Amamentação: como e por que promover

Enviado por Elsa R. J. Giugliani


  1. Porque promover
  2. Como promover
  3. Atividades educativas
  4. Mudancas nas rotinashospitalares
  5. Comunicacao de massa
  6. Normas para comercializacao de alimentos para lactentes
  7. Protecao a mae que trabalha
  8. Acoes de base comunitaria
  9. Referencias bibliograficas

Resumo: A promoção do aleitamento materno deve ser vista como uma ação prioritária para a melhoria da saúde e da qualidade de vida das crianças e de suas famílias. As estratégias de promoção da amamentação devem variar de acordo com a população, sua cultura, seus hábitos, suas crenças, sua posição sócio-econômica, entre outras características. No entanto, de fundamental importância em qualquer estratégia, é a conscientização da importância do aleitamento materno. Essa revisão procura contribuir para essa conscientização entre os profissionais de saúde, mostrando as evidências epidemiológicas da importância do leite materno para a saúde da criança e da mãe. São enfatizados o impacto da amamentação na mortalidade, na morbidade, no estado nutricional das crianças e no espaçamento entre os nascimentos. Num segundo momento, são discutidas algumas atividades promotoras do aleitamento materno, com ênfase nos programas educativos (educação dos profissionais de saúde, das gestantes, das puérperas e da população em geral). Mudanças nas rotinas hospitalares, comunicação de massa, normas para comercialização de alimentos para lactentes, proteção da mãe que trabalha e ações de base comunitária são também abordadas.

J. Pediatr. (Rio). 1994; 70 (3) 138-151: aleitamento materno, leite humano, promoção da saúde, educação em saúde.

Abstract: Breastfeeding promotion must be seen as a priority for the improvement of health and quality of life of children and their families. The strategies should vary according to the population, its culture, habits, beliefs, socio-economic level and other characteristcs. Nevertheless, awareness of the importance of breastfeeding is crucial in any strategy. This review article aims to increase this awareness among health professionals. Epidemiologic evidences of the importance of breastfeeding for the mother and child health are addressed. Emphasis is given to the impact of breastfeeding on infant mortality, morbidity and nutritional status, as well as on birth spacing. Further, this article discusses some breastfeeding promotion activities, specially educational programs for health professionals, pregnant women, parturients and general population. Changes in hospital routines, mass media, milk substitute marketing, protection of working mothers and community activities are also addressed.

J. Pediatr. (Rio). 1994; 70(3):138-151: breastfeeding, human milk, health promotion, health education.

Há muito o aleitamento materno deixou de ser visto como um ato natural, fisiológico. Hoje em dia, na nossa sociedade, as mulheres que amamentam não o fazem por necessidade ou tradição. Elas optam pela amamentação. As crianças, no entanto, não podem optar, muito embora elas tenham o direito de sobreviver, de crescer sadias física e mentalmente e de ter uma boa qualidade de vida. Elas têm o direito de ser amamentadas. Cabe a nós, profissionais de saúde, ajudar na luta pelos direitos das crianças e fazer, muitas vezes, o papel de advogado na questão da amamentação.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que as mudanças observadas nos padrões do aleitamento materno fazem parte do desenvolvimento1. Assim, em comunidades tradicionais, praticamente todas as mulheres amamentam. À medida que as sociedades se desenvolvem, as mulheres mais educadas passam a preferir as facilidades da mamadeira, atitude que se difunde gradualmente entre as mulheres de outros estratos sociais, atingindo por último as mais pobres e as residentes em áreas rurais. Continuando no processo de desenvolvimento, são justamente as mulheres mais educadas que passam a valorizar o aleitamento materno, adotando novamente esta prática, que mais uma vez se difunde para todas as camadas. Desta maneira, em países desenvolvidos, as mulheres com melhor nível sócio-econômico tendem a amamentar mais, enquanto que, nos países em desenvolvimento, ocorre o inverso.

Tendo como base o estudo de uma amostra representativa de toda a população brasileira (Demographic and Health Survey, 1986)2, podemos assim descrever a situação da amamentação no Brasil (os dados se referem a crianças nascidas a partir de 1981):

Praticamente 90% das crianças brasileiras são inicialmente amamentadas;

A duração média da amamentação é de apenas 90 dias, extremamente curta para um país em desenvolvimento;

aleitamento materno exclusivo no Brasil é raro, uma vez que apenas 6% das crianças são amamentadas exclusivamente até os 2 meses de idade. Metade das crianças nesta faixa etária recebe água; 42%, outros líquidos; 23%, leite de vaca; 23%, fórmula; e 16% já recebe alimentos sólidos ou semi-sólidos;

A duração média do aleitamento materno é maior entre as mulheres residentes em áreas rurais, quando comparadas com as provenientes de áreas urbanas (130 versus 84 dias);

Seguindo o padrão de amamentação da maioria dos países não-industrializados, as mulheres de classes menos privilegiadas (classes baixa e média inferior) amamentam mais que as de melhor nível sócio-econômico (classes média e alta) (4 meses versus menos de 3 meses). No entanto, deve ser enfatizado que em algumas áreas do país, as mais desenvolvidas, o padrão de amamentação é semelhante ao dos países mais desenvolvidos, ou seja, as mulheres mais educadas, de melhor nível sócio-econômico, amamentam por mais tempo3-5. É interessante notar que a prevalência da amamentação é maior nas faixas de renda mais alta em relação às mais pobres somente até os 6 meses de idade. A partir daí, a prevalência tende a ser maior entre as mães mais pobres4-6 .

Os números mostram que a amamentação no Brasil precisa ser promovida, Este artigo discute como e por que promover a amamentação.


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.