Caracteres da experiência

Enviado por André Barata


Partes: 1, 2, 3
  1. Os Pontos de vista da primeira e terceira pessoas
  2. Consciência fenomenal e consciência intencional
  3. Caracteres da experiência mental
  4. O que os qualia são
  5. O que os qualia não são
  6. Experiência e comunicação

Abstract: The discrimination between two points of view, or perspectives, in respect to consciousness, one on the first-person other on the third-person, deals with two concepts of consciousness - respectively, phenomenal consciousness and intentional consciousness (sections 1 and 2). I will accept, generally, this idea. However, I will argue that are not two, but three kinds of consciousness and types of experience, making my point introducing the concept of different characters of experience (section 3). These characters are "experience", "signification" and "reference/object", and when all of them occur I say that we have an intentional experience. If it lacks the last one, we have a meaningful experience, but without reference. Finally, if the only occurrence is "experience", then the type of experience we live is a meaningless or mute experience. This "taxonomy" allows classifying a perceptum as an intentional experience, a quale as a meaningful experience and a sense datum as a mute experience. On the other hand, it represents, as I claim, an approach much more clear, than those usually appears, to the question "what qualia really are?" (sections 4 e 5). Moreover: it makes possible talk about objectivity of qualia, an objectivity without object (section 6).

1. Os Pontos de vista da primeira e terceira pessoas

Se existe um ponto de partida absolutamente seguro para a Filosofia é este: há experiência. Dizer "Há experiência" não é exibir uma verdade estéril; pelo contrário, é o ponto suficientemente recuado para lançar com alguma fecundidade a discussão acerca da existência de duas formas básicas de experiência com sentido.

Se se fala de estados físicos é porque os experienciamos de alguma maneira e se os qualificamos como físicos é porque os distinguimos de outros estados, ditos mentais. A esta distinção não é raro encontrar associada a ideia de que haja um externalismo que se instancia em diversos planos, aliás nem sempre concordantes - externalismo mental (a respeito das atitudes proposicionais), teórico (a respeito das entidades observacionais), semântico (relativamente á determinação da referência), etc. Independentemente do valor da distinção entre estados mentais e físicos, sobre o qual não nos pronunciaremos, interessa tornar patente o infundado da sua articulação com o externalismo dito semântico, isto é, com a tese de que a referência das nossas expressões não é determinada  internamente, mas pelo contrário depende da natureza física das coisas mesmas.

Nestes termos, procuraremos já nesta primeira secção refutar o externalismo semântico, determinando, correctamente, o estatuto metafísico, por assim dizer, dos "referentes" do nosso discurso. Com esses resultados a respeito do estatuto da referência, poderemos propor um critério pelo qual se possa distinguir entre as perspectivas da primeira e da terceira pessoa.

Com o bem conhecido argumento da Terra Gémea,  Hilary Putnam procurou mostrar que representações indiscerníveis - estados mentais idênticos (desde que caracterizados funcionalmente) - podem obter referentes diferentes, i.é, que duas representações mentais, apesar de indiscerníveis de um ponto de vista interno, poderão representar objectos externos distintos (no caso do argumento da terra Gémea, as referências/extensões H2O e XYZ).

Ora, se estados mentais funcionalmente idênticos não referem necessariamente o mesmo, torna-se ilegítimo afirmar, em termos fregeanos, que a referência é determinada exclusivamente pelo sentido, ou ainda, que a extensão de um termo é determinada pela sua intensão. Assim, quando Putnam afirma "meanings just ain"t in the head!" quer com isso dizer que a referência não é determinada pelo estado mental correspondente. Daqui resulta uma posição externalista no que respeita á determinação da referência de um termo (uma vez que não são os estados mentais que a determinam, mas, de acordo com Putnam, uma cadeia causal histórica - daí a teoria causal da referência)

Partes: 1, 2, 3

Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.