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Uso do pó da casca de coco na formulação de substratos para formação de mudas enxertadas de cajueiro (página 2)

Morsyleide de Freitas Rosa

O experimento foi realizado no viveiro de plantas da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza (CE), em 2002, instalado em delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições e nove plantas por parcela, sendo composto por três substratos: S1 - casca de arroz carbonizada + folha triturada de carnaubeira (Copernicia prunifera (Miller) H. E. Moore) decomposta + solo hidromórfico (5:3:2, v/v); S2 - casca de arroz carbonizada + folha triturada de carnaubeira decomposta + pó da casca (mesocarpo) de coco verde (Cocus nucifera L.) (5:3:2, v/v); S3 - casca de arroz carbonizada + folha triturada de carnaubeira decomposta + pó da casca (mesocarpo) de coco (Cocus nucifera L.) maduro (5:3:2, v/v). O pó das cascas de cocos verde e maduro foram previamente embebidos em água durante 30 minutos. Posteriormente, descartou-se a solução residual e este procedimento, repetido quatro vezes. A secagem dos mesmos foi realizada à sombra.

Porta-enxertos foram estabelecidos com sementes CCP06 (Clone de Cajueiro de Pacajus 'Anão Precoce') em tubetes com capacidade de 288 cm3, a céu aberto. Aos 40 dias após a semeadura, retiraram-se duas plantas de cada parcela para avaliação de porta-enxertos e procedeu-se a enxertia por garfagem em fenda lateral no restante do material, utilizando-se como enxerto, ramos vegetativos de plantas adultas CCP76 (Clone de Cajueiro de Pacajus 'Anão Precoce'). Após a enxertia, as plantas permaneceram em telado com 50% de luminosidade durante 25 dias. Em seguida, foram transferidas à pleno sol até completar 120 dias da semeadura. Aos 30 dias de cultivo iniciaram-se as adubações foliares com o produto comercial Biofert® [5 mL.L-1 N (15%); P2O5 sol. CNA H2O (15%); K2O (20%); Ca (1,5%); Mg (0,05%); Zn (0,2%); B (0,05%); Fe (0,1%); Mn (0,02%); Cu (0,05%); Mo (0,01%); S (3%)], sendo repetidas a cada 10 dias durante o período experimental. A partir dos 90 dias, adicionou-se 15 mL/tubete de solução de Hoagland (Hoagland & Arnon, 1950), a cada 10 dias.

As características avaliadas para porta-enxerto e muda enxertada aos 40 e 120 dias após a semeadura, respectivamente, foram: altura da parte aérea, diâmetro do caule no ponto da enxertia, número de folhas, pesos da matéria seca da parte aérea e das raízes, facilidade de retirada da planta do tubete e agregação do substrato às raízes.

Para facilidade de retirada da planta do tubete e agregação do substrato às raízes atribuíram-se notas: 01 (difícil ou ruim), 02 (fácil ou boa) e 03 (muito fácil ou ótima), respectivamente. Para análise estatística, esses valores foram transformados em . Aos 25 dias após a realização da enxertia, avaliou-se a porcentagem de pegamento dos enxertos. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

As características químicas e os valores da condutividade elétrica dos substratos, realizadas no início do experimento, encontram-se na Tabela 1.

O crescimento das mudas enxertadas de cajueiro anão precoce, aos 120 dias de cultivo, parece não ter sido influenciado pelas características químicas dos substratos (Tabela 1). Na Tabela 2 pode-se observar diferenças estatísticas significativas somente entre as alturas das partes aéreas em porta-enxertos cultivados nos substratos S1 (22,8 cm) e S3 (20,9 cm). O mesmo pode ser observado na Tabela 3 para a variável facilidade de retirada da muda do tubete entre os substratos S2 (2,10) e S1 (1,95).

Todavia, valores indicados nas Tabelas 2 e 3 para altura da parte aérea, diâmetro do caule e número de folhas tanto para porta-enxerto quanto para muda enxertada, independente do substrato, estão de acordo com os valores recomendados por Cavalcanti Júnior & Chaves (2001) para mudas de cajueiro anão precoce crescidas em tubetes no substrato S1, o qual tem sido recomendado para uso em sistemas comerciais de produção de mudas enxertadas. Os substratos não influenciaram no pegamento dos enxertos (Tabela 3).

Tais resultados sugerem que o pó da casca do coco maduro ou verde, na proporção de 20%, pode ser um dos componentes na mistura do substrato recomendado na produção de mudas enxertadas de cajueiro anão precoce em tubetes, substituindo o solo hidromórfico. Adicionalmente, proporciona uma alternativa de uso adequado para os resíduos agroindustriais de coco maduro e verde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PESQUISADORES

Diva Correia

Morsyleide de Freitas Rosa

Elis Regina de Vasconcelos Norões

Fátima Beatriz de Araujo

IPesquisador Embrapa Agroindústria Tropical, Doutorando USP/Esalq,

IIPesquisador Embrapa Agroindústria Tropical, Caixa Postal 3761, CEP 60511-110, Fortaleza (CE)
IIIGraduanda Engenharia Química da Universidade Federal do Ceará/Estagiária Embrapa Agroindústria Tropical



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