Lukács: historicidade e revolução

 

Um dos artifícios ideológicos mais em voga, nos dias de crise em que vivemos, tem sido aquele de ajustar a essência humana aos parâmetros burgueses. Ser burguês e civilização apresentam-se como sinônimos: não há história para além do mercado e da democracia modernos. Com isso, a mentalidade predominante tornou-se impermeável às concepções de mundo que, afirmando a absoluta historicidade do ser e de suas categorias, postulam a superação da sociabilidade regida pelo capital.Também por isso, Marx e Lukács foram excluídos da agenda «modernizadora».

Não é necessário lembrar que essa linha de justificação da sociabilidade burguesa é tão antiga quanto o próprio capitalismo. Se, no período moderno clássico -- de Locke a Rousseau --, ela possuía um caráter revolucionário, hoje ela é fundamentalmente conservadora. Na última década, a sua tentativa mais significativa e melhor acabada é a Teoria do Agir Comunicativo, de Habermas. As dificuldades teóricas inerentes ao seu pressuposto fundante o conduzem a conceber as individualidades como portadoras de uma «disposição»(Habermas,1988,p.42-3) que as lançariam ao encontro uma das outras, consubstanciando o «mundo da vida»(Habermas,1988b,p.178-9). Essa «disposição dos sujeitos» para se lançarem transcendentalmente uns aos outros comparece em Habermas, para sermos breves, como uma laicizada alma individual. É o fundamento essencial do indivíduo humano, não decorrente da processualidade histórica, mas, antes, dado ab aeterno pela própria definição de ser humano. Ser humano é ser portador da razão comunicativa. É ela que torna possível a vida social; contudo, o que torna possível, o que fundamenta, qual a gênese dessa razão comunicativa, desse «mundo da vida»? Tal questão não é respondida. Coerente com a tradição kantiana-fenomenológica, Habermas interdita metodologicamente a questão acerca do fundamento ontológico desse «espaço transcendental».(Cf. Lessa,1994 e 1994b)

 



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Sergio Lessa
sergio_lessa[arroba]yahoo.com.br


 
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