Bionomia de Monoeca xanthopyga Harter-Marques, Cunha & Moure (Hymenoptera, Apidae, Tapinotaspidini) no Planalto das Araucárias, Rio Grande do Sul, Brasil

Enviado por Betina Blochtein


  1. Abstract
  2. Material e métodos
  3. Resultados e discussão
  4. Referências bibliográficas

ABSTRACT:

A study of the life history of the solitary bee Monoeca xanthopyga, was conducted at the Araucária Plateau, at the state of Rio Grande do Sul. The study focused the seasonality, sexual behavior, females activity during nest building, the exploited plant resources and the associated parasitoids. Three nest aggregations of M. xanthopyga built in clay soil with few plant cover or none at all, were studied on the Parque Nacional dos Aparados da Serra, located in Cambará do Sul, Rio Grande do Sul State. The nests were randomly distributed in areas up to eight square meters in size and reach a maximum density of 57 nests per square meter. The only one generation occurred from January to April. The immature stayed in diapausa in the prepupa stage during eight to 11 months. Males emerged a few days before females, and disappeared from the aggregations four days before the end of females activities. The search for females to mate occurred at nests from the previous year, where many males struggled for a single emergent female. It is suggested that males perceive smells emitted by females. Copulation's lasted, on average, 26 seconds and, immediately after it, the couple separated. Nest building females were not attractive to males. Mating tests, at artificial environments showed the occurrence of copulation with both virgin and fertilized females. After mating, the females returned to the aggregations and established new nests by digging new tunnels, or by using abandoned nests. The bee's flying activities began around 6 A.M. and lasted up to 6 P.M. The females did, on average, eight trips per day, each one lasting 31,4 minutes. They returned from the trips carrying pollen and/or floral oils. These resources were obtained from flowers of Malpighiaceae and Fabaceae species. Pollinaria from orchids of the genus Oncidium Sw. were carried accidentally by males and females. Mutilid parasitoids were present at the aggregations of M. xanthopyga during all the period of the activities. One species of Traumatomutilla André, 1903 was related to the immature of these bees, composing the first registration of inhabitant of this Mutillidae.

Key words: Floral rewards, Monoeca xanthopyga, nest aggregations, parasitoids, reproductive behavior, seasonality, Tapinotaspidini.

*******

Roubik (1989) relatou que o número de espécies de abelhas conhecidas em todo o mundo aproximava-se de 20.000 e sugeriu, baseado na proporção de novas descobertas, que o grupo seja composto de, pelo menos, o dobro deste número. Na América do Sul, os registros são superiores a 7.000 espécies, sendo 4.000 destas encontradas no Brasil (O'Toole & Raw 1991). No Rio Grande do Sul, a apifauna está representada por 320 espécies (Wittmann & Hoffmann 1990). Destas, 292 ocorrem na encosta atlântica e planície costeira do Estado (Santos 1999a).

Apesar da alta diversidade da apifauna neotropical, estudos sobre abelhas solitárias são restritos (Michener & Lange 1958, Plowright & Laverty 1984, Rozen 1984, Seeley 1985, Bawa 1994, Hiller & Wittmann 1994, Schlindwein 1995, Santos 1997, 1999b, Wilms et al. 1997).

Os registros das sete espécies descritas do gênero Monoeca Lepeletier & Serville, 1828, para o Brasil limitam-se aos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Michener & Lange 1958, Rozen 1984, Wittmann & Hoffmann 1990, Harter-Marques et al. 2001, Cunha & Blochtein 2002). Apenas duas espécies foram mencionadas para o Rio Grande do Sul: Monoeca lanei Moure, 1944 e Monoeca xanthopyga Harter-Marques, Cunha & Moure, 2001.

Abelhas do gênero Monoeca são altamente sazonais. Os adultos das espécies deste gênero foram coletados entre os meses de novembro e abril (Michener & Lange 1958, Rozen 1984, Wittmann & Hoffmann 1990, Santos 1999a, Harter-Marques et al. 2001). O'Toole & Raw (1991) enfatizam que nos trópicos a maior parte das espécies de abelhas solitárias emerge no final da estação de alta pluviosidade, coincidindo com as floradas responsáveis pela oferta de néctar e pólen. Em regiões subtropicais e temperadas, após o término das atividades de vôo, os imaturos permanecem em diapausa no interior dos ninhos até que as condições climáticas permitam a continuidade de seu desenvolvimento (Mansingh 1971).

Os adultos recém emergidos desenvolvem estratégias para a localização e/ou atração de pares para acasalamento. Estabelecimento de território, patrulha em flores ou em ninhos são freqüentes em espécies de Apidae (Hurd 1958, Roubik 1989, Alcock et al. 1978, Alcock 1980, 1991).

As espécies do gênero Monoeca constróem seus ninhos no solo, próximos uns dos outros, formando agregações (Rozen 1984). Schrottky (1901) observou Pachycentris schrottkyi Friese, 1902, (= Monoeca piliventris Friese, 1899) nidificando em uma ladeira no Paraná. Ninhos desta espécie, na mesma localidade, foram encontrados por Ihering (1904) em um barranco de 10 m de altura. Michener & Lange (1958) registraram um ninho de uma espécie não determinada de Monoeca em substrato horizontal, entre gramíneas, no Paraná. No mesmo Estado, Rozen (1984) estudou uma agregação de ninhos de M. lanei e descreveu as atividades das fêmeas e a estrutura dos ninhos e das células de cria.

No Planalto das Araucárias do Rio Grande do Sul, o encontro das Florestas Ombrófila Mista (Mata com Araucária) e Densa (Mata Atlântica) suporta fauna e flora amplamente diversificadas, inclusive com casos de endemismos (Estivalet 1995). O inventário de himenópteros realizado por Wittmann & Hoffmann (1990) aborda a situação de conservação das abelhas no Estado e cita espécies cuja distribuição está relacionada ao encontro destas florestas, consideradas seriamente ameaçadas (Wittmann et al. 1988). A avaliação recente da fauna do Rio Grande do Sul indicou 11 espécies de abelhas em distintas categorias de ameaça, inclusive de M. xanthopyga, recentemente descrita, endêmica do Planalto das Araucárias.

Objetivou-se o estudo de M. xanthopyga com ênfase em sua sazonalidade, caracterização das agregações de ninhos, comportamento reprodutivo, atividades das fêmeas durante a construção dos ninhos, recursos florais utilizados e registro de parasitóides associados aos imaturos.


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.