Estudo do crescimento alométrico dos cortes de carcaça de cordeiros das raças Santa Inês e Bergamácia



  1. Introducao
  2. Material e metodos
  3. Resultados e discussao
  4. Conclusoes
  5. Referências bibliograficas

RESUMO - O trabalho foi conduzido no Setor de Ovinocultura do Departamento de Zootecnia da UFLA, em Lavras, com objetivo de verificar o crescimento diferencial dos cortes da carcaça (perna, lombo, costeleta, costela/fralda e paleta), em relação ao peso do corpo vazio de cordeiros Santa Inês e Bergamácia. Foram utilizados 36 cordeiros machos inteiros, sendo 24 Santa Inês e 12 Bergamácia, abatidos ao atingirem 15, 25, 35 e 45 kg de peso vivo. Os cordeiros foram submetidos a regime de confinamento e mantidos em gaiolas individuais, onde receberam alimentação ad libitum até o momento do sacríficio. Realizou-se a retirada da pele e evisceração, pesando o trato digestivo, bexiga e vesícula biliar, cheios e vazios, para determinação do peso corporal vazio (PCVZ). A carcaça foi resfriada (2º C) por um período de 24 horas e após retirado o pescoço, foi seccionada em metades simétricas. Na ½ carcaça esquerda procedeu-se à divisão em cortes. Os coeficientes alométricos para a costeleta , b = 1,011 ± 0,044 e b = 1,085 ± 0,100 , e paleta, b = 0,942 ± 0,046 e b = 0,954 ± 0,092, dos cordeiros Santa Inês e Bergamácia, respectivamente, demonstram que houve um crescimento isogônico (b =1) nestes corte. Esse mesmo tipo de crescimento foi verificado para a perna , b= 0,977 ± 0,028 , e o lombo , b =0,900 ± 0,061, dos cordeiros Santa Inês, enquanto para os Bergamácia, a perna e o lombo apresentaram crescimento heterogônico negativo e positivo, respectivamente. A costela / fralda das duas raças, Santa Inês e Bergamácia, apresentaram, respectivamente, os seguintes coeficientes de alometria, b = 1,175 ± 0,048 e b = 1,232 ± 0,056, o que implica que o crescimento deste corte foi heterogônico positivo (b > 1) nas duas raças.

TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Alometria, Bergamácia, cortes da carcaça, crescimento, Santa Inês;

ABSTRACT -The experiment was carried out at the Sheep Production Sector of the Federal University of Lavras (UFLA) in order to study the differential growth of commercial joints (leg, loin, rib, breast and shoulder) in lamb carcasses. Thirty-six entire male lambs were used: twenty-four Santa Ines and twelve Bergamacia. The lambs were kept confined in individual pens and fed ad libitum during the whole experimental period.. Slaughter was carried out when the animals reached the target live weight of 15, 25, 35 and 45 kg. The pelt was removed, the evisceration was carried out and the digestive tract, bladder and .gallbladder were weighed full and empty for the empty body weight (EBW) was determined. The carcasses were kept in a cold chamber at 2º C for 24 hours. The neck was removed and the carcass split into two symmetrical parts. The left half was divided into the commercial joints (leg, loin, rib, breast and shoulder). The alometric coefficients of the Santa Ines lambs were: b = 1,011 ± 0,044 for the rib and b = 0,942 ± 0,046 for the shoulder. For the Bergamacia lambs the alometric coefficients were: for the rib b = 1,085 ± 0,100 and shoulder b = 0,954 ± 0,092. These were not statistically different from 1. The same type of growth was observed for the leg (b = 0,977 ± 0,028) and loin (b = 0,900 ± 0,061) of Santa Ines lambs whereas for the Bergamacia lambs the leg showed negative heterogonic growth and the loin, positive heterogonic growth. The breasts of both Santa Ines and Bergamacia breeds showed, respectively, the following alometric coefficients: b = 1,175 ± 0,048 and b = 1,232 ± 0,056. This implies that the growth of this cut was positive heterogonic (b > 1) in both breeds.

INDEX TERMS: Alometric, Bergamacia, carcass joints, growth, Santa Ines.

Introdução

A produção de carne depende do processo de crescimento, e este, por sua vez, constitui-se em peça fundamental nas cadeias produtivas e nas indústrias de carne. Conhecimentos básicos do crescimento animal são necessários, visando a uma maior eficiência da produção.

Ovinos da raça Santa Inês, de acordo com Gouvea (1987), apresentam as maiores velocidades de crescimento em relação aos demais deslanados, enquanto Nunes, Ciríaco e Suassuna (1997) relatam que os da raça Bergamácia, além da aptidão leiteira, apresentam condições para produção de carne. Além disso, considera serem as fêmeas muito prolíferas, produzindo cordeiros com bom peso ao nascer, favorecendo a produtividade.

O crescimento das partes do corpo é estudado alometricamente, podendo assim explicar as diferenças quantitativas produzidas nas distintas fases de vida do animal.

O desenvolvimento corporal pode ser mensurado por algumas fórmulas ou modelos não lineares como os de Huxley (1932) e Callow (1948). No entanto, a equação alométrica de Huxley (1932), definida como Y = aXb, permite realizar uma descrição quantitativa adequada do crescimento de regiões e tecidos em relação aos outros e o organismo como um todo, descrevendo uma relação curvilínea entre o crescimento da maioria dos tecidos. Fazendo a transformação logarítmica por meio de logarítmos neperianos, a equação exponencial se converte em uma regressão linear simples dada por, lnY = lna + blnX, onde "Y" é o peso do órgão ou tecido; "X" é o peso de outra porção ou de todo o organismo; "a" é a intercepção do logarítmo da regressão linear sobre Y e "b" o coeficiente de crescimento relativo, ou o coeficiente de alometria, que é a velocidade relativa de crescimento de "Y" em relação a "X".

A equação alométrica proporciona uma aproximação matemática válida e simples para descrever o crescimento diferenciado. No entanto, existem leis biológicas intrínsicas que limitam um aplicação exata (Fowler, 1967). De acordo com Berg e Butterfield (1966), a equação alométrica proporciona uma interessante descrição quantitativa da relação parte/todo e, mesmo não registrando detalhes, ela é relevante, porque reduz toda a informação a um só valor. Entretanto, afirmam que nenhum método matemático descreve por si só a forma completa de desenvolvimento.

A alometria explica parte das diferenças quantitativas produzidas entre animais, passando a ser uma forma eficaz para o estudo de suas carcaças. Ávila e Osório (1996), afirmam ser o conhecimento da melhor taxa de crescimento de cordeiros fundamental na seleção de animais de corte. A equação alométrica baseia-se no fato de o desenvolvimento corporal ser mais uma função do peso, do que do tempo necessário para alcançá -lo.

A não-existência de resultados nas condições brasileiras relacionados com o crescimento diferencial dos cortes comerciais das carcaças das raças ovinas, Santa Inês e Bergamácia, levou à realização deste estudo, objetivando realizar o estudo alométrico da perna, lombo, costeleta, costela/fralda e paleta, em relação ao peso do corpo vazio de cordeiros abatidos a diferentes pesos.


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