Ganho compensatório em cordeiras na fase de recria



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. Material e Métodos
  4. Resultados e Discussão
  5. Conclusões
  6. Literatura Citada

Desempenho e medidas biométricas

RESUMO

Objetivou-se estudar o ganho compensatório de cordeiras submetidas a restrição alimentar e, posteriormente, a realimentação à vontade. Foram adotados dois períodos de 60 dias, de modo que, no primeiro, 18 cordeiras 7/8 Ile de France 1/8 Ideal foram distribuídas em três tratamentos, em delineamento inteiramente casualisado: sem restrição = alimentação à vontade por todo o experimento; restrição 30% = restrição alimentar de 30% em relação ao consumo do grupo sem restrição; e restrição 60% = restrição alimentar de 60% em relação ao consumo do grupo sem restrição. No segundo período, todas as cordeiras receberam alimentação à vontade. Ao final do primeiro período, as cordeiras alimentadas à vontade e aquelas sob restrição alimentar de 30%, tiveram ganho de peso corporal de 18 e 0,8%, respectivamente, enquanto aquelas sob restrição alimentar de 60% perderam 15% de peso corporal. No segundo período, todas as cordeiras ganharam peso, observando-se maior ganho naquelas sob restrição 30% (196,24 g/dia) em relação às sem restrição (116,20 g/dia). O ganho de peso desses dois grupos, no entanto, não diferiu do grupo restrição 60% (178,03 g/dia). A conversão alimentar das cordeiras alimentadas à vontade foi 10,09 e a daquelas com restrição alimentar de 30% foi de 5,97. As medidas biométricas foram semelhantes no início do experimento, mas, ao final da restrição alimentar, houve diminuição de 16% na largura do ombro, de 21% na largura da garupa, de 6,9% no perímetro torácico e de 39% na condição corporal das cordeiras do grupo restrição 60% em relação às medidas iniciais. A restrição alimentar de 60% resultou em menor consumo de MS e em peso corporal final mais baixo, ocasionando prejuízos na maioria das medidas corporais. A restrição alimentar de 30%, no entanto, pode ser indicada como alternativa de manejo alimentar para melhorar a conversão alimentar e reduzir o consumo total de alimento.

Palavras-chave: ovinos, realimentação, restrição alimentar

Introdução

O Brasil é o 14º produtor mundial de ovinos, com produção anual de mais de 14 milhões de cabeças (Anualpec, 2004). A demanda de carne ovina cresceu significativamente nos últimos anos, principalmente nos grandes centros urbanos, resultando em uma expansão da ovinocultura de corte em estados que antes não tinham tradição nesta atividade, como São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul. A diversidade das condições ambientais destas áreas tem intensificado os sistemas de criação, destacando o desmame precoce, a recria e a terminação de cordeiros em regime de confinamento como alternativas para maximizar a produção ovina (Siqueira, 1996).

Para o sucesso destes sistemas, onde a alimentação é um dos fatores que mais oneram o custo de produção, é imprescindível o aprofundamento no segmento nutricional, haja vista sua estreita relação com o retorno econômico da produção de cordeiros, determinando as interações níveis nutricionais × respostas fisiológicas que modificam a composição corporal e a conversão alimentar com a finalidade de aproveitar toda a potencialidade produtiva dos animais a um custo de produção adequado (Gerassev et al., 2006).

O manejo nutricional do nascimento ao primeiro parto influencia o potencial reprodutivo da ovelha. Uma nutrição inadequada dos animais de reposição reduz as eficiências produtiva e reprodutiva do rebanho, resultando em menor vida útil da fêmea e em menor pressão de seleção. Desde que não haja deposição excessiva de gordura, a adequada alimentação na fase de recria permite que borregas sejam acasaladas mais cedo, ao atingirem 70% do peso adulto, com primeiro parto aos 12 a 14 meses de idade (Susin, 1996).

Quando a quantidade de nutrientes oferecida aos animais é restrita, as fases de crescimento normal do animal são comprometidas. O crescimento pós-natal pode ser dividido em quatro fases, a primeira caracterizada pelo rápido crescimento de cabeça, pescoço e patas; a segunda, pelas mudanças na conformação corporal; a terceira, dos 3 aos 4 meses, pelo aumento generalizado do organismo, iniciando a deposição de gordura; e a quarta, pela concentração do crescimento nas massas musculares das extremidades e do lombo e pelo aumento em largura e profundidade do organismo (Siqueira, 1996).

Durante a reposição de nutrientes ou realimentação, a velocidade de ganho de peso é maior nos animais que sofreram restrição alimentar, ocorrendo, conseqüentemente, o ganho compensatório. Vários fatores podem influenciar o ganho compensatório, entre eles, a idade, a severidade e a duração da restrição, sendo possíveis quatro respostas de um animal realimentado após período de restrição alimentar: compensação total, compensação parcial, não compensação ou redução do peso adulto (Ryan, 1990).

Kamalzadeh et al. (1997) verificaram ganho compensatório em cordeiros Swifter (Flemish x Texel) com 14 semanas de idade e peso corporal de 27 kg submetidos a restrição alimentar qualitativa com forragem de baixa qualidade (51 g PB/kg MS), à vontade, em comparação a um grupo controle, recebendo a mesma forragem e suplementação com concentrado (173 g PB/kg MS). Na fase de restrição alimentar, os cordeiros do grupo sem restrição alimentar e com restrição alimentar consumiram 36,9 e 48,45 g/kg0,75/dia de volumoso e tiveram ganho de peso de 8,4 e -0,72 g/kg0,75/dia, respectivamente. Durante a fase de ganho compensatório, os cordeiros que receberam alimentação restrita passaram a receber 35 g/kg0,75/dia de concentrado suplementar, o que determinou maior consumo de MO (58,38 vs 65,75 g/kg0,75/dia) e mais alto ganho de peso (6,21 vs 10,72 g/kg0,75/dia). Portanto, durante a realimentação, os animais submetidos à restrição alimentar foram mais eficientes na conversão alimentar, com menor consumo total de alimento, de modo que o atraso no crescimento foi compensado.

Kamalzadeh et al. (1998) estudaram o efeito da duração da restrição alimentar qualitativa sobre o peso corporal e as medidas biométricas de cordeiros distribuídos em três tratamentos (controle, sem restrição alimentar durante todo experimento; restrição alimentar por três meses; e restrição alimentar por 4,5 meses) e verificaram reduções no peso corporal e nas medidas biométricas durante a fase de restrição alimentar. Na fase de realimentação, o peso corporal e as medidas biométricas dos animais sob restrição por três meses foram totalmente compensados (99%). Contudo, nos animais sob restrição alimentar por 4,5 meses, o peso corporal e a maioria das medidas corporais (à exceção da altura na cernelha e do comprimento de Ulna - compensação total) foram compensados parcialmente (55%). Os autores concluíram que restrição alimentar por períodos maiores que três meses não deve ser recomendada, pois seria necessário um longo período para compensar as perdas.

No intuito de avaliar o ganho compensatório de cordeiros Malpura em fase de terminação, Karim et al. (2001) realizaram um estudo com animais em três grupos nutricionais (alto, médio e baixo conteúdo de PB e energia digestível), alimentados por 90 dias pré-terminação e avaliados dos 90 aos 180 dias de idade recebendo dieta com relação volumoso:concentrado de 40:60. Os cordeiros que receberam baixo nível nutricional apresentaram os maiores pesos ao abate e da carcaça, com valores de 23,2 e 10,0; 17,9 e 7,2; 24,2 e 10,5 kg, respectivamente, para os tratamentos de baixo, médio e alto nível nutricional, comprovando o benefício do ganho compensatório no desempenho de cordeiros em terminação.

Objetivou-se avaliar os efeitos da restrição alimentar e da posterior realimentação sobre as variações de peso, o consumo de matéria seca, a conversão alimentar e as medidas biométricas em cordeiras na fase de recria.


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