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O uso de portfólios e suas contribuições para a aprendizagem da língua portuguesa (página 2)


A importância do presente trabalho na avaliação de aprendizagem dos alunos e até mesmo do professor no que diz respeito tanto a sua formação profissional como a maturidade da aplicação de instrumentos avaliativos no decorrer do ano letivo, sobretudo, no caso de profissionais recém formados que precisam ingressar no sistema educacional conscientes de seu papel social e de sua função para colaborar com mudanças positivas na realidade dos alunos, é imprescindível.

A pesquisa de campo será feita em uma escola pública de Planaltina – DF com um grupo de professores privilegiados para o ensino.

Esta monografia está dividida em três capítulos. O primeiro discorrerá acerca do Ensino de Língua Portuguesa no Brasil e trará a revisão bibliográfica sobre a Avaliação Formativa e sobre o uso de Portfólio. No segundo capítulo, apresenta os caminhos percorridos na pesquisa, seus objetivos, os participantes, instrumentos de coletas de dados, no qual será um questionário misto sobre suas práticas avaliativas, tempo de profissão e de como dá-se o uso de Portfólio e as formas avaliativas, juntamente com os seus procedimentos, finalizando com o contexto da escola campo de pesquisa. No terceiro capítulo será realizado uma breve análise acerca dos dados colhidos no campo de pesquisa e na sessão considerações finais, apresenta-se nossas conclusões e exercícios que apontam alguns caminhos possíveis para um ensino mais significativo.

Conclui-se que este trabalho sirva como referência na reflexão da Avaliação da Aprendizagem praticada em nossas escolas,na tomada de decisões por parte do professor de modo que este reflita a acerca de soluções possíveis para um ensino mais significativo da Língua Portuguesa no Ensino Fundamental.

CAPÍTULO I

A avaliação formativa e suas contribuições para o ensino da língua portuguesa

A partir da reflexão sobre a educação no ensino de Língua Portuguesa (LP) no Brasil, percebemos a necessidade de mudança. É nessa ideia que se deve basear-se seu ensino. Acreditamos que para que haja mudanças no ensino é o preciso que haja mudanças nas maneiras de avaliar o aluno. Ler e escrever não é apenas o juntar sílabas e letras ou juntar as palavras na formação de frases. Conforme nos orienta a leitura dos PCNs do Ensino Fundamental é necessário que o aluno aprenda a elaborar textos que sejam coerentes e não apenas um agregado de palavras sem sentido. É preciso ensinar LP destacando sua função social e priorizar a produção de sentido que um discurso deve promover com ênfase em seu caráter comunicativo e interativo, ao seu uso efetivo por parte dos educandos. Iniciaremos nossas reflexões sobre como se dá historicamente o ensino de LP no Brasil..

  • – O Ensino Língua Portuguesa no Brasil

No que diz respeito à prática e ao Ensino de Língua no Brasil, deixa-se muito a desejar com relação a epilinguística, ou seja, ao exercício da reflexão sobre o texto lido ou escrito e da intervenção sobre esse de forma a explorá-lo em suas distintas possibilidades de realização. A atividade epilinguística se distingue da atividade lingüística, basicamente voltada para o próprio ato de ler e escrever, pois está intimamente ligada a reflexão sobre o texto, sua finalidade, suas possibilidades. A produção e interpretação de textos devem ser trabalhadas desde os anos iniciais do Ensino Fundamental para que o aluno encontre o seu caminho na tomada de decisão e no controle sobre suas criações e na sua inserção no mundo letrado. De acordo com os PCNs do ensino de LP (BRASIL, 2001, p. 41):

Ao longo de oito anos no ensino fundamental, espera-se que os alunos adquiram progressivamente uma competência em relação à linguagem que lhes possibilite resolver problemas da vida cotidiana, ter acesso aos bens culturais e alcançar a participação plena no mundo letrado.

Para isso, é necessário que tanto o aluno, como a escola e o professor, trabalhem juntos na obtenção de resultados positivos ao crescimento cognitivo, moral, ético e reflexivo de todos os envolvidos,. Assim, a evolução e participação do educando no mundo letrado o ajudará na construção e compreensão de sua própria história. O auxiliará na construção da linguagem oral e escrita , na perda da timidez, no ganho de confiança para o uso aprendizado e de ações satisfatórias no meio social em que vive.

O lugar privilegiado para transformar o aluno, para o trabalho de todas as suas capacidades, para demonstrar suas habilidades é a escola. Nela, tanto o ensino de Língua Portuguesa como a facilidade como os demais devem estar voltados para a aprendizagem, reflexão e inserção social. Na escola deve haver o crescimento do aluno com a ajuda do professor visando sua formação e aquisição de conhecimentos científicos, culturais, sociais e lingüísticos. Esta deve buscar também os pais e sua parceria. Assim, a comunicação e a facilidade de argumentação em língua portuguesa não será mais algo distante e assustador, mas sim, o degrau e alicerce para um aluno presente e transformador, membro atuante da sociedade, como nos sugerem os PCNs do Ensino Fundamental do ensino de LP "para ser considerado competente em Língua Portuguesa, o aluno precisa dominar habilidades que o capacitem a viver em sociedade, atuando de maneira adequada e relevante nas mais diversas situações sociais de comunicação" (BRASIL, 2001, p. 19). Para conseguir este perfil é preciso de educando é preciso que o professor tenha um perfil de formador e não um perfil tradicional. Falaremos deste perfil na próxima sessão deste capítulo.

1.2 - O Professor Formador: Um Perfil Diferenciado

Para iniciar a discussão sobre o professor formador é importante falar da história da Educação no Brasil, que vem desde a chegada dos jesuítas e passa por vários períodos até chegar aos dias de hoje: dias de Abertura Política. Contudo, nós professores e futuros professores, ainda temos ranços do regime militar, em que o ensino escolar, desde o primeiro período, exigia um aluno passivo, que deveria permanecer sentado ouvindo o professor, sem poder expressar sua opinião, pois o docente sempre foi a autoridade. Um ensino mecânico, monótono e autoritário, nesse sentido o professor acaba perdendo seus valores como educador, sendo apenas um mero informador e não um formador.

Na Educação temos um grande exemplo de professor formador: Paulo Freire, grande educador, escritor e criador do Mova (Movimento de Jovens e adultos), que está em vigor desde 2003 em 10 estados brasileiros. Nele são alfabetizada todas as pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, indo à noite aprender a ler e a escrever, depois de um longo dia de trabalho, em lugares que as vezes, são cedidos pelos próprios professores. Assim, a grandeza da vontade de estudar e de ser educado, aumenta e se transforma, e todos ( professores e alunos), se educam e refletem sobre a educação e sabem da sua importância para a inserção social...

O professor formador necessita de uma postura crítica deixando de lado a educação reprodutora e conservadora, abre espaço à prática da educação transformadora (verdadeiramente progressista), capaz de refletir sobre nossa condição no mundo, sobre nossa responsabilidade com o próximo, nossa leitura da realidade. Um verdadeiro educador deve refletir sempre sobre a sua prática e a sua importância social. Paulo Freire nos alerta ao afirmar que "a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blablablá e a prática, ativismo" (FREIRE, 1996, p.24).

O professor formador deve estar consciente de que a educação só é verdadeira quando propicia a tomada de decisões e a reflexão sobre a realidade. Não há como ensinar um aluno a ler e escrever apenas para utilizar a escrita de maneira mecânica, apenas para decodificar o que está escrito, apenas para ler os textos dos livros didáticos. O ensino da língua exige seu uso no contexto social e que esta permita uma leitura do mundo e ajude o aluno a se inserir em um mundo letrado. Para realmente cumprir esse papel, o docente necessita querer bem aos seus educandos. É necessário um relacionamento recíproco, aberto e franco em que se possa discutir a realidade e modificá-la. Um verdadeiro educador reconhece que, que a aprendizagem não acontece a partir de uma prática autoritária da profissão, mas sim no reconhecimento de virtudes que possibilitam um relacionamento amoroso, respeitoso, amigável e humilde para com os alunos. Reconhece também que todos têm escolhas e com isso, respeitar as diferenças, fazendo a prática-progressista acontecer, de modo que, além da técnica, a ciência docente, caminhe junto o progresso, para isso, a estética e a ética precisam existir. Como afirma Paulo Freire (1996, p. 33):

Estar longe, ou pior, fora da ética, entre nós mulheres e homens é uma transgressão. É por isso que transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamental no exercício educativo, o seu caráter formador.

A estética faz referência a toda arte da educação, indo ao mais alto grau de manifestação dos saberes progressistas e junta-os com o olhar crítico da e também ético da profissão docente, nos seus mais elevados valores morais. Portanto um professor com perfil diferenciado necessita trabalhar para o exercício do caráter formador. Aquele que pretende promover a aprendizagem e não apenas transfere conhecimentos ou que repassa o que leu ou ouviu de alguém mecanicamente. É necessário uma verdadeira preparação, uma qualificação e seleção de conteúdos que ajudem a promover a aprendizagem, a leitura do mundo, a troca de saberes. É importante também a busca pela curiosidade e pela ética na educação. Para Paulo Freire (1996 p. 86),"o fundamental é que professores e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica,aberta, curiosa, indagadora e não apassivada enquanto fale ou enquanto houve".

Logo o professor formador é progressista, na conquista de uma postura ética com a do aluno, e que para isso é necessário a troca e a relação ativa e não passiva em relação ao mundo e ao conhecimento,. Essa prática só pode acontecer por meio do diálogo e não de um monólogo em que apenas o professor se expressa. Uma relação de troca e de reflexão em que a aprendizagem esteja como centro... Conforme Demo "O bom professor consegue conversar com o aluno de tal sorte a lhe mostrar que seu desempenho não é satisfatório, procura entender as razões do mau desempenho, e, sobretudo, apresenta-se como apoio para resgatar as oportunidades" (2004, p. 59): Isso só pode acontecer se mudarmos a lógica classificatória da avaliação escolar em que o aluno é avaliado apenas por meio de provas e pela capacidade de memorização de conteúdos. Essa nova postura do professor não é condizente com uma avaliação que apenas classifica, que transforma o aluno em um número no fim do bimestre. Em nosso entendimento, esse fazer formativo do professor só pode acontecer com a mudança de concepção na avaliação escolar e sua transformação em concepção formativa. A avaliação, sua prática nas escolas e a necessidade de um novo fazer avaliativo serão alvo de discussão das próximas sessões deste capítulo.

1.3 – A Avaliação Escolar e suas Concepções

Antes de discorrer a respeito da avaliação, é importante falar da sua etimologia. Avaliar é uma palavra originária do latim provinda da composição a-valere, que significa "dar valor a". Atribuir valor não representa necessariamente o estabelecimento de um número, não é a quantificação de algo como ocorre na atribuição de notas a alunos. Em nossa concepção avaliar deve estar ligada ao seu sentido qualitativo de atribuição de mérito, de qualificar e não quantificar. No que diz respeito a avaliação escolar há duas concepções possíveis, a classificatória e a formativa, de forma bem elementar podemos afirmar que a primeira está voltada à quantificação enquanto a última à qualificação das aprendizagens e dos educandos.

Como nos afirma Villas Boas (2004, p. 10),"a avaliação é um tema velho e novo ao mesmo tempo. É Velho porque sempre existiu em escolas. E novo, porque, nos últimos anos, adquiriu grande importância". Vamos discutir a importância da avaliação como prática formativa que privilegia a aprendizagem, pois há que não a entenda assim. Perrenoud (2008) afirma coexistirem na prática escolar duas lógicas avaliativas, uma fundamentada na concepção classificatória e outra em uma perspectiva formativa do processo de ensino-aprendizagem. Contudo, mesmo com perspectivas diferentes, os resultados avaliativos continuam a ser utilizados pelos docentes para promover ou excluir, qualificar ou desqualificar os educandos. Essas duas lógicas no processo de avaliação, apontadas por Perrenoud (2008), serão conceituadas e discutidas a seguir.

Segundo Azzi (2009) a avaliação classificatória está ligada à noção de medida, à crença de ser possível verificar a aprendizagem matemática e objetivamente. Esta ideia está ligada a padrões de rendimento pré-estabelecidos a partir dos quais o desempenho de um estudante é medido e hierarquizado com o objetivo claro de estabelecer uma classificação do aluno para fins de aprovação ou reprovação. Esta classificação dá-se por meio de instrumentos de avaliação como provas, testes, exercícios, entre outros. Na avaliação escolar, este instrumento é elaborado, aplicado e corrigido pelo docente. O professor no processo é quem define todos os critérios. Geralmente este instrumento é aplicado ao fim de uma unidade de estudos, bimestre, semestre ou ano letivo com objetivo de verificar se houve aprendizagem de determinados conhecimentos trabalhados no decurso da unidade de estudo. Azzi (2001 p.19 ) afirma que esta concepção de avaliação

é sempre associada à ideia de classificação, aprovação e reprovação. Tal associação tem sentido e não é errada em uma proposta que tenha esses objetivos. Numa proposta que vise à inclusão do aluno, a avaliação final necessita ser redimensionada, sem perder seu caráter de seriedade e rigor.

Esta avaliação, por não estar ao longo do processo educativo não contribui para a inclusão do aluno neste mesmo processo, portanto é excludente e precisa ser repensada. Outro fator importante a ser pensado é que sendo o docente um ser humano, o critério de objetividade, subentendido na idéia de avaliação como medida, perde sua confiabilidade, pois não há como um professor desnudar-se de sua subjetividade, seus valores e sua visão de mundo na hora de mensurar um trabalho. Este tipo de avaliação costuma estabelecer o aluno como o único responsável pelo seu desempenho, ou seja, o aluno que aprende se esforçou e o que não aprende é porque não quis desta forma a avaliação classificatória serve apenas à discriminação e à injustiça social. Assim, os professores que ajem desta forma, não se preocupam como valor humano. Satisfazem-se apenas em classificar e atribuir uma nota ao discente que ele convive todos os dias excluindo seus alunos. Conforme Perrenoud (1999, p.11):

A avaliação é tradicionalmente associada, na escola, á criação de hierarquias de excelência. Os alunos são comparados e depois classificados em virtude de uma norma de excelência, definida no absoluto ou encarnada pelo professor e pelos melhores alunos.

As hierarquias de excelência ligam-se aos modos de avaliar os alunos, na distribuição de atividades como provas de rotina, na forma de atribuir pontuação de acordo com o valor que cada um receber do docente. Assim o aluno é classificado como ruim ou ótimo (aprovado ou reprovado).

O papel dessas hierarquias é comparar um aluno com o outro, fazendo valer o julgamento do professor para toda a escola. O docente atribui uma nota e o valor nela tirado é o valor que o próprio aluno passa a ter. Essa hierarquia de excelência promove a exclusão por favorecer o julgamento e comparação de uma aluno com o outro. O aluno não é valorizado conforme as suas produções, a sua capacidade e a sua evolução, mas de acordo com o grupo que está inserido. Ainda em Perrenoud (1999) "elas dizem sobretudo se o aluno é melhor ou pior que seus colegas" ( p. 12). Essa lógica é perversa e não favorece o crescimento dos alunos, não favorece outros saberes além do cognitivo. Nas palavras de Celso Antunes 2008, em palestra proferida sobre avaliação escolar "é preciso avaliar o aluno na sua integridade e não somente nos saberes escolares". Um aluno precisa se desenvolver integramente e é saberes como afetividade, cooperação, respeito, que não podem ser medidos e que são essenciais para a vida em sociedade. A escola também deve promover sua prática.

Na concepção formativa a avaliação escolar existe para ver se realmente o aluno aprendeu e, se não houve aprendizado, para providenciar meios para que a aprendizagem aconteça. Para Villas Boas (2008) a avaliação formativa foi concebida com o intuito de favorecer a aprendizagem do aluno e também do professor. A avaliação formativa é aquela que "engloba todas as atividades desenvolvidas pelos professores e alunos, com o intuito de fornecer informações a serem usadas como feedback para reorganizar o trabalho pedagógico" (VILLAS BOAS, 2008, p. 39). A autora entende por feedback um sistema feito para ajudar professor e aluno. Para o professor ajuda a ter uma base de até onde está indo o entendimento do aluno; é bom para ter uma avaliação para poder melhorar a qualidade de ensino e obter melhor resposta. Para o aluno ajudar a perceber suas potencialidades e fraquezas.

Villas Boas (2008) afirma que o professor tem que ter a capacidade de entender o que se passa com o aluno, saber qual a dificuldade de cada um e o que pode ser feito para melhorar seu aprendizado. "O professor é quem sabe o que os alunos precisam aprender; é ele quem é capaz de reconhecer e descrever o desempenho desejável, assim como indicar como o desempenho ainda incipiente pode ser melhorado" (VILLAS BOAS, 2008, p. 40).

Sadler (1982) citado por Villas Boas (2008 p. 41) afirma que :

É necessário que o aluno: a) conheça o que se espera dele (objetivos da aprendizagem); b) seja capaz de comparar o seu nível atual de desempenho com o esperado; c) se engaje na ação apropriada que leve ao fechamento da distância entre os níveis. Essas condições são satisfeitas simultaneamente; não são etapas a serem vencidas isoladamente.

A idéia de avaliação formativa é a de desenvolver nos educandos autonomia. O aluno tem que ter opinião e deve saber se auto-governar traçar metas par o seu próprio estudo, ser incluído no processo de avaliação, ser incluído no processo social, pois a avaliação formativa tem um alcance tão amplo que promove a inserção do educando em seu meio. O entendimento desta questão é da maior importância para a compreensão total do que é a avaliação formativa. Como afirma Delors (2001, p. 170):

A avaliação da educação deve ser entendida em sentido amplo. Não visa unicamente a oferta educativa e aos métodos de ensino mas também os financiamentos, gestão, orientação geral e prossecução de objetivos a longo prazo.

Uma concepção formativa de avaliação não muda apenas a escola, mas a própria sociedade. Assim é preciso que nossas escolas caminhem no sentido de implementar a concepção formativa para que as tão sonhadas mudanças na educação aconteçam. Só esta nova concepção pode favorecer a aprendizagem. A educação é um tesouro que pode mudar os rumos de uma nação.

1.4 – Avaliação Formativa: A necessidade de um novo olhar

Considera-se avaliação formativa todo tipo de instrumento que favoreça a aprendizagem do estudante, ou seja, tudo o que colaborar para o seu crescimento cognitivo, pode-se chamar assim. Ela também está ligada a formação do aluno quando se trata de sua valorização em todos os sentidos, educando-o e qualificando-o como um ser humano. Nas palavras de Villas Boas (2004 p.26 ):

A avaliação existe para que se conheça o que o aluno já aprendeu e o que ele ainda não aprendeu , para que se providenciem os meios para que ele aprenda o necessário para a continuidade dos estudos. A avaliação é vista então, como uma grande aliada do aluno e do professor. Não se avalia para atribuir nota, conceito ou menção. Avalia-se para promover a aprendizagem do aluno.

Assim a avaliação é feita para conhecer melhor o aluno, para verificar sua aprendizagem diante do que foi ensinado em sala de aula. O que prevalece é a qualidade e a reflexão sobre o conhecimento. Professor e aluno trabalhando juntos para que possam chegar a uma finalidade comum seu crescimento intelectual, cultural, afetivo e social. O aluno aqui é enxergado em relação ao seu próprio crescimento e não em relação a outros alunos considerados pelo professor como modelos, como acontece na avaliação somativa ou classificatória, que baseia-se na quantificação do saber, na classificação. Concordamos com Luckesi (2008) quando afirma que "tanto do ponto de vista do sistema (governos federal, estadual e municipal) quanto do educador, é preciso estar interessado em que o educando aprenda e se desenvolva individual e coletivamente" (p. 121). Essa é a função primordial da escola promover o desenvolvimento de seus alunos.

Para isso é preciso que o professor tenha consciência do seu papel. Conforme Libâneo (1985, p. 128):

É preciso que o professor aprenda abarcar todos os aspectos, ligações e mediações inerentes à ação pedagógica, tomá-la no seu desenvolvimento, nas suas contradições, a fim de introduzir no trabalho docente a dimensão da prática histórico-social no processo do conhecimento.

O professor necessita da postura reflexiva e ética, bem como ter noção da importância da dimensão social de sua prática. Principalmente um professor de língua portuguesa que precisa inserir seu aluno em um mundo letrado em que o conhecimento da língua é primordial para seu sucesso.

É preciso uma reformulação tanto no sistema de ensino brasileiro, como o investimento na formação continuada dos professores que atuam há bastante tempo. O professor precisa conhecer e aplicar novos instrumentos avaliativos. A necessidade da participação do discente em sua própria educação escolar, profissional e social, é imprescindível nos dias atuais. Há muita informação, porém pouco espaço para se colocá-la em prática, pois o professor e tampouco o sistema educacional oferecem esse espaço. É preciso que o professor crie estes espaços e que não privilegie a prova e a redação como únicos instrumentos de avaliação da língua portuguesa. Há uma série de outros instrumentos que propiciam uma maior interação entre os alunos, entre eles e o conhecimento como seminários, debates, autoavaliação, portfólios. É preciso uma mudança de postura como nos adverte Jussara Hoffmann (2006) a análise da avaliação escolar revela que deve haver "a necessária revisão das posturas pedagógicas que alicerçam as ações educativas e, consequentemente, fundamentam a elaboração de registros de avaliação" (p. 99). É preciso a busca por instrumentos diferenciados que possibilitem a aprendizagem e que registrem a evolução de cada aluno. Como citado no relatório da PESQUISA NACIONAL UNESCO (2004) "a função do professor é essencialmente, a de criar condições para que a aprendizagem se consubstancie" (p.125). Desta forma é preciso que o professor estude, planeje e busque meios de avaliação que possam demonstrar a evolução de seus alunos e que respeite a diversidade e a individualidade. Cada aluno tem um ritmo próprio CE aprendizagem que deve ser respeitado.

Jussara Hoffmann (2005, p. 23) afirma que "é preciso um olhar atento sobre o estudante. Sua vida é diferente em cada etapa e este aprende a cada dia e lentamente". Acreditamos que o portfólio é um instrumento de avaliação capaz de abrigar essa diversidade humana e capaz de evidenciar o crescimento individual dos alunos. Na próxima sessão discorreremos sobre ele.

1.5 – O Uso de Portfólio e sua Contribuição para a Aprendizagem em Língua Portuguesa

A busca de novas alternativas para se trabalhar em conjunto com as avaliações tradicionais no ensino de língua portuguesa nos levou à descoberta do portfólio. Instrumento avaliativo muito utilizado na concepção formativa de avaliação vindo de outros países, e nesses, bastante utilizado em todos os ciclos.

Esse novo instrumento avaliativo, mas vale a pena ressaltar que ele não veio para substituir os já existentes, (como a prova por exemplo), é retirado do campo das artes. Conforme Miranda (2009 p. 41)

Originário das artes plásticas, o portfólio é- grosso modo – uma pasta que guarda amostras de um processo em andamento. Os artistas, com seus próprios julgamentos, selecionam o melhor de sua produção até aquele momento e organizam tudo cronologicamente.

Ele é usado para abrigar as criações realizadas no decorrer de um processo, estabelecido por seu próprio autor ou mesmo por outra pessoa responsável. Sua função principal é poder demonstrar as atividades e a evolução de seu autor...

No ensino educativo isso não é diferente, a única controvérsia é que essa demonstração na escola é determinada pelo professor, e pode acontecer tanto bimestral, semestral como também anualmente. Nele, há criações e reflexões feitas pelo discente de acordo com o conteúdo trabalhado. Sua riqueza é tamanha que pode abrigar nele outros instrumentos avaliativos existentes e citados nesse trabalho. Um portfólio pode abrigar provas, trabalhos, redações, poemas, ditados, desenhos, textos diversos, autoavaliações, relatórios docentes, enfim, os mais variados instrumentos avaliativos, o que comprova assim a sua utilização não excludente de outras formas avaliativas. Ele é uma inteligente parceira ao desenvolvimento cognitivo, afetivo, artístico e reflexivo no que diz respeito ás criações e feitos do discente, na demonstração de seus aprendizados de cada série do Ensino Fundamental de acordo com a decisão do professor e do aluno.

Em Villas Boas (2004 p.38) encontramos uma definição de portfólio:

O portfólio é um procedimento de avaliação que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar seu progresso. Eles são, portanto, participantes ativos da avaliação, selecionando as melhores amostras de seu trabalho para incluí-las no portfólio.

Ou seja, o portfólio promove a participação ativa do aluno no processo educativo. Este passa a ser sujeito do processo e a acompanhar sua própria evolução Professor e alunos trabalham juntos para que se promova o conhecimento; o aprendizado; a fim de serem buscados resultados satisfatórios. Assim, além de ser feita a amostragem das produções da série em que está o aluno, ele pode organizar também outros assuntos que o interessam e que tenham haver com o conteúdo aplicado em sala e em outras disciplinas, fazendo uma contextualização entre eles.

Nesse instrumento chamado de portfólio, o aluno é comparado a ele mesmo, no sentido de somente ter ali reunidas, as suas produções e reflexões; a sua opinião em relação ao assunto estudado. Ele também trabalha a coletividade quando da socialização das produções. Nessa socialização, os alunos expõem o que acharem relevante em relação ao que fez, colocando os pontos principais do assunto, o que achou legal e o que não achou, qual a contribuição cognitiva e social, as suas descobertas, ou seja, é o aluno produzindo e refletindo sobre sua aprendizagem, e mais ainda, a comparação que ele faz consigo mesmo. O portfólio revela o crescimento da produção escrita de um aluno. Nele o aluno pode comparar seus próprios textos, como começou e como terminou determinado ano letivo.

Apesar disso o portfólio é um instrumento pouco explorado nas escolas brasileiras. Muitos professores o acham complicado e difícil e preferem os métodos antigos, menos trabalhosos e em que podem manter um controle sobre os alunos. Para Hoffmann (2006 p.22) a mudança na avaliação classificatória só se dará quando o professor buscar novas formas. A autora afirma que "é necessária a abertura a novas condutas a partir de investigações que levem outros professores a acreditar que é possível. E ampliar o círculo". Nesse sentido, é urgente o relato de experiências que colaborem com esses princípios e revelem uma prática diferenciada. É nessa prática diferenciada que o portfólio se insere.

O portfólio é um conjunto de evidências de aprendizagem que demonstra o desenvolvimento integral do aluno e que liga-se ao trabalho educativo formando uma nova avaliação pedagógica e valoriza seus participantes ao demonstrar seu crescimento individual.

Envolver os pais nesse processo também é importante, pois a participação deles enriquece o trabalho e fortalece laços entre escola e comunidade. O uso de portfólios exige um acompanhamento de professores, alunos e pais no desenvolvimento e crescimento cognitivo de tudo o que se é aplicado em sala como também na escola. É o que afirma Shores & Cathy (2001 p.18):

Deveríamos trabalhar mais para educar os pais a respeito dos benefícios e das limitações de diferentes estratégias de avaliação, de modo a fazer com que eles entendessem que um teste padronizado não irá revelar nada de novo sobre seus filhos, enquanto um portfólio não irá dizer como seu filho se compara em relação a outras crianças da sala de aula do estado em que se vivem ou do país.[...] os portfólios são a base e o contexto para o aprendizado, sendo o registro das experiências e das realizações únicas de cada criança.

Essa é a maior riqueza do trabalho com os portfólios: a capacidade de demonstrar realizações que são únicas, que revelam pessoalidade, cognição e crescimento individual. Cada portfólio é único. O trabalho com portfólio compara o aluno a ele mesmo, demonstra e evidencia sua própria aprendizagem. Ele faz com que o aluno pense e repense sobre seu progresso e mais ainda, tome decisões sobre o que colocar no próximo trabalho, então, a plena participação dos alunos nesse processo de aprendizagem requer um querer e grande responsabilidade como o interesse e vontade de ajudá-los.

Ainda em Shores & Cathy, afirmam que, com o uso de portfólios, o aprendizado acontece de maneira natural, madura , responsável e real tanto no aluno-professor, como nos pais , porque com esse procedimento, todos passam a conhecer verdadeiramente com quem eles convivem em casa, na identificação das suas dificuldades, passando a existir um diálogo entre pais, alunos e professores a fim de que todos fiquem satisfeitos pelos trabalhos realizados.

Ao contrário da avaliação convencional, que mostra uma imagem estática do desenvolvimento discente, o portfólio assemelha-se a um filme que demonstra as aprendizagens em andamento. É um instrumento dinâmico e composto por um compêndio de produções que possibilitam perceber a evolução do educando, suas potencialidades e suas fragilidades.

O portfólio é um importante instrumento para o trabalho com a língua portuguesa porque permite o desenvolvimento de competências escritas e orais nos mais diferentes contextos de comunicação. As produções escritas permeiam todo o processo de produção do portfólio, a oralidade está presente em sua freqüente discussão com a professora e em sua socialização no grande grupo. Tanto na produção escrita quanto na oral dos discursos inerentes à feitura do portfólio, a reflexão é imprescindível. O conceito de reflexão é condição fundamental para o trabalho com este.

As produções escritas mais diversas, os diversos gêneros textuais podem estar presentes nele. O trabalho com os mais diferentes gêneros textuais, e seu desenvolvimento, quando devidamente documentado no portfólio, evidencia aprendizagens e faz dele um documento em contínua reformulação. O portfólio é um registro dinâmico das produções textuais dos estudantes, um registro material de seu percurso educativo.

O trabalho com o portfólio leva ao desenvolvimento da autonomia, e da autoavaliação dos alunos (VILLAS BOAS, 2008, passim). Eleva a aprendizagem em língua portuguesa em virtude de sua contribuição para a elaboração e compreensão dos códigos orais e escritos, da grande necessidade da leitura e da escrita durante o processo de feitura do portfólio, pela curiosidade que provoca e pelo papel de protagonista que o aluno assume na formulação deste documento.

O portfólio é um precioso instrumento que colabora para a compreensão e o uso da linguagem, tanto na produção oral e quanto na escrita dos alunos.Este instrumento possibilita efetivamente o desenvolvimento de competências importantes para o domínio da língua portuguesa. Favorece a produção textual na dimensão oral e escrita, favorece a compreensão e a interpretação adequada de textos orais e escritos. O desenvolvimento destas competências causa um impacto não apenas ao desenvolvimento linguagem, como também provoca, como conseqüência, um desenvolvimento cultural acentuado, o que favorece exponencialmente a inserção do aluno em um mundo letrado.

De acordo com os PCNs, no ensino da língua esperamos que os educandos aumentem o domínio ativo do discurso nas mais variadas situações de comunicação, com vistas à sua efetiva inserção no mundo da escrita, expandindo suas possibilidades de participação social no exercício da cidadania (BRASIL, 2001, p. 33). Como vimos ao longo desta sessão o uso do portfólio promove esta inserção e permite que o aluno trabalhe ativamente na aquisição de códigos orais e escritos, ou seja, o trabalho com portfólios colabora para o desenvolvimento de habilidades e competências pretendidas pelo ensino de LP.

Ainda segundo os PCNs, para alcançar os objetivos gerais do ensino de Língua Portuguesa para o ensino fundamental, a escola deve organizar um conjunto de atividades que, progressivamente, possibilite ao aluno:

  • Utilizar a linguagem na escrta e produção de textos orais e na leitura e produção de textos escritos de modo a atender a múltiplas demandas sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos e expressivos, e considerar as diferentes condições de produção do discurso;

  • Utilizar a linguagem para estruturar a experiência e explicar a realidade, operando sobre as representações construídas em várias áreas do conhecimento:

  • sabendo como proceder para ter acesso, compreender e fazer uso de informações contidas nos textos, reconstruindo o modo pelo qual se organizam em sistemas coerentes;

  • sendo capaz de operar sobre o conteúdo representacional dos textos, identificando aspectos relevantes, organizando notas, elaborando roteiros, resumos, índices, esquemas etc.;

  • aumentando e aprofundando seus esquemas cognitivos pela ampliação do léxico e de suas respectivas redes semânticas;

Analisar criticamente os diferentes discursos, inclusive o próprio, desenvolvendo a capacidade de avaliação dos textos:

  • contrapondo sua interpretação da realidade a diferentes opiniões;

  • inferindo as possíveis intenções do autor marcadas no texto;

  • identificando referências intertextuais presentes no texto;

  • percebendo os processos de convencimento utilizados para atuar sobre o interlocutor/leitor;

  • identificando e repensando juízos de valor tanto socioideológicos (preconceituosos ou não) quanto históricoculturais (inclusive estéticos) associados à linguagem e à língua;

  • reafirmando sua identidade pessoal e social;

Conhecer e valorizar as diferentes variedades do Português, procurando combater o preconceito lingüístico;

Reconhecer e valorizar a linguagem de seu grupo social como instrumento adequado e eficiente na comunicação cotidiana, na elaboração artística e mesmo nas interações com pessoas de outros grupos sociais que se expressem por meio de outras variedades;

Usar os conhecimentos adquiridos por meio da prática de análise lingüística para expandir sua capacidade de monitoração das possibilidades de uso da linguagem, ampliando a capacidade de análise crítica. (BRASIL, 2001, pp.32-32)

Vimos nesta sessão que o uso de portfólios como instrumento avaliativo no ensino de LP é capaz de trabalhar todos os objetivos acima listados de maneira processual, autônoma, dinâmica, reflexiva. Todo esse processo permanece bem documentado e permite a troca entre os pares e entre o aluno, o professor e a família. O Portfólio é de fato um instrumento avaliativo que transforma o ensino e valoriza o processo educativo como um todo e um aliado da aprendizagem como processo.

CAPÍTULO II

Os caminhos percorridos na pesquisa

Este capítulo destina-se ao detalhamento do percurso e escolhas metodológicas para a realização da pesquisa. Podemos afirmar que esta pesquisa nasceu ao longo do curso e consolidou-se neste último semestre com a revisão de literatura sobre avaliação formativa e portfólio. Depois disso fomos a campo no intento de buscar refletir as possibilidades e desafios deste tipo de avaliação em nossas escola, mais especificamente no ensino de LP nos anos finais do Ensino Fundamental. Levamos conosco nosso problema de pesquisa: como promover, no ensino de língua portuguesa, práticas formativas de avaliação, capazes de favorecer a aprendizagem de nossos alunos e de melhorar o ensino das letras em nosso país?

2.1 – Foco da Pesquisa

O foco da pesquisa é a investigação do ensino de Língua Portuguesa nos anos finais do Ensino Fundamental em uma escola pública do Distrito Federal.

Procuraremos investigar quais instrumentos avaliativos são utilizados nesta escola para a verificação das aprendizagens em Língua Portuguesa.

A pesquisa foi realizada com quatro professores de LP do ensino fundamental. Em uma escola de Planaltina –DF. Essa escola é frequentada por alunos de classe média baixa.

Com relação aos professores participantes, uns mostraram-se bastante interessados na pesquisa, esperaram e ouviram. Outros, mostraram-se um pouco impacientes, mas, ao final, acabaram cedendo e aceitaram participar.

2.2 Objetivos de Pesquisa

O objetivo geral deste estudo é o de investigar práticas avaliativas que favoreçam a aprendizagem do ensino da Língua Portuguesa nos anos/séries finais do Ensino Fundamental. Este objetivo geral desdobra-se nos seguintes objetivos específicos:

  • Efetuar uma revisão de literatura acerca da concepção avaliativa de avaliação que tenha o portfólio como instrumento principal;

  • Investigar a concepção de avaliação de um grupo de professores de língua portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental de uma escola;

  • Examinar que instrumentos avaliativos são utilizados pelo grupo de professores e se estes favorecem a aprendizagem de Língua Portuguesa.

  • Verificar as dificuldades e possibilidades do uso do portfólio como instrumento de avaliação nos anos finais de Ensino Fundamental.

Para desenvolvimento da pesquisa, foi utilizada a abordagem qualitativa, que visa procurar possíveis soluções ao problema proposto. Essa abordagem intenciona interpretar a realidade e produzir teorias que expliquem a mesma. Com isso, buscamos a compreensão da prática avaliativa existente na escola pesquisada para, a partir dela, tecermos algumas análises à luz das teorias abordadas no capítulo teórico. Como discorre Bortoni-Ricardo ( 2008 p. 49).):

O objetivo da pesquisa qualitativa em sala de aula, em especial a etnografia, é o desvelamento do que está dentro da" caixa preta" no dia a dia dos ambientes escolares, identificando processos que por serem rotineiros tornam-se "invisíveis" para os atores que deles participam.

Portanto, a pesquisa qualitativa, procurará explicar como se dá a avaliação em nossas escolas e as possibilidades e dificuldades do uso dos portfólios no ensino de língua portuguesa.

Com este intuito, fomos a campo aplicar um questionário com 14 questões para professores tentando desvelar suas concepções sobre avaliação e sobre o conhecimento acerca do portfólio, instrumento de avaliação formativa proposto por este estudo.

2.3 – Participantes da Pesquisa

Os participantes da pesquisa são três professores de Língua Portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental de uma escola de Planaltina –DF.

2.4 - Instrumento de Coletas de Dados

O instrumento utilizado foi um questionário misto com perguntas abertas e fechadas que tinham como objetivo em primeiro momento determinar a experiência docente, a formação e o vínculo institucional de cada professor para posteriormente buscar suas concepções e fazeres avaliativos.

2.4.1 – Questionários Mistos

Procuramos, com os professores participantes, fazer com que respondessem as perguntas abertas (subjetivas) e fechadas ( objetivas), na de suas concepções sobre a avaliação escolar. A questão que se coloca na aplicação de questionário misto é o fato de haver nele tanto perguntas objetivas ( diretas), como perguntas subjetivas (concepção de cada um a respeito do que for pedido no questionário) sobre avaliação formativa, a aprendizagem e os meios utilizados para que ela ocorra. O questionário é um instrumento escrito que possibilita a reflexão dos pesquisados acerca do mote da pesquisa e propicia um material escrito permanente que pode ser relido várias vezes na busca de sentidos. Os questionários propiciam dados ricos em detalhes acerca do tema de pesquisa e como este é percebido pelos informantes. Produzem informações com as quais possamos dialogar de maneira interativa para construir conhecimentos e elaborar teorias sobre estes.

2.5 – Procedimentos da Pesquisa

- Revisão bibliográfica do tema da pesquisa;

- Seleção da escola campo de pesquisa;

- Convite aos professores de Língua Portuguesa;

- Ida à escola campo de pesquisa para a aplicação do questionário;

- Leitura e análise das respostas do questionário para análise destas.

2.6 – O Contexto da Escola Campo de Pesquisa

O presente trabalho ocorreu em uma escola de Planaltina –DF. Esta escola foi selecionada em virtude de já haver um vínculo por ocasião do Estágio Supervisionado I, requisito do curso Licenciatura Plena em Letras da Faculdade.

A escola possui como nível de ensino as séries finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). O 6º e o 7° ano acontecem apenas no período vespertino, já o 8º e o 9° ano, no Matutino.

Há também a Educação de jovens e adultos (EJA), ocorrendo nos dois , matutino e vespertino.

Como a idade de certos alunos não os permitem continuarem nas séries em que estão e também pelo déficit de aprendizagem nestes, há a aceleração um programa educacional que objetiva acabar/minimizar a distorção idade/série dos alunos.

Além disso, a escola possui também uma sala de recursos com dez computadores e um televisor que ajuda aos alunos com deficiência auditiva (DA) e deficiência intelectual (DI) na prática educativa.

A escola conta com um diretor, um vice diretor, dois assistentes um pedagógico e um administrativo, três funcionários na secretária e oitenta e um professores atuando de manhã e tarde. Também há quatro coordenadores pedagógicos e três para a educação especial.

A sua estrutura física é de 44 salas de aula, 2 laboratórios de informática; 6 banheiros contando com o dos professores e direção; 9 bebedouros;1 biblioteca, 1 quadra de esportes, cantina e um espaço amplo com mesa e cadeiras para os alunos lancharem. Há ainda estacionamento interno para carros de funcionários. É uma escola ampla e respeitada pela comunidade escolar. Há nela uma aparente harmonia no convívio entre professores, alunos, pais e demais funcionários.

Este capítulo apresentou a metodologia de pesquisa e a escola onde a mesma aconteceu. No próximo capítulo procederemos a análise dos dados coletados.

CAPÍTULO III

Análise e discussão dos dados

A finalidade deste capítulo é de analisar os dados obtidos por meio de aplicação de questionários mistos a docentes de língua portuguesa acerca de suas concepções e práticas avaliativas. O questionário foi respondido por três professoras das séries finais do Ensino Fundamental. Importante ressaltar que os nomes atribuídos são fictícios por questões éticas.

O questionário se inicia com três questões objetivas que procuram traçar um pequeno perfil docente em relação ao tempo de profissão, formação acadêmica e vínculo institucional. .As respostas obtidas estão no quadro 1, vejamos:

Docente

Tempo de docência em anos

Formação acadêmica

Vínculo Institucional

Carla

12

Especialização

Concurso Público

Júlia

16

Especialização

Concurso Público

Vitória

20

Especialização

Concurso Público

Conforme tabela, a formação de todas é a especialização. Todas atuam a pelo menos uma década. Vitória atua a vinte anos. Assim o grupo pesquisado é um grupo com experiência em docência e com muitos anos de prática em avaliação escolar. Todas são concursados e possuem um vínculo efetivo com a Secretaria de Educação o que, junto com o tempo de trabalho, lhes oferece segurança na prática educativa. As demais respostas serão analisadas a partir desta ampla experiência e também de sua formação..

Abaixo, teremos quadros como este referentes ás outras perguntas do questionário, questões 4 a 14, com o fim de perceber as concepções das docentes sobre avaliação. Vejamos o quadro 2 relacionado á questão 4:Qual é a importância da avaliação na sua prática educativa?

Professoras

Respostas

Cecília

Valorizo muito esta ferramenta, pois é o meio de sabermos o que o aluno absorveu daquilo que ensinamos.

Júlia

Diagnosticar o aprendizado e também qualificar a qualidade dos conteúdos ministrados.

Vitória

A avaliação é quem norteia o trabalho a ser desenvolvido, indicando o que os alunos já aprenderam e o que ainda precisa ser trabalhado.

Todas discorreram muito bem sobre avaliação. Ela é um meio sim, conforme Cecília afirma, mas dependendo desse meio, ela o será formativa ou punitiva, nesse caso, está em suas mãos esse processo de valorização e aplicação adequada. As três demonstram saber da importância da avaliação como instrumento de retorno do trabalho docente. Vitória chega a afirmar que ela norteia o trabalho, essa é uma concepção formativa de avaliação segunda a revisão de literatura. Todas as três respostas apresentam elementos da concepção formativa.

Quadro 3 referente a questão 5: Como você elabora sua avaliação de Língua Portuguesa?

Professoras

Respostas

Cecília

Uso vários livros e internet. Gosto de contextualizá-la e costumo usar gravuras, ilustrações, tiras ( HQ).

Júlia

Sempre contextualizada, nunca cobro conceitos e sim a aplicação.

Vitória

Em Língua Portuguesa é importante diagnosticar a capacidade que o aluno tem de ler, interpretar e produzir textos variados, então, toda avaliação parte deste princípio. A elaboração depende de cada turma e o que precisa ser diagnosticado.

As duas primeiras dizem fazer contextualização, um fator importante para avaliação formativa, pois ela instiga os discentes a utilizarem outros saberes e possibilitam a interação com outras áreas do conhecimento e com a realidade. Vitória demonstra preocupação de elaborar sua avaliação de acordo com cada turma, pois nenhuma é igual, essa também é uma concepção formativa, assim como a contextualização dos saberes, e a aplicação dos conceitos e não sua memorização. Até agora percebemos um fazer avaliativo diferenciado no grupo pesquisado.

Quadro 4 referente à questão 6: O conteúdo que você cobra em prova tem o mesmo nível de dificuldade dos exercícios desenvolvidos nas aulas ou você prefere cobrar algo mais elaborado como desafio?

Professoras

Respostas

Cecília

Procuro acompanhar o mesmo nível dos exercícios feitos em sala de aula uma vez que acho bom esse nível.

Júlia

Elaboro 70% das questões com mesmo nível de exercícios já aplicados e 30% com questões mais difíceis um pouco.

Vitória

A avaliação é diagnóstica e não punitiva. Não posso cobrar algo que não foi trabalhado. Se os desafios são constantes nas atividades, então eles podem entrar nas avaliações, caso contrário, não.

Cecília avalia de acordo com sua prática educativa e está agindo com coerência em relação a todo seu discurso até aqui. Júlia já demonstra incoerência que a avaliação é para diagnosticar o que foi aprendido e apenas na avaliação ela lança desafios, demonstrando apresentar também elementos de avaliação classificatória. Vitória, a nosso ver, é a professora que mais demonstra a concepção formativa de avaliação, seu discurso é coerente, aplica conteúdos de acordo com o desenvolver de cada turma e avalia somente o que ela trabalhou para não"punir" seus alunos.

Quadro 5 referente à questão 7: escolha entre as duas afirmações a opção que julgar mais acertada e depois que justificassem suas respostas:

( ) A avaliação escrita é um momento em que o aluno evidencia o que aprendeu.

( ) A avaliação escrita representa um acerto de contas para alunos que não estudam.

Professoras

Todas marcaram a primeira afirmação

Justificativas

Cecília

A avaliação escrita é um momento em que o aluno evidencia o que aprendeu. O momento de expor o que aprendeu.

Júlia

A avaliação escrita é um momento em que o aluno evidencia o que aprendeu. A avaliação não serve somente para o aluno, mas para o professor também.

Vitória

A avaliação escrita é um momento em que o aluno evidencia o que aprendeu. Em educação não existe acerto de contas. A avaliação existe pra mostrar o que o aluno aprendeu, daquilo que foi ensinado, se o aluno não aprendeu, não foi ensinado.

Os três professores marcaram a primeira opção e demonstram, em suas respostas, não usar a avaliação como punição. Júlia demonstro um importante fundamento de avaliação formativa de que a avaliação é para o trabalho do professor e do aluno. Vitória mais uma vez mostrou um conhecimento diferenciado e aprofundado: não há ensino se não houver aprendizagem.

Quadro 6 referente à questão 8: Por que você acha que os alunos não gostam de provas?

Professores

Respostas

Cecília

Porque ficam nervosos. O ser humano é assim,, quando está sendo avaliado, seja como for, se sente incomodado, não se sente á vontade. Medo do julgamento ( nota).

Júlia

Porque ao longo dos anos já colocaram a palavra PROVA como obstáculo em qualquer coisa que se faça.

Vitória

Ninguém gosta de ser testado, quando os alunos percebem que é um diagnóstico, que vai fornecer elementos para que o professor faça intervenções necessárias... não há problemas. Entretanto quando percebe que é um elemento punitivo, não tem como gostar.

Cecília diz que o alunos têm medo da nota que poderão tirar, dando indícios que apesar de todo seu discurso formativo, para seus alunos é isso que a prova representa, a atribuição de notas. Já a Júlia fala que a prova é um obstáculo em tudo, pelo fato do nome em si ser assustador e desta forma também mostra que na prática sua prática é classificatória, pois não há indício de que seus alunos não tenham medo de suas provas. Ela não conseguiu desconstruir na prática esse medo dos alunos. Já Vitória diz demonstra que faz uma discussão com seus alunos de prova como diagnóstico para a intervenção do professor e afirma que assim não há problemas. Seu discurso continua consistente com a prática formativa.

Quadro 7 referente à questão 9: Você acha que há professores que tem uma postura punitiva em relação á avaliação?Justifique sua resposta.

SIM ( ) NÃO ( )

Professores

Respostas

Cecília

Sim. Porque elaboram provas já com o intuito de não passar ninguém, ou melhor, de nenhum aluno conseguir um boa nota.

Júlia

Sim. Infelizmente existem profissionais em qualquer área que não sabem trabalhar com dificuldades e acabam deixando o lado pessoal prevalecer.

Vitória

Sim. Professores que ainda acreditam que o aluno não aprende porque não quer, que se acham o máximo e vêem os alunos como seres medíocres. Infelizmente ainda existem professores com atitudes que nos remetem ao século passado.

Todas as três professoras admitem existir a prática de avaliação classificatória nas escolas e também a concebem como empecilho à aprendizagem o que condiz com a teoria revisada presente no capítulo teórico. Mais uma vez é Vitória quem demonstra um conhecimento mais aprofundado. Realmente na concepção classificatória de avaliação há a crença, por parte dos docentes, de que os alunos não aprendem porque não querem. Assim não há como o professor intervir, logo o problema não é do professor, é do aluno.

Quadro 8 referente à questão 10: O que você entende por avaliação formativa?

Professores

Respostas

Cecília

Avaliar, ou seja, outros métodos avaliativos que não seja a prova (aluno e prova).

Júlia

Avaliação com um determinado objetivo a ser alcançado.

Vitória

É a avaliação que fornece elementos para que o professor possa facilitar a aprendizagem dos alunos. Onde o erro do aluno indica o que ele precisa aprender e onde o professor deve focar sua atenção.

É formativa toda avaliação que ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver bem como toda prática de avaliação contínua que pretenda contribuir para melhorar as aprendizagens. As duas primeiras respostas são evasivas. Pode-se utilizar outros meios de avaliação e continuar praticando avaliação classificatória. A avaliação classificatória também tem um objetivo a ser alcançado: classificar o aluno, atribuir a ele um valor numérico, aprovar e reprovar. Por meio desta questão podemos perceber claramente porque Vitória apresenta um discurso diferenciado. Ela realmente tem conhecimento sobre a teoria formativa da avaliação. Esse conhecimento é evidente e coerente com o discurso apresentado até aqui. As outras duas professoras apresentam elementos de avaliação formativa no discurso, contudo estes não são tão consistentes quanto aos de Vitória.

Quadro 9 referente à questão 11: Você usa outros instrumentos avaliativos além da prova? Em caso afirmativo quais? E que peso dá cada um?

Professores

Respostas

Cecília

Sim. Trabalhos (individuais e grupos). Caderno ( atividades feitas em sala e em casa). Fichas literárias.

Júlia

Sim. Trabalhos, frequência, responsabilidade, debates orais etc( 50%).

Vitória

Na verdade... não utilizo provas. Algumas atividades cotidianas fornecem mais que a prova. Como trabalhos em grupo, onde haja troca, diálogo e pesquisa sempre é bom.

O conhecimento de Vitória sobre avaliação formativa é tão consistente que a mesma chega a abrir mão das provas e revela que outras atividades revelam mais sobre o aluno que as provas. Concepção coerente e consistente com a prática de avaliação formativa. Vitória também demonstra conhecer a força da troca e do diálogo, do trabalho coletivo para a aprendizagem. Cecília também fala de trabalhos em grupo, habilidade imprescindível para a prática formativa e a inserção social. Júlia afirma que a prova vale a metade da nota, mas não dá para saber se é por decisão própria ou por imposição, já que na Secretaria de Educação, por determinação institucional a prova não pode representar mais do que 50% da nota atribuída ao aluno.

Questão 12 :Você conhece o instrumento avaliativo denominado portfólio? Em caso afirmativo favor responder as questões 13 e 14.

Sim ( ) Não ( )

Professores

Respostas

Cecília

Sim .

Júlia

Sim.

Vitória

Sim .

Como podemos observar, todos marcaram a primeira e conhecem o portfólio e responderão às questões 13 e 14. Como as duas questões versão sobre o uso do portfólio apresentaremos os dois quadros primeiro e depois faremos a discussão das respostas.

Quadro 11 referente ás questões 13 : Como o conheceu e qual as suas impressões sobre ele?

Professores

Respostas

Cecília

Na Faculdade. Gostei, achei interessante.

Júlia

Na época acadêmica. Importante, porém cansativo.

Vitória

As leituras que realizo e pesquisa sobre o tema me mostram que é um excelente meio de aprendizagem e fornece elementos seguros sobre o que foi aprendido ou não.

Quadro 12 referente à questão 14 : Acha que poderia usar o portfólio em sua prática avaliativa? Por quê? Em caso afirmativo por favor explique como.

Professores

Respostas

Cecília

Sim. Ainda vou pensar como fazer isso.

Júlia

Não. É um trabalho longo e com a clientela que atua, não seria interessante.

Vitória

O portfólio é uma excelente ferramenta, exige planejamento e organização. Com certeza pode ser utilizado. Como será utilizado depende muito da turma, idade e do planejamento. Mas um trabalho que envolva pesquisa, produção de texto, análise de textos poderia favorecer uma boa avaliação.

De acordo com as respostas das três professoras e cruzando estas com todas as anteriores, podemos inferir que Júlia é a professora que demonstra ter mais elementos da avaliação classificatória, pois a prova para seus alunos é vista como um obstáculo a ser ultrapassado. Ela elabora sua prova com cerca de um terço de questões acima do nível trabalhado e atribui a esse instrumento a metade da nota do bimestre. Há elementos de avaliação formativa em seu discurso, contudo sua prática não demonstra coerência com seu discurso. Ela conhece o portfólio o considera importante, mas afirma não trabalhar com ele porque é um trabalho cansativo e longo e não é interessante para a clientela em que atua.

Cecília, apesar de ter menos anos de .profissão que Júlia já evidencia por meio do discurso uma prática mais formativa, embora ainda possamos perceber elementos da concepção classificatória em suas respostas, como no caso de não conseguir desconstruir em seus alunos o medo da prova. Ela conheceu o portfólio na faculdade e revela a possibilidade de utilizá-lo, apenas ainda não sabe como.

Vitória demonstrou ser uma professora com concepção predominantemente formativa. Não há em suas respostas nenhum indício de prática classificatória. Nenhuma incongruência com a concepção e o fazer avaliativo formativo. Mais uma vez demonstra mais conhecimento sobre o tema que as demais. Conhecimento fruto de pesquisas pessoais, diferente das outras duas que conheceram o portfólio na faculdade. Considera o portfólio uma excelente ferramenta, sabe que este exige do docente planejamento e organização. Contudo ainda não o utilizou. Esta professora apresenta um excelente perfil para o trabalho com o portfólio.

De acordo com Perrenoud ( 2008, p. 103)," é formativa toda avaliação que ajuda o aluno aprender e a se desenvolver". A avaliação formativa está ligada à participação ativa do aluno e o portfólio, como vimos, possibilita isso. Há duas professoras na escola pesquisada que tem perfil para o uso adequado de portfólios contudo não o utilizam o que nos leva a questionar sobre isso. Uma resposta possível está no fato do professor precisar de muito planejamento e de grande organização e assim seu uso ser "cansativo", como disse Júlia. Talvez também pelo medo de utilizar algo sobre o que não se tenha domínio, o medo do novo e dos riscos de sua implantação. Paulo Freire (1996) nos encoraja ao uso do novo "ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação" (p.35). O novo é algo que exige de nós professores, formados ou em formação coragem.

Considerações finais

Ao longo desta pesquisa pudemos ter uma feliz constatação: há professoras atuantes nas escolas que realmente possuem uma concepção formativa de avaliação. Fato que não achávamos ser possível. Vimos que a teoria formativa está presente nos discursos de todas as professoras pesquisadas, mas não em todas as práticas. Podemos atribuir este fato a sua formação. Todas as professoras investigadas possuem especialização. Como observa Delors (2001 p. 162)) esta é uma das funções da formação de docentes

uma das finalidades essenciais da formação de professores, quer inicial quer contínua é desenvolver neles as qualidades de ordem ética, intelectual e afetiva que a sociedade espera deles de modo a poderem em seguida cultivar nos seus alunos o mesmo leque de qualidades .

Contudo, apesar de conhecimentos acerca de avaliação formativa terem sido disseminados no grupo de professoras estudado. Percebemos que o uso do portfólio não foi cultivado, ainda que tenha sido apresentado na faculdade a duas das professoras e tenha sido pesquisado por opção pessoal por uma delas. Duas das professoras não descartam seu uso. Uma delas possui amplo comnhecimento acerca das possibilidades de seu uso para a aprendizagem dos alunos em língua portuguesa. Em suas próprias palavras "um trabalho que envolva pesquisa, produção de texto, análise de textos poderia favorecer uma boa avaliação". Esta professora classificou o portfólio como uma excelente ferramenta de aprendizagem. Este é mesmo uma experiência muito peculiar pois

Não há uma maneira certa de produzir o portfólio. Aí reside seu grande valor: por meio da criatividade e da liberdade de expressão, o aluno se compreende e se faz compreender. (VILLAS BOAS, 2004, p.77):

O trabalho com o portfólio favorece a real produção do aluno, no sentido dele mesmo organizar seu trabalho utilizando sua criatividade e da forma pela qual ele escolher. Como vimos o trabalho com portfólios fortalece a autonomia nos educandos. Qualidade tão desejada quando se fala em educação e inserção social presente nos mais diferentes livros e documentos que versam sobre educação. Assim deve ser no trabalho com alunos adolescentes, como é o caso dos anos finais do Ensino Fundamental:

A formação do adolescente implica maior autonomia nas tomadas de decisão e no desempenho de suas atividades. Implica, ainda . a partir da nova percepção da realidade, dos direitos e deveres sociais e da responsabilidade crescente por seus atos, a constituição ou reformulação de valores e novos desdobramentos para o exercício da cidadania (BRASIL, 2001, p.46, grifos nossos).

O trabalho com o portfólio como vimos desenvolve estas qualidades, logo favorecem o tão desejado exercício de cidadania. O presente estudou buscou trazer contribuições para a prática da avaliação formativa e para o trabalho com portfólios na disciplina língua portuguesa nos anos finais do Ensino Fundamental.

Por meio da revisão de literatura evidenciamos as amplas possibilidades do uso do portfólio e de suas conexões com as práticas formativas de ensino pretendidas, contudo não conseguimos no grupo de professores pesquisados estabelecer a prática do trabalho com portfólios.

O aprofundamento desta pesquisa na pós-graduaçãovisará a busca das escolas e professores que usam o portfólio e estudando as possibilidades e desafios de seu uso para a aprendizagem em língua portuguesa..

A contribuição deste debate levou a finalização desta monografia com a esperança de logo poder estar lecionando português e utilizando os conhecimentos adquiridos no curso de licenciatura para a efetiva formação dos alunos e sobretudo visando uma troca de aprendizagens entre mim e os meus futuros educandos.

Referências bibliográficas

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DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. 5 ed. – São Paulo: Cortez, 2001.

SOARES, Edvaldo. Metodologia Científica: lógica epistemológica e normas. -São Paulo: Atlas, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários á prática educativa. – São Paulo: Paz e Terra, 1996.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora. Uma prática em construção da pré-escola á Universidade. 26 ed. – Porto Alegre: Papirus, 2006.

HOFFMANN, Jussara. Contos e Contrapontos do professor ao agir em avaliação.- Porto Alegre: Mediação, 2005.

LIBÃ,NEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. A Pedagogia crítica-social dos conteúdos. 21 ed.- São Paulo: Loyola, 1985.

LUCKESI, Cipriano. Avaliação da Aprendizagem escolar. 19 ed. – São Paulo: Cortez, 2008.

MIRANDA, Simão. Professor, não deixe a peteca cair! 63 ideias para aulas criativas. 5ªed.-São Paulo: Papirus, 2009.

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PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

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PISA (2000) Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – Relatório Nacional. Brasília, dez, 2001. Disponível em: . Acesso em: 15/04/2011.

PISA (2006) - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – Relatório Nacional – Brasília, dez, 2006. Disponível em . Acesso em 15/08/2011.

RICARDO-BORTONI. Stella M. O Professor Pesquisador. Introdução á pesquisa qualitativa. Rio de Janeiro: Parábola Editorial, 2008.

SHORES , Elizabeth F. e CATHY GRACE. Manual de Portfólio: um guia passo a passo para o professor.- Porto Alegre: Artmed, 2001.

VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Avaliação formativa e formação de professores: ainda um desafio. Linhas Críticas (UnB), v. 12, p. 75-90, 2006.

VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico.-São Paulo, Papirus,2004.

VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Virando a escola ao avesso por meio da avaliação.-SãoPaulo:Papirus,2008.

Anexo

ANEXO – I

DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO ÉTICO

 

Eu Lidiane Mingote Anselmo, responsabilizo-me pela redação deste Trabalho de Conclusão de Curso, atestando que todos os trechos que tenham sido transcritos de outros documentos (publicados ou não) e que não sejam de minha autoria estão citados entre aspas e está identificada a fonte e a página de que foram extraídos (se transcritos literalmente) ou somente indicadas fonte e página (se apenas utilizada a idéia do autor citado). Declaro, outrossim, ter conhecimento de que posso ser responsabilizado (a) legalmente caso infrinja tais disposições.

Planaltina-DF, 23 de Dezembro de 2011

 

__________________________________

Assinatura do Acadêmico

APÊNDICE A – Questionário de professores

Caro(a) professor(a),

Antes de mais nada, gostaria de agradecê-lo (a) por ter aceitado participar deste trabalho de pesquisa. Para a realização do mesmo, necessito de algumas informações a seu respeito, e algumas conceituações das quais você se vale em seu trabalho cotidiano. Este trabalho visa estudar a educação matemática, pesquisar e propor algumas soluções para melhorar as aprendizagens de nossos alunos. Por isso, peço-lhe a gentileza de responder às questões a seguir:

1 – Número de anos em que atua como docente: ______________________

2 – Formação acadêmica:

( ) Superior – Licenciatura Plena ( ) Superior – Licenciatura Curta

( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado

3 – Vínculo Institucional:

( ) Professor(a) Concursado(a) ( ) Contrato temporário

4 – Qual é a importância da avaliação na sua prática educativa?

5 – Como você elabora sua avaliação de língua portuguesa?

6 – O conteúdo que você cobra em prova tem o mesmo nível de dificuldade dos exercícios desenvolvidos nas aulas ou você prefere cobrar algo mais elaborado como desafio?

7 – Escolha entre as duas afirmações a opção que julgar mais acertada.

( ) A avaliação escrita é um momento em que o aluno evidencia o que aprendeu.

( ) A avaliação escrita representa um acerto de contas para alunos que não estudam.

Justifique sua resposta

8 – Por que você acha que os alunos não gostam de provas?

9 – Você acha que há professores que tem uma postura punitiva em relação à avaliação? Justifique sua resposta.

Sim ( ) Não ( )

10 – O que você entende por avaliação formativa?

11 – Você usa outros instrumentos avaliativos além da prova? Em caso afirmativo quais? E que peso dá a cada um deles?

12 – Você conhece o instrumento avaliativo denominado portfólio? Em caso afirmativo favor responder às questões 13 e 14.

Sim ( ) Não ( )

13- Como o conheceu e qual a suas impressões sobre ele?

14 - Acha que poderia usar o portfólio em sua prática avaliativa? Por quê? Em caso afirmativo por favor explique como?

Obrigada pela colaboração!

Agradecimentos

A Deus... somente a Ele. Jamais me abandonou. Sempre esteve ali a meu lado... eu sentia a presença dele em todos os momentos e sei que Ele estava comigo... me guiando... me sustentando. Foi Ele quem colocou pessoas em meu caminho escolhidas a dedo para me ajudar, e todas elas já sabem disso, pois agradeço-as a todo momento. Foi Ele quem me livrou de todo mal. Também foi e é Ele o motivo pelo qual faço tudo em minha vida e, antes de "ir" a algum lugar e realizar algo, eu o pergunto: "Pai, isso será bom para mim?" E Ele me dá a resposta...

O meu Deus, é o Deus do impossível. Nele eu confiarei para sempre em meu coração!

 

Autor:

Lidiane Mingote Anselmo

lidimingote[arroba]hotmail.com

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FACULDADE DAS ÁGUAS EMENDADAS

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM LETRAS



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