Efeito da restrição alimentar durante o final da gestação sobre o peso ao nascer de cordeiros Santa Inês



  1. Introducao
  2. Material e metodos
  3. Resultados e discussao
  4. Conclusoes
  5. Referencias bibliograficas

RESUMO: O experimento foi conduzido no setor de Ovinocultura da Universidade Federal de Lavras, com o objetivo de avaliar o peso ao nascer de cordeiros da raça Santa Inês, machos e fêmeas, nascidos de ovelhas submetidas ou não a uma restrição alimentar durante o terço final da gestação. Para tanto, foram utilizadas 44 ovelhas Santa Inês gestando gêmeos, as quais com 100 dias de gestação, foram confinadas e divididas em dois grupos: um grupo recebeu alimentação à vontade para satisfazer suas necessidades energéticas, e o segundo grupo recebeu alimentação restrita para satisfazer 60% das suas necessidades energéticas. O cálculo das necessidades energéticas foi baseado nas recomendações do ARC (1980), levando-se em consideração o peso da ovelha, o tempo de gestação e o número de fetos que cada ovelha estava gestando. Com relação as ovelhas, foram avaliados o peso corporal no início do experimento e logo após a parição, a duração da gestação e a massa biológica produzida. Com relação aos cordeiros, foram avaliados o peso ao nascer dos mesmos, sendo que para tanto estes animais foram divididos de acordo com o sexo (machos e fêmeas). O peso ao nascer dos cordeiros machos e fêmeas foi afetado pela restrição pré-natal, sendo que a média do peso ao nascer dos cordeiros machos sem restrição foi 4,162 kg e com restrição 2,893 kg; e o peso ao nascer das cordeiras fêmeas sem restrição foi 3,474 kg e com restrição 2,855 kg. A grande redução observada neste trabalho no peso ao nascer dos cordeiros machos (30,5%) e fêmeas (17,8%) revela a importância da adoção de um nível nutricional adequado para as ovelhas gestantes, principalmente durante o terço final da gestação.

Termos para indexação: Gestação, ovinos, restrição alimentar.

ABSTRACT: An experiment was conducted in the Sheep Production Sector of the Animal Science Department at the Federal University of Lavras, Lavras

MG to evaluate weight birth of Santa Ines lambs, males and females from ewes submitted or not to feed restriction during final pregnancy. A total of 44 ewes Santa Ines with twin lambs were utilized , divided in two groups: the first group was ad libitum fed and other was restricted fed (60% of energy requirements) during final pregnancy. The nutritional requirements for pregnancy ewes were calculated by ARC (1980) recommended with ewe s weight, gestation length and foetuses number. For ewes were evaluated initial and post-partum weight, gestation length and biological mass. For lambs were evaluated birth weight of males and females. The birth weight of males and females were affected by prenatal restriction, and the overall weight birth of males without restriction were 4.162 kg and with restriction were 2.893 kg; the overall weight birth of females without restriction were 3.474 kg and with restriction were 2.855 kg. The prenatal restriction reduced birth weight of males in 30.5% and 17.8% of females.

Index terms: Feed restriction, pregnancy, sheep.

(Recebido para publicação em 1 de outubro de 2003 e aprovado em 10 de outubro de 2005)

Introdução

O peso ao nascer, como consequência do crescimento fetal, está diretamente relacionado com a mortalidade perinatal em ovinos e bovinos, quando pesos ao nascer muito abaixo da média reduzem a taxa de sobrevivência de cordeiros, afetando dessa forma a produtividade do sistema de produção (ROBINSON, 1982). Vários fatores podem influenciar o crescimento fetal, entre os quais podemos destacar: o nível de nutrição materna, sexo do cordeiro, tipo de gestação (simples ou múltipla), raça dos pais, idade da mãe, etc. Entre esses fatores destaca-se a influência do nível nutricional da mãe, principlamente durante o terço final da gestação, pois é neste período que ocorre o maior desenvolvimento do feto, acarretando em uma grande demanda de nutrientes pelo mesmo. Segundo Ferrel (1992), o crescimento fetal é o resultado de um balanço entre o potencial genético para o crescimento e os limites impostos no suprimento dos nutrientes. Assim, restrições nutricionais severas impostas às mães, principalmente durante o terço final da gestação, afetam marcadamente o peso ao nascer dos cordeiros.

Segundo Grant & Helferich (1991), o crescimento pré-natal é rápido, ocorrendo a uma taxa exponencial em todas as espécies animais. No início da gestação o crescimento do feto é pequeno sendo regido por padrões genéticos da espécie, já no terço final da gestação ocorre um grande crescimento do feto, sendo este altamente influenciado pela nutrição materna. Segundo Ferrel (1992), 90% do peso ao nascer de ovinos é obtido durante os últimos 40% da gestação. no suprimento dos nutrientes. Assim, restrições

Mellor (1987) afirma que o padrão de crescimento fetal é afetado pelo plano de nutrição materno no estágio final da gestação. De acordo com o autor, quando fêmeas bem alimentadas sofrem uma restrição severa e abrupta, a taxa de crescimento fetal pode decrescer até 40%, sendo que as perdas são ainda maiores quando a restrição prossegue por mais de duas semanas.

Widdowson & Lister (1991) explicam que algumas substâncias como, oxigênio, dióxido de carbono e água são difundidas livremente na circulação placentária, entretanto, substâncias como a glicose (principal fonte energética durante a vida intra-uterina) é difundida passivamente por meio de carreadores moleculares específicos. Dessa forma, restrições severas impostas à mãe, principalmente em espécies multíparas, podem levar a uma redução na concentração de glicose afetando a velocidade de difusão desta por meio da circulação placentária, com conseqüências no suprimento energético do feto.

A restrição no período pré-natal tem conseqüências no metabolismo do animal também na fase pós-natal. Greenwood et al. (1998) afirmam que o metabolismo energético do animal é afetado principalmente nas primeiras semanas de vida. De acordo com os autores, animais submetidos à restrição alimentar pré-natal possuem uma capacidade limitada de utilização da energia para deposição de tecidos, o que resulta em menor crescimento destes animais na fase pós-natal.

Animais submetidos à restrição pré-natal apresentam menores exigências energéticas de mantença e, quando suplementados adequadamente no período pósnatal apresentam uma maior taxa de deposição de gordura na carcaça quando comparados com animais que não sofreram qualquer tipo de restrição (GREENWOOD et al., 1998). De acordo com os autores, esta maior taxa de deposição do tecido adiposo, pode ser devido à capacidade limitada dos tecidos magros (ossos e músculos) em responderem a suplementação.

Objetivou-se com presente trabalho, avaliar os efeitos da restrição pré-natal sobre o peso ao nascer de cordeiros, machos e fêmeas, da raça Santa Inês.


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