Ensinantes do presente, Inclusão, Aprendizagem e Novos Paradigmas: ensaio de um pequeno (e possível) roteiro de reflexões



  1. Introdução - Entre nós, a mudança: reflexões sobre o autorizar-se e o inscrever-se.
  2. Uma nova idade humana: da racionalização à racionalidade.
  3. Novos modos de aprender: amorosidade como possibilidade inclusiva.
  4. Conclusão: De novo o aprender, no tempo do fazer e do comunicar.
  5. Para saber mais (Bibliografia)

I) Introdução - Entre nós, a mudança: reflexões sobre o autorizar-se e o inscrever-se.

A construção deste texto perpassou por uma série de reflexões que venho fazendo ao longo do meu caminhar como ensinante, eterno aprendente envolvido com as questões da aprendizagem e suas vicissitudes. Sua tessitura, feita num modelo de ensaio, foi idéia surgida a partir da leitura de um excelente texto publicado por Isnar Filho, onde ele nos ensina que a "grande vantagem do ensaio está na maior liberdade de expressão que ele concede ao seu autor. Regras, normas continuam valendo, mas há uma maior flexibilidade na escrita." (2)  Portanto, este é um ensaio livre sobre inclusão, aprendizagem e novos paradigmas onde proponho alguns pontos de partida para nosso lidarmos com nosso mal-estar, nossas angústias e ansiedades quando pensamos sobre tais temas e, por eles, somos desafiados.

É evidente, em nossa contemporaneidade, a presença de rápidas e imensas mudanças (3). A meu ver, a forte tendência de nosso mundo está expressa no prefixo trans de algumas palavras: transcultural, transnacional, transdisciplinar. Esta idéia me remete ao verbo transitar, que nos coloca o imenso desafio de nos movermos em nossas ações, atitudes e condutas, em busca de novas dimensões e reflexões sobre aprendizagem e inclusão, inserindo-nos a partir de nossa práxis em abordagens teóricas plurais que nos façam perceber a complexidade presente nos diferentes tempos e espaços do aprender, pois quando todo este processo se clarifica quando lançamos novos olhares e ampliamos nossas perspectivas de intervenções, pesquisas e trabalho.

Se entre nós a mudança se presentifica, precisamos de novas reflexões sobre o autorizar-se e o inscrever-se. Autorizar-se e inscrever-se é um grande desafio ao nosso aprender a transitar, ampliando parcerias e espaços que fomentem nosso desejo de mais saber, que nos leva a procura por construir nossos próprios movimento de saber-fazer, ampliando nossas perspectivas de trabalho e nos "auto-convocando" a enfrentar o desafio de aprender a transitar por outros campos de ações humanas e de conhecimento, onde as múltiplas interações, presentes nas atividades humanas, nos tragam aprendizagens de fato significativas.

O autorizar-se e o inscrever-se não é somente possível, mas imensamente necessário para que ensinantes saiam do comum lugar da queixa e, ao ganhar consciência das limitações desta em nossas vidas partam para processos de ação-reflexão-ação que nos conduzam a novos fazeres comprometidos com o real e suas ambigüidades.

Assim, inserem-se muitas propostas de formação continuada em Educação e Psicopedagogia, com o claro intuito de rever os modelos de conflitos humanos em relação ao conhecimento, conflitos estes polarizados entre duas possibilidades: o possível desejo de conhecer e o conhecer impossível do desejo, sempre singular e subjetivo.

O processo de autorizar-se e de inscrever-se deve ser percebido por todos nós, numa perspectiva ampla onde nossas diferentes atuações e nossos distintos papéis possam ganhar novos significados e sentidos para nossas próprias vidas, percebendo que em nosso tempo é imensa a demanda existente por aprendizagem.     Minha crença maior tem sido a de me posicionar como um pesquisador ensinanteaprendente que aposta no desenvolvimento dos processos de autoria de pensamento, a partir das diferentes contribuições oriundas do campo psicopedagógico (4).

Em nossa atualidade, autorizar-se e inscrever-se é fomentar envolvimentos significativos de todos os sujeitos – ou atores sociais - que participam da dramaticidade da escola, em particular, e da educação, como um todo.

Se os sujeitos aprendem no cotidiano e no decorrer de suas experiências e vivências, autorizar-se e inscrever-se é processo rico a ser vivido em comunhão, onde todos, sem exceção, podem ter vez e voz, como gosto de defender: o campo educacional necessariamente cumpre sua função social e política quando é democrático e acessível a todos, permitindo a manifestação da pluralidade e da diversidade humana. 

Sabemos que ainda há muito a caminhar e fazer, pois são necessários espaços e tempos à elaboração de aprimoramentos contínuos em todas as nossas possibilidades e capacidades de criação de um outro cotidiano escolar que seja de fato inclusivo e que atenda às necessidades de nosso tempo, construindo em nossas ações presentes o futuro que almejamos.

Autorizar-se e inscrever-se é acreditar que mudanças fundamentais residem em cada um de nós como sujeitos, e que isso é o mais importante quando tratamos da fantástica capacidade humana de aprendizagem. Num roteiro possível de estudo sobre aprendizagem, inclusão e novos paradigmas este é o ponto essencial: encontrarmos um novo posicionamento, uma nova idade humana que supere a excessiva racionalização e favoreça o nascimento de uma nova racionalidade.

II) Uma nova idade humana: da racionalização à racionalidade.


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