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Determinação dos níveis de compactação do solo causados pelo tráfego de um "forwarder" em um latosso (página 2)

Luciana Castro Geraseev

2. Material e métodos

2.1. Características gerais da área de estudo

O presente trabalho foi realizado em uma área de reflorestamento, com povoamento de Eucalyptus grandis, situada na região de Botucatu/SP, conforme mostrado o Quadro 1.

Os dados referentes à região de Botucatu/SP, foram obtidos no Laboratório de Topografia e Aerofotogrametria do Departamento de Engenharia Rural da FCA/UNESP.

2.1.1. Seleção e demarcação das trilhas

Para a seleção das áreas a serem utilizadas no experimento, demarcaram-se trilhas novas, com as declividades recomendadas para o tipo de máquina. O Quadro 2, relaciona as características das trilhas em função da máquina e a localidade estudada.

A máquina utilizada na pesquisa foi um "Forwarder", marca VALMET, modelo 636, 6x6.

2.2. Determinação dos níveis de compactação das trilhas de exploração

2.2.1. Amostragem do solo

Procedeu-se a coleta de solo em 5 pontos espaçados aproximadamente de 20 m ao longo do comprimento das trilhas demarcadas.

A retirada das amostras se deu antes e após a máquina ter processado todo o volume de madeira existente na trilha, seguindo-se o ritmo normal de trabalho, sem nenhuma interferência externa.

As amostras foram retiradas em 3 níveis de profundidades do solo: 0-15 cm; 15-30 cm e 3050 cm.

2.3. Determinações físicas das amostras de solo

As determinações físicas das amostras de solo foram realizadas nos laboratórios de Mecânica dos Solos dos Departamentos de Engenharia Rural e Solos do FCA/UNESP, Botucatu/SP.

O solo da região estudada foi classificado, segundo EMBRAPA (1979) e Fernandes & Resende (1978), do seguinte modo:

- Latossolo Roxo, Eutrófico, textura argilosa.

2.3.1. Variáveis físicas analisadas

2.3.1.1. Densidade do Solo (DS)

As amostras de solo para a determinação da Densidade do Solo (DS) foram retiradas em 5 pontos, espaçados aproximadamente de 20 m ao longo das trilhas, em 3 profundidades.

O método utilizado foi o de impermeabilização dos torrões com parafina, segundo Mello & Teixeira (1973).

2.3.1.2. Resistência do solo à penetração

Para a determinação da resistência do solo à penetração, utilizou-se um penetrógrafo da marca SOIL CONTROL, modelo SC-60, com uma haste de 600 mm de comprimento, 9,53 mm de diâmetro, equipada com um cone de 129,3 mm2 de área de base, 12,83 mm de diâmetro e 30 graus de ângulo de vértice. As determinações foram feitas conforme a recomendação da ASAE S 313, mencionado por Balastreire (1987).

Foram determinados valores em 5 pontos, espaçados aproximadamente de 20 m ao longo da trilha e analisados para as 3 profundidades pré-estabelecidas, com os valores transformados em MPa.

2.3.2. Delineamento estatístico

A análise estatística dos resultados de cada variável foi efetuada utilizando-se a análise de variância para

3. Resultados

3.1. Teor de água no solo

No Quadro 3 são apresentados os valores dos teores de água, para amostras retiradas antes e depois das passadas, para a localidade de Botucatu-SP.

3.2. Densidade do solo

No Quadro 4 são apresentados os valores da Densidade do solo para a localidade de Botucatu/SP. No Quadro 5, são apresentadas as diferenças entre a Densidade do solo (Depois -Antes das passadas), constando as médias. O Quadro 6 apresenta a analise de variância para a localidade de Botucatu/SP.

1. EFEITO DE MÁQUINA

F = 17,24 → p < 0,001
O "Forwarder" provocou um pequeno incremento na densidade do solo.

2. EFEITO DE INTERAÇÃO

F = 4,74 → p < 0,05
Ocorreu efeito significativo de interação entre tipo de máquina e profundidade.

3 - EFEITO DE PROFUNDIDADE

A diferença mínima significativa, dms, foi igual a 0,130
Para o "Forwarder" não houve diferença entre as faixas de profundidades
→ 0-15 = 15-30 = 30 - 50

3.3. Resistência à penetração

No Quadro 7, são apresentados os valores da resistência à penetração para a localidade de Botucatu/SP.

No Quadro 8, são apresentadas as diferenças entre a Resistência à Penetração (Depois - Antes das passadas), constando as médias.

O Quadro 9 apresenta a Análise de Variância para a localidade de Botucatu/SP

 

1. EFEITO DE MÁQUINA

F = 1,210 → p < 0,01
O "Forwarder" apresenta um pequeno acréscimo nos valores.

2. EFEITO DE INTERAÇÃO

F = 4,580 → p < 0,001
Ocorreu efeito significativo de interação entre tipo de máquina e profundidade.

3. EFEITO DE PROFUNDIDADE PARA CADA MÁQUINA

A diferença mínima significativa dms foi igual a 0,115
Para o "Forwarder" houve a seguinte relação entre as faixas de profundidades
→ (0-15 = 15-30)> 30-50

4. Conclusões

Nas condições em que o experimento foi conduzido, as variáveis densidade do solo, e resistência à penetração foram eficientes para a determinação dos níveis de compactação das trilhas de exploração florestal e a análise dos resultados permitiu apresentar as seguintes conclusões:

-O "Forwarder" provocou um incremento de 0,02 g.cm-3 na densidade do solo. O mesmo ocorreu quando se analisou isoladamente a profundidade de 0-15 cm.

- Para a profundidade de 0 - 15 cm, o "Forwarder" causou um incremento de 1,07 MPa na resistência à penetração e 1,03 MPa para a profundidade de 15-30 cm.

- A utilização de rodado duplo contribuiu para diminuir a diferença nos valores antes e depois das passadas.

- Os valores máximos da densidade do solo e resistência à penetração, depois da última passada da máquina foram, respectivamente, 1,34 g/cm3 e 3,19 MPa.

-Os altos valores da resistência do solo à penetração podem ter sido devido à baixa umidade do solo.

5. Referências bibliográficas

BALASTREIRE, L.A. Máquinas Agrícolas. São Paulo: Manole, 1987. 307p.

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CINTRA, F.L.D.; MIELNICZUK, J. SCOPEL, I. Caracterização do impedimento mecânico em um Latossolo Roxo do Rio Grande do Sul. Rev. Bras. Ciênc. Solo, v.7, p. 323-7, 1983.

EMBRAPA, Serviço Nacional de Levantamento e Conservação do Solo. Manual de métodos de analise de solo. Rio de Janeiro, 1979, não pag."

FERNANDES, B; RESENDE, M. ; RESENDE, S.B. Caracterização de alguns solos sob cerrado e disponibilidade de água para culturas. Experientiae (Viçosa - Minas Gerais), v.24, p. 209-60, 1978.

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MAcDONCH, P.M. et al. A compactação do solo em relacão a oportunidade de arraste de madeira com tratores agrícolas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 24, 1995, Viçosa. Anais... Viçosa: sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola. 1995, p. 1-20.

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SCOPEL I. et al. Riscos de compactação do solo na produção florestal. In: SEMINÁRIO DE ATUALIZAÇÃO SOBRE SISTEMAS DE EXPLORAÇÃO E TRANSPORTE FLROESTAL, 7, 1992, Curitiba. Anais.. Curitiba: Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná, Universidade Federal de Viçosa, 1992. p. 172-93.

SENEDECOR, G.W.; COCHRAN, WS. Statistical methods. 7. ed. Ames: Iowa State University Press, 1980. 550p.

Haroldo C. Fernandes2 & Kléber P. Lanças3
haroldo[arroba]ufv.br

1. Parte da tese de doutorado do 1o autor intitulada: Máquinas de exploração florestal: compactação das trilhas e dias potencialmente úteis para o trabalho.
2. Aluno do Curso de PG Energia na Agricultura e Docente do Departamento de Engenharia Agrícola daUniviersidade Federal de Viçosa/MG - Brasil.
3. Orientador e Docente do Departamento de Engenharia Rural - FCA/UNESP - Botucatu/SP - Brasil.



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