implantação, por haver complexas etapas a serem seguidas. 

Atualmente, em virtude da mudança no comportamento do profissional enfermeiro, é que estão passando a assistir as pessoas que demandam seus serviços com foco não apenas na esfera biológica, mas também nas dimensões social e psíquica, a implementação das teorias, vêm sendo cada vez mais requisitadas na pratica, o que tem aumentado a possibilidade de melhorar na qualidade da assistência prestada (TANNURE; PINHEIRO, 2011).

A exposição cronológica dos fatos históricos da assistência de enfermagem em saúde mental, foi intermediada ao longo dos tempos, pelo juízo comum de, controle, punição, abandono, entre outros. Os "loucos", como eram vistos antigamente, eram "controlados" através de medicações, que somente os dopavam, tirando toda a capacidade de interagir com o mundo, "punidos" por meio de contensões, choques, dentre outras formas severas de tratamento, e por último o "abandono", que na maioria das vezes, partia inicialmente da família e logo em seguida da sociedade.

Muitos modelos de promoção da saúde, foram desenvolvidos para se trabalhar na área da saúde mental. Segundo Furegato (2012), integradas ao Sistema Único de Saúde (SUS), as ações de saúde mental se dão conforme preconiza o artigo 196 da constituição de 1988, com diretrizes de descentralização, atendimento integral, como prioridades às atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais e com participação da comunidade.

Para Brussamarello et al. (2009), as mudanças na prática da enfermagem no campo da psiquiatria, aconteceram concomitantemente à evolução da assistência nos manicômios e asilos. Entretanto, com a Reforma Psiquiátrica, o cuidado à este cliente, torna-se mais complexo e desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, da qual o enfermeiro faz parte. As transformações na área da saúde mental, têm reflexão no papel do enfermeiro, este profissional passa a executar atividades, com finalidades terapêuticas, por intervenção do vínculo terapêutico e programas de educação permanente à equipes, pacientes e familiares.

Diante a esta proposta da Reforma Psiquiátrica, que busca assistência, aos portadores de sofrimento psíquico, através de uma rede de serviços alternativos, contrários aos serviços já existentes, nasceu a necessidade do repensar das práticas de enfermagem, que pudessem atender a essas necessidades. Por isso, torna- se necessário, a aplicação da consulta de enfermagem, e a execução da SAE, propiciando um acompanhamento atencioso, e continuado ao paciente com sofrimento psíquico.

De acordo com a Resolução COFEN nº 159/1993, a consulta que a enfermagem realiza, por sua vez, é uma atividade exclusiva do profissional enfermeiro, respaldada pela resolução 159/1993 do Conselho Federal de Enfermagem, ou seja, trata-se de uma prática exclusiva desta classe, portanto, compete ao enfermeiro, colocá-la em prática. 

Através da consulta de enfermagem, há a integração da atenção especializada, ao cliente, e à sua família, o que torna mais fácil, a promoção do cuidado geral do paciente, com sofrimento psíquico. Ao se usar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), além de estruturar esta consulta, também norteia o tratamento destes clientes, podendo observar uma melhora ou piora, em seu estado geral. Além do mais, através da etapa diagnóstico de enfermagem, fecha-se de forma mais concreta, o quadro que cada cliente pode apresentar.

Ainda embasados pela Resolução COFEN nº 159/1993, aprecia-se que a consulta de enfermagem, como prática privativa do  profissional enfermeiro, utiliza itens do método científico, para evidenciar situações de saúde/doença, prescrever e executar medidas de enfermagem, que contribuam para,  promover a saúde, realizar a prevenção e proteção da saúde, bem como, a recuperação e reabilitação do indivíduo, família e comunidade.

Soares et al. (2011) expõe, que a enfermagem intervém promovendo saúde, quando se trata de fatores fisiológicos e psicológicos. No campo da saúde mental não seria diferente, pois a mesma possui, uma enorme contribuição na assistência ofertada ao paciente com sofrimento psíquico. Para tanto, é primordial, que os enfermeiros tenham um preparo para essa realidade, na qual, além de atender o usuário, devem desenvolver um trabalho com competências coletivas e em equipe interdisciplinar, na busca da reabilitação psicossocial, pois para que a SAE seja efetiva, não é necessário o empenho só por parte do enfermeiro, mas também dos outros integrantes da equipe, como técnicos ou auxiliares, que darão continuidade ao processo de enfermagem, através da etapa prescrição de enfermagem, a ser realizada.

Portanto, subentende-se que a área da enfermagem, executa várias atividades na saúde mental e o profissional enfermeiro desempenha o papel de membro da equipe, que mais tem contato com o cliente e seus familiares, durante todo o tratamento da patologia sofrida, prestando- lhes todos os cuidados necessários. Assim, através da SAE, o seguimento de todas as etapas, evidencia-se como elemento chave na prevenção, numa melhor forma de tratamento, sendo norteadores, para que se obtenha um feed back positivo no tratamento do indivíduo.

Observa-se, a necessidade da valorização dos profissionais de enfermagem, quanto à implementação da SAE, na saúde mental; e um número considerável de profissionais de enfermagem atuantes, para que se possa desenvolver todas as etapas de forma fiel. Desse modo, é necessário que se faça o seguinte questionamento: qual a importância do processo de enfermagem no cuidado ao cliente com sofrimento psíquico?

Para que ocorra um salto qualitativo, na atenção à saúde mental, é necessário, efetivamente, contemplar a pessoa, como um ser humano integral; vê-lo de maneira holística, e esse olhar é possível, a partir da implementação do processo de enfermagem. Disponibilizar aos demais enfermeiros e profissionais da saúde mental, estratégias onde as práticas sejam voltadas à grupos terapêuticos, viabilizando o processo de enfermagem, para se obter à referida Sistematização da Assistência de Enfermagem. 

Para tanto, faz-se necessário, que seja implementada uma prática direcionada ao paciente, individualmente, para que o mesmo, manifeste reações positivas em seu tratamento. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) na saúde mental, tem como pretensão nomear com maior destreza, os focos do cuidado e as intervenções propostas em cada tratamento.

Diante do exposto, este estudo tem por objetivos identificar as práticas empregadas pela SAE, no conjunto de cuidados prestados ao paciente em sofrimento psíquico; enfatizar o valor que as etapas da Sistematização da Assistência de Enfermagem, representam para a progressão do portador de sofrimento psíquico e discorrer sobre a importância que o profissional enfermeiro possui mediante cuidados aplicados através do seguimento da SAE.

Portanto, este estudo justifica-se tendo em vista, que a enfermagem nada mais é do que a linha de frente do sistema de saúde, é ela que mantém o contato mais próximo com o cliente e a família, direta ou indiretamente.

Segundo Dias e Silva (2010), com o surgimento dos serviços abertos de saúde mental, foi preciso reestruturar, os modelos de trabalho e, conseqüentemente, o projeto terapêutico institucional. Ademais, nessa direção, cabe também a enfermagem, afastar- se do modelo médico-centrado e adquirir uma postura terapêutica, baseada numa expectativa humanista e de autonomia profissional.

Visando a importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) para a saúde, compreendeu-se, a necessidade da atenção, que o enfermeiro pode prestar a determinados clientes, com sofrimento psíquico, com o intuito de implementar o processo de enfermagem, voltado às necessidades psíquicas de cada indivíduo. As teorias que embasam a SAE, possuem um cunho científico, e claramente contribuem para que haja uma assistência planejada, organizada e sistematizada.

Contudo, a SAE é significativa para a saúde mental, bem como em outras áreas, pois o enfermeiro pode ofertar cuidados ao paciente e indiretamente a sociedade, vendo o paciente não só por sua patologia, mas sim, como ser humano que ele é, já que a sistematização da assistência, vislumbra colaborar com a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação, sendo habilidade do enfermeiro, viabilizá-la no planejamento, avaliação e cumprimento da assistência de enfermagem. Ao observar as etapas da SAE, evidencia-se, que existe uma evolução positiva na terapia do cliente e que há uma crescente na assistência prestada.

Este estudo, destaca sua relevância, uma vez que, segundo Neves e Shimizu (2010), na literatura encontram-se poucos trabalhos e materiais envolvendo a temática em questão, assim como, a SAE é uma metodologia importante, que intervêm na prática e no planejamento da assistência prestada ao cliente. Destaca-se como imprescindível a precisão de ampliar as pesquisas e investigações voltadas à essa temática, contribuindo com o reconhecimento desta metodologia e o exercício da enfermagem enquanto ciência e prática profissional. 

Com isso, Oliveira e Fussarella (2010), expõe que é necessário que o profissional de enfermagem, seja detentor de tal conhecimento a cerca da SAE, desde a sua formação, para atuar neste campo, sabendo implementar as fases da sistematização, assim como, aumentar a capacidade de estudo, para adquirir uma adequada aplicação do método e uma assistência integral ao paciente.

O presente estudo, foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica, que de acordo com Gil (2002), gera-se a partir de materiais, conteúdos já existentes, ou seja, referenciais teóricos publicados, permitindo ao pesquisador uma melhor abordagem da estrutura, do processo e resultados. Para a elaboração deste trabalho foi seguido o percurso metodológico de acordo com Gil (2010), a pesquisa por revisão bibliográfica desenvolvem-se através das seguintes etapas: 

a) escolha do tema: para fazer a seleção do tema foi preciso meditar sobre a temática do campo da especialidade que mais interessava; 

b) levantamento bibliográfico preliminar: fez-se uma análise exploratória com o fim de proporcionar intimidade com o campo de estudo, no qual havia interesse;

c) formulação do problema: encaminhou-se a uma reflexão crítica acerca do assunto, de forma que foi possível encontrar em diferentes autores, abordagens teóricas relevantes para o estudo, e assim, tornando possível, optar por uma abordagem teórica capaz de fundamentar este trabalho; 

d) elaboração do plano provisório de assunto: resumiu-se, na organização das diversas partes, que compõem este estudo, bem como: busca das fontes, com uso exclusivo da Web, onde a pesquisa é feita por palavras-chave (descritores); 

e) leitura do material: realizou-se uma leitura minuciosa do material encontrado, estabelecendo relações, entre as informações e os dados obtidos, analisando a consciência das informações prestadas por cada autor; 

f) fichamento: Após leitura, análise das informações e a tomada de apontamentos foram feitos registros de idéias e hipóteses, procedendo à confecção das fichas de leitura, para anotar as referências bibliográficas; 

g) organização lógica do assunto: foram organizadas as informações, mantendo em vista, os critérios estabelecidos pelos objetivos da pesquisa.

Com levantamento de dados concretos e atualizados, utilizando livros nacionais, revistas, artigos disponíveis na internet: BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), piloto que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros, que apresenta conteúdos completos de artigos, nas áreas de ciências sociais, psicologia, engenharia, química, materiais, saúde, biologia, botânica, veterinária e microbiologia; SCIELO (Scientific Electronic Library Online); LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Os artigos utilizados compreenderam o período de 2007 a 2012, totalizando 5 anos, utilizando os seguintes descritores: assistência de enfermagem, saúde mental, SAE e processo de enfermagem. A busca foi realizada entre fevereiro e outubro de 2012.

Os artigos, foram inicialmente selecionados, através dos títulos e para seleção, considerou-se a publicação no referido período, estar escrito na língua portuguesa, abordando temas relacionados à sistematização da assistência de enfermagem na saúde mental, buscando apreciar a importância da SAE e analisar tais práticas, que semeiam resultados positivos ao tratamento de portadores de sofrimento psíquico. Sendo excluídos, os artigos que não possuíssem os descritores selecionados, e não atendessem aos demais requisitos utilizados para a seleção.

Ao final do colhimento dos dados, disposição do material e qualificação por similaridade, o conteúdo encontrado, foi agrupado conforme semelhança, os quais foram distribuídos em tópicos, para melhor análise, estabelecidos para responder aos objetivos propostos pelo referido trabalho.

2 DESENVOLVIMENTO

Em meados dos anos 60 no Brasil, Wanda Aguiar Horta iniciou sua teoria, a Teoria das Necessidades Humanas Básicas, que pretendia desenvolver um campo de ações práticas e metodologia específica, para a enfermagem (LACCHINI; ISERHARD, 2010). Ainda para Horta (1979), o processo de enfermagem, é à força dos cuidados de enfermagem, organizadas e inter-relacionadas, que possui como objetivo principal o ser humano. Semelhante ao pensamento de Horta, era a prática de Florence Nightingale, uma enfermeira inovadora no exercício do cuidar, a mesma analisava o paciente, buscando atender suas necessidades em geral e não somente sua patologia.

Para Brunner e Suddarth (2009), o processo de enfermagem, é um processo de condutas deliberadas, que dão solução à problemas para satisfazer as ações de saúde e as necessidades de enfermagem das pessoas. Apesar das etapas do processo de enfermagem, terem sido declaradas de várias maneiras, por diferentes escritores, os componentes comuns citados são o histórico, o diagnóstico, a prescrição, a implementação e a evolução.

A Resolução COFEN nº 358/2009, considera que, a Sistematização da Assistência de Enfermagem, sistematiza as ações do profissional, quanto a metodologia, pessoal e instrumentos, tornando acessível a realização do processo de Enfermagem, e ainda contempla, que a realização e documentação do processo de enfermagem, demonstra a colaboração do profissional enfermeiro, no cuidado à saúde da população, acrescentando na visibilidade e no reconhecimento profissional.

De acordo com tal Resolução, a SAE é compreendida por cinco fases ou etapas, sendo estabelecidas de forma inter-relacionadas, interdependentes e recorrentes, tais como, I – Coleta de dados (ou Histórico de Enfermagem) caracterizada por ação deliberada, organizada e contínua, realizada com ajuda de uma metodologia e técnicas diversas, que tem por objetivo obter informações sobre o próprio indivíduo, família ou fim coletivo humano e sobre suas respostas em um dado instante do sistema saúde e doença; II – Diagnóstico de Enfermagem, momento que se realiza a interpretação e junção das informações colhidas na primeira etapa, culminando com a tomada de decisão sobre as manifestações do paciente, embasado em diagnósticos, que servem como base para a determinação das ações, com as quais se pretende chegar aos resultados esperados.

Dando continuidade as fases da SAE, segundo a Resolução COFEN nº 358/2009, tem-se ainda, a etapa III- Planejamento de Enfermagem, delimita os resultados, que se pretende atingir e das intervenções de enfermagem, que serão executadas frente às respostas do indivíduo ou familiares em um dado momento do processo saúde e doença; IV- Implementação é a aplicação dos cuidados elaborados na etapa de Planejamento de Enfermagem e a última etapa, V- Avaliação de Enfermagem, consiste em um deliberativo, organizado e contínuo sistema de aferição de alterações nas respostas da pessoa, família ou meio social, em um certo momento do sistema saúde doença. Para determinar se as intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado, a avaliação é o momento, onde verifica- se as necessidades de adaptações ou alterações nas etapas do Processo de Enfermagem.

Em consenso ao processo de enfermagem:

 

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), no uso de suas atribuições legais que lhe são conferidas pela lei nº 5.905, de 12 de junho de 1973, e pelo Regime da Autarquia, aprovado pela resolução COFEN nº 242, de 31 de Agosto de 2000, Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do processo de enfermagem, em organizações privados ou públicos, que ocorrem os cuidados do profissional de enfermagem, e concedem outras providências (RESOLUÇAO COFEN nº 358/2009, p. 01, 2009).

Com base em tal resolução, observa- se a evolução dos conceitos sobre a consulta que o profissional enfermeiro presta, bem como, a sistematização da ações de enfermagem, uma vez que, a enfermagem segue princípios éticos fundamentais, embasados no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.

Com o surgimento do processo de enfermagem, emergiu a renovação do profissional de enfermagem, pois com a Sistematização da Assistência de Enfermagem, o profissional garante sua autonomia (BACKES et al., 2008). Dentre outros benefícios, que a SAE proporciona ao paciente portador de sofrimento psíquico, tais como, atendimento mais eficaz, resposta positiva ao tratamento, e a certeza de um melhor acolhimento por parte do serviço.

Conforme Brunner e Suddarth (2009), as informações relevantes, que devem ser colhidas em cada etapa são: o histórico de enfermagem, que busca os dados que correspondem a história pregressa de saúde do paciente e sua família, englobando também o exame físico geral do cliente; o diagnóstico de enfermagem, que como um componente que serve como base para evidenciar os problemas identificados e revelar a possível patologia, que o paciente apresenta; a prescrição de enfermagem, recomenda nomear prioridades à pessoa, especificar metas em seu tratamento, identificar intervenções realizadas ou a realizar com cliente, comunicar aos outros profissionais, medidas adequadas ao paciente, e quaisquer outras informações, pertinentes às suas necessidades de cuidados em saúde. 

Seguindo com as etapas, tem-se a implementação do processo de enfermagem, que trata da execução direta ou indireta das intervenções planejadas. A partir da prescrição de enfermagem, o enfermeiro realiza ou coordena as atividades a outros envolvidos neste processo; a fase final, a evolução de enfermagem, possibilita que a enfermeira, identifique e registre a resposta que o cliente manifesta ao tratamento, estabelecido a ele, permite também, observar até que ponto seus objetivos foram alcançados, e se sua meta está sendo atingida ou não (BRUNNER; SUDDARTH, 2009). 

Para tanto, significa dizer, que essas etapas são bastante complexas, que seu seguimento, gera uma assistência continuada, distante de tamanha exclusão para qualquer ser humano que seja submetido a ela, sendo o cuidado de acordo com o planejamento de suas etapas. Por isso, caberia aos profissionais enfermeiros, desenvolvê-las pela destreza que possuem em relação ao cuidado.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem, entrever uma metodologia de assistência, que permite aos enfermeiros nomear com maior clareza, os focos de cuidado pelos quais são responsáveis, a fim de tornar mais fácil, a identificação dos reais problemas de saúde e potenciais do paciente junto à família ou comunidade, pretendendo estabelecer, possíveis diagnósticos e objetivando executar ações de enfermagem, visando respostas humanas positivas. Dessa forma, constata-se, que a SAE não é apenas possível, mas essencial para a melhoria da qualidade de vida do paciente, tanto no bem-estar familiar, como na sua aceitação diante da sociedade. 

Com base na Lei da Reforma Psiquiátrica nº 10. 216, de abril 2001, foi determinada, à criação de um sistema substitutivo de atenção direcionado aos portadores de sofrimentos mentais para que haja um atendimento melhor nos serviços de saúde. Para que o sistema de apoio aos cuidados em saúde mental seja efetivo, uma etapa importante deste cuidado, é realizada nas unidades de atenção especializada, como os centros de atenção psicossocial (CAPS), (HIRDES, 2007).

Assim, a Reforma Psiquiátrica, busca mudança nos focos de acolhimento ao paciente portador de transtorno mental. Na tentativa de melhor interação desse paciente com o profissional, família e comunidade, a SAE promoverá uma assistência qualificada, continuada, colaborando para que este paciente, possa realmente voltar ao seu cotidiano, como um ser humano cheio de anseios, habilidades e como qualquer indivíduo, com perspectivas de ser produtivo em ambientes que o mesmo ache- se seguro. 

O movimento reformista, direciona a atenção para o sujeito vendo- o como alguém pleno de individualidades e frisa a aplicação de serviços extra-hospitalares, dando ênfase a assistência do indivíduo no território, buscando a superação do manicômio, enquanto ambiente de segregação e de isolamento. O intuito desse movimento, é de diminuir leitos psiquiátricos, inserir os usuários crônicos institucionalizados em programas comunitários, e elaborar dispositivos de saúde, que possibilitem a substituição da internação psiquiátrica tradicional (DUARTE; OLSCHOWSKY, 2011).

Assim, deve- se compreende-se a Reforma Psiquiátrica, como relevante movimento, que proporciona a elaboração de um novo método de atenção em saúde mental, o psicossocial. Embasado no pensamento de inclusão do indivíduo com sofrimento psíquico, para o qual a assistência volta-se para a re-colocação social, o crescimento da autonomia do sujeito, a convivência e a comunicação com o outro.

A convalescença da qualidade da assistência, constitui-se o objetivo central dos profissionais envolvidos com sua prática, e significa a melhor maneira de atender às necessidades dos pacientes, através dos cuidados, que lhe são prestados (SALES et al., 2008), uma vez que o paciente passa a ser atendido de acordo com suas necessidades básicas, e não só pelas necessidades da patologia.

O campo da saúde mental, é talvez, a área mais enigmática da gama de intervenções em saúde, pois é a que mais demonstra mudanças, no processo de comunicação do indivíduo. Por isto, essa concepção, permite uma atitude mais tolerante e flexível do profissional enfermeiro.

É a partir de então, que a enfermagem busca aperfeiçoar-se nesta área, para assistir melhor a sociedade, embasada cientificamente. A consulta de enfermagem nesse âmbito, atua como instrumento do cuidar, comparando as respostas que o indivíduo manifesta, a partir de um tratamento que obedece às etapas da SAE.

Para Oliveira e Fussarella (2010), nesta realidade, observa-se que o profissional enfermeiro, deve ser dotado de informação, de modo a aplicar as funções da equipe de enfermagem, além das suas funções  individuais e privativas. Destaca-se que a SAE, é um método inovador e tecnológico na formação e na profissão de enfermagem. Isto demonstra, que a mesma, deve estar presente ao decorrer da história do profissional, de modo que atenda a exigência e  a demanda do mercado.

A enfermagem, concentra-se na saúde de "seres humanos", preocupação científica, uma das mais complexas e mais complicadas. Jamais podemos saber com certeza o que estão vivenciando os outros indivíduos, mas a meta da enfermagem, permanece na identificação das experiências ou respostas das pessoas para oferecer-lhes apoio (NANDA, 2010).

A classe dos enfermeiros por sua vez, acompanhou continuamente, o desenrolar histórico da psiquiatria, sofrendo sempre a influencia desse processo. A enfermagem na saúde mental, tem sido ao longo dos tempos um desafio constante para os profissionais da área.

Portanto, ao proceder à análise dos dados emergiram os seguintes tópicos: Reforma Psiquiátrica marco na saúde mental, O cuidado de enfermagem ao paciente portador de sofrimento psíquico, Relação enfermeiro/ família e As etapas da SAE.

2.1 REFORMA PSIQUIÁTRICA MARCO NA SAÚDE MENTAL

De acordo com Soares et al. (2011), o movimento da Reforma Psiquiátrica, vislumbra o redirecionamento da assistência ao individuo com transtorno mental. Isso implica, nas contemporâneas mudanças da assistência em saúde mental e reflete em vários aspectos no exercício da enfermagem, que passa a ser desenvolvida, em diversificados serviços/dispositivos. A atenção, por sua vez, necessita ter o foco no paciente e na sua família, com vistas a conceder-lhes orientações, explicações, valorização do conteúdo de seu diálogo, estímulo e criação de condições de ressocialização.

As modificações, que ocorrem na área da saúde mental, são bem visualizadas ao perquirir a história, e estabelecer uma assistência pautada restritamente no modelo hospitalocêntrico, médico hegemônico, no qual os indivíduos com transtorno mental, eram cuidados não como seres sociáveis, e às vezes, nem mesmo como seres humanos, onde os mesmos passavam a serem segregados do meio social, e retirados bruscamente do convívio familiar.

O Movimento da Reforma Psiquiátrica, apresenta alguns marcos que não podem deixar de ser referidos, como o surgimento do Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM) entre os anos de 1978 e 1980; o Movimento dos Usuários nos anos de 1980; a Declaração de Caracas (OPAS/WHO) em 1990; as Conferências Nacionais de Saúde Mental (1987, 1992, 2001 e 2010) e a Lei Federal n. 10.216, de 6 de abril de 2001, mais conhecida como a Lei da Reforma Psiquiátrica. Juntos simultaneamente estes marcos, compõem referências e configuram o que se convencionou chamar de Movimento de Reforma Psiquiátrica e Cidadania no Brasil (DAL POZ; LIMA; PERAZZI, 2012).

Segundo Fernandes et al. (2009), na área da saúde mental, registram-se, também, diretrizes para transformação de saberes e práticas, valores sociais e culturais entre os indivíduos envolvidos com a saúde/doença mental. Essas diretrizes, estão pautadas na Lei nº 10.216 de 06 de abril de 2001, que trata da proteção e os direitos dos sujeitos portadores de sofrimento psíquico e alterações comportamentais, por parte do Estado, e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, dando privilégio ao oferecimento de assistência em serviços de base comunitária.

Ainda, no final do ano de 2001, observa-se a realização da III Conferência Nacional de Saúde Mental, que dá ênfase ao cuidado sem exclusão, direcionando-o para o princípio da integralidade. No ano seguinte, é normatizada a elaboração e funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em todo território nacional, apontando para uma reorganização do método de cuidar médico-psiquiátrica, até então, centralizado no hospital psiquiátrico, para serviços territoriais e de base comunitária (FERNANDES et al., 2009).

Nesse contexto, o modelo padrão da atenção psicossocial configura a saúde mental no SUS, com a transformação da atenção à saúde mental do indivíduo, o rompimento com conhecimentos e práticas, até então vigorantes, e o conseqüente fortalecimento das rotinas anti-manicomiais e práticas diferenciadas de se lidar com a "loucura". Esse paradigma, tem seu espaço de concretização, fundamentalmente, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que, ancorados nas proposições da Reforma Psiquiátrica (RP), se constituem em ambientes de assistência à pessoa com sofrimento psíquico, reabilitação, acolhimento, afirmação da cidadania, reinserção ao meio social e criação de novas subjetividades, aos indivíduos que sofrem mentalmente (FERNANDES et al., 2009).

Em acordo ao modelo de funcionamento do CAPS, está a implementação da Assistência de enfermagem, ao passo que o CAPS, é um dispositivo que prima pela qualidade no atendimento à esse paciente. O processo de enfermagem atua em comum à esse perfil, uma vez que a aplicabilidade da SAE, permite uma maior aproximação do profissional com o cliente e sua família.

Segundo Silva e Monteiro (2011), somente com o advento do Movimento da Reforma Psiquiátrica, defende-se uma nova maneira de pensar o processo saúde/doença e mental/cuidado. Torna-se mais forte, a substituição da concepção de doença, pela existência de sofrimento no aumento do valor do cuidar e na adoção do ambiente, como espaço social de busca constante do exercício de cidadania. 

Antigamente, a pessoa que demonstrava algum tipo de transtorno mental, não era reconhecida como uma pessoa que sofria, e sim como um doente, um louco, um alienado, alguém que não servia para a sociedade, por isto, era tão comum a prática do isolamento de indivíduos que sofriam mentalmente. Nessa época, o estigma falava mais alto, deixando de lado, os direitos que estes sujeitos tinham e o direito de ser cidadão que cada um tinha.

De acordo com Santos (2009), a Reforma Psiquiátrica é um processo que exige reflexões e mudanças nas diferentes esferas assistenciais, culturais, econômicos, políticos e conceituais, que por anos, vem num crescente processo de desmistificar o preconceito da doença mental e, principalmente, assegurar o direito da cidadania à esses indivíduos, para que possam viver melhor no mundo. 

Para Bezerra Jr. (2007), mais do que recorrer à aceitação de um novo modelo assistencial, o desafio nesse âmbito, é criar uma nova sensibilidade cultural para com o tema da loucura e do sofrimento psíquico. Trata-se, de dar impulso à uma desconstrução social dos estigmas e estereótipos, ligados à loucura e à imagem do doente mental, substituindo-os por um olhar empático e compreensivo, sobre os descaminhos, que a prática subjetiva pode manifestar olhar fundado numa atitude de solidariedade, respeito, responsabilidade e empatia àqueles que se encontram com sua normalidade psíquica restringida.

O movimento reformista, busca extinguir o estigma, que a sociedade tece pelo portador de transtorno mental; apagando essa idéia, de que o mesmo trata-se de um louco-alienado, demonstrando que o mesmo tem direitos e deveres igualmente a todos, e tentando a reinserção desse ser novamente à sociedade. Partindo desse pressuposto, de que este movimento extingue o estigma, é notório a adesão à uma maneira humanista de se cuidar do sujeito portador de necessidades psíquicas.

Segundo Pitta (2011), a Reforma Psiquiátrica no Brasil, pretende transformar o modelo de cuidado clínico da doença mental, excluindo gradualmente, a internação como forma de exclusão social. O modelo do tempo remoto, seria substituído por um sistema de serviços territoriais de atenção psicossocial, que visa, integrar o sujeito que sofre transtornos mentais à comunidade. Em seu conjunto de propostas, a Reforma Psiquiátrica (RP) planeja construir um novo estatuto social para o doente mental, que lhe garanta o retorno à cidadania e respeito a seus direitos e a sua individualidade.

Se aqui, destaca- se a importância histórica da Reforma Psiquiátrica Brasileira, no desmonte da estratégia asilar, também se vislumbra a relevância que o movimento reformista teve para a prática de enfermagem, uma vez que, esse jeito inovador, de tratar da pessoa com transtorno mental, está pautado em novas práticas, que buscam um melhor resultado e proporcionam um feedback positivo no relacionamento do profissional enfermeiro/ paciente/ família/ comunidade/ e sociedade em geral, contribuindo para a implantação da SAE, como forma de refletir em um atendimento integral.

2.2 O CUIDADO DE ENFERMAGEM DIRECIONADO AO PACIENTE PORTADOR DE SOFRIMENTO PSÍQUICO

A prática atual da enfermagem na saúde mental, deve ser orientada na noção de cuidado, como uma intervenção complexa e integral, tendo o devido respeito e acolhendo às necessidades de cada ser humano. Assim, o cuidado presume, a capacidade para ouvir e dialogar, além de tornar possível a percepção do outro, como um indivíduo com um potencial, resgatando-lhe sua autonomia e estimulando-lhe a cidadania (DUARTE; OLSCHOWSKY, 2011).

No campo da saúde mental, o enfermeiro atua vinculado diretamente ao cliente que sofre de delírios, alucinações, grandes lapsos de tristezas, euforias, humor inconstante, dentre outras manifestações. Portanto, o profissional necessita de alguns requisitos básicos, para atuar neste campo, tais como: capacidade de amar o próximo, empatia pelo outro, disposição, consciência crítica, e não só capacidade científica e técnica.

Em paralelo à visão fragmentada do cuidado, nos tempos atuais, os fazeres que os profissionais de enfermagem implementam, devem ter o usuário no centro do cuidado, ou seja, devem ser usuários-centrados. O exercício da prática assistencial, expõe um processo de trabalho multiprofissional, atravessado por ações embasadas no acolhimento, vínculo, autonomização e intento.

Duarte e Olschowsky (2011), dizem que os fazeres do enfermeiro, devem ser construídos em acolhimento, interdisciplinaridade, responsabilidade, vinculo e na distribuição das ações, de forma integral em oposição à vigilância e a opressão propostas nos manicômios.

Desse modo, as atividades do enfermeiro, devem estar pautadas pela globalização da atenção e acolhimento, objetivando um atendimento amplo, tornando possível espaços de diálogo, escuta, preferências em que a vida do usuário, deve direcionar o cuidado em saúde mental. A forma como o profissional de enfermagem recebe, acolhe o sujeito portador de sofrimento psíquico, é que vai ditar as "regras" do cuidado de enfermagem, uma vez que a boa aceitação do cliente para com o tratamento, é fundamental para uma boa evolução do quadro que o paciente manifesta, a boa aceitação, fortifica também o vínculo que o paciente necessita ter com toda a equipe.

De acordo com Duarte e Olschowsky (2011), o bom acolhimento, traz a superfície, a ideologia de relação, de escutar e dialogar, que presume uma atitude da equipe de enfermagem, demonstrando comprometimento em receber, ouvir e cuidar de maneira humanizada, dos pacientes e de suas necessidades, por meio de um relacionamento de recíproco interesse, entre profissionais e usuários. Na maioria das vezes, o que a pessoa portadora de sofrimento psíquico necessita, é só ser ouvida, desabafar, colocar pra fora, certos pensamentos que estejam lhe afligindo, portanto, se o enfermeiro, que é a porta de entrada para esse paciente, não for detentor de tal capacidade (ouvir, dialogar, ser empático), como poderão realizar com esmero sua profissão? 

Desse modo, entende-se que o relacionamento que o enfermeiro cultiva com o cliente, estabelece um eixo que sustenta a assistência que o enfermeiro presta ao serviço, visando à promoção da saúde mental. Para Brusamarello et al. (2009), o profissional, deve ter a capacidade de compreender o problema do indivíduo que sofre mentalmente,entender os efeitos de suas atitudes e ter habilidade para intervir neste contexto assistencial.

Para Silva e Monteiro (2011), os trabalhadores de enfermagem, no espaço do hospital psiquiátrico, eram coadjuvantes no mecanismo de reeducação do louco/alienado, desempenhando o papel de executores da ordem disciplinar, provinda do médico/alienista. Desta forma, eram privados de autonomia profissional, mantendo suas ações, no modelo biomédico, com finalidade segregadora, privando o indivíduo do seio familiar e social. Esse modelo, que trata a pessoa portadora de sofrimento psíquico como louco/alienado, trata-se de um modelo retrogrado, pois a enfermagem atualmente trabalha com o ideal, de que esse cliente trata-se de um ser humano, que precisa ser re-socializado e jamais ser segregado. 

Outro aspecto relevante, para o desenvolvimento do cuidado de enfermagem em saúde mental, é o trabalho em equipe, de maneira interdisciplinar, visto que, as discussões que envolvem a saúde mental, são complexas e necessitam dos diversos olhares, os quais, envolvem multidisciplinas e conhecimentos especializados, aproximando necessidades de cuidado e possíveis resoluções aos problemas enfrentados por esses sujeitos.

De acordo com Brusamarello et al. (2009), na realidade, o enfermeiro precisa assumir funções de planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de enfermagem, porém, em sua maioria, o cuidado direto ao paciente é realizado pelo pessoal técnico e auxiliar. O exercício da consulta de enfermagem é garantido ao enfermeiro pela Lei do Exercício Profissional, mas a sua efetivação nos serviços de saúde, consiste em um desafio, pela escassez de profissionais, ausência de espaço físico, carência de aperfeiçoamento e outros obstáculos para sua realização e, quando se trata da área da saúde mental, esta situação torna-se mais acentuada.

No que se referente ao processo de trabalho da enfermagem em saúde mental, emerge um novo modelo de trabalho, guiado pela humanização, que prima pela promoção e prevenção da saúde mental e na ajuda à pessoa que sofre mentalmente ao combater as pressões e dificuldades advindas do cotidiano. Além disso, auxilia a família e a comunidade, uma vez, que presta assistência à ambas, bem como, ajudando à irem ao encontro, com o verdadeiro sentido, para o sofrimento mental (SILVA; AZEVEDO, 2011).

Na assistência psiquiátrica, é fundamental, que a equipe profissional tenha empatia com o sofrimento do próximo, disponibilidade interna para a escuta, ser flexível, para mudar seus pontos de vista, proporcionando um elo onde a pessoa portadora de sofrimento psíquico, estará na busca do processo terapêutico. Por sua vez, a enfermagem na saúde mental, pode ser estabelecida como "um processo interpessoal que promove e mantém um comportamento do cliente (indivíduo, família ou sociedade)", proporcionando integração para o seu funcionamento (SANT"ANA et al., 2011).

Oliveira, Silva e Silva (2009), acreditam que, o vínculo de confiança e o bom acolhimento elegem-se, portanto, como componentes essenciais para uma interação, comprometida e efetiva com o paciente, uma vez que, o enfermeiro é o membro da equipe que estabelece o primeiro contato com o usuário.

A enfermagem na área da saúde mental, distingue-se apenas no que tange ao principal objetivo, no caso o esforço, visando a assistência ao cliente portador de sofrimento psíquico, que requer da enfermagem, um desenvolvimento mais completo, uma compreensão especial e um relacionamento terapêutico com seus pacientes. Os enfermeiros, tem que aprender a encarar o paciente como seu semelhante, sendo para ele, tanto uma pessoa quanto um profissional enfermeiro (DALLY; HARRINGTON, 1978).

Na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), fica claro essa empatia, que o profissional enfermeiro, precisa demonstrar ao paciente, pois, ao aplicar as etapas de forma minuciosa, fica explícita a eficiência que o profissional tem e a dedicação que ele dispõe ao paciente, ao passo que se discorre as fases do processo de enfermagem, cada uma deixa transparecer o esmero do enfermeiro pelo cliente, uma vez que a SAE, permite um vínculo maior com o ser humano, possibilitando que se estabeleça um elo forte entre os dois. Como dizia Florence Nightingale (p.01, 1910), "São poucas, nos dias de hoje, as profissionais que de fato sabem se a pessoa doente a quem dão assistência está melhor ou pior".

2.3 RELAÇAO ENFERMEIRO/ FAMILIA

Trabalhar pessoas com sofrimento psíquico, não quer dizer somente prestar cuidado ao paciente em si. O manejo do enfermeiro, não se resume ao usuário do serviço de saúde mental, o "paciente", mas à toda sua família. Por isto, atuar na área de saúde mental, exige do profissional enfermeiro, cuidar respeitando os princípios de uma família, levando em consideração, não só seus direitos, mas também suas crenças e valores.

O ser humano não vive sozinho, ainda mais em um contexto social, em que a família é sua rede de suporte mais próxima. Para assistí- lo, não se pode deixar de vê-lo como um todo e integrante desse contexto. Contudo, visualizando uma assistência mais efetiva, uma vez que, já não se presta o cuidado somente à pessoa, mas também à toda sua família, refletindo também em toda a sociedade (FILHO; MORAES; PERES, 2009).

Ao refletir sobre a assistência em saúde mental, a inclusão da família, é um elemento indispensável para o processo de enfermagem, sendo relevante a inserção dos familiares nas atividades de saúde mental, uma vez que, a parceria da enfermagem com o familiar, constitui-se também como garantia do cuidado contínuo e progresso no tratamento de seus parentes. A família necessita ser instruída, de como proceder perante tal situação, como manejar esta nova concepção de vida de seu parente, como aceitar suas diferenças.

De acordo com Silva e Monteiro (2011), como profissionais de saúde, os enfermeiros, devem atentar-se para as dificuldades, enfrentadas por algumas famílias, em lidar com cliente diagnosticado como sofrendo psiquicamente. As ideias preconcebidas que sofre o paciente, vão se repercutir na família, que pode, por isso, negar a doença ou abandonar o paciente. A permanente participação da família, como elemento mais importante, na vida do sujeito que sofre mentalmente, é uma ferramenta fundamental para o sucesso da assistência de enfermagem. Além do mais, o profissional enfermeiro, chega com maior facilidade ao paciente através da família.

Os familiares de portadores de sofrimento psíquico, a partir do momento que se defrontam com esta situação, é acometido por uma significativa mudança em suas vidas, tendo que se acostumarem constantemente, às novas formas de condução do seu dia-a-dia. Toda esta mudança, reflete sobre vários aspectos do estilo de vida de cada família acometida por esse transtorno. Dados os transtornos enfrentados pelas famílias, as equipes de saúde mental devem, para além do paciente, incluí-las no processo de cuidado à saúde (SANT"ANA et al., 2011).

Em épocas passadas, nos modelos antigos de tratamentos de portadores de transtorno mental, a família não era tão próxima do cuidado à esses clientes como atualmente, pois a partir do momento que descobriam que tal doença se tratava de "loucura", a família era a primeira à afastar-se desse indivíduo, excluindo-o completamente do meio social, tornando assim, cada vez mais difícil a reabilitação desse sujeito, e um possível retorno ao convívio familiar.

Conforme Sant"ana et al. (2011), para atuar juntamente com as famílias de portadores de sofrimento psíquico, é relevante que o enfermeiro, conheça e compreenda a estrutura familiar, suas crendices, valores e conhecimento sobre a doença, para que, a partir daí, possa elaborar a sua assistência, conforme a necessidade desses familiares. A percepção da doença pela família e a busca pela assistência mais conveniente ao seu familiar doente, acontecem de forma lenta e progressiva, ao modo que eles se dão conta do processo pelo qual estão passando. Na inter-relação em família e com outros, a família revela e oculta ao mesmo tempo em que estão se tornando o que encarnam, o que foram e o que são.

Nesse campo de cuidado para com as famílias, o acolhimento constitui-se em uma tecnologia leve das ações em saúde, priorizando a atenção ao paciente por meio da escuta qualificada, valorização do diálogo e do reconhecimento de suas necessidades, apurando a resolubilidade, integralidade na assistência e a qualidade do serviço prestado ao usuário/família (AIRES et al., 2010).

Desse modo, a valorização da família, o respeito mútuo, empatia, a escuta qualificada, que a Sistematização da Assistência de Enfermagem oferece, são indispensáveis, para que a atenção psicossocial realmente possa ocorrer, dando um salto qualitativo na vida desse sujeito. Outro aspecto importante diz respeito ao acolhimento da fala do familiar, como elemento importante, do cuidado no processo de enfermagem, prática que precisaria ser inserida ativamente.

2.4. AS ETAPAS DA SAE

O processo de enfermagem se operacionaliza em etapas ou fases, ou componentes, que variam de acordo com autor, no que diz respeito ao número e a terminologia aplicada. Para maior compreensão das etapas da SAE, também se faz necessário, o conhecimento sobre o que é realmente a Sistematização da Assistência de Enfermagem.

Segundo Tannure e Pinheiro (2011), a Sistematização da Assistência de enfermagem (SAE) é um método científico sistemático, que vem sendo cada vez mais aplicado na prática assistencial, oferecendo maior segurança aos clientes, melhora da qualidade do serviço e uma autonomia maior aos profissionais enfermeiros.

Preconiza-se, que para executar a SAE, é importante que se tenha como base uma teoria de enfermagem para que se possa direcionar as etapas do processo de enfermagem. Além disso, os profissionais enfermeiros necessitam compreender realmente o que é as etapas, fases ou componentes da SAE, para que consigam implantar corretamente o processo de enfermagem (TANNURE; PINHEIRO, 2011).

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) disponibiliza mais segurança aos clientes, uma vez que, é fundamental por contribuir para a melhora na qualidade da assistência de enfermagem, e por trazer consequências positivas para o cliente e para a equipe de enfermagem.

Ao buscar na literatura, evidencia-se que a maioria dos autores concordam quanto à necessidade de cinco etapas no processo de enfermagem, sendo elas, investigação (ou histórico de enfermagem, ou coleta de dados), diagnóstico de enfermagem, planejamento de enfermagem, implementação da assistência de enfermagem (intervenção, ou prescrição de enfermagem), evolução (ou avaliação de enfermagem).

Na primeira etapa do processo de enfermagem, a investigação, compreende-se a anamnese e o exame físico do paciente, tendo como propósito identificar as necessidades, os problemas, além de colher dados importantes quanto ao estado de saúde do cliente. Para que ocorra uma melhor aplicação desta etapa, é necessário seguir alguns passos, que podem auxiliar o enfermeiro a executar uma investigação mais ordenada. Os passos são: coleta de dados, validação dos dados agrupados, bem com dos dados identificação de padrões, comunicação e registro de dados (TANNURE; PINHEIRO, 2011).

Na segunda etapa do processo de enfermagem, realiza-se a análise e interpretação dos dados do diagnóstico de enfermagem. Para aplicar esta etapa, o enfermeiro necessita dispor de pensamento crítico, julgamento, capacidade de análise, de síntese e de percepção, ao interpretar dados clínicos dos pacientes (TANNURE; PINHEIRO, 2011). Segundo Brunner e Suddarth (p.21, 2009), "o pensamento ou raciocínio crítico, é uma competência multidiciplinar, um processo cognitivo ou mental ou um conjunto de procedimentos".

Tannure e Pinheiro (2011) reforçam que, todo diagnóstico deve seguir uma taxonomia ou sistema de classificação, através da NANDA (North American. Nursing Diagnosis Association, fundada em 1982), este diagnóstico se torna possível, uma vez que, a mesma contém elementos, ou eixos que permitem a classificação estruturada deste diagnóstico.

Na terceira etapa do processo de enfermagem: planejamento de enfermagem ou planejamento dos resultados esperados, aplica-se os seguintes passos: estabelecimento de prioridades, para os problemas diagnosticados e fixação de resultados com o paciente. Esta etapa, busca alcançar resultados a partir de um diagnóstico, portanto, consiste em um plano de ações ou plano de cuidados (TANNURE; PINHEIRO, 2011).

Essa fase, torna- se importante, não só por colaborar na assistência prestada ao paciente, mas também, por promover a comunicação entre a equipe de profissionais, direcionar o cuidado de forma mais eficaz, bem como documentação. Tal anotação, pode ser utilizada mais tarde em avaliações, pesquisas ou em situações de cunho legal, facilitando o respaldo legal do profissional enfermeiro.

Para que haja a obtenção dos resultados esperados em tal fase, é preciso que siga itens na elaboração do planejamento, devendo ser claro, objetivo; ser centrado no cliente, de maneira holística e não só em sua patologia; estar relacionado ao diagnóstico encontrado; ser um resultado possível de se alcançar; conter uma cronologia para execução e saber determinar a medida certa.

Implementação da assistência de enfermagem ou prescrição de enfermagem, constitui o quarto componente do processo de enfermagem, nesta fase coloca-se em prática, e executa- se o que foi proposto anteriormente (TANNURE; PINHEIRO, 2011), ou seja, é a realização do plano de cuidado, através das intervenções que o enfermeiro executa. Brunner e Suddarth (2009), acreditam que as intervenções de enfermagem, são centradas no cliente e direcionadas para os resultados, sendo implementadas com empatia, compaixão, confidência e uma vontade de aceitar e entender as manifestações do cliente.

A quinta e última etapa do processo de enfermagem é a avaliação da assistência de enfermagem ou evolução, que consiste na avaliação dos resultados, baseados em mudanças comportamentais. É nesta etapa, que se pode avaliar a eficácia da prescrição de enfermagem e se o paciente está respondendo positivamente ao tratamento estabelecido, bem como, realizar a observação direta através do relato do cliente (TANNURE; PINHEIRO, 2011). Este componente, permite que sejam estabelecidos questionamentos, que ajudam na avaliação do processo de enfermagem, sendo eles: está havendo progresso no tratamento proposto? Existe algo que precisa ser revisto? Quais as novas necessidades do paciente? O tratamento está evoluindo de forma positiva ou negativa?Desse modo, o enfermeiro reforça sua avaliação.

Ao final das etapas, cabe fortalecer o processo de enfermagem com uma representação esquemática, para uma melhor absolvição do que foi proposto por cada fase: 

Tabela 1. Esquematiza as etapas do processo de enfermagem.

Avaliação

Investigação

Diagnóstico

Planejamento

Implementação

Coleta de dados, através da entrevista, que busque informações sobre o estado de saúde do paciente.

Consolidar os dados obtidos mediante a investigação e identificar e listar os possíveis diagnósticos.

Desenvolver um plano de cuidados voltado às necessidades do paciente, que atinja os resultados esperados.

Estabelecer cuidados de enfermagem através da prescrição, medidas que levem ao alcance dos resultados esperados.

Fonte: Próprio autor.

Portanto, estas são as etapas tradicionais, que compreendem o processo de enfermagem, as de maior relevância encontradas na literatura, que dessa forma são amplamente divulgadas, por isto, reflete-se sobre a visibilidade que estas fases representam à enfermagem. Ainda encontra-se também na literatura, várias denominações ao tratar das etapas da SAE, dentre elas, a metodologia da assistência de enfermagem, metodologia do cuidado de enfermagem, processo de assistência de enfermagem, sendo que as mais divulgadas são a sistematização da assistência de enfermagem e o processo de enfermagem.

Para Du Gas (1988), o termo "procedimentos de enfermagem" ou "processo de enfermagem", aponta a sequência de etapas percorridas pelo profissional enfermeiro, tanto no planejamento, como na administração da assistência de enfermagem. O mesmo acredita que o processo de enfermagem possibilita um método para uma abordagem organizada da assistência de enfermagem.

Comenta-se, sobre estratégias para evidenciar as situações de saúde, contribuindo para a aplicação das intervenções de assistência de enfermagem, porém para essa aplicação se concretizar, requer do profissional de enfermagem um interesse em compreender o outro, o cliente como ser único, fazendo uso do seu pensamento crítico e raciocínio clínico e lógico, com aptidões técnico-científica, para as intervenções (LACCHINI; ISERHARD, 2010). 

Por isso, diz-se que o profissional enfermeiro, tem que ser dotado de habilidades e capacidade para a execução da Sistematização da Assistência de Enfermagem, tanto para conseguir identificar o que fazer, por que fazer, como deve ser feito, a natureza do procedimento, devendo pensar que não é só fazer por que tem que ser feito e sim, pensar no cuidado viabilizado ao paciente.

3 CONCLUSAO

Na realização deste estudo, objetivou-se identificar as práticas utilizadas pela Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), no conjunto de cuidados prestados ao paciente em sofrimento psíquico; enfatizar o valor que as etapas da Sistematização da Assistência de Enfermagem, representam para a evolução do portador de sofrimento psíquico e discorrer sobre a importância que o profissional enfermeiro possui mediante cuidados aplicados, através do seguimento da SAE.

Também, espera-se que este estudo, auxilie no despertar de novas investigações, a respeito de um tema complexo, como é o trabalho do enfermeiro em saúde mental. Observou-se a necessidade de uma maior valorização da Sistematização da Assistência de Enfermagem, uma vez que a mesma, contribui de forma relevante na melhoria do cuidado à pessoa com transtorno mental e sua família, de modo a lhes assegurar melhor qualidade de vida. Para que a SAE realmente ocorra, torna-se necessário a comunhão entre os conceitos do marco teórico e a conduta dos profissionais de enfermagem.

Para tanto, faz- se necessário, que o profissional enfermeiro, busque conhecer de fato as etapas que compreende a Sistematização da Assistência de Enfermagem; uma vez que o desconhecimento do sentido das mesmas, contribui para a ausência da implementação destas fases no processo do cuidar de enfermagem.

Para que ocorra a aplicabilidade do processo de enfermagem, ressalta-se também, a necessidade dos enfermeiros se atualizarem, a fim de ampliar suas competências, adaptando-se às novas modalidades de tratamento. É imprescindível que este profissional, desenvolva o olhar crítico junto da equipe de enfermagem, para apreender as necessidades de cada paciente.

Visualiza-se o enfermeiro, potencialmente, como um importante agente de mudanças. Entretanto, este potencial estará relacionado diretamente ao grau de consciência desses profissionais, ou seja, quanto mais cientes de seu papel e inseridos num contexto holístico e de caráter humanista, mais aptos estarão para eleger ferramentas de trabalho que tem como objetivo o resgate dessa mesma condição de sujeito-cidadão às pessoas com transtornos mentais.

As intervenções em saúde mental, devem ser aprimoradas por profissionais comprometidos e permeados de valores humanísticos, como alteridade, respeito, escuta qualificada e responsabilização com as necessidades relatadas pelo indivíduo, durante o encontro profissional/usuário/família.

Espera-se ter colaborado positivamente, para a divulgação desses conhecimentos e estimulado o interesse de todos àqueles envolvidos na prática do cuidar, pois a melhoria da qualidade da assistência, constitui-se no intuito principal dos profissionais comprometidos com sua prática e significa a melhor maneira de atender às necessidades dos clientes, através dos cuidados que lhes são prestados, pois, a SAE, promove eletiva qualidade na assistência, contribui para autonomia profissional, favorece aos enfermeiros a flexibilidade do pensamento individual, possibilita a comunicação e diminuição de erros, omissões e repetições sem necessidades.

Sobre a atuação de enfermeiro, faz-se necessário indagar sobre o sentido do trabalho, a importância que a SAE representa, o valor das ações e sua eficácia na vida dos sujeitos envolvidos no cuidado. As propostas que permitem envolvimento com famílias, devem priorizar metodologias que gerem vínculos, que sejam facilitadoras de formas de enfrentamento dos contextos, onde experimentam- se o sofrimento psíquico, cria um espaço onde a empatia seja seu valor fundante.

Compreende-se assim, que o cuidado de enfermagem, através da Sistematização da Assistência de enfermagem, deve permear a esfera conceitual do que é o exercício profissional, bem como os conceitos sobre o sofrimento psíquico, e os novos modelos propostos pela Reforma Psiquiátrica. Portanto, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) mostra- se como relevante ferramenta de informação, por favorecer a implantação de padrões com normas de assistência por instituir as prioridades assistenciais.

Em suma, a SAE mostra-se, como importante elemento articulador e motivador da melhoria do processo no contexto interdisciplinar da saúde, desde que seja implementada e visualizada, para além da organização do serviço de enfermagem. Assim, muito mais que apontar críticas, os resultados visam problematizar a prática assistencial, através de movimento dinâmico de construção e reconstrução de saberes, além de desencadear proposta de mudança de paradigmas para a conquista de um "novo espaço" na área da enfermagem e saúde.

Concluindo, cabe à enfermagem, reorganizar seu foco de trabalho em saúde mental, o cuidar do cliente com transtorno mental, voltando o olhar para a realidade, na qual a categoria está claramente inserida. Acredita-se que, ao revisitar o equipamento processo de enfermagem, enquanto significante em saúde mental, jogando luz sobre o trabalho real, que tem sido desenvolvido neste âmbito, a enfermagem poderá sistematizar o cuidado ético, que se ampare nos valores: respeito e dignidade.

REFERÊNCIAS

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DEDICATÓRIA

Ao meu bom e amado Deus, por ser a razão da minha existência, e por ter me dado a vida e o nobre dom de cuidar de pessoas.

Aos meus queridos pais Ãngela e Simplício, por sempre me apoiarem e me ensinarem o caminho da verdade, da justiça e do amor, guiando-me sempre para o bem. De forma especial à minha mãe por me incentivar, por estar ao meu lado sempre, colocando meus estudos sempre em primeiro lugar, e cuidando do "pimentinha" Arthur.

À minha pedra preciosa que Deus me deu, meu filho Arthur, razão da minha força, minha fortaleza, a quem eu recorri nos momentos mais difíceis desta batalha. Dedico-lhe filho esta vitória em minha vida. Amo-te.

Ao meu companheiro, Phortus, meu "cúmplice", meu maior incentivador, minha base segura, meu alicerce, dedico a ti, por me impulsionar através de seu amor incondicional! Amo-te pra sempre...

Aos meus irmãos e demais familiares, por serem meus amigos nas horas incertas e me ajudarem na conquista deste sonho.

Aos meus amigos e amigas, por acreditarem na minha capacidade de vencer e na realização deste sonho.

Aos enfermeiros e professores, por se empenharem na construção de uma enfermagem embasada em princípios científicos e mais humana.

Aos pacientes e seus familiares, por serem anjos que Deus coloca em nossa caminhada e que nos ensinam a cada dia o sentido da missão de cuidar e de ensinar.

AGRADECIMENTOS

À Deus sobre todas as coisas...

À minha família pelo apoio incondicional...

Ao meu querido esposo Phortus, por estar sempre ao meu lado, e por poder contar com seu amor e carinho inesgotável, amo- te.

Ao meu filhote Arthur, por me servir como incentivo, nunca como empecilho, amo- te filho, razão dessa vitória.

Aos meus pais, Ãngela e Simplício, por me guiarem, sempre mostrando o caminho certo.

Aos meus irmãos, Breno, Bruno e Biânko, por acreditarem em mim, no meu potencial e na minha capacidade de vencer.

Às minhas cunhadas, Leidiana e Fabiana, por contribuírem de forma singular nesta minha caminhada.

Aos meus sobrinhos Brenda, Larissa, Pedro Filipe, Leônidas, Francisco Matheus e à quem mais vier, pelo carinho e amor que sempre me deram.

À minha tia "Sandinha" (Sandra), pela sua fundamental ajuda, e pelo amor com que cuidou do Arthur, nos momentos de minha ausência. Sem ela nada disso seria possível.

À professora Carla Nayara dos Santos Souza Veras, minha orientadora, amiga incansável, fonte inesgotável de sabedoria, a quem eu podia recorrer a todo momento.

Aos professores do curso, que fizeram parte dessa caminhada, colaborando positivamente para a construção da minha história profissional.

Aos meus amigos, colegas da turma "A", que sempre estavam ao meu lado, sendo não só amigos de profissão, e sim companheiros de estrada. E em especial às etc... Remédio Alves, Síntia Araujo, Marlene Cunha e Elisângela Gomes, pelo empenho à nossa amizade, e por estarem ao meu lado alavancando-me sempre que eu precisava.

À CHRISFAPI, por ter ajudado na conquista da minha formação.

 

Autor:

Bruna Mikaela Ferreira Do Nascimento

bmika[arroba]bol.com.br

Monografia apresentada ao curso de Bacharelado em Enfermagem da Christus Faculdade do Piauí como requisito para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, ministrada pela Ma. Maria Auxiliadora Mendes Liberal de Brito, sob a orientação da Esp. Carla Nayara dos Santos Souza Veras.

ASSOCIAÇAO PIRIPIRIENSE DE ENSINO SUPERIOR- APES

CHRISTUS FACULDADE DO PIAUÍ- CHRISFAPI

CURSO BACHARELADO EM ENFERMAGEM

PIRIPIRI- PIAUÍ

2012



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