Gestão do Conhecimento e Convergência Educacional

Enviado por Estevam de Toledo


Texto elaborado para uso do Comitê de Educação, do Programa Mineiro de Qualidade. Belo Horizonte, agosto, 2006. 

Em recente evento intitulado "Convergência Educacional" (1), seus organizadores argumentavam textualmente que a convergência tecnológica, já bem conhecida, faz-se cada vez mais presente e se manifesta na medida em que um equipamento "aprende" e incorpora funções próprias de outros. Assim, no universo da educação, algo similar se passa: cada vez mais intensamente, empresas aprendem a ser escolas - implementando portais de treinamento e universidades virtuais que incorporam preocupações pedagógicas ás ferramentas tecnológicas - e escolas aprendem a ser empresas, na medida em que implementam metodologias e instrumentos de gestão empresarial. Daí  poder-se falar de convergência educacional.

Mantida essa linha de raciocínio, e consideradas as limitações deste texto, bem que poderíamos conjeturar que, no que se refere á questão da gestão do conhecimento, ambas, escola e empresa, certamente muito terão o que intercambiar, sobretudo em termos de ajuda mútua. Afinal, se o exame de estudos recentes sobre a gestão do conhecimento mostra-nos que no mundo empresarial o que predominou até recentemente foi a gestão da informação, o mesmo certamente terá ocorrido com o mundo escolar. Tudo isso em meio a uma certa confusão  terminológica, resultante sobretudo dos avanços das tecnologias da informação e da comunicação, o que fez com que muitos pensassem estar fazendo gestão do conhecimento quando de fato faziam gestão da informação.

 Por isso mesmo, antes de nos determos no significado e relevância atual da gestão do conhecimento enquanto considerada como objeto de estudo de alto interesse tanto para empresários quanto para educadores, torna-se necessário esboçar, ainda que de forma sintética, reflexões que nos levem á diferenciação de alguns conceitos básicos pertinentes a essa temática.

Com efeito, as noções pertinentes a dados, informação e conhecimento são fundamentais para que se possa melhor examinar a importância da gestão do conhecimento enquanto fator de competitividade para as organizações. E, conquanto o significado exato de cada um desses termos permaneça ainda não de todo resolvido, as metáforas surgem como recurso de ilustração para nos revelar a relatividade do significado de cada um dos termos quando colocados em justaposição.

Cardoso (2003), por exemplo, citando Snowden (1999), utiliza a metáfora do mapa e do guia humano para diferenciar os conceitos de dados, informação e conhecimento. O mapa surge então como um conjunto de dados organizados de forma coerente e inteligível, traduzindo-se, portanto, em informação; já o guia constitui conhecimento em si mesmo. Ele não necessita de consultar o mapa porque, recorrendo á evocação das suas experiências, possui a capacidade de relacioná-las entre si. Assim, o recurso ao guia, neste caso, é a forma mais rápida de atingir determinado objetivo, desde que nele se deposite confiança; na sua ausência, resta o recurso á informação, ou seja, a utilização do mapa. Nesse contexto, só alguém que possui conhecimento acerca do território pode criar o seu próprio mapa, sendo este mais facilmente legível e interpretável por indivíduos pertencentes á mesma cultura. Para indivíduos que dispõem de outro mapa (cognitivo) ou se inserem numa outra cultura, o mapa constitui apenas um conjunto de dados que integram informação inútil e descontextualizada.

Davenport (1999), por sua vez, ao comentar as possíveis relações existentes entre dados, informação e conhecimento, prefere situá-los em um continuum em cuja base encontram-se os dados, seguidos das informações e tendo ao topo o conhecimento. Isso evidentemente sugere a existência de uma escala ascendente de valores.

Segundo o citado professor:

·   Dados são sinais dos acontecimentos e das atividades humanas de todos os dias e têm pouco valor em si mesmos, são fáceis de se manipular e de se estocar.

·   Informação é a resultante dos dados quando o homem os interpreta e os contextualiza. A informação é também o suporte do qual nos servimos para comunicar e expressar os conhecimentos no interior das organizações e no quotidiano de nossas vidas. A informação é de valor maior que os dados e pode revelar-se ambígua por razões de interpretação.

·   Conhecimento consiste nas informações contidas no cérebro humano; seu valor é elevado. é que, graças a ele, o homem tem novas idéias, novas intuições e novas interpretações que aplica diretamente no uso das informações e na tomada de decisões. Para os gerentes, torna-se difícil gerenciar os conhecimentos de seus colaboradores,  pois são de ordem mental, invisíveis, e sua extração, compartilhamento e utilização dependem de motivação e boa vontade de seus detentores.

Segundo Davenport, cabe ás organizações evitar se centrarem demasiadamente  na classificação desses elementos, e sim alocar o máximo de energia para agregar valor áquilo que já se possui, sejam dados, informações ou conhecimentos e tratar de fazê-los progredir ao longo do continuum.

A julgar pela variedade de abordagens sugeridas e encontradas na literatura especializada, pode-se mesmo inferir que as organizações ainda não possuem de modo claro a forma de como gerar e gerir seus conhecimentos. A título de ilustração, examinemos de forma sintética as linhas gerais de algumas propostas.


Página seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.